Tuesday, December 19, 2006

Troféu "Melhor Resenha Literária da História do Universo"

Saiu na lista de livros do ano das Prospect.

Nome do Livro: "Is it me, or is everything shit?", de Steve Lowe e Alan MacArthur.

Resenha: "Yes, it is just you".

O nome do resenhista é Matt Ridley.

Monday, December 18, 2006

Ministério

E, até agora, nada de ministério, o que eu acho meio ruim. Mas veremos. Minhas apostas: continuam Marina, Mantega, Dilma; entram Gerdau, Delfim. Tarso na justiça. Marta nas Cidades. Educação para o PDT. Saúde e Desenvolvimento Regional para o PMDB. O desenvolvimento agrário ainda para a Democracia Socialista.

Aumento dos Congressistas (2)

Mas, já que falamos em fuga de cérebros e incentivos de mercado para os congressistas, o blog tem uma sugestão: a importação de parlamentares.

Como todos os jornais noticiaram, os parlamentares brasileiros têm os maiores salários do mundo. Ora, é difícil crer que os parlamentares escandinavos ou alemães (ou mesmo os chilenos) sejam piores que os brasileiros. Pode-se concluir, naturalmente, pelo bom-senso econômico, que a sobrevivência dos parlamentares brasileiros, mais caros e piores que os disponíveis no mercado internacional, só se deve a uma reserva de mercado. É hora de abolir tal resquício nacionalista e oferecer aos parlamentares de países onde são feitas boas leis a oportunidade de ganhar mais no Brasil.

Poderíamos começar importando alguns suplentes (que devem ser mais baratos ainda) da Dinamarca ou da Finlândia. Duvido que eles falem português pior do que os nossos.

Aumento dos Congressistas (1)

Aqueles elementos que fazem menos de 10% das leis brasileiras (mais de 90% são propostas pelo governo), faltam às votações, e só votam os projetos do governo em troca de mensalão, cheagram á conclusão de que, para cumprir bem essas funções, é necessário ganhar o dobro. Afinal, como disse o intelectual e prêmio Nobel José Múrcio (PTB), é preciso evitar a "fuga de cérebros".

Como disse um dos informantes do blog, faltava era incentivar a fuga de cérebros como acontecia na época da revolução francesa, quando os cérebros, ainda embalados dentro das perucas, fugiam para longe dos respectivos pescoços na guilhotina.

O baixo clero aproveitou a eleição na câmara para propor o aumento, sabendo que os candidatos às presidências teriam que aceitar para não perder.

Friday, December 15, 2006

Debate Josué Pereira da Silva X Octavio Ianni (4)

Ianni tinha razão em uma coisa: empiricamente, o efeito-globalização parace ter cancelado em grande parte o efeito-crise da sociedade do trabalho. Entretanto, algumas questões permanecem:

1) Em primeiro lugar, o diagnóstico da crise da sociedade do trabalho ainda permanece válido em muitos aspectos: a economia realmente precisa de cada vez menos gente, e as possibilidades de organização sindical andam péssimas.

2) Há pontos em que os argumentos do Josué têm aplicabilidade além de qualquer teste empírico, como argumentos de teoria da justiça: o nível de vida deve ser sempre determinado pelo trabalho? A pobreza de quem fracassa no mercado de trabalho é "justa"? Se dissermos que sim, temos o direito de exigir de quem fracassar absolutamente que continue a se comportar como cidadão?

3) A globalização pode se sustentar apenas no mundo do trabalho, como agora? Será que a crise das instituições que poderiam, no futuro, garantir a cidadania global, como a ONU, não colocará um limite a essa expansão? E quais as perspectivas de mobilização política vinda de baixo em defesa dessas instituições, se o único movimento dos de baixo (entre os que ocorreram historicamente) com algum potencial cosmopolita (a classe operária) está em crise?

Enfim, eu achei essa troca de perguntas bem mais interessante, e ela me inspirou muito mais idéias, do que 90% dos cursos que fiz na vida.

Prestem atenção no Josué.

Leonard Cohen - "The Future"

Thursday, December 14, 2006

Debate Josué Pereira da Silva X Octavio Ianni (3)

A resposta de Ianni foi questionar o diagnóstico da crise da sociedade do trabalho usando seus dados sobre globalização. Ao mesmo tempo em que grande parte da população na Europa deixava de ser operária, não era verdade que massas de camponeses chineses agora eram operários? Me lembro da pergunta: "Será que o trabalho que está sumindo na Europa e nos Estados Unidos não reaparece na Indonésia ou em Cingapura?"

Sob esta perspectiva (digo eu), o diagnóstico da crise da sociedade do trabalho capturaria um momento transitório das sociedades européias, em que o welfare state ainda sobrevivia, mas o fordismo declinava. À medida em que a Europa precisasse se acomodar aos desafios propostos pelos novos concorrentes globais, podemos supor, o welfare state também acabaria por enfraquecer, e a idéia de uma nova sociabilidade pós-produtivista se enfraqueceria. De fato, anos depois, Blair lançou um programa batizado de "From Welfare to Work".

Aparentemente, o diagnóstico do Ianni se confirmou, ao menos por enquanto: os movimentos sociais que poderiam propor as políticas defendidas pelo Josué estão enfraquecidos, em grande parte pela necessidade de seus países de origem responderem à competição chinesa, o que levou o debate político a uma guinada pró-mercado.

Festival Leonard Cohen - "The Partisan"/"Suzanne"

Duas músicas da fase mais antiga. A primeira, "The Partisan", é uma versão de uma música da Resistência Francesa.

Festival Leonard Cohen - "First We Take Manhattan"

Wednesday, December 13, 2006

Debate Josué Pereira da Silva X Octavio Ianni (2)

Josué (que sucederia o Ianni na cadeira de Teoria Sociológica alguns anos depois) perguntou a Ianni se sua abordagem não era ainda excessivamente impregnada da perspectiva centrada no trabalho: isto é, seu sua análise da globalização não era, de certa forma, ainda baseada na perspectiva de que a sociedade é o modo de produção, e, portanto, visto que o modo de produção capitalista tende a se expandir globalmente (vide Manifesto Comunista), o grande movimento da modernidade seria a globalização.

