Saturday, December 31, 2005

Troféu "Que bonito!" 2005

Em Ohio, o governo republicano resolveu investir o dinheiro de um fundo de defesa do trabalhador em...MOEDAS RARAS. O que era meio chato, além de ridículo, por que o idealizador do plano era colecionador de moedas raras. Mas o melhor é que as moedas SUMIRAM!!!!

Vejam a história do "Coingate" aqui.

Saturday, December 24, 2005

Feliz Natal!

São os votos desse blog que vos fala, e que todos vocês sejam felizes pra caralho, reduzam a pó seus inimigos e triunfem de tal maneira que uma nova língua universal tenha que ser inventada para descrever os seus sucessos, aliás, os seus stroplkjfgs.

Monday, December 19, 2005

Morales

Mas essa semana ganhou na Bolívia um candidato que, confessadamente, defende o socialismo. Diz que vai estatizar (oficialmente, comprar) as refinarias da Petrobrás, é amigo do Chávez, e planta cocaína. É a síntese perfeita da FARC e do Chávez, socialismo financiado por dois dos maiores mercados globais: cocaína e petróleo.

Pode não dar em nada, pode dar uma merda federal.

Por que não tenho escrito

Por que não tem acontecido nada muito interessante. Senão vejamos:

1) O Lula e o Serra parecem que vão ser candidatos de novo. Enfim.
2) Só.

Tuesday, December 13, 2005

Distúrbios raciais

Mais duas coisas que eu acho demonstrações de racismo:

1) ecoterroristas não são considerados tão perigosos quanto os terroristas islâmicos na Europa, só por que são brancos e universitários.

2) Em jogo de futebol televisionado, se há manifestações racistas, todo mundo pode ver na fita quem as fez. Por que não se prende 10.000 pessoas por jogo? Duvido que a coisa durasse mais que uma rodada.

Distúrbios raciais na Austrália (II)

Tem um negócio que me incomoda em eventos como esses. Por que é que esses caras são julgados por crimes diferentes dos atribuídos aos terroristas árabes? Os elementos do terrorismo (motivação étnico-política, alvo civil) estão todos lá. Mas provavelmente serão julgados por crime violento comum, no máximo com agravantes. O regime de algum dos dois grupos deveria mudar.

E alguém tem dúvida de que esses caras são adversários do iluminismo?

Distúrbios raciais na Austrália (I)

Uns white trash australianos agrediram jovens árabes e asiáticos nas últimas noites. A explicação deve ser a de sempre. Me lembro que, quando tinha quinze anos, li um livro do Stephen King (um sujeito reacionário pra cacete) em que a explicação era encenada. No sul americano, um fazendeiro negro trabalha pra cacete e consegue comprar sua própria vaca leiteira, o que nenhum de seus vizinhos brancos tinha. No dia seguinte ela aparece morta pelo pai (branco) de um dos protagonistas. Quando o filho, bem mais civilizado, descobre, pergunta ao pai como ele pôde fazer isso, ouve como resposta, "A gente precisa ser melhor que alguém".

Lembrei disso quando soube que a diretoria do BNP (British National Party), racista, incluía um grande número de presidiários brancos. Enquanto isso, o lendário coreano da loja da esquina compra um carro melhor esse ano.

Thursday, December 08, 2005

Estadista da década

Concordo com o prêmio, mas, cá entre nós, a concorrência não foi forte.

Wednesday, November 30, 2005

Nota leve

Não tem nada a ver com nada, mas é legalzinho. Invente aqui um título legal para o seu emprego.

Cassaram o Dirceu

Cassaram o Dirceu. Enfim. Fiquei surpreso com os 192 votos contra. Quem será que votou contra? Somando o PT e pequenos partidos de esquerda (entre os quais, aposto, muitos votaram secretamente a favor), não dá isso, não. Quem terá sido? Falaram do Sarney, ACM. Por que?

Eu, hein.

Monday, November 28, 2005

Queda de desigualdade (2)

Sai o número que eu estava esperando, na pesquisa da GV, disponível aqui. Contando toda a renda das pessoas, o coeficiente de Gini caiu de .585 para .573, uma quedinha bacana, mais de .01.

Sunday, November 27, 2005

Nova pesquisa

Pesquisa da GV, a ser anunciada oficialmente amanhã, faz a conta que eu falei no post anterior, levando em conta todas as fontes de renda. Tomara que tenha dados sobre desigualdade. Pela prévia da Folha, a pobreza caiu bastante e a miséria também.

Saturday, November 26, 2005

Mas sempre tem uma mula

E, apesar de tantas boas notícias, na semana que passou o governo se divertiu brincando de "E se a gente mudasse a política econômica?".

Queda de desigualdade

A crer no Globo de hoje, a desigualdade de rendimentos caiu, pela primeira vez desde a década de 80. O índice de Gini brasileiro recuou de .554 para .547, queda de .007 (o que não é tão pouco quanto parece). E há no novo PNAD um monte de boas notícias, a renda cresceu, o desemprego caiu (e os empregos gerados foram de boa qualidade), enfim.

Se tiver tempo, depois vou olhar a pesquisa do IBGE para ver mais detalhes. Em especial, queria ver o Gini incluindo impostos e transferências (como o Bolsa-Família). Essa queda deve ter sido maior.

Um dos problemas da desigualdade no Brasil sempre foi o baixo grau de focalização das políticas sociais: como o Brasil gastava muito com políticas sociais que não atingiam os mais pobres (como a universidade pública) e pouco com as que atingiam (exceção: aposentadoria rural), o coeficiente de Gini aqui quase não caía quando você incluía impostos e transferências. Se me lembro bem, nos países da OCDE o Gini cai 15 ou 20 pontos quando você leva em conta a ação do governo. Aqui caía 3, 4, uma coisa dessas (depois eu checo).

Como o Bolsa-Família é neuroticamente focalizado, esse ano deve cair mais. Se ainda existisse governo, deveria colocar uma meta para o Gini brasileiro. Quando cair abaixo de .5 a gente faz um ano de carnaval.

O governo Lula deveria fazer uma festa, por que relatório como esse não vai sair todo dia, não.

Tuesday, November 22, 2005

Furou

Aí, galera, é melhor a gente botar a roupa, o homem não caiu e acho que hoje não rola esse negócio de voar, não.

Que beleza

A crer no Jorge Bastos Moreno, Palocci cai hoje. Não acho que a economia vá colapsar, mas, digamos que gere mil empregos formais a menos por mês (está gerando mais de cem mil). São mil trabalhadores desesperados, suas filhas mais perto da zona, seus filhos mais perto do tráfico. Mas ninguém se importa, a não ser uma pequena minoria de adultos: Palocci, Paulo Bernardo, Aécio Neves (às vezes), Delfim Netto, Jereissati. Cada um das mais diferentes colorações, mas com a compreensão de que de vez em quando o sistema tem que funcionar responsavelmente.

Enquanto isso, Rodrigo Maia, do alto de seu curso de economia na Cândido Mendes abandonado no oitavo (!!) ano, expressou sua discordância com a política econômica, partiu pra ignorância, e ficou putinho quando um adulto presente à cena riu.

Hoje amanheci com 39 graus de febre. Liguei pro médico, ele me receitou um antibiótico, está agora em 37.5. Esta inequívoca vitória do bom, do belo e do verdadeiro sobre o aglomerado de matéria cego e burro vagando epileticamente pelo nada me deixou ainda mais deprimido com a sessão do congresso em que Palocci está depondo.

Oremos.

Pessoalmente, acho que este é o anúncio do momento do arrebatamento, quando os justos voarão direto para o céu. Em poucas horas, eu, os leitores deste blog, o Palocci e o Joel Santana sairão voando pelados.

Friday, November 18, 2005

O Brasil e o mundo

Circula o seguinte argumento: não adianta comparar a economia brasileira hoje com a economia brasileira ontem; o que é crucial é que o Brasil está crescendo mais devagar que o mundo, e, mais especificamente, que os outros países emergentes.

Errado.

Em toda comparação, o que interessa é a ficção que ela supõe. Se você diz que o Chile nos últimos vinte anos cresceu mais que o resto da América Latina, está sugerindo a ficção "Se os outros países latino-americanos tivessem feito o que o Chile fez, teriam crescido mais". No caso, a comparação é plausível. O que o Chile fez os outros poderiam ter feito.

Mas se você diz "o Brasil está crescendo menos que os EUA", não está dizendo nada de útil. A ficção sugerida é patética: "Se o Brasil fosse o emissor da moeda mundial, a única hiperpotência, o maior PIB do mundo, uma das economias mais competitivas do mundo, e fizesse Silicon Valley, teria crescido mais". Nada disso é remotamente plausível.

Vejamos portanto o caso dos países emergentes atuais que cresceram mais que nós, e julguemos se podemos, e, em especial, se queremos fazer o mesmo que eles:

Argentina e Venezuela: por acaso queremos ver nossa economia colapsar, cair 10, 15 pontos percentuais, só pra depois ter números maiores que nossos 3.5% atuais? Se não, esqueçam a comparação.

Rússia: alguém aí vai achar petróleo em quantidades obscenas? Então pronto.

China e Índia: alguém quer reduzir nossos salários ao nível deles? Sei lá, do jeito que a coisa anda, é possível que tenha alguém, mas eu não.

Claro, no caso de China e Rússia, é crucial que a mão-de-obra é barata é também razoavelmente educada. Mas criticar o Brasil por isso é criticar o governo de 20 anos atrás. Mesmo se estivermos sendo bons nisso, isso não bate no crescimento por muitos anos ainda.

E o caso da elite altamente educada da Índia é uma opção que devemos continuar rejeitando. Nossas universidades são ruins, mas seria melhor se a gente fizesse só uma realmente world class e deixasse 50% da população analfabeta? Eu não acho.

Nosso índice de crescimento tem sido (já antes do Palocci) razoável para um país pobre que gasta, para os padrões internacionais, bastante com o social. Falta gastar melhor, é claro, há muita coisa a fazer, mas nessas coisas é melhor comparar você com você mesmo.

O resto é vontade de se botar pra baixo, complexo de vira-lata, como diria Nélson Rodrigues.

Wednesday, November 16, 2005

Depoimento do Palocci

Após várias horas de depoimento de Palocci (saí por duas horas, se tiver acontecido alguma coisa entre sete e meia e nove horas, não sei):

1) A oposição limitou a discussão à política econômica, e deixou a questão da corrupção para outra hora. Sobre corrupção, só umas perguntinhas muito bestas, o Palocci negou tudo, ninguém tinha prova de nada, ficou na mesma. Lado bom: vocês não vão acreditar, mas o debate foi de muito boa qualidade. Lado ruim: as denúncias continuam, nas palavras do Guto, continua o terror sem fim.

2) Rapaz, o nível do debate foi bom, mesmo. O Arthur Virgilio só fez perguntas pertinentes, todas bem respondidas, o Jefferson Peres também, enfim, várias perguntas muito boas. Notas destoantes: Ana Júlia (PT-PA) lançou pesado fogo amigo sobre a política econômica, muito fraco. Heloísa Helena, enfim. César Borges (PFL-BA), indistinguível da Heloísa Helena. Só agora no final caiu o nível, a grande pergunta é por que o Palocci não paga a dívida dos Estados.

3) As respotas do Palocci foram muito, muito boas. Não só o cara é muito bom, mas começou logo elogiando os caras realmente feras da sua equipe, o Portugal, o Lisboa e o Rashid.

E assim vai o Brasil, o país cujo Greenspan até outro dia era trotskysta.

Palocci

Palocci foi o sujeito que bancou politicamente o projeto do Agenda Perdida, de que já falamos aqui. Em resumo, nos meus termos:

Não há como competir com a máquina global em termos de inovação tecnológica. Logo, para nossas empresas serem competitivas tecnologicamente, precisam comprar máquinas no exterior (a principal diferença entre os últimos vinte anos e o período desenvolvimentista é a estagnação do investimento em capital fixo). Entretanto, se importarmos todas as máquinas que precisamos, a balança comercial vai quebrar. Para não quebrar, precisamos exportar alucinadamente. Daí que o governo incentiva as exportações.

