Wednesday, January 31, 2007

Foucault e Hayek

Essa eu deixei passar, mas fui avisado a tempo pelo André: A The Economist (quem mais?) fez, na sua edição de final de ano, uma matéria sobre os pensadores pós-modernos e o capitalismo moderno. Brilhante. E vejam só essa:

"Os pós-modernos escreveram sobre praticamente tudo na sociedade - literatura, psicologia, punição, sociologia, arquitetura - exceto economia. Isso talvez fosse meio esquisito, visto que escreveram durante o mais longo boom econômico da história européia e no nascimento da cultura consumista. O único pós-moderno que tentou, tarde demais, lidar com essa ironia foi Foucault. Em uma de suas últimas palestras, em Janeiro de 1979, quatro meses antes de Margaret Tatcher chegar ao poder na Grã-Bretanha, ele chocou seus estudantes ao mandá-los ler os trabalhos de F.A. Hayek se quisessem conhecer "a vontade de não ser governado"."

Unger e a Educação

Propostas do Mangabeira para a educação, formuladas em um artigo publicado na Folha em Dezembro:

"1. Assegurar piso salarial e plano de carreira aos professores em todo o país. O governo federal tem de se acertar com os Estados e Municípios e completar a diferença para as entidades federadas mais pobres.
2. Construir sistema nacional de "escolas normais" e de faculdades de educação para formar e atualizar os professores ao longo de suas carreiras, não só no início.
3. Medir várias vezes por ano o desempenho de todas as escolas. Discutir os resultados no país e em cada comunidade. O monitoramento não é apenas para suprir falhas. É também para propagar as inovações locais bem sucedidas.
4. Ter o governo federal como intervir e consertar quando, em períodos seguidos, o desempenho seja inaceitável.
5. Focar a formação dos professores e os textos escolares na pedagogia das operações conceituais básicas: análise de problemas, interpetação de textos, formulação de argumentos, uso de fontes de pesquisa.
6. Engajar as associações de pais no trabalho das escolas e na execucão de um plano de estudo para cada criança. E quando a família não tiver condições para participar, designar professor ou membro da comunidade que faça as vezes desse acompanhamento familiar.
7. Combinar o ensino direto com o ensino à distância e com a comunicação entre escolas. Cada estudante deve receber computador simplificado, ligado a rede nacional de internet pública dedicada à educação.
8. Oferecer programas especiais aos alunos, sobretudo pobres, mais talentosos e esforçados. Tais programas sacodem a mediocridade satisfeita. Acordam a genialidade calada."

Tuesday, January 30, 2007

Mais PAC

Uma historinha bonitinha e fechadinha que eu pensei para explicar o PAC sem queda de juros.

1 - A política de juros altos, mesmo se necessária, traz uma armadilha: se durar muito tempo, não se faz o investimento necessário para retomar o crescimento quando os juros caírem (por exemplo, novos portos, novas estradas, novas fontes de energia, etc.), o que torna mais difícil derrubar os juros sem criar inflação. Se os juros caírem e faltar energia, por exemplo, os preços sobem. Portanto, antes de deixar os juros caírem, é preciso combater as consequências dos juros altos.

1 - Faltam no PAC medidas para melhorar o ambiente de negócios, e falta a queda de juros. Mas, se o ambiente melhorar, o Brasil cresce, e trava nos gargalos de infra-estrutura, em especial de energia. Estes gargalos são, em parte (mas não só), consequência da política de juros altos que frearam o investimento nos últimos anos.

2 - O PAC tenta eliminar esses gargalos. Talvez pudesse usar PPPs para trazer o setor privado para a área, mas está difícil chegar a um consenso sobre as PPPs, e o investimento não pode esperar esse debate. Portanto, vai com dinheiro público, mesmo.

3 - Na medida em que esses gargalos forem sendo eliminados, o efeito de uma queda de juros e da melhoria do ambiente de negócios sobre a inflação será menor. Por isso o governo opta por começar as obrar de infra-estrutura, mesmo que só para sinalizar que esta será a direção do investimento público de agora em diante.