Josué, como os presentes sabiam (e mais gente deveria saber) foi o introdutor, no Brasil, do debate sobre a crise da sociedade do trabalho, algo mais ou menos assim: com as tecnologias que poupam trabalho, a crise das utopias do trabalho (como o socialismo), a diminuição quantitativa da classe operária, a crise dos sindicatos, e os welfare states que tinham condições de redistribuir a renda cada vez maior gerada por cada vez menos trabalho, o foco do pensamento crítico deveria cair sobre

(1) as maneiras de diminuir o peso do trabalho na vida social: reduzir a jornada de trabalho, garantir espaços para o trabalho autônomo, e desvincular a sobrevivência do trabalho (através de programas de renda básica); e

(2) garantir a justa distribuição das oportunidades de trabalho remanescentes, através de políticas de igualdade de oportunidade típicas do welfare state (educação universal, etc.). Em suma, valorizar o cidadão antes do trabalhador. Se o Ianni estava mais preocupado com a acumulação capitalista em escala global, o Josué se preocupava mais com a constituição de uma esfera pública mundial, organizada sobretudo a partir de movimentos pós-crise do trabalho, como o movimento ambiental.

O Josué tirou a maioria dessas idéias do André Gorz, que escreveu um dos melhores livros que eu li na vida (Adeus ao Proletariado). Josué defendeu doutorado sobre Gorz na New School de NY (com a Seyla Ben Habib na banca), e foi, na verdade, um dos primeiros caras no mundo a estudar Gorz mais a fundo. Mas sua perspectiva era ampliada pela leitura extensa da turma do Habermas (Arato, Cohen, Honneth), que lhe despertaram a preocupação com a questão da cidadania, a democracia, etc. Lembremos que, nessa época, Habermas estava publicando um artigo sobre a ONU, mostrando que a preocupação com a cidadania global era forte.

Na época o Josué era muito atacado pela galera mais ortodoxa, que não topava tirar o foco conceitual do trabalho de jeito nenhum. Lembro em sala de aula um estudante marxista levantando duas objeções ao Gorz: (1) a sociedade para Marx não é só trabalho e (2) há diversas formas de trabalho: físico, mental, artístico,..., ao que o Josué respondeu: parece que uma das afirmações contradiz a outra. O cara é bom, mesmo.

Tuesday, December 12, 2006

Conferência sobre o Holocausto

O macaco bêbado que governa o Irã nas horas vagas de seu emprego de michê de Belzebu organizou uma conferência sobre o Holocausto, que mais ou menos encerra o debate sobre qual seria o pior debate acadêmico de todos os tempos. Vejam a frequência:

- David Duke, líder da Ku Klux Klan. Como todos sabem, Ku Klux Klan quer dizer "gosto mais da porra de Satã do que jamais gostei do leite de minha mãe".

- Robert Faurisson, vagabundo que argumenta que o holocausto não existiu porque seria muito difícil fazer câmara de gás. Imagina o que ele deve achar que aconteceu em Hiroshima. Provavelmente, a única atrocidade que admite ter acontecido foram as surras que o pai dele deu por ele ser burro.

- Michele Renouf, pústula do saco do David Irving, um historiador revisionista que está em cana na Áustria (país que aprendeu, do jeito mais difícil, que essa gente você tem que prender logo no começo). Irving, vale lembrar, tomou uma surra de um historiador de Cambridge em um processo judicial sobre o holocausto, mas uma surra daquelas que no final o sujeito que perdeu não consegue pedir arrego porque está engasgando com o pó da derrota.

Aí você pode perguntar: mas quem teria o direito de impedir essas pessoas de falar? E eu responderia: quem chegar primeiro.

Pinochet

Um minuto de silêncio pelo fato de que não fui eu quem matei o Pinochet.

Debate Josué Pereira da Silva X Octavio Ianni (1)

Acho que só eu lembro disso, por isso preciso registrar. Tudo o que se segue é escrito de memória, e do jeito que eu entendi. Nenhum dos envolvidos é, portanto, responsável pela minha transcrição. Como vai ficar longo, vou publicar um pedacinho por dia.

No capítulo de hoje:

Mais ou menos em 1997, em uma conferência na UNICAMP sobre globalização, Ianni afirmava que a crise do Estado-Nação era pra valer: os novos problemas globais exigiam soluções globais, e as empresas capitalistas haviam conseguido escapar dos controles keynesianos tornando-se transnacionais. Havia uma certa ambiguidade programática no discurso do Ianni: muita gente ouviu e pensou "globalização = capitalismo = ruim", mas lembro do Ianni dizendo que quando os feudos perderam importância (como hoje perdiam importância os Estados-Nação) também foi um choque terrível (como não acredito que o Ianni fosse a favor do feudalismo, creio que dizia que a globalização também abria possibilidades cosmopolitas interessantes).

Para quem estudava na UNICAMP na época, o interessante era ver o Ianni se divertindo enquanto jogava fora boa parte do prestígio que tinha junto à esquerda mais tradicional. Aproveitava para lançar o debate sobre globalização com força total na sociologia brasileira, no que era acompanhado pelo Renato Ortiz (que vinha de uma perspectiva completamente diferente).

Também era interessante comparar o desenvolvimento do Ianni com o do FHC: quando o Ianni ainda se prendia à discussão do imperialismo, o FHC saiu na frente na revisão que levaria à sua versão (existem várias) da teoria da dependência. Em 92 o Ianni tira a vantagem e recupera a dianteira reconhecendo a importância da globalização. Como se sabe, FHC descobriria a globalização com a crise do México.

Monday, December 11, 2006

Festival Leonard Cohen


E, já que "Hallelujah" fez tanto sucesso (segurou a audiência em uma época em que eu não postei nada), teremos agora o festival Leonard Cohen, começando com " Dance me to the End of Love".

E, no final, a coisa é política

Resumindo o debate entre desenvolvimentistas e monetaristas esboçado abaixo: o governo precisa chegar a um acordo que lhe permita aprovar um monte de reformas liberaizonas em troca de uma redução pesada de juros. PMDB? PSDB? Alguém se oferece?

