Mel Gibson doidão

A crer no Andrew Sullivan, o Mel Gibson, quando foi em cana por dirigir de porre, além de mandar os policiais irem se foder, resolveu xingar os judeus de tudo que é nome, dizendo, inclusive, que eles seriam "responsáveis por todas as guerras do mundo". Ah, bom.

Ainda não há confirmação oficial de que foi isso que ele disse, mas parece que o xerife disse que a informação vazada é parecida com o que eles têm.

Agora, o Andrew Sullivan é, na minha opinião, desonesto quando diz que

"Qualquer um que tenha assistido à Paixão de Cristo de olhos abertos não pode ficar supreso"

E, em outro post, se refere ao filme como "porn movie".

Nessa o Sullivan realmente se rebaixou ao nível de seus críticos. Eu vi "A Paixão", e achei um filme bom. Mas mesmo se você não achar bom, para dizer que ele é anti-semita tem que estar muito de porre.

Certo, são os sacerdotes judeus que condenam Jesus (outro judeu) à cruz. Mas essa é a história no evangelho, que é, confessadamente, o texto base para o roteiro. E, vejam, só um vagabundo muito filhodaputa poderia tirar consequências anti-semitas disso. Mesmo se aqueles sacerdotes fossem uns filhos da puta, isso não faria de nenhum de seus companheiros de fé filhos da puta. E, aliás, pelo que me lembro da Bíblia (lida há vinte anos), o tom não é tanto que os sacerdotes eram facínoras, mas que, segundo a narrativa, eram cegos: não tive a impressão (nem no filme) de que o Caifás fosse mau. Ele não acreditava que Jesus era o messias, e, por isso, achava um negócio inaceitável que ele dissesse que era. Só.

E, para não deixar dúvida, o Gibson fez uma cena em que o Simão, o cara que ajuda Jesus a carregar a cruz e defende ele contra os romanos que o espezinham à caminho do calvário, é chamado de "judeu" da forma mais ofensiva possível.

Ou seja, o Gibson pode perfeitamente ser anti-semita (seu pai é, militante), mas o filme não é, não.

PS: tem uma boa resenha do Giannotti sobre o filme, mas não achei no Google, se alguém achar me avise que eu ponho aqui.