Neste sentido, o PAC seria um esforço para remediar os efeitos colaterais da política de juros altos (que foi necessária), antes de abaixar os juros (e, talvez, implementar a agenda micro-econômica).

Bonitinha a história, não? Não estou dizendo que pensaram nisso antes de fazer o PAC, mas talvez o efeito seja este, se tudo for implementado (aí é que mora o perigo).

Mano Negra e Jello Biafra na Lapa

Rapaz, procurando o vídeo do Mano Negra, achei esse clássico, Mano Negra tocando com o Jello Biafra (Dead Kennedys) NOS ARCOS DA LAPA, no Rio, durante a ECO-92. As músicas são dois clássicos: I fought de Law (Kennedys) e Sidi'h'Bibi (Mano, em árabe).

Blog da The Economist!!!

Rapaz, mais um que eu já tinha que saber que existia: o blog dos jornalistas da The Economist: Free Exchange. Em breve linkado aí do lado.

E, a propósito, é excelente.

Fórum Social Mundial

O Fórum Social Mundial está em crise. Há uma grande divisão entre os que acham que o evento deve virar um movimento (em geral, intelectuais da velha esquerda) e a turma das ONGs ( os brasileiros à frente) que querem que continue sendo um Fórum, um local de debates a partir do qual cada movimento siga seu caminho.

Eu tenho uma interpretação sobre isso (como, aliás, sobre tudo).

O que acabou com o FSM foi o 11 de Setembro. A partir dali, todo movimento político que se prezasse tinha que dar uma resposta consistente para a crise do sistema político mundial, e a turma de Seattle não tinha resposta (com alguma boa vontade, poderíamos dizer: não tinha ainda). Daí que o movimento de Seattle (sem dúvida uma das inspirações do Fórum) foi, em grande parte, sequestrado pela velha esquerda e suas teorias sobre o imperialismo ianque. Dêem uma olhada no site do Indymedia (site dos caras de Seattle, que costumava ter, ao lado de muita besteira, umas coisas interessantes) local. Os comentários políticos são de um nível completamente abissal, e sumiram os caras cujos textos rondavam Seattle (Negri e Hardt, Monbiot, etc.).

Em compensação, outro dia tinha um cara do PCO criticando o PSTU por se aliar ao PSOL,e as tiras do Latuff (3º lugar no concurso de charges sobre o Holocausto do Irã) fazem o maior sucesso. Isso é o pior: visto que, com essa história de descer o pau nos EUA, muita gente está resvalando para simpatizar com o jihadismo, volta e meia aparece um anti-semita por lá.

O FSM, naturalmente, é maior que o Indymedia, e melhor. Mas, pessoalmente, tenho um certo orgulho dos brasileiros estarem lutando para que não se traia a idéia inicial de um negócio meio bagunçado. Para se ter idéia, bagunça é bom. Para se implementar, precisa disciplina, mas aí cada movimento que tenha a sua.

Monday, January 29, 2007

Troféu "Melhor Debate Político do Ano"

Vocês vão achar que eu estou de sacanagem. Por algum motivo, os assessores mais próximos do Bush (Cheney, etc.) eram conhecidos como os "Vulcanos", a raça do Dr. Spok no Jornada nas Estrelas, famosa por sua frieza e por seu apego à lógica. Até aí, nada.

Pois bem. Um deputado americano, David Wu, resolveu ir à tribuna do congresso dizer o seguinte:

"Nosso presidente deu ouvidos uns tais "vulcanos" da Casa Branca, os ideólogos. Mas ao contrário dos vulcanos de Star Trek, que tomavam suas decisões baseados na lógica e nos fatos, esses caras tomam decisões baseados na ideologia; eles não são vulcanos - SÃO KLINGONS na Casa Branca!!!