Crescimento pró-pobre

Do relatório do IPEA sobre desigualdade no Brasil entre 2001 e 2004:

"Uma queda dessa magnitude na concentração de renda tem, potencialmente, elevados impactos sobre a redução da pobreza e da extrema pobreza. Isso porque uma queda na desigualdade de renda só ocorre quando a renda média dos mais pobres cresce mais rapidamente que a renda média nacional. De fato, ao longo do período estudado, a renda média dos 10% mais pobres cresceu a uma taxa anual média de 7%, enquanto a renda média nacional declinou 1% ao ano (a.a). Tomando o período como um todo, o crescimento da renda média dos 20% mais pobres foi cerca de 20 pontos percentuais (p.p.) acima do observado entre os 20% mais ricos. Portanto, a percepção dos mais pobres no Brasil foi de estarem vivendo em um país com uma alta taxa de crescimento econômico, enquanto os 20% mais ricos tiveram a percepção de estarem vivendo em um país estagnado"

Aparentemente, these good times are over. Mas esperemos.

Arrocho

Segundo um dos melhores informantes do blog sobre economia, vem arrocho aí de algum jeito. A escolha é entre:

1) O arrocho monetarista: reforma trabalhista e tributária diminuem custo de produção, corte de gastos público aumenta a proporção da poupança disponível para o setor privado, que cresce. Naturalmente, o corte de gastos públicos diminuem a grana disponível para gastos sociais, implicam em nova tunga na previdência, e nem me fale em aumentar salário mínimo. Até que uma hora qualquer o crescimento do setor privado faz aumentar a arrecadação e pode-se redistribuir grana de novo.

2) O arrocho desenvolvimentista: corta-se os juros rapidamente, o que diminui bastante o crescimento da dívida pública, pega-se a grana do superávit fiscal e investe-se em infra-estrutura. Porque é arrocho? Porque também não pode aumentar de jeito nenhum o salário mínimo (a reforma trabalhista também seria provável), e, como a inflação aumenta, o salário real cai. Até que o crescimento chega em um ponto em que a arrecadação, etc.

Que beleza.

Mais Governo Lula 2

Há um outro aspecto a ser considerado na formação do novo governo: ninguém sabe muito bem como caminhará o quadro internacional. Nos primeiros anos FHC, houve um grande progresso da globalização; no segundo mandato, e no governo Lula, embora o comércio internacional tenha crescido, as instituições que garantiriam a nova ordem global - ONU, FMI, OMC - caíram em descrédito.Naturalmente, o que a gente deve fazer em termos de desenvolvimento econômico depende (em parte) do que os outros fizerem, e isso ainda não está claro.

Sugestão - Idade da Aposentadoria

Sugestão do blog para o debate sobre a idade mínima da aposentadoria: que o limite seja proporcional aos vencimentos.

Pedir que o cara que ganha um salário mínimo trabalhe até os setenta é sacanagem, porque em várias regiões do Brasil a expectativa de vida é bem menor (como bem notou o Alckmin em entrevista durante a campanha). Agora, pode contar que todo mundo que tem expectativa de vida menor ganha mal pra cacete.

Por outro lado, não se pode admitir que um sujeito no serviço público se aposente com 45 anos para ser sustentado com a contribuição de favelado até morrer com 90. Não há absolutamente nada que impeça um cara de classe média em um emprego burocrático de continuar trabalhando até os setenta anos.

Assim, o blog sugere que, até uma certa faixa de renda, a idade para se aposentar permaneça igual; e que aumente a idade de aposentadoria a partir daí.

Governo Lula II

Ainda não dá para saber o que será o próximo governo, mas alguns sinais são perceptíveis. O plano original, suspeito, era uma agenda de reformas, em especial a trabalhista e a tributária. A isso se somaria a aprovação das PPPs e alguma coisa com a previdência.

Com o segundo turno, a candidatura teve que adotar perfil mais esquerdista, por um lado, e mais "desenvolvimentista" (o que, em algumas interpretações, quer dizer dar dinheiro para empresário e cobrar imposto inflacionário da população). Já se fala no BNDES emprestando grana barata em massa para as empresas brasileiras. Pode ser até bom, se for no modelo coreano: quem for eficiente no mercado internacional ganha empréstimo para crescer ainda mais. Mas corre o risco de ser o velho modelo latino-americano: quanto mais obsoleto e mais dinheiro der para a campanha, mais grana. Vamos ver.

Boa idéia do primeiro mandato que corre o risco de ser perdida: reforma sindical antes da trabalhista (se vai deixar tudo pra negociação, que acabem os sindicatos de fachada).

É esse aí que é o homem (2) - Marcos Bernardi




E o grande desaparecido da sociologia brasileira, o imortal Marcos Bernardi, finalmente reapareceu! Quem quiser saber a opinião do homem sobre redes sociais, essas coisas, leia aqui. E aproveite para mandar um e-mail pedindo para ele publicar a tese sobre a Suécia. O blog recomenda vivamente.

PS: a foto é do Jimmy Hoffa, sindicalista mafioso americano famoso por ter desaparecido no auge da fama e nunca ter sido encontrado (tal como fez o grande Marcão).

É esse aí que é o homem (1) - DJ Paulão


DJ Paulão (Big Paul, the King of Rock'n'Roll, the Japa with a Black Soul) está de volta de sua turnê internacional (Barcelona, malandro, morra de inveja). A mix tape do DJ Paulão (downloadável no site dele) é a recomendação cultural eterna do blog.

Monday, November 27, 2006

Mais "Hallelujah"

"Hallelujah", do Leonard Cohen (o fodão da balaxita) tem tanta história que é verbete da Wikipedia. A versão aí embaixo é a "judaica", com uma letra cheia de referências ao velho testamento:

Ouvi que havia um acorde secreto
que Davi tocou, e isso satisfez o Senhor
Mas você não liga muito pra música, não?
Ele vai assim, a quarta, a quinta,a menor em queda, a maior em crescendo
O rei das batalhas compondo Aleluia.

Aleluia (4x)

Sua fé era forte mas você precisava de provas
E a viu se banhando sobre o teto
Sua beleza e o luar o sobrepujaram.
Ela o amarrou à cadeira da cozinha
derrubou seu trono e cortou seu cabelo
E de seus lábios colheu a Aleluia.

Aleluia (4x)

Você diz que tomei o nome em vão
Eu nem sei qual é o nome
Mas se eu tiver tomado, bom, e você com isso?
Há uma explosão de luz
em cada palavra
Não interessa qual você ouviu,
a sagrada
ou a quebrada Aleluia.

Aleluia (4x)

Fiz meu melhor, não foi lá muito
Não podia sentir, aí tentei tocar
Disse a verdade, não vim te enganar.
E mesmo que tudo tenha dado errado
Me ponho ante o Senhor das canções
Com nada na língua além de Aleluia.