Para ampliar nossa possibilidade de exportar, vamos ter que fazer concessões internacionais. A Fazenda prepara uma nova abertura, e procura aprovar as PPPs e a agenda microeconômica, que aumentariam nossa competitividade.

A manutenção das metas de inflação servem para criar um ambiente econômico em que o setor privado faça tudo isso aí em cima.

É um novo ciclo, que substitui a política de substituição de importações, falecida há vinte anos. Começou com a abertura de Collor, progrediu durante os anos FHC (quando o câmbio barato permitiu a importação de muitos equipamentos),e progride com Palocci, que se aproveitou da sistematização da turma do Agenda e continuou a correção dos efeitos do câmbio fixo pelo Armínio Fraga.

Chávez e Fidel


Mais uma pra assustar o Guto.

Que beleza

Entre os senadores que interrogarão Palocci hoje, estão, segundo a lista do Fernando Rodrigues:


Romeu Tuma (PFL) (vice-presidente)
Luiz Otavio (PMDB) (presidente)
Mão Santa (PMDB)
Gilberto Mestrinho (PMDB)

Todos, sem dúvida, indignados com a apropriação de dinheiro público. É o que eu chamo de colocar o vírus da gripe do frango para tomar conta do galinheiro.

Sunday, November 13, 2005

Fazendo o que fazemos melhor

Aparentemente, vamos todos fazer merda. O PT, como se sabe, resolveu atacar a oposição na primeira oportunidade, ao invés de vir a público pedir o voto dos 100 mil brasileiros que ganharam emprego com carteira assinada a cada mês nos últimos anos. O PSDB, para quem tampouco se lhe fode a sorte dos tais brasileiros, resolveu fritar o Pallocci. E o PT, que está em processo de re-afundação, resolve criticar o Pallocci também (sem dúvida, o fato mais atroz de todos). O PFL, cujo objetivo é fazer com que os referidos cem mil brasileiros não tenham mais representantes políticos, o que garantiria ao Bornhausen o monopólio do poder sobre o dinheiro dos supracitados, quer trazer tudo abaixo de uma vez.

Em todos esses episódios têm sempre uns caras que, depois que tudo dá merda, ficam famosos por terem dito, eu avisei. Poderia listá-los, mas hoje estou desanimado com essa coisa toda.

Friday, November 11, 2005

Abaixo da cintura


Mais uma foto pra assustar o Guto. E para ilustrar o seguinte comentário, tirado da The Economist:

"Entre os manifestantes [na cúpula das Américas] estará Diego Maradona, que, como jogador de futebol, ficou rico no mercado global do esporte, e, como viciado em cocaína, era dependente de um comércio internacional destruidor de fronteiras. E, naturalmente, seu colega de cúpula, Hugo Chávez, que está usando o comércio e a alta do preço do petróleo para financiar seu "socialismo do século XXI" na Venezuela".

Wednesday, November 02, 2005

Charge

Muito boa mesmo.

Mugabe


O verdadeiro desastre teológico que se abate sobre a África não é o Katrina, mas o Mugabe, ditador do Zimbabwe, que persiste em seu objetivo de se tornar o Hitler da África, título que disputa com um de seus aliados. Após desapropriar a terra dos fazendeiros brancos e distribui-las para veteranos da independência (a saber, ele e a turma dele), a produção do Zimbabwe, uma região relativamente próspera quando o vagabundo tomou o poder, colapsou. Agora o merdinha organiza uns campos de escoteiros do mal, onde a molecada do Zimbabwe é internada para aprender linchamento, estupro e intimidação de adversários.

Agora, quem é amigo do Mugabe? O Chávez. E quem é amigo do Chávez?

Katrina e o Imperialismo

O Osama disse que o Katrina foi um castigo de Deus aos americanos. Que ele explique, portanto, por que o furacão dobrou o preço internacional do milho, levando milhares de crianças do Malawi a morrer de fome nas mais abjetas condições.

Saturday, October 29, 2005

Crise fora de controle

A crise política pode ter saído de controle essa semana, esses dias.

A Veja denuncia que o PT recebeu dinheiro de Cuba. Se comprovado, o PT perde o registro imediatamente, e uma porcentagem alta dos cargos públicos brasileiros, inclusive a presidência, perdem seus principais candidatos em 2006. Eu teria dificuldade de acreditar que alguém no PT foi burro a ponto de aceitar esse dinheiro, mas hoje em dia não tenho mais dificuldade de acreditar em nada. E, a propósito, eu ficaria mais feliz se fosse suborno. Mas isso eu sei que não foi. O PT provavelmente se esquivaria de criticar Castro com ou sem grana, o que eu acho muito pior.

PT e PSDB, com a mentalidade de centro acadêmico que os caracteriza, parecem ter perdido todo senso de proporção. O PT fez um programa de TV suicida partindo pra ignorância contra a oposição, e o PSDB, que aparentemente está deixando o Arthur Virgílio decidir coisas, pediu abertura de uma CPI do caixa 2, para se arrepender logo depois. O programa do PSDB dessa semana deve ser mais agressivo ainda.

O Jacques Wagner tentou contemporizar, argumentando que os dois partidos são muito parecidos, partidos primos. Mas o Arthur Virgílio contrapôs o argumento que também o são Israelenses e Palestinos, o que dá o tom do que se seguirá.

Os dois partidos perderam o controle de seus cães de guerra, Ideli Salvati e Arthur Virgílio. Está faltando estadista.

E o que é foda: a economia vai cada vez melhor. Justo quando consertamos o mais difícil, o que demorou uma década, uma briga de departamento da USP pode afundar o país com a ajuda do Roberto Jefferson.

Thursday, October 27, 2005

Guinada à direita (2)

A Teresa Cruvinel hoje levanta também a possibilidade de que PT e PSDB se sangrem até a morte, abrindo caminho para as forças políticas que ganharam o referendo. Mesmo que isso não se materialize em candidato em 2006, o próximo governo, seja tucano ou petista, está ferrado. No dizer de Roberto Brandt, do PFL, como um governo tucano vai se relacionar com a ala modernizante do PT, que programaticamente lhe é muito próxima? Na opinião desse blog, esse foi todo o problema do governo Lula.

Se bem que também pode ser que os dois partidos se ataquem por que sabem que se o PFL crescer, eles abatem os caras na decolagem, de tanto esqueleto que eles têm no armário (como aconteceu no episódio Roseana). Se for isso, acho arriscado. Se o PFL lançar um desses moleques de doze anos da CPI, a sujeira a ser descoberta não é tão fácil de ligar ao candidato (dêem algum tempo ao garoto), e se bobear a coisa só pega quando ele tiver crescido nas pesquisas. Aí a Veja vira um panfleto, e voltamos à situação de antes de 1989.

Tuesday, October 25, 2005

Guinada à direita

Como vocês viram primeiro aqui no blog (odeio quando um pretensioso filhadaputa diz isso), a direita está com a porta aberta, mas sem quem seja capaz de liderá-la, mais ou menos como o PT em 1998. Vejam hoje as colunas do Merval e essa entrevista no UOL.

Mas há esperança! Afinal, eu não dou uma dentro, sou Flamengo, votei no Lula, de maneira que o mais provável é que o maoísmo seja implantado no Brasil em breve. Ou o regime de Faraós, sei lá.

Sunday, October 23, 2005

Referendo (final)

Saldo do referendo:

1) Maior derrota de todos os tempos para os institutos de pesquisa, que previam 10-15 pontos de vantagem para o não, e a diferença foi o dobro disso.

2) Provável aumento dos casos de posse de arma. É improvável que a turma da bala não aproveite pra mudar o estatuto, e muita gente, por pura desinformação, vai achar que agora liberou geral.

3) Aumento de visibilidade dos extremos do espectro político, como o MV-Brasil e o PSTUpido.

4) Mau começo, na minha opinião, para o renascimento da direita brasileira. Quem está na TV hoje são o Alberto Fraga, o Minha Creuza, e, principalmente, o Fleury. Adesão quase invisível da direita civilizada, do César Maia ao Denis Rosenfeld. Nenhum empresário.

5) Sinal de ocaso de uma geração de militantes de esquerda. Depoimento muito bobo do cara do Viva Rio. Nenhum sindicalista entrevistado na TV hoje. Absoluta timidez dos movimentos sociais diante da questão.

6) Ganhou a Veja. Que na edição de hoje critica Alckmin e Serra por serem viadinhos que não batem o suficiente no governo.

7) Por mais distorcida que fosse a lógica da campanha do Sim, algum senso de direitos pessoais eles despertaram, mais ou menos como na época da revolta da vacina. Novamente, entretanto, lamento que tenha sido essa a causa que causou essa discussão, pois temo como ela será direcionada pela liderança que ganhou força.

8) Por mais que, enfim, o impacto real sobre a violência fosse ser mínimo de qualquer maneira, houve mesmo no Brasil desses últimos dias um clima de discussão cívica extraordinariamente saudável. E provavelmente foi uma boa idéia começar a conversar nesse nível com um assunto que não tinha muita consequência, mesmo.

Referendo IV

Lá vou eu, votar e perder. Old habits die hard.

Saturday, October 22, 2005

Referendo III

Como queríamos demonstrar.

Marilavo de Chauirvalho

Todos ouvimos o deprimente depoimento de Marilena Chauí afirmando que o governo Lula roubou por ter caído em uma armadilha tucana. Ele agora foi reeditado em outro contexto. Vejam:

"Tal como expliquei aqui semanas atrás, o presidente George W. Bush, embriagado por altos planos para o Oriente Médio, levou até o limite da imprudência a aposta no unanimismo bipartidário. Suas concessões ao partido adversário, que começaram com uma política fiscal inversa à prometida em campanha e culminaram na nomeação de uma contribuinte de Al Gore para a Suprema Corte, passando por uma tolerância quase suicida para com os imigrantes ilegais, receberam finalmente um “basta” da base conservadora. Isso já era esperado aqui desde muito tempo. Só é novidade para a mídia brasileira, que, após ter pintado Bush com as cores do conservadorismo radical, não podia mesmo enxergá-lo com suas dimensões reais de conciliador compulsivo. Vista daqui, a mídia brasileira é uma infindável comédia de erros." (Carvalho, em http://www.olavodecarvalho.org/semana/051010dc.htm)
Ou seja, o problema do Bush é que ele era moderado (provavelmente era também do Fórum de São Paulo). Bom, pra quem acha que a indisciplina fiscal foi concessão aos democratas, vejam o número de projetos fisiológicos aprovados em cada ano nos EUA, e comparem as administrações Bush e Clinton.
2005 - 13,997
2004 - 10,656
2003 - 9,362
2002 - 8,341
2001 - 6,333
2000 - 4,326
1999 - 2,838
1998 - 2100
1997 - 1,596
1996 - 958
1995 - 1439
Fonte: Andrew Sullivan
Isso, somado ao fato de que o principal fator de desequilíbrio fiscal nos EUA foi o corte de impostos de Bush, além, obviamente, da guerra, duas causas solidamente republicanas.
Está provado: Olavo de Carvalho é a Marilena Chauí do Bush.

Friday, October 21, 2005

A classe petista

Circula a idéia de que os petistas são uma nova classe, pequenos burocratas envolvidos na administração da sociedade por meio do Estado, dos sindicatos, etc. O Reinaldo de Azevedo diz algo assim, o Francisco de Oliveira também. O Azevedo cita o Milovan Djilas, dissidente Iugoslavo inteligente pra cacete, que não merecia essa.

Eu acho isso uma bobagem. Senão, vejamos.

O Milovan Djilas chamava a nomenklatura socialista de classe por que os meios de produção estavam estatizados, e, portanto, a autoridade absoluta sobre a política significava controle dos meios de produção. Vale dizer, na bibliografia sobre o Leste Europeu há uma grande controvérsia sobre isso, visto que há quem sustente que na verdade a administração econômica tinha muito mais autonomia, visto, inclusive, que os stalinos não entendiam porra nenhuma de economia. Suspeito que isso se aplique ao caso brasileiro, mas deixemos isso de lado por enquanto.