Mas, ao contrário dos Klingons reais de Star Trek, esses Klingons nunca lutaram uma batalha por si mesmos! NÃO DEIXE FALSOS KLINGONS MANDAREM AMERICANOS DE VERDADE PARA A GUERRA!!!!!"

O termo usado foi "Faux Klingons".

Se você não acha que isso é hilariante o suficiente, o John Stewart, do Daily Show (CNN) fez uma seção especial do programa sobre o discurso, onde, inclusive, deixou claro que a constituição dos EUA garante que somente "Klingons de verdade" podem mandar americanos para a guerra. E a coisa vai entrar no terreno do maravilhoso quando vocês verem, no vídeo abaixo, quem são os especialistas que o cara chama para comentar a notícia.

O Que faltou no PAC e em seus críticos

Mas o mais assustador no debate econômico não é o debate entre keynesianos e monetaristas, é a ausência total de Schumpeter, o grande teórico da inovação tecnológica. A ação estatal pelo desenvolvimento não virá de dar dinheiro pra empreiteira, mas de criar um sistema nacional de inovação bem bolado. Mas vejam só o que saiu na Folha:

"Indicador de patentes da indústria que a Unicamp divulga nesta semana mostra outro retrato do atraso do setor na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Ao já conhecido fato de a indústria brasileira patentear poucos produtos, a pesquisa acrescenta outro: nossas patentes são registradas por setores tradicionais, fora do eixo de alta tecnologia em que elas se concentram nos países desenvolvidos.

O setor de máquinas e equipamentos é o campeão em registro de patentes entre as áreas que compõem a indústria de transformação no Brasil, o que sugere que ele deve estar também entre os que mais inovam na indústria brasileira. Áreas de ponta, como farmácia, biotecnologia e comunicações, sequer estão no ranking dos dez maiores "patenteadores"."

E o que a universidade brasileira tem a dizer sobre isso? Que precisa de mais dinheiro pra fazer a mesma coisa que está fazendo. Aí é foda.

Paloccismo sobrevive

Mas parece ainda haver defensores do paloccismo (como este blog) dentro do governo. Diz Tarcisio Godoy, secretário do Tesouro, também na Folha:

"FOLHA - O Tesouro Nacional vai apresentar uma proposta de reforma ao fórum criado para discutir mudanças na Previdência?

GODOY - Vamos advogar e mostrar que uma Previdência não equilibrada no longo prazo pode ter um custo muito maior para a sociedade. Vamos também discutir e apresentar qual é o melhor modelo de equilíbrio e sustentabilidade para a Previdência.

FOLHA - Esse modelo implica estabelecer uma idade mínima para aposentadoria?

GODOY - Defendemos, sim, que o modelo teórico inclua a idade mínima. É óbvio que um modelo que tem uma idade de aposentadoria muito baixa, que é o atual, e uma expectativa de vida aumentando tem um custo. Mas todos esses pontos serão discutidos pelo fórum.

FOLHA - O sr. defende a desvinculação entre o valor dos benefícios e o salário mínimo?

GODOY - O fato de o salário mínimo ser vinculado ao benefício da Previdência cria rigidez adicional e, nesse caso, ineficiências de financiamento. Ou o salário mínimo cresce num valor abaixo do possível ou o déficit na Previdência terá de ser suportado por tributos. "

Scheinkman

O José Alexandre Sheinckman, economista brasileiro fodão que dá aula em Princeton, publicou na Folha uma boa crítica do PAC. Melhores momentos, depois de reconhecer que investir é mesmo importante, havia a carência mesmo de investimento público em infra-estrutura, etc. :

"A ausência de uma proposta ambiciosa para atrair o capital privado parece refletir uma atitude ideológica de Lula 2 que, felizmente, estava menos presente no primeiro mandato -a de que o governo precisa ter um papel ainda mais ativo como investidor em "áreas estratégicas" e no direcionamento dos investimentos privados. As ambições do atual governo para o papel do setor público na economia defrontam-se com a sua incapacidade fiscal. Mesmo com a queda do superávit primário, o nível de despesas correntes deixa pouco espaço para financiar investimentos. Como a carga tributária já é absurda, o PAC se contenta com apenas R$ 67 bilhões de verbas públicas para este ano."