Nessa versão já tem umas coisinhas legais, a começar pela descrição da melodia da música no começo (é essa mesmo, pena que eu não sei traduzir nome de nota musical). E, muitas vezes, ao vivo, como no vídeo abaixo, Cohen cantava "the baffled king" (o rei estupefato) ao invés de "battle king" (rei das batalhas, título bíblico de Davi).

Mas há outra versão completamente diferente:

Baby, já estive aqui
Conheço esse quarto, já andei esse chão.
Vivia sozinho antes de te conhecer.

É, vi sua bandeira no arco do triunfo.
Mas ouça, o amor não é uma marcha da vitória,
é uma fria e quebrada Aleluia.

Aleluia (4x)

Houve época em que você me deixou ver
o que acontecia dentro de você
Ah, mas agora você nunca mais me mostra, não?

Sim, mas eu lembro, quando me mexi dentro de você
A pomba sagrada, ela se moveu também,
e cada inspiração que dávamos era Aleluia.

Aleluia (4x)

Talvez haja um Deus lá em cima
Quanto a mim, tudo que aprendi do amor
É como atirar em alguém que sacou mais rápido.

Sim, mas não é um lamento que você ouve esta noite,
Não é a risada de quem diz ter visto a luz
Não, é uma fria e solitária Aleluia.

Aleluia (4x)

Fiz meu melhor, não foi lá muito
Não podia sentir, aí tentei tocar
Disse a verdade, não vim até aqui te enganar.

E mesmo que tudo tenha dado errado
Me ponho ante o Senhor das canções
Com nada em meus lábios além de Aleluia.

Em inglês as rimas são sensacionais. Cohen é o cara.

Sunday, November 26, 2006

Idéia em alta: redução relativa do gasto público

Funciona assim: tem que reduzir a relação déficit público/PIB para poder abaixar os juros. Lula vai reduzir gastos, mas, nesse cenário, não seria nada drástico. A maior redução viria aos poucos na medida em que se aumenta os gastos em proporção menor do que o PIB cresce. Se, por exemplo, o PIB é 10 e gasta-se 5, quando o PIB passar para 20 gastar-se-á 7. A relação dívida/PIB cairia de 50% para mais ou menos 30%.

Naturalmente, para dar certo o PIB precisa começar a crescer decentemente, o que depende dos juros caírem, o que depende de corte de custos. Por isso algum corte de custos será sempre necessário.

Uma idéia mais ou menos análoga seria parar de dar aumentos reais para a aposentadoria. Em vez de cortar alguma coisa, mantém-se o mesmo nível, só corrigindo a inflação, e o aumento de arrecadação vai reduzindo o déficit da previdência ao longo dos anos.

Tudo isso, na verdade, conta com um mecanismo meio esquisito: a administração de expectativas. A idéia é que, se o empresário quer investir, mas tem medo do juro continuar alto (porque o gasto é alto), pode começar a investir antes dele cair, se achar que, daqui a algum tempo, ele terá caído bastante (porque o gasto já cai agora). Assim, os benefícios de um ajuste de gastos futuro seriam antecipados.

Sei lá se isso é verdade.

Capitalização da Previdência (3)

Comentando as respostas do Alex e do Zé: de fato, a capitalização da previdência traz um risco. Quando tiver mais tempo vou tentar descobrir se já deu certo em algum lugar. Não sei se sou a favor, não, mas talvez seja menos pior do que cortar simplesmente. Alguma coisa vão ter que fazer.

Eleição na Câmara

Aparentemente, o PT está querendo fazer merda de novo na eleição para a câmara, lançando candidato próprio. Tem que ficar para o PMDB. É a regra da coalizão. Não gostou, manda o pessoal parar de dançar no plenário e elege mais deputados.

Clipe da Semana - Leonardo Cohen, "Hallelujah"

Façam um esforço e não prestem atenção no visual anos oitenta do coro.

Tuesday, November 21, 2006

Capitalizar a Previdência (2)

Vale lembrar, a capitalização da previdência foi defendida abertamente por Ciro Gomes e seu chapa Mangabeira Unger em 1998. É possível que uma versão moderada da coisa seja implementada.

Idéia em alta - Capitalizar a Previdência

Idéia que vem circulando por aí, parece que ganha impulso: alguma forma de capitalizar a previdência, isto é, pegar a grana dela e jogar na bolsa. Assim haveria mais recursos e menos necessidade de cortar, mas haveria também mais volatilidade. Em tempos normais, essa volatilidade não seria nada impressionante,mas há crises. Por isso a tendência é que se capitalize apenas parte do dinheiro.

Uma vantagem da idéia, naturalmente, é que a grana da previdência passaria a financiar a atividade econômica.

Gustavo Franco, na Época, sugere que o FGTS e o PIS sejam capitalizados; como poupança forçada eles pagam uma miséria de rendimento, que seria facilmente obtido no mercado financeiro com uma aplicação bem bunda. Nesse caso, o objetivo não seria aumentar a grana do FGTS ou do PIS, mas produzir o mesmo benefício com menos grana, o que permitiria cortar impostos sobre a folha de pagamento, o que seria evidentemente bom.

E consta que Gerdau andou falando em capitalização com Lula, e Lula achou interessante.

Embolado

Por enquanto, tudo embolado na composição do segundo governo Lula. Meirelles fica. Gushiken sai. Nada de muito diferente, muitos rumores contraditórios, Lula fala besteira na Venezuela, mas em casa é muito mais sensato. Não há muito o que comentar, no momento, sobre política nacional.

Back to the Cold Cow

De volta depois do feriado, atendendo aos numerosos pedidos dos dois leitores do blog!

Friday, November 03, 2006

Parada Técnica

Galera, pintou um trabalho aqui e o blog vai ter que ficar meio parado por uns quinze dias. Apareçam depois disso, ou escrevam o que quiserem aí nos comentários. Abração!

Thursday, November 02, 2006

Charge Atrasada



Faz um tempão que estou tentando colocar isso aqui, mas não sei como embed direto do Charges.com. Tive que esperar sair no YouTube, mas valeu a pena. O original, repito, é do Charges.com.