No Brasil, há um forte processo de desestatização. Há somente dois mecanismos pelos quais os petistas influenciam na disposição dos meios de produção. (1) por estarem no governo, e controlarem recursos do governo e empregos públicos, e (2) por terem influência, como sindicalistas, sobre os fundos de pensão.

O mecanismo (1) obviamente não pode caracterizar uma classe, visto que daqui a um ano eles perdem todo o poder. A tradição sociológica exige que classe seja um negócio mais ou menos estável. Evidentemente, pode-se tentar definir os políticos como um todo como classe, envolvendo também os outros partidos, etc., e estabelecendo que eles se revezam no poder. Eu acho isso infrutífero, por vários motivos, mas de qualquer maneira não é o que se tem dito.

O mecanismo (2) é mais promissor, mas desconheço que o PT exerça controle monolítico sobre os fundos de pensão. O poder dos sindicalistas na administração dos fundos existe, mas é compartilhado com gestores do governo (e aqui se aplica o raciocínio acima). De fato, a maior manipulação política dos fundos de que se tem notícia foi durante a privatização do governo FHC (e não, não acho que os tucanos sejam uma classe, ver raciocínio acima).

Enfim, o máximo que se pode dizer é que um pequeno grupo de petistas participa, segundo o revezamento eleitoral, da gestão de recursos públicos ou semi-públicos, em cuja gestão atuam conjuntamente com vários outros grupos políticos e econômicos.

E a principal conclusão disso tudo é que, por menos relevante que seja um fato, pode-se falar dele com palavras complicadas. Se você gosta desse tipo de coisa, não gosta de mim.

Formulário

Se você quiser participar do debate atual sobre a crise política brasileira, é só completar o seguinte formulário:

Bláblábláblábláblábláblá, portanto ____________ é totalitário (a).

Complete com o PT/a mídia conforme sua orientação partidária.

Thursday, October 20, 2005

O artista e seu instrumento

Gosto muito mesmo de arte moderna, muito de arte contemporânea, mas tem coisa que pelamordedeus. Na lista do maior prêmio das artes britânicas, o Turner, tem uma tela chamada quadrado preto (uma tela quadrada, pintada de preto). E o melhor parecer se um pintor que só pinta bunda. Ah, bom.

Wednesday, October 19, 2005

Meu Deus!

O tal do PMR deve ser uma piada dos jornais, não é possível. Vejam isto.

Oposição Cubana


A oposição social-democrata cubana continua em cana, mas continua ativa. Não deixem de ver a revista deles. Ainda pretendo falar muito deles, e de seus planos para a transição cubana, em outras oportunidades.

Tuesday, October 18, 2005

Referendo II

Aliás, vale dizer, para quem acha que o desarmamento é coisa de regime totalitário, que não apenas a extrema-esquerda, mas também a extrema-direita, vota não.

Referendo

Eu já ia votar sim, mas agora vou entrar de cabeça na campanha. Descobri que a frente PSOL-PSTUpido vai votar não, em defesa do direito dos trabalhadores de resistir ao Estado Burguês. Isso, neném, isso. Vai lá, resiste mesmo.

Thursday, October 13, 2005

Pau no Cambrunhão

Finalmente, uma alternativa séria de ensino profissionalizante.

Tuesday, October 11, 2005

Graziano

Excelente artigo do Graziano hoje no Globo sobre uma nova lei de proteção de animais que, mesmo para os padrões dos legisladores brasileiros, é demais. Ela limita a jornada de trabalho dos animais de carga a 6 horas por dia (menos que a dos humanos), proíbe que uma carroça seja puxada por animais de espécies diferentes, e classifica os ratos, gambás e outras pragas urbanas como "animais filantrópicos". Proíbe a inseminação artificial e milhares de outras formas de progresso tecnológico. Pior do que a lei em si é imaginar os legisladores que acharam isso tudo razoável.

Saturday, October 08, 2005

Bush e a Suprema Corte

O Bush nomeou uma advogada completamente desconhecida para a suprema corte. A totalidade dos comentaristas manifestou sua perplexidade, e os conservadores estão realmente possessos, por esperarem a nomeação de um juiz conservador consagrado. Há um consenso de que a nomeação foi sintoma da tendência de Bush de privilegiar a lealdade (ela foi advogada dele) em detrimento da competência.

Não acho que seja isso.

A questão é que com as duas últimas nomeações Bush poderia começar a mexer no direito ao aborto. Como ninguém sabe o que essa senhora acha da vida, sua posição sobre o assunto fica em aberto. E eu acho que é isso mesmo que o Bush quer. Se ele nomeasse um conservador, começaria uma guerra civil no país. Se nomeasse um liberal, idem. Nomeando a tal da dona, deixa tudo em aberto, e prefere ser criticado por ser meio safado do que por ser um traidor da causa.

É como se o PT pudesse nomear o ministro do supremo que formaria uma maioria contra o direito da propriedade privada. Se o Lula nomeia o Stédile, é guerra civil. Se nomeia o Olavo de Carvalho, também. Aí ele vai, nomeia o Delúbio, todo mundo acha ele meio sem-vergonha, mas ninguém faz guerra civil.

No fundo, a abertura dessa segunda vaga na suprema corte foi um azar pro Bush, que provavelmente queria manter a reputação de conservador moral sem ter que fazer nada de prático a respeito.

Friday, October 07, 2005

Anti-Minha Creuza

É raro, mas de vez em quando aparece um sujeito que merece os culhões que Deus lhe deu. Isso é algo que todo mundo precisa entender: os valores americanos são manipulados para toda espécie de sacanagem (como, aliás, os nossos), mas eles existem, sim. E quem sabe alguém lê a reportagem para o Minha Creuza, pra ele saber o que é um militar de verdade, do tipo que ainda há no exército que o expulsou, que na Itália matou muitos como ele.

IgNobel

Taí, gostei do IgNobel de economia. Na pior das hipóteses, correr atrás do negócio com uma marreta deve ser divertido.

Thursday, October 06, 2005

Desarmamento

Continuo mal impressionado com o nível do debate sobre o desarmamento. Ontem o Jô Soares declarou voto contrário à proibição. Até aí, tudo bem. Mas usou como argumento o seguinte: os totalitarismos, como o nazismo e o bolchevismo, desarmaram a população.

Besteira. Se isso prova alguma coisa, é que o totalitarismo leva ao desarmamento, não o contrário. Aliás, os dois totalitarismos em questão foram implementados por grupos que contavam com milícias particulares (as freikorps e a guarda vermelha). Se Weimar e o Kerensky tivessem desarmado a população, a história teria sido outra.

Outra analogia histórica que vem sendo utilizada: a revolução americana, única exclusivamente democrática, garantiu o direito de ter armas. É verdade. Garantiu aos homens brancos o direito de ter armas. O direito de portar armas garantia a esfera do totalitarismo de fazenda. Mas, novamente, esse argumento é irrelevante; pode-se argumentar que o problema é a restrição aos negros, não a permissão aos brancos.

A verdade é que não acho que nenhuma das analogias históricas acima tenha qualquer relevância para a situação brasileira. O problema é só o seguinte: algumas pessoas conseguem evitar crimes por que possuem armas. Outras pessoas morrem em consequência de gente que não cometeria o crime (ou o cometeria com muito menos força letal) se não tivesse arma. Quem você quer condenarà morte, o primeiro grupo ou o segundo? Eu voto para salvar o segundo. Respeito totalmente quem prefere salvar o primeiro.

Mas não custava nada manter o debate em torno das questões concretas.

Wednesday, October 05, 2005

PMR (PR?)

Rapaz, o tal do PMR é ainda mais esquisito do que se pensava: o Mangabeira é presidente do negócio!!!!!!! Ouçam bem: o Mangabeira é presidente do partido do vice-presidente! É, rapaz, só quando morcego doar sangue, mesmo.

Esperemos agora a coalizão PMR-PSOL, com a chapa Mangabeira-Clodovil.

Meio confuso.

Está meio confuso.

O Mainardi foi a Brasília cobrir a eleição do Rebelo e voltou meio desanimado. Segundo ele, vários políticos da oposição desistiram de pedir o impeachment, e o glorioso Jader Barbalho (segundo o Mainardi, alguém que deveria "saber tudo sobre o assunto") disse que o problema é que, se pegar gente por caixa 2, não sobra um.

Agora, isso é que eu queria saber: era só caixa 2, mesmo? Eu não acredito nisso não. Pode não ter havido desvio direto de dinheiro público, mas algum jogo de influências tem que ter havido. O empréstimo do Valério para o PT é um absurdo, e já está claro que a profissão dele era transferir dinheiro de empresário para político, de político para político, etc. Mas de onde saiu o dinheiro?

Até agora, há duas hipóteses que eu já vi: era o Banco Rural tentando influenciar o governo em um negócio lá deles, ou era o Daniel Dantas idem. O depoimento do Dantas deixou um impasse: a Heloísa Helena deu para o Luís Estevão ou o outro deputado do PT é pedófilo? Ou seja, não está com cara de que ninguém vai descobrir nada, não.

E, se for jogo de influência, aí é que ninguém investiga mesmo. Não é só que o jogo de influência é responsável pela totalidade do caixa 2, é responsável pelo caixa 1, também.

Que bonito.

Monday, October 03, 2005

Chávez

Chávez está no Roda Viva. Acaba de dizer que em Cuba não há ditadura, absolutamente. Ah, bom.

Plebiscito (II)

Os dois lados no plebiscito estão usando dados estatísticos. O mais significativo, na minha opinião, é a porcentagem dos crimes por motivos pessoais, que certamente seriam afetados pela venda de armas legais, ao contrário das vítimas do tráfico. Mas fica a advertência: esse assunto é difícil pra cacete de ser estudado empiricamente.

Para começar: essas estatísticas "no país X o número de armas é alto/baixo e o número de homicídios é alto/baixo" querem dizer pouquíssima coisa. Na própria reportagem da Veja há exemplos de dois países onde a venda de armas é proibida (Jamaica e Japão) com índices completamente diferentes. Só por esse exemplo já se vê que há fatores sociais que influenciam decisivamente o número de homicídios. Seria possível fazer uma análise estatística controlando para uma série de variáveis sócio-econômicas, mas até hoje não vi nada disso no debate brasileiro.

Mas o realmente difícil, metodologicamente, é "estabelecer o contra-factual": isto é, saber se, em um dado contexto, mantendo tudo igual, o número de armas influenciaria a violência.

Por exemplo, no filme do Michael Moore ele dá a informação de que várias das regiões americanas que mais têm armas são as que têm menor violência. Os opositores da proibição consideram esse o dado mais importante: afinal, o importante é o número de crimes que não acontecem por que a população está armada.

Agora, vai lá e mede isso. Só pra ter uma idéia da dificuldade do negócio, não bastaria ter dados sobre crimes frustrados; seria necessário saber quantos cidadãos tentariam assaltar casas se não tivessem medo do morador estar armado.

O contra-factual dos opositores da proibição é esse: se essa gente (por exemplo, os gaúchos) não estivessem armados, o crime seria maior lá. Mas o Rio Grande do Sul também tem várias outras características obviamente relacionadas ao nível de violência, como qualidade de vida.

Enfim, está com cara de que, se for com base nos dados apresentados até agora, ninguém vota em nada.

Plebiscito (I)

A capa da Veja dessa semana mostra que a direita realmente perdeu a vergonha. O plebiscito vai dar base popular a um movimento que até agora se limitava à elite política. Estou falando da direita de verdade, não o PSDB, coitado. Não é nem mesmo a direita evangélica, é a galera pesada, mesmo.

Claro, não é necessário ser de direita para ser contra o desarmamento. Eu, por exemplo, vou votar pela proibição, mas acho que a proposta tem um furo gravíssimo, que é o desarmamento rural; o cara que mora a seis horas da cidade mais próxima não pode ser obrigado a esperar a polícia chegar se for assaltado.

Enfim, embora não haja relação necessária, há relação empírica; a maioria dos militantes contra a proibição é de direita, mesmo que os eleitores não sejam. E os caras estão tendo um tremendo espaço de mídia a favor. O filho do Minha Creuza saiu hoje no Jornal Nacional dando um depoimento; e deve ter gente que acha que foi uma vitória contra o Fórum de São Paulo.

