Wednesday, September 21, 2005

Chauí

Em carta aos alunos da USP, Marilena Chauí explica as razões de sua atual posição política. Em resumo, a mídia é feia. Que é, é. Mas como fazer política (ou, aliás, viver) sem ter contato com coisa feia? O que sustenta o Estado é um outro negócio feio, que se você aperta o gatilho, faz 'bum!'. Enfim. A carta tem uns pontos melhores (por exemplo: a mídia que criticava o PT por ter as opiniões da Heloísa Helena agora tem pena dela, tadinha, traída).

Mas o que me deixou realmente indignado foi o trecho e que ela comenta um artigo de sua autoria:

'Um artigo foi escrito antes da posse de Lula ['Desconfiança saudável', na Folha, em 8.dez.2002], alertando para o risco de uma 'transição', isto é, um acordo com o PSDB. '

PUTA QUE O PARIU! MAS ESSE FOI O PROBLEMA, PORRA! Se tivesse tido acordo com o PSDB, o PT tinha boas chances de ter maioria na câmara. Sem o acordo, façam as contas, só pagando Mensalão. Honestamente, não sei se o acordo era possível, mas sei que sem ele nada de muito bonito era possível. A direita é maioria no congresso. Se a direita ideológica (no seu indiscutível direito) fazia oposição ao Lula, e se não se fez aliança com a centro-esquerda, só sobrou a direita venal.

Ou era isso, ou Lula chegava no dia da posse e dizia, 'aí, galera, eu sei que vocês esperam uma revolução, eu sei que ao mesmo tempo eu tenho que fazer a restauração conservadora das finanças públicas, mas não deu pra conseguir maioria na câmara: os tucanos são feios e eu sou honesto. Tchau.'

Teve gente que entendeu isso: o Buarque, o Eduardo Jorge.

Agora, me digam, pra que serve intelectual que tem menos visão que político?

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