Cesar Benjamin se manda

Não sei porque não teve o menor destaque na imprensa paulista: o vice de HH, César Benjamin, vai sair do PSOL chutando o balde. Em entrevista ao JB semana passada, CB afirma que tentaram avacalhar o programa que ele tinha preparado para o partido. Aparentemente, o sujeito oculto da frase anterior é "O PSTU e seus dublês no PSOL, o MES de Luciana Genro e o CST de Babá". No segundo turno, a turma fez uma reunião em que decidiu que ninguém no PSOL poderia manifestar apoios públicos a Lula ou a Alckmin, e HH foi no senado dar a ordem. Problema: para essa reunião não foi chamado ninguém dos caras mais moderados do PSOL (os que eram mais orgânicos do PT - o Benjamin, o Plínio, o Chico Alencar, o Ivan Valente, o Edmílson).

HH estava certa em não apoiar ninguém. Exagerou selvagemente no tom ao criticar Lula no primeiro turno, chegando a criticá-lo como pai no debate da Globo. Seria ridículo que apoiasse alguém. Mas daí a impor a agenda de todo mundo no partido vai muita coisa.

O episódio nos lembra um negócio importante: esse pessoal que critica o PT por tê-los expulsado era a mesma turma que expulsou a Bete Mendes por votar no Tancredo, a Erundina, etc.

Continuando assim, o partido vai ter que mudar de nome para PSO. Ou PSTO.

Vergonha Nacional: Carlos Latuff

Carlos Latuff, um cartunista brasileio meio bobo-alegre que costuma publicar em jornalzinho militante (nada contra isso) e nos sites da galera de Seattle (idem), é um exemplo de como Osama sequestrou o movimento anti-globalização.

O cidadão, que faz umas charges meio bestas (daquelas Tio-Sam-cortando-garganta-de-criancinha), acaba de ficar em segundo lugar no concurso iraniano de charges sobre o holocausto. A charge mostra um árabe vestido com o uniforme de campo de concentração nazista, com um crescente no lugar da estrela de David. A mensagem, evidentemente imbecil, é que Israel (cujo governo, de fato, já cometeu vários crimes) é tão ruim quanto o genocídio nazista. Meio feio, visto que o sujeito já tem lá seus trinta anos e devia ter estudado alguma coisa sobre algo na vida.

Mas a vergonha maior não está no cartum (burrice todo mundo faz). O triste não é ter ganho o concurso, o triste é ter entrado. O concurso é obviamente um instrumento de manipulação do povo árabe feito por um de seus maiores opressores, o presidente do Irã, maior liderança, no momento, do anti-semitismo ("O socialismo dos analfabetos" - Isaac Deutscher) mundial.

Quem tiver estômago cheque o site do concurso (não vou colocar o link). A maioria das charges vencedoras é muito pior, e algumas são simplesmente enojantes.

O que faz um sujeito fazer uma merda dessas?

Arthur Virgílio

O senador, diplomata e lutador de jiu-jitsu (tudo pra dar certo) Arthur Virgílio disse a melhor frase da semana:

"Eu até queria fazer oposição construtiva, mas o governo Lula faz cada besteira..."

Pior eu, que quero fazer situação construtiva.

Wednesday, November 01, 2006

Amiano falou!!!

Do Amiano Marcelino:

"O que me deprime e a forma de fazer politica, e o fato de que as grandes questoes ainda estao sendo respondidas de maneiras definidas no final do governo Itamar"

Pra variar, Amiano disse tudo. PT contra PSDB, vai privatizar, não vai privatizar, quem o PMDB apoiará?, rapaz, nunca nesse país, CPI, etc. É tudo meio parecido, mesmo.

Agora, eu não estranharia se PT, PSDB, ou ambos, mudassem muito, ou, mesmo, acabassem nos próximos anos. Uma vez o Amiano (eu acho que foi ele, mas, se não foi, é porque deve ter dito coisa muito melhor), em uma importante sessão oracular, me disse que a solução era os dois acabarem. Do alto de todos os meus conhecimentos, digo com segurança: sei lá.

Blog do Mino Carta (2)

Reforça-se o boato sobre o Gerdau:

"Segunda-feira próxima, 6 de novembro, à noite, serão entregues os prêmios às empresas mais admiradas no Brasil, resultam de uma pesquisa anual entre empresários e executivos levada a cabo por CartaCapital e a Interscience. A solenidade será presidida pelo próprio reeleito, Luiz Inácio Lula da Silva e, na qualidade de representante do empresariado nacional, falará Jorge Gerdau Johannpeter. (A Gerdau, entre as dez primeiras colocadas, ficou em quinto lugar, precedida por Natura, Vale do Rio Doce, Nestlé, Petrobras, nesta ordem). Muito interessante será ouvir Gerdau, que está sendo sondado para ocupar um ministério no próximo governo"

Blog do Mino Carta (1)

Tirada do Blog do Mino Carta:

"Chegou hoje ao Palácio do Planalto uma cesta de mimos, acompanhada por um bilhete de parabéns ao presidente reeleito. Assina Naji Nahas."

Ah, bom.

É interessante notar que, embora a Carta Capital tenha apoiado o Lula ostensivamente, Eles continuam fuçando essas histórias da telefonia. Dêem uma olhada, no mesmo blog, na discussão sobre possíveis ministros da justiça, e nos interesses conflitantes da Abril e da Veja.

Denis Rosenfeld

Em absoluto contraste com as besteiras do esquadrão de escória, Denis Rosenfeld expressa sua indignação contra a vitória de Lula de maneira bem mais inteligente. Em artigo de hoje na Folha, em meio a alguns exageros retóricos perfeitamente perdoáveis em texto político, reclama que o Brasil vinha em uma trajetória ética ascendente desde pouco antes do impeachment, e que agora houve um retrocesso. É um argumento forte.

Ninguém aqui vai defender a compra de apoios, e deve-se dar a Rosenfeld alguma razão.

Mas:

1) O progresso ético nos anos 90 não foi tão claro quanto Rosenfeld faz crer. Lembremos que, durante os anos 90, votamos em FHC, a despeito da compra de apoios, por ter controlado a inflação, e, na época, parecia haver uma alternativa ética - o PT, sobre o qual ainda não havia motivos para duvidar nesse, e somente nesse, aspecto. Neste caso, o mecanismo é semelhante, mas pode-se argumentar que, se houvesse, em 2006, uma alternativa confiável, a vida de Lula teria sido muito mais difícil. Alckmin é honesto, pessoalmente, mas, até onde se sabe, Lula também o é. O problema seriam os acordos políticos que ambos teriam que fazer para conseguir maoria parlamentar.