Ou seja, o governo não tem muito dinheiro pra fazer muita coisa. Poderia, então, tentar melhorar a coisa criando um ambiente de negócios melhor, por exemplo, contendo o gasto público (que bate na taxa de juros):

"No final de 2005, após três anos em que o superávit primário, a exemplo do que já ocorria no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi mantido por meio de aumentos na arrecadação, os ministros Antonio Palocci Filho e Paulo Bernardo propuseram que as despesas correntes crescessem menos que o PIB por pelo menos uma década. Isso permitiria elevar os investimentos públicos e diminuir a carga tributária sem ameaçar o equilíbrio fiscal. Setores do governo pareciam encampar uma sugestão análoga do ex-ministro Delfim Netto de zerar o déficit nominal, isto é, já computados os juros. Infelizmente, essas propostas foram esquecidas, vítimas do "fogo amigo" da ministra Dilma Rousseff e da crise política. Em seu lugar, há uma promessa do governo de limitar o crescimento dos gastos com o funcionalismo em 1,5% ao ano mais o IPCA. O impacto dessa regra na participação dos gastos do governo no PIB vai depender do crescimento da economia, mas, se o país crescer 3% ao ano nos próximos dez anos, essa medida resultará em uma queda de menos de 1% das despesas do governo como proporção do PIB em 2016. "

E faltou a previdência, a reforma tributária, etc. Concluindo:

"Escrevi no final do ano passado que o presidente Lula parecia ter adotado uma agenda minimalista. Fui injusto. É verdade que a música de John Cage ou a arte de Donald Judd têm uma aparência de simplicidade, mas são produto de um alto grau de imaginação e disciplina, qualidades que faltaram aos autores do PAC"

Friday, January 26, 2007

FMI e China

Mais uma vez as forças do comunismo internacional tentam travar o crescimento vigoroso de um saudável país de capitalismo selvagem, exigindo a dilapidação da poupança nacional com "gastos sociais". Vejam!

Onde está o Olavo de Carvalho numa hora dessas? E o PSTU?

Clipe da Semana: "King Kong Five" - Mano Negra

FGTS capitalizado

A parte mais importante do PAC, na minha opinião, é a proposta de fazer um fundo do FGTS para aplicar em infra-estrutura. Isso deve mudar, mas parece ser a primeira experiência com capitalização da previdência.

PAC e a base do governo

O PAC foi lançado antes do governo decidir qual será sua base no Congresso, e isso fica claro nas medidas adotadas: nada ali é contra ninguém. Não se mexeu em imposto, em aposentadoria, em contribuição trabalhista, em contrato de PPP, nada nada.

Conforme a base se estabeleça, mais ou menos à esquerda, as reformas voltam ou não à pauta.

Entre as reformas, o blog apóia: aumento da idade de aposentadoria, desvinculação da aposentadoria do salário mínimo (e vinculação à inflação, obviamente).

Faltaria discutir: mudança tributária para dar maior ênfase a impostos sobre consumo (como o VAT americano) e desoneração da folha (a mudança mais importante de todas). Reforma sindical para acabar com sindicato fantasma; e lei das PPPs, para não abrir outros buracos do Serra (mas tem que ter PPP, sim).

Taxa Selic

E, se alguém duvidava que o BACEN é independente de fato, veja só o cortezinho muquirana de juros (0,25, quando se esperava, pelo menos, 0,5, ou 0,75). Não sou uma das 50 ou 60 pessoas que sabem se isso é bom ou ruim, mas tampouco pertenço à multidão de mezzo-economistas que dão opinião do mesmo jeito. Assim que entender o modelo que os caras usam para calcular isso eu tento explicar.