Saturday, October 01, 2005

Tom DeLay

Se todos os escândalos atuais da política brasileira (do Mensalão ao escândalo da arbitragem) tivessem sido feitos por um só cara, seria o Tom DeLay, líder dos republicanos na câmara americana, que acaba de renunciar, como seu equivalente severinístico.

Para entender DeLay, imaginem se o Zé Dirceu, em vez de ter sido guerrilheiro, tivesse virado dedo-duro do DOI-CODI. E imaginem que o PT, ao invés de ter sido eleito tendo que provar sua fidelidade com o sistema, fosse tão umbilicalmente ligado ao que o sistema tem de pior que pudesse fazer qualquer barbaridade. E imaginem que o espírito de Idi Amin Dada incorporasse no Dirceu. Pronto, Tom DeLay.

O ponto alto de sua carreira, na minha opinião, ocorreu quando foi encarregado de fazer um projeto qualquer para reduzir algum tipo de sacanagem (acho que financiamento ilegal de campanha), e, junto com outro safado, fez um projeto que, propositadamente, não resolvia nada. O melhor era o nome da lei, batizada com o nome dos dois autores: lei "DeLay-Dolittle" (em português, "atrase e faça pouco").

PMR

Vejamos se eu entendi: a Igreja Universal criou um partido, o PMR (que já vai mudar de nome para PR). Até aí, tudo bem. Chamou o vice-presidente para entrar, ele entrou. É meio esquisito, mas tudo bem. Aparentemente, seria uma tentativa de reconstituição da base governista que estava no PL.

Mas aí chamaram o Mangabeira Unger, que acaba de romper com o PDT por que o partido, em uma demonstração de que o oportunismo sem querer pode levar à lucidez, deve lançar um "defensor do neoliberalismo" (o Buarque) para a presidência! Bom, quem, sabe, talvez, em uma hipótese remota fruto de minhas fantasias paranóicas, o vice-presidente seja de algum modo sutil envolvido com o atual governo.

Por isso o Mangabeira acaba de lançar a tese de que se trata de uma virada de mesa, como a Aliança Liberal de 1929 (pois é). Pessoas anteriormente envolvidas com o sistema se tornam dissidentes e passam a pregar mudança. Bem observou o Merval Pereira hoje que Mangabeira pode estar meio confuso. Bom, eu estou.

Mesmo para os padrões brasileiros, esse partido promete.

Thursday, September 29, 2005

Hunh?

???????????????????

Toco

Marilena Chaui leva um merecidíssimo toco do Demétrio Magnoli hoje na Folha. Trecho que eu gostei:

"A carta de Chaui ensina que não é possível acreditar na mídia, pois, "na sociedade capitalista, os meios de comunicação são empresas privadas e, portanto, pertencem ao espaço privado dos interesses de mercado".Mas, numa polêmica com José Arthur Giannotti, em 2001, a filósofa escreveu que, "ao desqualificar os partidos políticos e a imprensa, Giannotti desqualifica politicamente algo mais profundo: a sociedade civil e o conjunto dos cidadãos". O que mudou? O governo Lula começou em 2003."

É isso aí.

Wednesday, September 28, 2005

Aldo Rebelo

Pela primeira vez na história do mundo (que eu saiba), um stalinista ganhou uma eleição nacional. O que não tem a menor importância. Mas o que eu achei significativo foi o Lula ter escolhido o sujeito pra candidato do governo. Pra mim o recado foi para o PT: ou vocês param de brigar ou eu vou mandar vocês à merda. Antes do Rebelo ter sido escolhido, o PT tinha QUATRO candidatos diferentes à câmara. Que bonito.

Monday, September 26, 2005

Nota Pessoal

Hoje mandei encadernar a tese. Encadernar é o momento mais importante: quer dizer que não dá mais pra mudar nada. Os últimos anos foram tão longos que pra mim é como se hoje eu tivesse deixado de ter meu sobrenome. Hoje, segunda-feira acaba uma das vidas que eu tive. Espero que os afetos e as amizades a sobrevivam, como sobreviveram muitos de outras vidas. E também que o trabalho renda, mas, pra falar a verdade, e isso já sabia de outras teses, isso é o menos importante, a partir de certo ponto.

Papo de viado do cacete.

Wednesday, September 21, 2005

Bezerra da Silva

Em dia de Daniel Dantas e Severino, uma semana depois de Jefferson e Maluf, e na expectativa da cassação daquela turma toda, sigo a pista do Renato e cito Bezerra da Silva:

Para tirar,
O Brasil dessa baderna,
Só quando o morcego doar sangue,
e o Saci cruzar as pernas

Aproveito pra lançar o movimento 'Quando Morcego Doar Sangue', cujo programa será divulgado eventualmente.

Chauí

Em carta aos alunos da USP, Marilena Chauí explica as razões de sua atual posição política. Em resumo, a mídia é feia. Que é, é. Mas como fazer política (ou, aliás, viver) sem ter contato com coisa feia? O que sustenta o Estado é um outro negócio feio, que se você aperta o gatilho, faz 'bum!'. Enfim. A carta tem uns pontos melhores (por exemplo: a mídia que criticava o PT por ter as opiniões da Heloísa Helena agora tem pena dela, tadinha, traída).

Mas o que me deixou realmente indignado foi o trecho e que ela comenta um artigo de sua autoria:

'Um artigo foi escrito antes da posse de Lula ['Desconfiança saudável', na Folha, em 8.dez.2002], alertando para o risco de uma 'transição', isto é, um acordo com o PSDB. '

PUTA QUE O PARIU! MAS ESSE FOI O PROBLEMA, PORRA! Se tivesse tido acordo com o PSDB, o PT tinha boas chances de ter maioria na câmara. Sem o acordo, façam as contas, só pagando Mensalão. Honestamente, não sei se o acordo era possível, mas sei que sem ele nada de muito bonito era possível. A direita é maioria no congresso. Se a direita ideológica (no seu indiscutível direito) fazia oposição ao Lula, e se não se fez aliança com a centro-esquerda, só sobrou a direita venal.

Ou era isso, ou Lula chegava no dia da posse e dizia, 'aí, galera, eu sei que vocês esperam uma revolução, eu sei que ao mesmo tempo eu tenho que fazer a restauração conservadora das finanças públicas, mas não deu pra conseguir maioria na câmara: os tucanos são feios e eu sou honesto. Tchau.'

Teve gente que entendeu isso: o Buarque, o Eduardo Jorge.

Agora, me digam, pra que serve intelectual que tem menos visão que político?

PPS

Como todos vimos na TV, o PPS rompeu com o Lula quando viu que o governo havia corrupção. Antes dele, o PDT, cujo candidato em São Paulo apoiara Delúbio Soares para ministro do trabalho, já havia feito o mesmo. Pois a crer no blog do Noblat, o governador pepsista do Amazonas acaba de aunciar a contratação de 105 políticos do interior (em geral ex-prefeitos) para agirem como supervisores administrativos. O governador nega que esteja tentando articular sua eleição. E eu aqui pensando mal do PPS, só por que eles estavam representados na mesa do Severino (como, aliás, o PDT).

O chato da crise para quem votou no Lula não é tanto que o governo seja corrupto, mas é ouvir os sujeitos que têm se levantado para chorar em nome da ética.

Tuesday, September 20, 2005

Simon Wisenthal (In Memoriam)

Morreu Simon Wisenthal, um dos sujeitos mais interessantes de todos os tempos. Sobreviveu a cinco campos de concentração e depois foi atrás dos vagabundos. Deu ao Mossad a informação necessária para preder o Eichmann. É uma daquelas notícias de falecimento que devem ser celebradas, o cara viveu muito, teve a vida mais repleta de sentido possível, foi admirado por todo mundo que interessa, deve ter sido odiado por todo mundo que interessa, enfim, mostrou a que veio. Pode ostentar a raríssima epígrafe 'foi um justo e venceu'.

Monday, September 19, 2005

O olavúnculo

Por sugestão (denúncia? queixa?) do Ed, fui checar o que o olavúnculo escreveu sobre o artigo do Alencastro. Enfim, aquilo. Suspeito que tenha razão ao defender a UDN. Mas no geral é o que é sempre: ele não escreve mal, ele mal escreve.

A chave do texto do Alencastro é: pode haver uma onda conservadora em consequência da derrocada do PT. Não há no texto do Azevedo nada que desminta essa afirmação. E seu texto obviamente a confirma. E anuncia: a reação não terá estilo.

Algumas semanas atrás, estava lá ele na coluna do Olavo de Carvalho do Globo, mesmo dia, mesma página, mesmo canto. Era chocante a diferença: a mesma paranóia, as mesmas opiniões alucinadas, mas um estilo profundamente enfadonho (e quem duvida que OC escreve estupendamente bem?), e uma atitude meio blasé que OC jamais teria portado em seus artigos. OC pode estar falando qualquer bobagem, mas tenho certeza de que sinceramente acredita estar falando sério sobre assuntos difíceis. RA nunca esconde que é um militante estudantil a quem o que realmente interessa são as picuinhas entre PT e PSDB. As tiradinhas de RA vazam de sua prosa travada sem jeito, suas citações (outro ponto forte do OC) são sempre um anti-clímax profundamente artificial, e seu texto só traz mais notícias: para os adversários, informam diretamente que são simiescas bestas-feras. Para os aliados, informa indiretamente que estão do lado das bestas-feras simiescas.

Parafraseando o que diz-se que o Lacerda disse sobre o Amaral Netto, Reinaldo Azevedo é a caricatura dos defeitos do Olavo de Carvalho.

Luiz Felipe de Alencastro

Muito interessante a entrevista do Alencastro na Folha de hoje. Ele tem o mesmo medo que eu: que a derrocada do Lula dê margem a uma onda conservadora.

Alemanha

Com a crise política no Brasil, muita gente anda dizendo que alguma peculiaridade do sistema político brasileiro provoca essa confusão toda. Mas não é só isso não. Mesmo sistemas que até ontem eram extraordinariamente estáveis estão em fluxo.

Na Alemanha, por exemplo, a nova eleição deixou os dois grandes partidos praticamente empatados (ou empatados, mesmo, dependendo dos resultados de Dresden). Como consequência, ou todo mundo faz uma coalizão com todo mundo ('a coalizão Jamaica'), ou, se o SDP cumprir sua palavra de não fazer a grande coalizão, sabe-se lá o que vai acontecer, mas vai ser alguma coisa estranha: ou a direita vai ter que se aliar com os verdes, ou os social-democratas com os reformadores liberais, ou alguém vai ter que pagar mensalão.

Sunday, September 18, 2005

Bolsa-Família

Confirmando o que temiam seus críticos, o Bolsa-Família acaba de receber o apoio destes populistas, representantes, sem dúvida, da mentalidade anti-capitalista ibérica que nos caracteriza.

Veja

A Veja perdeu a oportunidade na edição de hoje de esclarecer as razões da derrocada do PT. Para quem esperava um texto histórico, com riqueza de episódios importantes e significativos para a gestação da crise atual, temos apenas um editorial expressando a opinião da Veja sobre o PT, que, aliás, já era conhecida de todos.

Ainda falta uma boa crítica de direita do governo Lula. Não, Reinaldo, você não, você é burro. Se alguém escrever, minha aposta é o Paulo Guedes.

Para piorar, a Veja publica uma reportagem em que afirma que a política externa é a pior de todos os tempos. Não que não tenha havido fracassos e mesmo erros bisonhos (que tenhamos nos omitido diante da crise do Sudão, por exemplo), e, evidentemente, a avaliação de algumas coisas depende da posição ideológica de quem fala (por exemplo, sobre o livre-comércio). Mas há uma desonestidade factual séria: nos itens listados como característicos da política externa de Lula, falta a formação do bloco dos países em desenvolvimento para as negociações da OMC, certamente a prioridade do governo.

Enfim. O round é deles, perdemos exclusivamente por nossa incompetência, mas, se alguém aceita conselho de quem perdeu, vai esse: a direita soltou os cães de guerra descontroladamente, e nesses contextos sobressaem-se os piores quadros. Ando vendo muito o Arthur Virgílio e o Bornhausen, pouco o Alberto Goldman, e o Gustavo Fruet (PSDB-PR), de quem as investigações parecem depender exclusivamente, praticamente não recebe atenção.