2) Por isso, devemos refletir se esse recuo foi consequência de um retrocesso moral ou da falta de um progresso político - a saber, a falta de um partido de direita em que se pudesse votar quando a esquerda falha eticamente (no período descrito por Rosenfeld como de progresso da ética, o PT desempenhava essa função).

Tuesday, October 31, 2006

Esquadrão de Escória

Nada como o singelo espetáculo de um bom perdedor. Vejam como reagiu o Mainardi à vitória de Lula:

"Thoureau disse: o eleitor é um cavalo. Ele disse também: o eleitor é um cachorro E repito, citando Thoureau: o eleitor é um cavalo, o eleitor é um cachorro, [repete essa frase mais três vezes] Insulte o eleitor. Sem perder a pompa, sem perder o brilho."

Pois bem, sem perder nem a pompa nem o brilho (da mesma forma que jamais perderei minha beleza apolínea ou minha capacidade de viver sem respirar), o Olavúnculo escreve, no texto "É Lula de novo, com a culpa do povo":

"Eu não tenho o menor interesse na opinião do povo. Quase sempre ele está errado. Aliás, a opinião de muito pouca gente me interessa. A democracia sempre foi salva pelas elites e posta em risco justamente pelo “povo”, essa entidade. Vai acontecer de novo. Lula, reeleito, tende a levar o país para o buraco. E uma elite política terá de ser convocada para impedir o desastre.

O “povo”, nos assuntos realmente importantes, não apita nada. É uma sorte! Aqui e no mundo inteiro. Não apitou quando se fez o Plano Real. Ou nas privatizações. Teria votado contra a venda da Telebrás ou da Embraer. Junto com Lula. Estaríamos sem telefones e sem produzir aviões. Os petralhas sabem: fico aqui queimando as pestanas, tentando achar um jeito de eliminar o povo da democracia. Ainda não consegui. Quando encontrar, darei sumiço no dito-cujo em silêncio. Ninguém nem vai perceber... Povo pra quê?"

Deixemos de lado o fato de que, se um esquerdista escreve isso, vira capa da Veja em uma montagem sendo enrabado pelo Stalin. Deixemos de lado tudo que esse pessoal não aprendeu no curso de Ciência Política I sobre democracia, e deixemos de lado o fato de que eles mostram o quanto falta para o Brasil ter uma direita civilizada fora dos departamentos de Economia. O que me chama atenção nisso tudo é: se eles falam tão mal das massas,

ESSES CARAS SE ACHAM ELITE???!!!

Elite de que, Meu Deus? Econômica seria pretensão, não sei quanto a Veja lhes paga para, enfim, fazer o que eles fazem, mas não deve ser tanto. CULTURAL???? INTELECTUAL???

MEU DEUS!!!!!!

Brasil Dividido (2)

Para quem acredita que Lula só ganhou nos grotões, vejam quem ganhou nas dez maiores cidades do Estado de São Paulo:

1) São Paulo (capital) - Alckmin
2) Guarulhos - Lula
3) Campinas - Lula
4) São Bernardo - Lula
5) Osasco - Lula
6) Santo André - Lula
7) São José dos Campos - Alckmin
8) Sorocaba - Alckmin
9) Ribeirão Preto - Alckmin
10) Santos - Alckmin

Metade pra um, metade pra outro.

Bolsa-Família em Nova Iorque (2)

Sugestão do Fábio, tirado do site do Paulo Henrique Amorim:

NOVA YORK VAI ADOTAR O BOLSA-FAMÍLIA

Paulo Henrique Amorim

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, é um dos homens mais ricos do mundo. Ele fez a fortuna com um produto que ajuda as pessoas a ficarem ricas: é o serviço de informações econômicas que leva seu nome, “Bloomberg”. Ele se elegeu prefeito da cidade duas vezes, sem usar dinheiro público – torrou o próprio (clique aqui para ouvir).Não há nada mais capitalista que Bloomberg.Bloomberg, porém, é daqueles capitalistas espertos. Muito espertos. Que sabem que se o sistema capitalista for bom só para os ricos vai pro brejo.

Ele está preocupado com o número muito grande de pobres em Nova York. Por isso, resolveu fazer o quê?Aplicar o “bolsa-família” em Nova York.Segundo o colunista Bob Herbert, do New York Times, onde li a informação, a beleza do “bolsa-família” é que ele tem condicionalidades: a mãe só recebe o dinheiro se a criança for à escola e se submeter a tratamento médico.Fiquei abismado com a informação: mas, não tem gente no Brasil que diz que o “bolsa-família” é o atraso, que não tem “saída”: quem entra nele não sai mais; que é anti-capitalista, porque é “assistencialista”?O Michael Bloomberg, positivamente, não tem nada a aprender com os “capitalistas” brasileiros.

Ainda bem que Geraldo Alckmin disse e repetiu que não vai acabar com o “bolsa-família”, se for eleito.Não pretende fazer como um governador do Rio, Moreira Franco, que se elegeu porque disse, entre outras coisas, que ia continuar com o Brizolão. E fez tudo para acabar.Hoje, Moreira Franco é um político que tem a mesma propriedade do Jorge Bornhausen: faltam-lhe votos.E todos os candidatos a governador do Rio, em 2006, no debate promovido pela TV Record, elogiaram o Brizolão...Quem sabe o Bloomberg faz um Brizolão no Harlem?

Brasil Dividido

O jornalismo brasileiro podia parar de copiar a pauta do jornalismo americano. Em toda parte, estão publicadas imagens daquele mapa do Brasil, metade vermelho, metade azul, que invariavelmente se fazem acompanhar de matérias sobre como o Brasil está dividido entre o Brasil moderno, que votou em Alckmin, e o Brasil arcaico, que votou em Lula. As matérias, na verdade, copiam mapas e reportagens semelhantes que apareceram na imprensa americana depois da última eleição presidencial (aliás, as cores também eram azul e vermelho).

