Acabei de ler um dos livros mais importantes de 2006, do Fábio Giambiagi sobre a reforma da previdência. Pontos principais:
1- O Brasil gasta uma proporção do PIB com aposentadorias que não tem equivalente em países em países jovens como o nosso. Gastamos mais ou menos a mesma proporção que o Reino Unido, que tem uma porcentagem de pessoas com mais de 65 anos três vezes maior. Independente de se discutir se a previdência é deficitária (há quem diga que não é, se incluirmos na conta as contribuições do tipo COFINS, etc.), ela é, indiscutivelmente, cara pra cacete.
2 - A maior parte dos pobres no Brasil é jovem, grande parte é criança. Entretanto, a maior parte de nosso gasto social é com os idosos.
3 - Quase nenhum país admite aposentadoria por tempo de serviço (só por idade). A idade no Brasil é muito baixa. Certo, a expectativa de vida no Brasil é de, se não me engano, 73 anos (estou escrevendo sem o livro do lado). Mas isso é a expectativa de vida ao nascer. Se você não morrer antes de um ano, nem tomar um tiro durante a juventude, e chegar aos 60 anos, sua expectativa de vida é de, se a memória não me falha, 79 anos (se você é homem). Ou seja, é só um ou dois anos a menos que na Suécia. POis bem, os homens brasileiros se aposentam, em média, com 57 anos, enquanto os suecos se aposentam, em média, com 63. Vale dizer, ainda, que apenas uma pequena proporção dos que se aposentam por tempo de contribuição é pobre, a massa dos pobres se aposenta por idade. Entretanto, algo como 60% das novas aposentadorias em 2004 foram concedidas a gente com menos de 54 anos.
4 - Não é verdade que a previdência caminhe para um colapso iminente. Se o Brasil crescer mais ou menos nas próximas décadas, as contas fecham. Mas o gasto já é, repetimos, altíssimo. E, mais importante:
5 - Se o mínimo da previdência for o salário mínimo, ou for reajustado pelo salário mínimo, as contas só fecham se o salário mínimo não tiver mais aumento real (teve 91% desde 94). Se tiver, fudeu.
Tuesday, January 02, 2007
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