Mesmo a superexposição da jovem guarda pefelista me parece um mau sinal. Não se trata de renovação, de garotos que subiram na hierarquia partidária por que trazem novas idéias. São saídos diretamente das gônadas da direita brasileira para postos de poder, onde percebem que o melhor caminho para se tornarem machos dominantes da matilha é a carnificina desenfreada da tribo alheia. Jamais teriam a projeção que têm se o PFL tivesse militantes de meia-idade com folha penal limpa. Nesse ponto, parecem com os militantes estudantis do PCdoB, que são a face fofinha da direção genocida stalinista.

Na verdade, se a mídia de direita parece tão descontrolada, é provavelmente por que não pode contar com um partido de direita limpo para representá-la nas esferas em que a ação política seria apropriada. Aparentemente, nós também não mais, mas pelo menos sabemos que isso é um problema.

PS: o Mainardi promete derrubar o Lula essa semana. Até aí, tudo bem. Mas resolveu se comparar aos grandes Nero Wolfe e Archie Goodwin. Agora, neném, é guerra.

Aviso e Link

Estou sendo vítima de blogspam, por isso de agora em diante para escrever comentários é preciso escrever aquelas palavrinhas meio tortas. Dos blogspams que eu recebi, o mais absurdo foi:

'Excellent blog! If you are interested in that subject, I am sure you will be interested to hear about the cheapest way to buy cat food'.

Como comentário a um post sobre o Gabeira. Que bonito.

E o link do Instituto Teotônio Vilela, pedido pelo Renato.

Saturday, September 17, 2005

Desigual e Doente

Um dos temas mais interessantes da sociologia atual é discutido no artigo novo do Dráuzio varella na Folha de São Paulo: a desigualdade faz mal pra saúde.

Tuesday, September 13, 2005

Ah, agora tá resolvido

Quando "essa raça" for embora, vem aí o PMR, partido municipalista renovador. Que tem a peculiaridade de ser fundado pela Igreja Universal do Reino de Deus. Com a sofisticação que lhe é peculiar, o PMR copiou o programa do PL. Duvida? Então veja trecho do programa do PMR, citado pelo Fernando Rodrigues:

"As bancadas do PL nas Câmaras Municipais de vereadores...".

Que maravilha. E o pior é que isso pode ser importante, mesmo. As Igrejas Evangélicas são o único movimento social de direita do Brasil.

O ilustre deputado Minha Creuza

Na sessão da CPI em que foi interrogado hoje, um sobrevivente de Auschwitz teve que passar pelo constrangimento de depor observado da platéia por Joseph Mengele, convidado por Jair Bolsonaro, que compartilha com o nazista uma hemorróida de Satanás, cujo pus os amamenta.

Troquem "sobrevivente de Auschwitz" por "José Genoíno", "Joseph Mengele" pelo militar responsável pela prisão de Genoíno durante a ditadura, deixem o resto exatamente como está, e estarão diante de algo que efetivamente aconteceu hoje.

Esta é para quem duvida que existe o mal, o absoluto, o que vive pelo outro, como o amor, mas, ao contrário do amor, contra a vida.

PS: o título se deve ao fato de que, se Bolsonaro fosse colocado em uma sala sozinho com um adversário que não estivesse amarrado de cabeça pra baixo, em quinze minutos confessava que é minha Creuza.

Cultura Visual


Achei que todos gostariam de ver como é um veado de rabo preto Sitka. Se não fosse pelo deputado Don Young, as pobres criaturinhas jamais poderiam sair para conhecer o mundo!!!

Enquanto isso...

Graças a uma negociação política à la Severino, o deputado americano Don Young conseguiu do governo dinheiro para construir uma ponte, com quase o dobro da altura da ponte do Brooklin, ligando ao continente a ilha de Gravina, no Alaska, onde vivem 50 pessoas, e, vejam bem, 350 veados de rabo preto Sitka (parece sacanagem, eu sei).

O custo total da ponte é 230.000.000 dólares, e o projeto está sendo criticado pela espetacularmente batizada organização "Taxpayers for Common Sense".

O que eu acho mais bonito, em tempos de objetivos do milênio, é que o valor corresponde a mais ou menos 76.666.666 redes de mosquito no Malawi. Estima-se que uma rede de mosquito reduza em 20% a probabilidade de morte por malária, que mata uma criança a cada 30 segundos na África.

O exemplo dos EUA não foi dado para incentivar o anti-americanismo, até por que, quem mais inventaria algo como "Taxpayers for Common Sense"? E os americanos, como cidadãos particulares, dão muito dinheiro para a caridade internacional.

Nenhum dos países ricos, com a eterna exceção (de quem? quem? quem?) das social-democracias escandinavas, está cumprindo suas promessas de ajuda.

Objetivos do Milênio

Enquanto vários países ricos discutem o quanto deve ser gasto na implementação dos objetivos do milênio, é bom ter em mente o que os números querem dizer. A implementação do projeto está atrasada. Se mantido o atual ritmo,

Morrerão 4.000.000 de bebês

A mais do que se o projeto for implementado com sucesso. Em outras palavras,

Morrerá 1,5 vezes o número de bebês que nasce no Brasil por ano

A mais do que se o projeto for implementado.

Os dados são do PNUD.

O Ultra-Severino

Se vocês acham o Severino ruim, precisam ver o Tom DeLay, líder do Bush no Congresso. Em visita às vítimas de New Orleans, perguntou a um grupo de rapazes:

"Now tell me the truth boys, is this kind of fun?''

Que bonito.

A informação foi tirada do blog do Andrew Sullivan, e a reportagem pode ser encontrada aqui.

Monday, September 12, 2005

Ouço o som da burrice ao longe

Eu já disse que acho que a oposição fez, do ponto de vista do seu interesse político, uma burrada, ao investir na cassação do Severino. Agora, por exemplo, Severino negou as acusações, o que vai atrasar o processo. Um grupo de indivíduos, que provavelmente dariam lição de moralidade pública a Hanna Arendt, inteciona processar os acusadores de Severino, caso não haja provas, e, ao que parece, a situação é enrolada. Se a oposição cumprir a promessa de não participar de sessões presididas por Severino, a cassação do Jefferson, por exemplo, não sai essa semana nem tão cedo.

Significativamente, pela primeira vez em meses a capa das grandes revistas semanais não tinha ninguém do governo.

E volto a dizer: suspeito que, se Severino quiser mesmo esculachar, é só dizer 'Esse povo todo votou nimim, e aliás, prometi cargo pro doutor fulano e dinheiro pro doutor sicrano'. Se essa história de restaurante não der em nada, vai restar investigar se Severino ganhava mensalão. Aí, se quiserem investigar os recebedores de mensalão, são 50, 60 a serem cassados. Isso sim, seria uma crise política.

Suspeito que alguém fez besteira. Não do ponto de vista do Brasil, visto que Severino realmente é uma tristeza; mas do ponto de vista do movimento político que vinha ganhando impulso.

Sunday, September 11, 2005

Pausa para a felicidade




I see trees of greeeeen,
red roses too
I see them bloom
for me and you.
And I think to myself, ...

Agora, todo mundo!

what a wonderful wooooooooorld!!!!!!!!

Saturday, September 10, 2005

Delúbio é obra do PSDB

O título desse post é falso, mas não mais falso do que o do artigo do Reinaldo Azevedo hoje no Globo.

Novo Guardian

Tradicionalmente, os jornais britânicos se dividiam em tablóides e 'Broadsheets', os primeiros mais ou menos com a metade das dimensões dos segundos. Os tablóides (o engraçadíssimo The Sun, a pústula leprosa Daily Mail), em geral eram mais sensacionalistas, os broadsheets em geral mais sérios (Times e Telegraph, pela direita, Guardian e Independent, pela esquerda).

Mas eis que se chegou à conclusão de que o formato físico do tablóide era mais legal de ler, em especial para a massa que lê jornal no trem (em pé). Os broadsheets passaram então a virar tablóides. O grande evento foi a conversão do tradicionalíssimo The Times.

Agora o The Guardian vai virar tablóide, também. O novo modelo é esse aqui. Eu achava o antigo mais bonito, mas, enfim.

Thursday, September 08, 2005

EXCELENTE E DE GRAÇA!!!

Rapaz! Aparentemente, o Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, está dando os livros da Coleção Pensamento Social-Democrata! Encomendei três, perguntei o preço, eles só me pediram o endereço e me mandaram os livros. Quem quiser pedir, sugiro perguntar antes se é mesmo de graça, mas acho que é sim.

Isso é uma notícia excelente!!! É uma das melhores coleções de livros políticos da história brasileira recente, e sem dúvida a mais ignorada.

Meus três livros são: os textos daquela conferência de Florença com o Blair, o Clinton, o FHC, etc.; o livro famosíssimo do Lipset sobre o fracasso do socialismo nos EUA, "Por que não vingou?"; e um que parece ser o máximo, "O Socialismo Brasileiro", do Evaristo Moraes Filho, que reúne textos sobre a tradição socialista democrática brasileira. Tem de tudo: textos do Euclides da Cunha, do Lima Barreto, do Hermes Lima, do Evaristo de Moraes, e todos os manifestos dos antepassados do sempre pequeno mas firme PSB, desde o século XIX. Senti falta de alguma coisa do Sérgio Buarque de Holanda, mas tudo bem.

E a coleção tem muito mais livros legais, o Kautsky, o Bernstein, Rossetti, o Blair, todo mundo. Encomendem!!!!

PS: se esse blog ainda fosse encontrável no Google (não sei por que não é mais), o título desse post faria dele o maior sucesso de procuras de todos os tempos.

Tuesday, September 06, 2005

O editor é o Ed Woods

Vi na banca e não posso deixar de comentar, por mais que reduza o nível do debate. O insuperavelmente ruim Hora do Povo acaba de publicar uma manchete chamando o Severino de "Mestre Yoda", e incluindo a manchete "Camarada Delfim reforça as hostes peemedebistas ". É incrível, é incrível, é incrível.

PDT e Delúbio

Segundo O Globo de hoje, o candidato do PDT em São Paulo, Paulinho da Força Sindical, apoiou Delúbio Soares (ele mesmo) para o Ministério do Trabalho, alegando que o elemento tinha muita afinidade com a Força Sindical.

É o partido da ética.

E lá vai mais Severino

Caso o pessoal do Primeira Leitura esteja sem nada o que fazer, poderia consultar mais fontes sobre como eles são nada menos nada mais do que os intelectuais orgânicos do severinismo. Vejam no blog da helena Chagas:

"Filho feio não tem pai, e agora a moda no PSDB e no PFL é dizer que não tiveram nada a ver com a eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara. A culpa é do PT, que rachou e apresentou dois candidatos. Vamos fingir que acreditamos. Mas quem estava lá naquela fatídica madrugada viu as bancadas tucana e pefelista - com raras exceções, como o líder Alberto Goldman - fazendo campanha pró-Severino. "

Gabeira (II)

No episódio recente do bate-boca com Severino, Gabeira finalmente deu mostras de estar disposto a se colocar à altura dos grandes problemas nacionais.

A primeira campanha que fiz na vida foi aos treze anos, em 1986, quando Gabeira era candidato a governador do Rio.

Depois me enchi dele, quando, por puro narcisismo, se recusou a se candidatar a prefeito, dizendo que só se candidataria a presidente. Lembro-me claramente da sensação de 'se não era pra jogar sério, não devia ter me chamado'. O que teria sido da política brasileira se o PT no Rio tivesse se tornado forte? Certamente não haveria José Dirceu.

Fiquei mais de saco cheio ainda quando passou os anos 90 inteiros se concentrando na defesa da legalização da maconha (sou adepto do 'legaliza e para de me encher o saco com esse papo de maconheiro').

Esperemos que agora Gabeira se torne um interlocutor de peso na discussão das questões realmente relevantes para o país. É, provavelmente, a grande chance de sua vida.