Este mapa é, na verdade, uma merda de ilustração. Se um cara tiver ganho do outro por 1 voto em um determinado estado, o estado é pintado com a cor dele. Dêem uma checada nesse site, e vejam como fica o mapa se, ao invés de pintar o Estado de uma cor só, você usar tonalidades de roxo que levem em conta as porcentagens de votos azuis e vermelhos em cada Estado. O país é mais ou menos todo roxo, mais avermelhado em alguns lugares (em geral menos populosos), mais azulados em outros.

No caso do Brasil Alckmin não ganhou folgado em lugar nenhum. O que houve foi equilíbrio nos lugares mais desenvolvidos, descontado o Rio devido ao desastre do apoio de Garotinho, e uma vitória esmagadora de Lula no Nordeste.

O Brasil não está dividido: o PSDB é que não tem proposta para o Nordeste, e o câmbio de Lula o prejudicou nas áreas de agribusiness.

Gerdau

A crer na Folha, Lula pensa em convidar Jorge Gerdau (dono da, dã, Gerdau) para o ministério. Diz a reportagem:

"Em reuniões com o presidente, Gerdau apresentou idéias sobre melhoria dos gastos públicos e choque de gestão. Gerdau tem ainda idéias sobre fundos de previdência e mudanças de gestão nessa área, que agradaram Lula"

Eu vi o Gerdau em um seminário de pensamento liberal na UniverCidade ano passado, e ele era realmente muito melhor que os outros palestrantes. Lembro claramente dele dizer que o desperdício no setor público era um escândalo, e que daria para economizar uma grana, mesmo sem demitir ninguém. Na época pensei, "porque esse cara não explica isso pro governo?".

Vejam só como são as coisas. Quando eu estou indo com a farinha...

PS: se não muito me engano, a conferência sobre pensamento liberal, que foi muito boa, resultou na criação do Instituto Millenium. Chequem o site por si mesmos, mas eu achei o resultado profundamente decepcionante (uma merda, para ser preciso).

Monday, October 30, 2006

Bolsa-Família em Nova Iorque

Aposto que não há um único jornal hoje que não tenha desenhado um mapa com os Estados brasileiros pintados de vermelho ou azul, segundo tenha ganho lá Lula ou Alckmin, e dizendo que nos Estados vermelhos, mais atrasados, coisas atrasadas como o Bolsa-Família ainda fazem sucesso. Pois vejam vocês que outro lugar atrasado vai adotar o Bolsa-Família (há uma tradução no Estadão hoje, mas eu não sou assinante). Start spreading the news...

Adeus aos Banners

A partir de hoje saem os banners do Gabeira e do Suplicy, que continuam, entretanto, a ser dois dos políticos favoritos do blog.

Corte de gastos

Do Valor Econômico:

"Para destravar o crescimento da economia, o segundo governo Lula prepara um programa fiscal para os próximos dez anos, cujo foco será conter a expansão dos gastos públicos, inclusive nas áreas sociais. Não haverá redução real das despesas correntes, mas alteração na forma de corrigir a soma de recursos destinados inclusive à saúde e educação, que passaria a ser indexada à variação do IPCA mais a taxa de crescimento populacional, com uma meta de aumento da despesa per capita no longo prazo. "

Frossard

Triste campanha, a da Frossard. Quando ia engatar, foi traída na maior pelo PSDB. Quando olhou pra frente, Sérgio Cabral tinha o apoio de todo o sistema político brasileiro à exceção de César Maia. Se saiu mal nos debates, talvez por ter subestimado dramaticamente seu adversário (o que Alckmin também fez). Mas teve, pelo menos, o voto desse blog. Enfim.

Segundo Mandato

A partir dessa semana, discutiremos um problema a ser enfrentado por Lula por semana até o fim de Novembro, mais ou menos.

Alckmin

Alckmin vai ficar para a história como um candidato ruim (2.5 milhões de votos a menos no segundo turno, ninguém mais apoiando dez dias antes), mas isso não será justo: sem apoio de ninguém, chegou no segundo turno, e, se daí em diante passou vergonha, cá entre nós, ninguém apareceu para ajudar. Me parece óbvio que Serra teria perdido: quando o efeito dos escândalos passaram, Lula era fortíssimo, e Serra é pior que Alckmin em muitos aspectos (por exemplo, em debate). Talvez perdesse de menos, mas não sei bem em que isso afetaria o que quer que fosse.

Conversando com um amigo tucano ontem, chegamos à seguinte conclusão: Alckmin perdeu na primeira semana do segundo turno, quando adiou a propaganda, aceitou Garotinho, e se esqueceu de ir "pisar no barro", como dizia Covas, preferindo ir fazer conchavo com político. Quando a propaganda começou, Lula já tinha o apoio de Cabral, e quando a pesquisa dos 11 pontos saiu, os aliados começaram a debandar. Se tivesse feito tudo direito naquela semana, se segurasse a diferença ali pelos cinco pontos, a debandada não aconteceria, ou aconteceria do lado de Lula, e Alckmin teria chance. Mas seria muito difícil.

A idéia de agredir Lula no debate da Band provavelmente não teve muito efeito, mas era uma má idéia. Alckmin, no segundo turno, precisava tirar voto de Lula. Fazendo parecer que Lula era o demônio, ofendeu seus eleitores, que precisava conquistar.

Pesquisa Dataprática

O Dataprática ouviu uma amostra de quatro negos metidos a grande merda que gostam de falar besteira sobre política, selecionados pelo critério "falaram comigo ontem", e chegou ao seguinte chutograma sobre o ministério de Lula:

Fazenda: Fernando Pimentel (voto vencido: Guido Mantega)
Agricultura: Delfim Netto
Justiça: Nelson Jobim (voto vencido: Biscaia)
Cidades: Marta Suplicy (voto vencido: Jorge Bittar)
Integração Regional: Ciro Gomes (votos vencidos: Jorge Viana e Roseana Sarney)
Previdência: Nélson Machado (dois votos em branco)
Desenvolvimento: Furlan
Planejamento: Paulo Bernardo (voto vencido: Mercadante)
Saúde: Empate entre Mercadante, Jandira Fhegali, Humberto Costa e "alguém do PMDB"
Educação: Empate entre Mercadante, "alguém do PMDB", Miro teixeira e Marta Suplicy.
Casa Civil: Dilma
Coordenação Política: Jorge Viana (voto vencido: Paulo Delgado)
Banco Central: Henrique Meirelles (voto vencido: Marcos Lisboa)

Era Palocci 2

Do blog de Josias de Souza:

"Segundo o raciocínio de Lula, não fosse pelo escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo, Palocci ainda estaria na pasta da Fazenda. E não hesitaria em avalizar o selo desenvolvimentista que deseja grudar em seu segundo mandato. Tudo será feito, segundo as palavras de Lula, “com responsabilidade”, sem pôr em risco as “conquistas” do período Palocci. Daí ter afirmado em seu primeiro pronunciamento público depois da eleição que vai manter uma "política fiscal dura".