Agora, uma consideração interessante: há quem diga que o modelinho deveria mudar por causa da China, que produz tanto tão barato que baixa a inflação mundial, tornando desnecessário o controle rígido por juros. Leitores do blog devem lembrar que isso era a explicação para a ausência de uma crise da economia americana nos anos recentes (crise que era universalmente prevista).

Sei lá se é verdade, mas eu sempre achei que a segunda elevação de juros do Palocci (setembro de 2004) foi por medo de uma crise americana que não veio.

Previdência

Outra visão sobre a reforma da previdência: o Vinícius Torres Freire, da Folha, mostra hoje que o déficit dos contribuintes urbanos caiu esse ano, pela primeira vez desde 2002, quando os dados começaram a ser consoldiados do jeito que são hoje. Isso é importante: 68% do déficit são as aposentadorias rurais, dadas na Constituição de 1988, apesar dos beneficiários não terem contribuído (até hoje a contribuição rural é muito pequena e rara).

A aposentadoria rural foi um dos maiores momentos de combate à desigualdade no Brasil: grande parte da pobreza no Brasil é rural, e, antes da aposentadoria rural, os idosos no campo se davam especialmente mal. Depois disso, aliás, a porcentagem de idosos entre os mais pobres caiu muito, e hoje é muito pequena. Os brasileiros muito pobres são hoje, em grande maioria, jovens.

Mas a conta continua sendo paga, e é um rombo grande. Problema: quase todo mundo da aposentadoria rural recebe o mínimo previdenciário, igual ao salário mínimo. Por isso, é impossível aumentar o mínimo sem ferrar a previdência.

Por isso é interessante que Torres Freire, um crítico de esquerda da política econômica, escreva o seguinte:

"Em suma, o déficit da Previdência piora um pouco menos. É alto sob qualquer ponto de vista, dado o nível de renda brasileiro. O imposto da Previdência ("alíquotas de contribuição") é dos mais altos do mundo, quase o dobro das "socialistas" França e Suécia. A idade de aposentadoria está também "fora da curva" nas comparações internacionais (com país rico ou pobre). É baixa."

(...)

"É preciso dar uma parada no aumento real da aposentadoria. Rever indecentes isenções de contribuição previdenciária para distribuir a carga de impostos de modo mais racional. É preciso separar a conta do INSS "real" ("urbano") do "rural". É possível até que reste mais dinheiro para os miseráveis, o povo do Bolsa Família. É possível fazer uma reforma socialmente justa e que libere dinheiro para que o Estado possa investir mais (ou, no futuro, até reduzir impostos): trocar assistência por trabalho. "

Tuesday, January 23, 2007

Sequências Parisienses

Como é que eu não sabia que isso existia? O Luís Felipe Alencastro, um dos maiores historiadores brasileiros, tem um blog! É bem bacana, e o endereço, que em breve estará aí do lado, é esse aqui. Aliás, para quem gosta de ficar com inveja de sujeito viajando pela Europa, o Amiano Marcelino anda excelente.

PS: Renato, foi mal, o link está aí do lado agora. Por falta de idéia melhor, coloquei em "política internacional".

Monday, January 22, 2007

China na Prospect

Excelente debate neste último número da sempre excelente revista inglesa Prospect (link aí do lado): é uma troca de cartas (todo número tem uma, já comentei algumas) entre o Will Hutton e o Meghnad Desai. Realmente vale a pena, é melhor do que o artigo do Hutton (com comentário do Beluzzo) que saiu na última Carta Capital, e está inteiro na web.

A questão é: dá pra China continuar crescendo e continuar sendo comunista? Hutton diz que não, Desai diz que, numa dessas, de repente até dá.

Finalmente alguém falando de coisa séria.

Thursday, January 18, 2007

Eleição na Câmara

Um dos motivos que deixaram o blog meio parado nos últimos tempos foi a eleição na câmara, que está deprimente mesmo para os padrões do congresso. Não me interessa, muito, não, eu gosto é de política.