Mas devo dizer que não estou muito animado com essa perspectiva. Vejam o que saiu no Blog do Jorge Bastos Moreno:

"Jorge Bornhausen, presidente do PFL, diz que sua agenda política agora está condicionada à do seu novo guru, o deputado Fernando Gabeira. Isso já vinha muito antes de Arraes, mas coube ao ilustre pernambucano a façanha de costurar a aliança da esquerda com a direita para poder governar. Lula quis fazer isso, mas foi atropelado pelos que queriam a aliança do PT com a direita para poder roubar. A de Bornhausen com Gabeira é pra poder derrubar.Bornhausen anuncia que estará com o seu guru numa manifestação, nesta terça-feira, em São Paulo."

Enfim, veremos.

A Ciência como Vocação

Como era de se esperar, o pessoal da Primeira Leitura foi bombardeado por e-mails chamando a atenção para o fato de que Severino, até outro dia, era objeto da indisfarçada simpatia da revista. Não deixem de checar o glorioso artigo "Por que não bato em Severino" aí embaixo.

Com toda a classe que só um legítimo intelectual brasileiro pode excretar, Reinaldo Azevedo, manda-chuva da revista desde que Mendonça de Barros percebeu a merda em que tinha se metido e saiu, escreveu um artigo com o singelo nome O PT elegeu Severino, professor Lessa!. Trata-se, como a totalidade dos brasileiros sabem, de grotesca falsificação. Me recuso a explicar por que. Todos os jornais, do Opinião Socialista ao Estado de São Paulo, sabem que Severino só se elegeu por ter recebido apoio da oposição. O sujeito que não sabe isso não é capaz de entender nada que me interesse explicar.

O triste é que a revista sempre publica coisas interessantes. No começo, os artigos não eram assinados, ficando o editor responsável pelo conteúdo inteiro, como é na The Economist. Mas sinceramente, não consigo imaginar o editor da The Economist escrevendo algo como a justificativa de Reinaldo Azevedo para ter apoiado Severino antes e agora apoiar seu afastamento:

"E eu teria votado em Severino porque, à época, era ruim para Lula e para o núcleo duro do PT. E hoje estaria empenhado em depor Severino porque 1) ele merece; 2) porque, se a sua eleição, antes, era ruim para Lula, agora é a sua deposição que não interessa ao PT. (...) É isso. Declaro meus limites: tudo o que é ruim para o PT eu acho bom para o Brasil."

Uma pena Weber ter morrido sem ter podido assinar isso.

Depois falam mal dos intelectuais de esquerda. Em geral são mesmo uma merda, mas comparado a Reinaldo Azevedo, qualquer pelo do suvaco do Emir Sader é capaz de revelar um evangelho.

E fica nosso parabéns ao Mendonça de Barros, que fundou uma boa revista e saiu quando viu o que é Reinaldo Azevedo.

Monday, September 05, 2005

Mais Severino

Exemplo do risco Severino, tirado do blog da Teresa Cruvinel:

"Muitos de vocês perguntaram quem colocou o Severino na presidência da Câmara? Eu lhes digo que a oposição, que agora lidera o movimento para derrubá-lo, teve uma participação decisiva nos eventos da madrugada de 14 para 15 de fevereiro que levaram à eleição de Severino. Na época a imprensa reigstrou toda a movimentação mas agora PSDB e PFL fingem que não têm nada com isso.O PFL diz que votou no seu candidato Aleluia, um bom candidato por sinal. Mas Aleluia teve apenas 52 votos no primeiro turno, basicamente os do PFL. Mas mesmo neste primeiro turno, alguns pefelistas já estavam com o Severino. Alguns tucanos é que votaram no Aleluia no primeiro turno. Mas no segundo, com Aleluia fora do páreo, na disputa final entre Severino e Greenhalg, o candidato petista, pefelistas e tucanos descarregaram votos no Severino. Dos 300 que ele teve outra boa parte veio mesmo da base governista. O petista teve cento e poucos votos, 114 se não me engano.Então, assim como o PT deve desculpas ã sociedade brasileira pelos desmandos de sua direção valeriana, a oposição também se desculpar pelo que fez. Pós o Severino lá apenas para derrotar o Governo Lula, sem medir as consequências. E elas estáo aí...."

A questão, para a oposição, é: ninguém estava falando nisso, e agora está.

O Risco Severino

Posso estar errado, mas acho que a oposição pode estar correndo riscos desnecessários pedindo o afastamento do Severino. Como todos sabem, foi a oposição que o elegeu (vejam o post do Jorge Bastos Moreno, 'Quem pariu Mateus que o embale'). É pelo menos plausível que sua eleição tenha a ver com a negociação do mensalão (segundo Jefferson, o pagamento foi interrompido, o que fez com que o governo não ganhasse mais nada - será que isso inclui o emprego de Severino? - no Congresso).

Se alguém do governo quiser se suicidar à Jefferson, é a hora de cair denunciando: a oposição sabia do mensalão, e ajudou a brigar por ele. Se fosse verdade, a oposição ficaria pior que o Lula, se fosse mentira só se provaria anos depois, e todo o episódio das denúncias ficaria meio nebuloso.

Sinceramente, não sei qual o cálculo do Bornhausen.

Thursday, September 01, 2005

As aspas do Valente

O editorial do Globo vem acompanhado de um 'contra-editorial' do Ivan Valente, do PT-SP. Além de demonstrar absoluto desprezo pelos resultados da política econômica (o que lhe interessa é que serviu aos interesses do capital), o sujeito escreve o seguinte:

"Em nome da 'imprescindível' maioria parlamentar prosseguiu-se na lógica de ampliar alianças que pouco ou nada tinham a ver com o PT"

O que me preocupa são as aspas. A maioria não era imprescindível? O certo teria sido fechar o Congresso? Alguém deveria informar o Valente de que ele não pode mais contar com o Pacto de Varsóvia.

Novamente: ninguém parece ter aprendido nada.

Editorial do Globo

Muito bom o editorial do Globo hoje sobre as críticas da esquerda petista à política econômica, que vem produzindo resultados muito bons (vejam os dados). O PIB cresce consistentemente, a inflação permanece baixa consistentemente, e os resultados externos são excelentes, fazendo com que 'a dívida externa - que tanto atemoriza bispos da CNBB, a UNE e o MST - tem caído'. Conclui o editorial:

'E assim a imprevisível política brasileira produz uma de suas excentricidades: o PT não consegue comemorar o maior êxito do presidente que elegeu.'

E o que é pior: está com a maior cara de que vamos sair do governo Lula tendo feito imensos sacrifícios e sem ter aprendido nada.

Gabeira

Todo mundo gostou da espinafrada que o Gabeira deu no glorioso Severino ontem. Agora, vai ser engraçado se a oposição (que foi quem elegeu Severino) agora se mostrar indignada, 'pois é, como é que um cara desses vira presidente da Câmara?'.

Em nome do registro histórico, cabe notar que a (muitas vezes boa) Primeira Leitura já trouxe um artigo com o espetacular título 'Por que não bato em Severino'.

Mas é assim mesmo, se os idealistas não tiverem apoio dos hipócritas, ninguém avança nada.

Thursday, August 25, 2005

Freakonomics

O livro Freakonomics, que o infalível Ed mencionou aqui outro dia, já é o livro de não-ficção mais vendido do Brasil. E os autores fizeram um blog, que parece ser legal.

Tarso Genro

Tarso Genro está levando a sério o esforço de limpar a direção do PT. Golaço.
Tarso Genro defende o abandono da política econômica. Gol contra.
E quem joga pelo empate é a oposição.

Ultra-Mega-Liberais pra cacete

Pra quem quer ver argumentos pró-mercado, chequem o blog conjunto do Nobel de economia Gary Becker e do juiz americano Richard Posner, que me foi recomendado por um colega que adora essas coisas.

Wednesday, August 24, 2005

Chauí e Giannotti

Isso me lembrou um debate entre a Chauí e o Giannotti, na época dos escândalos do governo FHC (os últimos). O que me lembro é o seguinte:

Giannotti escreveu um artigo na Folha que começava com uma bela introdução teórica, em que argumentava que, visto que a política é regra sobre regra, haveria sempre conflitos éticos, e uma zona ética cinzenta causada pela indeterminação de alguns desses conflitos. Achei isso uma grande idéia, mas logo depois o Giannotti argumentava que o movimento pró-CPI era na verdade um movimento de patrulhamento da imprensa que procurava aumentar seu poder político, e da oposição que era apenas eleitoreira e bláblábláblábláblánhémnhémnhémnhémnhémnhém.

Chauí escreveu uma resposta que começava, na minha opinião, mal, com uma introdução teórica que falava que a democracia era na verdade uma beleza e bláblábláblábláblánhémnhémnhémnhém. Entretanto, seguia-se uma grande sacada, quando afirmava que, segundo o próprio argumento do Giannotti, os limites da zona cinzenta deveriam ser determinados pelo debate público; e que, portanto, tanto a imprensa que buscava aumentar seu poder quanto a oposição que buscava ganhar eleição eram participantes legítimos do embate para fixar os limites da zona cinzenta.

Cito de memória, de maneira que posso estar caracterizando mal os dois artigos.

Mas me lembro que na época me pareceu que se você colasse o final do artigo da Chauí depois do começo do do Giannotti viraria um puta artigo.

Marilena Chauí

A crer nos jornais, a Marilena Chauí falou umas besteiras. Disse que o problema todo do governo Lula foi uma armadilha tucana, o que parece reeditar o argumento, que profundo desespero me causa, de que a causa da corrupção foi a política econômica. Enfim. Não tem nem o que dizer.

Tuesday, August 23, 2005

Agora tudo faz sentido!

Tem um televangelista vagabundo querendo matar o Chávez. Bom, até aí teve outro desses vagabundos aí que declarou que o 11 de Setembro foi punição a Nova York por que eles toleram gays, feministas, enfim. O mesmo vagabundo que quer matar o Chávez disse que Bush havia lhe garantido que não morreria ninguém na invasão do Iraque (Bush nega ter dito isso, e eu acredito). E tem gente que fala mal do Bispo Rodrigues.

Enquanto isso, um monte desses vagabundos acredita na teoria do arrebatamento, e apóia Israel para que o Templo de Salomão seja reconstruído (há, entretanto, propostas pacifistas), o que precipitaria o Segundo Advento (e, aliás, a condenação ao inferno de todos os judeus que não aceitassem se converter ao cristianismo).

Uma cronologia do arrebatamento pode ser encontrada aqui. A propósito, aparentemente o Bush não termina o mandato, e pode cair esse ano mesmo. Seguir-se-á então uma luta contra a besta escarlate da babilônia (a União Européia), uma guerra contra a Rússia e a China, e no final todo mundo que for gente boa voa pelado para o céu.

É bom saber que os caras têm um plano.

Saturday, August 20, 2005

Politicamente Correto

Enquanto subia de bonde, vi uma placa, na entrada de uma casa, com os dizeres "Cuidado: cachorro anti-social".

Com a Bênção de Santa Teresa

Hoje passei a tarde em Santa Teresa, um dos lugares mais legais do mundo. Não sei por que tem me dado vontade de passear pelo Centro do Rio e adjacências, provavelmente é por que é um lugar que eu gosto muito, e preciso recarregar as baterias durante a crise política. Pois justamente enquanto fazia isso, recebi um sinal de Deus.

Perto do Largo dos Guimarães, pouco antes do Restaurante Sobrenatural, e depois da gloriosa Adega do Arnaudo (assim mesmo), achei em uma loja um imãzinho de geladeira com a seguinte inscrição:

'Deixemos o pessimismo para tempos melhores'.

Concordo plenamente, e enquanto durar a crise, esse será o lema do Blog.

Friday, August 19, 2005

Enfim

Essa charge expressa bem minha opinião sobre a situação atual.

Ihhhh...

O ex-assessor do Pallocci acaba de depor dizendo que o atual ministro da Fazenda recebia mesada de empreiteiro quando era prefeito. O dólar subiu, a bolsa caiu. Dessa vez, sim, se for verdade acabou. Não no sentido de 'longo outono', acabou mesmo.

Thursday, August 18, 2005

Gamboa

Descobri um lugar maravilhoso, a livraria Folha Seca, na Rua do Ouvidor, um lugar que eu adoro, especializada em Brasil: uma estante espetacular de História do Brasil, livros sobre samba pra cacete, livros sobre futebol, sobre arte, CDs de choro.