Fizemos que ia, mais num fumo

Voltamos! De agora em diante prometo postar uma vez por dia.

Friday, January 05, 2007

A volta de CM

O ex-Blog do CM voltou, e já me mandou esta:

"BOLSA FAMILIA: EFEITO COLATERAL!Há sinais efetivos de que a migração desde o nordeste ao sudeste tem sofrido significativa redução em função do programa Bolsa Família. Pesquisas no futuro, vão demonstrar"

Ué, não era essa a idéia?

Wednesday, January 03, 2007

Juros e Dívida

De matéria de Samuel de Abreu Pessoa para a Conjuntura Econômica desse mês:

"Aritmética simples mostra que se conseguirmos reduzir a taxa real de juros que incide sobre a dívida pública de 11,5% para 5,2% ao ano - queda muito ambiciosa e irrealista num horizonte de dois anos -, o custo fiscal da dívida pública reduzir-se-á de pouco menos de 3% do PIB. Quantia muito apreciável, mas longe de ser a panacéia que alguns pensam: 1,5% do PIB a mais para educação, 1% a mais para segurança, e 1% a mais para investimento em infra-estrutura, liquidam todo o ganho desta formidável redução de juros."

Tuesday, January 02, 2007

Livro: "Reforma da Previdência: O Encontro Marcado"

Acabei de ler um dos livros mais importantes de 2006, do Fábio Giambiagi sobre a reforma da previdência. Pontos principais:

1- O Brasil gasta uma proporção do PIB com aposentadorias que não tem equivalente em países em países jovens como o nosso. Gastamos mais ou menos a mesma proporção que o Reino Unido, que tem uma porcentagem de pessoas com mais de 65 anos três vezes maior. Independente de se discutir se a previdência é deficitária (há quem diga que não é, se incluirmos na conta as contribuições do tipo COFINS, etc.), ela é, indiscutivelmente, cara pra cacete.

2 - A maior parte dos pobres no Brasil é jovem, grande parte é criança. Entretanto, a maior parte de nosso gasto social é com os idosos.

3 - Quase nenhum país admite aposentadoria por tempo de serviço (só por idade). A idade no Brasil é muito baixa. Certo, a expectativa de vida no Brasil é de, se não me engano, 73 anos (estou escrevendo sem o livro do lado). Mas isso é a expectativa de vida ao nascer. Se você não morrer antes de um ano, nem tomar um tiro durante a juventude, e chegar aos 60 anos, sua expectativa de vida é de, se a memória não me falha, 79 anos (se você é homem). Ou seja, é só um ou dois anos a menos que na Suécia. POis bem, os homens brasileiros se aposentam, em média, com 57 anos, enquanto os suecos se aposentam, em média, com 63. Vale dizer, ainda, que apenas uma pequena proporção dos que se aposentam por tempo de contribuição é pobre, a massa dos pobres se aposenta por idade. Entretanto, algo como 60% das novas aposentadorias em 2004 foram concedidas a gente com menos de 54 anos.

4 - Não é verdade que a previdência caminhe para um colapso iminente. Se o Brasil crescer mais ou menos nas próximas décadas, as contas fecham. Mas o gasto já é, repetimos, altíssimo. E, mais importante:

5 - Se o mínimo da previdência for o salário mínimo, ou for reajustado pelo salário mínimo, as contas só fecham se o salário mínimo não tiver mais aumento real (teve 91% desde 94). Se tiver, fudeu.

Feliz Ano Novo!

Aos leitores regulares do Blog: Amiano, Zé, Ed, Fábio e Alex, grandes paladinos da verdade capazes de fulminar o mal em qualquer de suas manifestações com um simples olhar. E a todo mundo que deu as caras aqui pelos últimos tempos. Que neste novo ano todos os seus inimigos tenham filhos com a cara do ministro das minas e energia da Bolívia!