Comprei uma história do São Cristóvão Futebol Clube, que não sei quando poderei ler, mas comprei em homenagem ao meu avô, que foi por muito tempo torcedor do São Cristóvão. O título promete: 'Chuva de Glórias'.

E comprei um livro muito bom, que li rapidinho hoje tomando café. Sempre gostei da série Cantos do Rio, que conta a história dos bairros cariocas. Saiu agora um dos bairros mais interessantes de todos, a Gamboa, escrita por um dos maiores poetas brasileiros, o Alexei Bueno (na minha opinião, o melhor tradutor para o Português d'O Corvo, do Poe). Adorei, recomendo entusiasticamente.

Os que, como eu, são fanáticos pelo centro do Rio (conscientes de que há décadas aquilo é uma merda), certamente vão gostar.

Mais Renda Básica

Aliás, o artigo da Dissent, muito interessante, pode ser encontrado aqui.

Revelação estranha da semana, encontrada nesse mesmo artigo: o governo americano já estudou a possibilidade de se distribuir um imposto de renda negativo, e chegou a fazer um experimento, distribuindo-o para algumas famílias, e vendo o que acontece com seu incentivo para trabalhar. As horas trabalhadas caíram pouco entre os homens, 6%, mas muito para as mulheres, 19%. No menos machista Canadá, a diferença é mínima: 1% para os homens e 3% para as mulheres.

Mas o mais estranho é quem era responsável pelos experimentos nos EUA: Dick Cheney e Donald Rumsfeld.

Esse mundo é mesmo sortido.

Renda Básica em Israel

Idéias do tipo renda básica têm prosperado em vários lugares do mundo. Israel acaba de anunciar que planeja implementar um 'imposto de renda negativo' no futuro próximo. Que uma medida dessas seja anunciada pelo gabinete de Sharon mostra o quanto a sociedade israelense é contraditória, e interessante.

Jay Hammond, ex-governador do Alaska

Morreu , Jay Hammond, que foi governador do Alaska entre 1975 e 1982. Ouço-os todo dizendo, 'foda-se!'. Mas calma, o cara foi importante! Ele foi o criador do fundo permanente do Alaska.

Hammond foi um dos últimos americanos a se beneficiarem de uma lei da época da Guerra Civil que dava terra de graça para quem se comprometesse a construir uma casa e trabalhar a terra por pelo menos 5 anos. Enquanto fazia isso, e depois de ter sido caçador, pescador, e piloto de caça na Segunda Guerra Mundial, ficou invocado com o fato de que pescava-se muito salmão no Alaska sem que a população se beneficiasse com isso. Com idéias como essa, se elegeu governador, e, como os Alaskianos (sei lá se é isso) são sortudos pra cacete, justamente enquanto ele estava pensando em um jeito de distribuir o dinheiro da pesca para todo mundo, descobriram petróleo no Alaska. Ah, bom.

Desde então, o fundo permanente do Alaska distribui todo ano, para todos os residentes do Alaska (homens, mulheres e crianças) algo em torno de 1.000 dólares, sem mais nem menos. O dinheiro se origina nos dividendos de um fundo permanente formado com uma porcentagem dos impostos arrecadados com a produção de petróleo. Distribui-se assim o benefício do petróleo e se estimula a economia do Alaska, cujos governantes, ao contrário do Chávez, sabem que um dia o petróleo acaba.

As informações são do boletim da United States Basic Income Network (USBIG), onde achei o trecho seguinte, que tinha que traduzir. É baseado no depoimento de um jornalista da revista Dissent, Sean Butler.

" O pai da renda básica brasileira, Senador Eduardo Suplicy, também falou na conferência da USBIG no ano passado. Durante seu discurso, ele notou Jay Hammond sentado na primeira fila, e, para o aplauso geral da platéia, desceu do palco para apertar sua mão. Os dois pioneiros da renda básica haviam finalmente se encontrado.

Hammond e Suplicy fazem um par estranho. O Republicano Hammond, grandão, com sua barba branca estilo Hemingway, carrega seu ethos de autoconfiança (self-reliance) do extremo norte com orgulho. Suplicy, um membro fundador do esquerdista Partido dos Trabalhadores brasileiro, treinado como economista nos Estados Unidos, tem a aparência digna de um intelectual e político profissional.

É o encontro entre o socialismo tropical e o capitalismo ártico; ainda assim, de alguma maneira, quando se encontram pela renda básica, se dão bem".

Tuesday, August 16, 2005

Resultado:

Muito do que acontecerá nos EUA, e, portanto, no mundo, depende do que farão os chineses.

E os chineses recentemente abandonaram o dólar como âncora cambial, passando a utilizar uma cesta de várias moedas. Dependendo do quanto os chineses diminuam suas compras de títulos em dólar, os juros americanos podem subir muito, causando uma recessão global, ou, dependendo da velocidade da coisa, estourando a bolha imobiliária mundial.

Que bonito.

O que os chineses andam fazendo (II)

Essa é a parte que eu entendo menos.

Para se defender da especulação financeira que já avacalhou seus vizinhos asiáticos, os chineses vinham ancorando sua moeda no dólar. Basicamente, compravam quantidades obscenas de títulos da dívida americana (considerados o investimento mais seguro do mundo) e guardavam para um dia de chuva.

Quanto maior a probabilidade de que o governo pague suas dívidas, menos juros precisa pagar pelo seus títulos (por isso o Brasil paga juros altíssimos). Com tanto dinheiro chinês entrando, o juro dos títulos americanos de longo prazo caíram.

OU SEJA: novamente, isso contribuiu para que os juros nos EUA permaneçam bem mais baixos do que normalmente estariam, dado o nível de atividade econômica. Mais uma coisa inflando a bolha.

O que os chineses andam fazendo (I)

A entrada da China, da Índia, e Rússia no mercado mundial dobrou a força de trabalho do capitalismo global (metade desse aumento foi causado pela China). Mas esses países são pobres, e portanto praticamente não aumentaram o estoque mundial de capital. Portanto, o preço do trabalho caiu pra cacete. Os salários têm aumentado muito menos do que seria de se esperar em uma recuperação econômica, como a que vem acontecendo nos EUA

Consequência n.1: a participação dos lucros nos PIBs dos países ricos tornou-se, graças aquele bando de maoístas que governa a China, a maior desde a crise de 1929.

Consequência n.2: sem muito aumento de salários, e com uma invasão de produtos chineses ridiculamente baratos, a inflação mundial subiu menos do que se esperava, e anda bem baixa para um momento de recuperação da economia.

OU SEJA: ao mesmo tempo em que as pessoas começam a ter mais dinheiro (por causa da recuperação econômica), os juros permanecem meio baixos (não precisa aumentar, os chineses seguram a inflação). Daí que muitas pessoas, especialmente nos EUA, vêm pegando dinheiro emprestado a juros baixos para, por exemplo, comprar imóveis ou re-financiar suas hipotecas (daí a bolha no setor imobiliário mundial). Isto é: o FED americano fez o que sempre fazia para evitar uma bolha, mas agora os remédios tradicionais não funcionam tão bem por causa dos chineses.

China

Enquanto prestávamos atenção na careca do Marcos Valério, a The Economist fez a reportagem de economia mais difícil e mais importante que eu já vi na vida. Aparentemente, mudou tudo no mundo e só notamos agora. Segundo os caras, muitas das decisões econômicas mais importantes do mundo são agora tomadas na China.

Dentro da série ‘vou explicar pra ver se entendo’, segue o que eu acho que a reportagem quer dizer.

Rapaz!

No Amiano Marcelino descobri essa foto, espetacular!!!

Proms

Para quem gosta de música clássica, a BBC está transimitindo os PROMS, festival de música de altíssimo nível que tem em Londres todo ano, aqui.

Sunday, August 14, 2005

Links

Os links que não estavam funcionando (Prospect e Gabeira) já estão consertados. O da Polly Toynbee eu tirei, por que dava problema toda hora (mas não deixo de recomendar seus artigos).

Pós-Lula (V): o PT

Caso o PT não se desintegre após a crise iminente, não poderá mais evitar as questões que sempre o atormentaram: qual o lugar de movimentos reinvindicatórios da sociedade civil durante uma crise fiscal extremamente severa? Qual o papel dos sindicatos no novo quadro capitalista global? Em suma, diante da crise do Estado, como fazer a mediação entre sociedade civil e mercado? Se conseguir responder, torna-se novamente referência mundial. Se não conseguir, definha como os velhos PCB e PDT, e espera a decadência da próxima força de esquerda para ver se descola uma rebarba.

Essa questão está intimamente ligada a outra, mais diretamente ligada à crise atual: uma vez estabelecido que arranjo pode satisfazer as demandas sociais sem falir o Estado, restará a tarefa de saber que setores sociais podem ser aglutinados para ganhar de novo o governo, mas desta vez com maioria parlamentar.

Só não é uma certeza que o PT desapareça por que, ao contrário de todos os outros partidos, é um partido firmemente enraizado em movimentos sociais que certamente sobreviverão, em especial a CUT. Compartilha essas características com a social-democracia européia, que já se recuperou diversas vezes de escândalos de corrupção. Mas não é certo que se torne forte novamente, visto que permanece em aberto a questão da viabilidade da social-democracia brasileira.

Pós-Lula (IV): Garotinho

O pior cenário para o pós-Lula é, evidentemente, a vitória da hemorróida de Satã. Garotinho tem as credenciais éticas de quem acaba de tentar fraudar, na frente de todo mundo, as eleições de Campos. Economicamente, seria o retrocesso ao populismo mais vulgar. Desmoralizaria as Igrejas Evangélicas, que, bem, ou mal, são um setor importante da sociedade civil brasileira. Foi um dos principais articuladores da campanha por Severino, que hoje se suspeita ter sido uma grande revolta pela suspensão do pagamento do Mensalão. Só existe politicamente por causa de José Dirceu, que o elegeu quando forçou Benedita a ser sua vice. Não acredita na teoria da evolução, apesar de seus próprios evidentes traços simiescos, e, se eleito, o Brasil teria o único presidente anti-Darwin do mundo ocidental.

Como não sou só eu que acho isso tudo, cedo ou tarde sua candidatura seria alvo de tantos ataques que dificilmente decolaria. Mas pode se tornar líder de um movimento minoritário populista importante, ou pode ser usado pelo PMDB como moeda de troca no segundo turno.

Pós-Lula (III): partidos de direita

Em tese, o cenário estaria montado para uma ressurgência dos partidos de direita. Acho que, em alguma medida, isso vai acontecer, e é normal, e é bom: não é bom que as opiniões conservadoras, que são sustentadas por parte expressiva de nossa sociedade, sejam representadas apenas por marginais, como têm sido.

O grande desafio, naturalmente, é dar aos partidos de direita as credenciais éticas mínimas para se posicionarem diante de uma imprensa livre como a brasileira. O episódio Roseana Sarney foi típico: em primeiro lugar, do quanto a aliança PSDB-PFL é mais frágil do que se pensa. Em segundo lugar, de que não há nenhuma possibilidade de renovação da direita a não ser pelo critério hereditário, dada a impossibilidade de jovens direitistas honestos subirem por dentro de máquinas partidárias que fariam o Delúbio chorar de vergonha e desintegrar-se no nada. E, em terceiro, por que ficou claro que no debate ético a candidatura do PFL não sobreviveu um mês antes de aparecer dinheiro de procedência duvidosa.

É claro, também, que o PFL de Bornhausen ainda é melhor que os PPs, PTBs e PLs da vida. Esses partidos, entretanto, sobreviverão, ou pelo menos seus membros têm gande chance de sobreviver: é absolutamente notável o quanto se tem poupado os recebedores do Mensalão. Só se ataca os pagadores, em uma curiosa e significativa inversão do procedimento habitual. Um impeachment de Lula seria (será?) a vitória dos recebedores do Mensalão contra os pagadores de Mensalão. Afinal, quando o inigualável Valdemar Costa Neto renunciou, Severino, timoneiro e intelectual orgânico de PDT, PPS e companhia, ficou emocionadíssimo, e manifestou a Costa Neto que aquela casa esperava ansiosamente seu retorno triunfal.

Enfim, a questão é saber se a direita consegue se purificar a tempo. Caso consiga, pode ser a grande vitoriosa do pós-Lula. Creio que Bornhausen, político habilidosíssimo, já notou isso, e por isso apostou antes na candidatura Roseana, e agora, na de César Maia. Mas a limpeza do PFL seria um expurgo de tal dimensão que exigiria um José Dirceu possuído pelo demônio.

Pós-Lula (II): outros partidos de esquerda

Uma alternativa ao PT seria, naturalmente, a esquerda não-Lulista, formada, a essa altura do campeonato, por PDT, PPS e PSOL.

PDT e PPS vêm, a algum tempo, planejando uma fusão.Não se sabe o que sairia disso. O PDT é o resumo de tudo que há de atrasado na esquerda brasileira; à maneira norte-coreana, continuam a venerar o líder morto, ignoram completamente a possibilidade de aplicação da aritmética na gestão pública, não vêem espaço para os movimentos sociais na direção da esquerda, e seu compromisso com a ética fica claro no fato de que está representado na mesa do Severino.

O PPS se alia a qualquer coisa: Severino, Amazonino Mendes, o PDT. Ninguém mais comenta, mas quem trouxe o Jefferson para a aliança do Lula foi o PPS (o PTB era aliado do PPS durante a campanha do Ciro). Até aí, em outros tempos tinha se aliado ao Stalin. Entretanto, vinha tentando se firmar como alternativa de centro-esquerda, mais moderada que o PT, e Roberto Freire já havia dado várias declarações interessantes nesse sentido. Vamos ver se a soma belo discurso de centro-esquerda + Roberto Jefferson emplaca a reeleição, em terceira reencarnação, depois de PT e PSDB.

O P-SOL é o único partido anti-Lula que também é anti-Severino, o que poderia lhe garantir certa credibilidade. Mas o programa do P-SOL é tão pateticamente deprimente, e sua ruptura com o totalitarismo bolchevique tão débil, que tratar-se-ia apenas de substituir a ganância pelo sadismo como problemas do sistema político brasileiro. Não é tão ruim quanto o PSTU, mas até aí quase nada é.

Enfim, os outros partidos de esquerda só prometem o fim da estabilidade fiscal, com altíssima probabilidade de aumento da corrupção, não apenas por que historicamente foram mais, e não menos, propensos do que o PT a se aliar com corruptos, mas por que sua insignificância numérica implica que seriam obrigados a pagar ainda mais por deputado direitista.

Pós-Lula (I): PSDB

É óbvio que o fato da oposição ao Lula ser 95% corrupta (são, fundamentalmente, a frente pró-Severino) não livra a cara do governo em nada. No Impeachment do Collor, o que não faltou foi safado votando indignado, e isso foi excelente. Se os parlamentares honestos não puderem contar com a hipocrisia dos safados, ninguém limpa aquilo ali nunca. Afinal, sempre há a possibilidade de novas denúncias, que prendam amanhã o hipócrita que denuncia hoje.

Supondo, entretanto, que a crise leve seja ao impeachment, seja à total paralisia do governo, há outra questão, legítima. Finda a era Lula, o que emerge politicamente? Isso sim me parece deprimente.

O PSDB é o partido mais forte da oposição, mas acho que as comemorações tucanas têm sido prematuras, por dois motivos.

Em primeiro lugar, sem a ameaça de Lula, não sei se a direita vai continuar vendo razão para sustentar o PSDB, que, antes de FHC se lançar como anti-Lula, caminhava a passos largos para a irrelevância; é possível que haja uma crise da centro-esquerda em geral, encerrando o ciclo que começa com a redemocratização. E não devemos subestimar o quanto o eleitorado conservador esteve confortável, durante os últimos anos, na companhia dos ex-Ação Popular do PSDB. Suspeito que o referendo sobre o desarmamento pode ser o ponto de partida da rearticulação da direita tradicional no Brasil.

Em segundo lugar, o pacto de governabilidade do Lula provavelmente envolvia não meter o dedo nas feridas do FHC, nas privatizações e, em especial, na questão da dívida pública, dobrada durante a era FHC. Em troca, ninguém enchia muito o saco do PT por ter se oposto ao neoliberalismo com tanto entusiasmo. Não há por que respeitar isso agora.

Uma coisa me parece certa: se o PSDB quiser se consolidar, vai ter que ter um plano para o pós-FHC, o que, evidentemente ainda não tem.

Gaza

Não é preciso apoiar o governo Sharon para apoiar a retirada de Gaza. Agora, matéria publicada no Globo de hoje mostra um aspecto interessante do problema: a angústia dos palestinos que trabalham nas colônias israelenses em processo de desmonte. Além de ganharem mais que seus colegas governados pela ANP, têm a seguinte preocupação:

"Em Gaza o desemprego é muito grande e mesmo se as estufas continuarem aqui, somente aliados da Autoridade Nacional Palestina (ANP) terão o controle sobre região e sobre os empregos. Para nós não vai sobrar coisa alguma. A ANP só faz o que é bom para ela e não o que é bom para o povo" (Mahmoud, 33 anos)

O triste é o quanto isso é familiar em casos de lutas pela independência nacional. No Zimbabwe, por exemplo, o ditador Robert Mugabe está confiscando violentamente a terra dos agricultores brancos (e se negando a entregar comida aos seus opositores negros) para distribui-las a seus cúmplices. Qualquer hora escrevo de novo sobre o Zimbabwe, que está se tornando a Coréia do Norte do facismo.

A esquerda mundial, que tem ascendência sobre a ANP, deveria pressionar para que o mesmo não se repita na Palestina.

Friday, August 12, 2005

Crise Política IX

Agora, quem certamente nos proporcionará diversão é o filho do César Maia, que seguindo o eterno princípio genital de sucessão dos partidos de direita brasileiros, despontou como líder da oposição. Esse, eu garanto, é uma beleza.

Quando ganhou um cargo aqui na prefeitura (visto que seu curso de economia na Cândido Mendes, começado em 1989, não acabava nunca), proibiu os baleiros de porta de escola, por que eles poderiam vender cocaína para as crianças. Infelizmente, não prosseguiu no combate às lendas urbanas que tanto nos atormentam, de modo que a mulher loira do banheiro e o homem do saco continuam impunes.

Crise Política VIII

A maior revelação da CPI, sem sombra de dúvida, é o parlamentar tucano Gustavo Fruet, do Paraná. Altíssimo nível, excelente quadro, preciso, com a tranquilidade de quem sabe que tem argumentos. Se ele não descobrir nada, ninguém descobre: os outros membros da CPI não seriam capazes de provar que o Beira-Mar e Dona Ivone Lara não são a mesma pessoa.

Crise Política VII

Meu maior medo, portanto, não é o impeachment do Lula. É a quase certeza de que, se ele cai, sobe alguém que desfaz o legado do governo.

Certo, o mensalão vai voltar a ser substituído pela distribuição de cargos onde se pode roubar, como reinvindica a tendência Roberto Jefferson. Mas, por algum motivo, não acho que isso funcione como slogan que empolgue as massas.

Crise Política VI

E essa é a bobagem que mais me irrita: que a corrupção foi causada pela virada para o Centro. Se a virada tivesse acontecido antes, a crise de 2002 não teria sido tão séria (e o choque de ortodoxia poderia ter sido menor), o PT poderia, talvez, ter chegado agora com alianças ao centro melhores, ao invés de ter que comprar os últimos direitistas que ninguém quis comprar.

Zé Dirceu ganhou o poder que ganhou por se opor a radicais que, em geral, não tinham a menor idéia do que estavam falando. A tragédia começou na eleição carioca de 1998, quando o Campo Majoritário deixou de lançar uma candidata fortíssima (Benedita) ou um candidato que seria um excelente prefeito (Bittar) para apoiar a hemorróida de Satã. Sobrou como alternativa o Vladimir Palmeira, em cuja cabeça ninguém sabe direito o que há a essa altura do campeonato, e a direção nacional fez a intervenção mais desastrada de todos os tempos, e agora temos que engolir esses vagabundos que governam o Rio.

Em defesa to Tarso Genro: posso estar errado, mas se bem me lembro, ele se opôs à intervenção no Rio, mas teve que mudar de opinião depois por pressão do Campo Majoritário.

E tudo isso pra quê? Pra fazer aliança com o Brizola. É fogo.

Crise Política V

Agora, se o governo Lula acabar, mesmo, sobrarei eu a achar que foi uma pena, achei um excelente governo. Equilibrou as finanças sem fazer sacanagem pela primeira vez em décadas (nem confisco nem populismo fiscal ou cambial), criou o bolsa-família, cuja evidente qualidade é provada irrefutavelmente pelo fato de que a ignorantsia o critica sem parar (mas na ilha de sensatez que é a FGV, o Marcelo Neri elogia), o crédito em folha, o programa de legalização de propriedade de favelado (que, entretanto, deveria ter sido dez vezes mais apoiado financeiramente), incentivou as exportações (chequem os estudos do grupo do Agenda Perdida para ver a lógica disso), realizou uma política externa boa se descontadas certas barbeiragens (em um momento diplomático dificílimo), enfim. Deveria ter dado a Saúde e a Educação para caras dez vezes mais dinâmicos e preparados, e nunca poderia ter dado a ciência e tecnologia para os amigos do Garotinho, mas no saldo eu gostei. Visto que a auto-crítica que se seguirá na esquerda provavelmente vai dizer que a culpa da corrupção foi a virada para o centro, naufragarei como o último Paloccista.

Crise Política IV

O PT deve expulsar Dirceu por rito sumário, por ter impedido que Tarso Genro retirasse a legenda dos parlamentares que renunciassem para evitar a cassação. E isso mesmo se depois se provar que ele é inocente da organização do mensalão.

Aliás, suspeito que a presidência de Genro, que poderia ser a salvação do PT em outros tempos, tenha chegado tarde demais.

Crise Política III

Agora, o que realmente me enoja é o desembaraço com que a esquerda filovarguista - PDT e PPS (mudar de nome não muda tanta coisa não, Freire) - agora se coloca como guardiã da ética.

Por exemplo, o PPS está chocadíssimo com o recebimento de dinheiro pelo exterior. Ah, sim. Como se a única fonte de renda do PCB não fosse o dinheiro da venda dos cadáveres dos bebês da Ucrânia.

E os dois partidos, que alegam ter se distanciado do governo por não suportar o cheiro da corrupção, estão representados na mesa da Câmara, escolhida por esse sumo-sacerdote da Transparência Internacional que é o Severino. Aliás, a mesa é exata aliança entre a frente Mensalão (PP, essas coisas) e a oposição.

Crise Política II

Agora, uma coisa que eu acho que está sendo mal-interpretada é a transferência de dinheiro da conta no exterior do Marcos Valério para o Duda Mendonça. O baluarte da mais cristalina ética e paladino da transparência Carlos Sampaio (quem viveu em Campinas conhece) sugeriu que o PT pode ser extinto, pois trata-se de dinheiro recebido do exterior, o que é proibido pela Constituição.

Bom, evidentemente a Constituição se refere a dinheiro vindo de estrangeiros: o que se quer impedir é que um governo estrangeiro, ou empresas estrangeiras, ou movimentos políticos estrangeiros, interfiram no processo político brasileiro. Se um brasileiro burla o sistema com uma conta no exterior, é crime, mas não o descrito na Constituição e citado pelo Sampaio.

A essa altura do campeonato, pode ser o menor dos detalhes, mas quis deixar claro que as leis da Física ainda se aplicam, o que implica que o Carlos Sampaio falou merda.

Crise Política I

Como todo mundo, estou revoltado com a crise política. Agora, eu tenho a impressão de que a oposição está comprando a teoria do governo: pelo tanto que os oposicionistas ficaram entusiasmados com o depoimento do Duda Mendonça, parecem ter aceitado a tese de que o problema foi contribuição de campanha. Se tiver sido, mesmo, pessoalmente fico muito menos chocado do que se tiver havido roubo dos cofres públicos, mas ainda permaneço cético.