Na visão do Planalto, compartilhada por Lula, Tarso e Dilma, há espaço para uma queda mais acentuada dos juros ainda em 2006. Espera-se que até dezembro a taxa de juros nominais, hoje em 13,75%, caia para um patamar abaixo de dois dígitos. O ministro Guido Mantega (Fazenda) fala em 9%. Baixando os juros, além de vitaminar os investimentos privados, o governo reduz a pressão que as taxas exercem sobre o crescimento da dívida pública.

Trabalha-se com a meta de reduzir a relação dívida/PIB, hoje da ordem de 50%, para patamares próximos a 40% até o fim do novo mandato de Lula. O que proporcionaria ao governo uma economia estimada em R$ 180 bilhões na rolagem de sua dívida. Dinheiro que seria usado para bancar novos investimentos"

Fernando Pimentel

A crer na descrição da briga pela imprensa, o candidato do blog a ministro da fazenda é Fernando Pimentel, prefeito de BH, aparentemente mais paloccista. Não acho que o chamado ao desenvolvimento de Lula ontem seja o "fim da era Palocci", como acreditava tarso Genro. Lula vai continuar abaixando os juros devagar, como vinha fazendo, a não ser que consiga fazer o corte de gastos que já começou a ser discutido hoje.

Lembrem-se: o blog emplacou 4 de seus cinco candidatos (só a Frossard perdeu). Nóis é pé quente.

Lula vence (2)

Além das políticas pró-pobre, outros motivos que levaram à vitória:

1) Duas alianças fundamentais, Blairo Maggi, que diminuiu a resistência do agronegócio, e Sérgio Cabral, que acabou deixando Alckmin sem palanque no Rio. Se não tivesse acontecido mais nada, Lula teria ganho os 2% que faltaram no primeiro turno só com isso.

2) Lula colou em Alckmin a imagem de direitista. Bastaria ganhar um terço dos votos de HH e CB para ganhar, ganhou todos.

3) Lula apareceu para o debate, e, em que pese o que diz parte da imprensa, se saiu muito bem, tendo ganho pelo menos metade deles e sem perder claramente nenhum. Como mostram as pesquisas, cresceu entre os mais educados, que provavelmente achavam que Lula não ia ao debate porque era uma mula. Não tinha muito o que responder nas perguntas sobre ética, mas sempre ficou claro que, quando o assunto era políticas públicas, Lula pode estar certo ou errado, mas entende do assunto e sabe se defender. Antes Lula tinha a imagem de honesto e burro, não tem mais nenhuma das duas. Se o Olavúnculo quiser continuar chamando Lula de Apedeuta, que o faça, mas todo o seu público já sabe que é mentira.

Lula Vence (1)

E o cara ganhou, mesmo. Ninguém que goste de política pode deixar de se interessar pelo caso: o cara que passa metade do governo paralisado por uma crise política e vence de lavada a eleição seguinte. A explicação é complexa, mas certamente passa pelo fato de que, enquanto a crise rolava, os efeitos das medidas do começo do governo (Bolsa-Família, combate à inflação, desoneração da cesta básica, aumento do salário mínimo) davam ao consumo de classe baixa, nas palavras do presidente do Ibope, "crescimento chinês", na base do 11% ao ano.

Friday, October 27, 2006

Debate

Estou saindo para viajar, ir para o Rio votar, mas do que deu pra ver do debate posso dizer:

Alckmin se sai melhor no formato "sujeito andando de pé e falando" do que Lula. Ao final do bloco, Lula melhorou, mas no começo parecia sempre andar meio tonto.

Ambos estão ultrapassando o tempo alucinadamente, em parte porque o tempo é mesmo muito pequeno para tratar de qualquer tema que seja. Está meio bagunçado.

Lula se dá bem porque um indeciso pergunta sobre saneamento e comenta que os candidatos não devem saber o que é perder tudo em enchente. Lula morou em bairro pobre em SP e já teve enchente na casa dele.

Alckmin estaria muito melhor se conseguisse terminar no tempo, mas nunca, nunca consegue. Lula também não, mas sabe terminar melhor a frase no meio. Lula está dizendo que "Por isso hoje o investimento em saúde é...", o mediador interrompe, e ele ainda consegue dizer "alto". Quando é Alckmin, ele diz "Treze vírgula qua..."

Tô indo, bom voto pra vocês todos, só devo poder escrever na segunda, quando, ao que tudo indica, Lula terá sido reeleito, e nós vamos começar a encher o saco dele, eu, os leitores tucanos (ou seja, o Amiano), petistas (os seis ou sete) e o Ed.

BOM VOTO!

Monday Morning Quarterback

A expressão se refere ao cara que, na segunda de manhã, diz o que deveria ter feito o jogador de futebol americano no domingo. E é o que vamos começar a ver no campo oposicionista de agora em diante. O campeão do "eu te disse, eu te disse" é o Olavúnculo, que chega a ser enojante. Mas a tendência geral é a mesma: tinha que ter sido o Serra, tinha que ter batido mais (quando bateu caiu, porra), o Aécio tinha que ter feito campanha, a culpa é do Foro de São Paulo...

Rapaz, perdeu porque:

1) Lula fez um bom governo, em parte por competência, em parte por sorte (boa fase da economia mundial). Governante no cargo, com boa aprovação, só perde em circunstâncias completamente catastróficas, mesmo se o adversário for bom.

2) A crise ética só teria esse efeito todo se a população acreditasse que a oposição seria diferente no governo. Mas a oposição até outro dia (e, no caso do PFL, desde o descobrimento) era governo, e ninguém achava aquilo muito honesto, não. Teresa Cruvinel perguntou, no Roda Viva, se Alckmin se recusaria a fazer aliança com os partidos mensaleiros. Ele não respondeu. Alguém acha que dessa vez seria de graça?

3) A tropa oposicionista era dividida desde o primeiro dia. Os serristas nunca entraram na campanha, exceção feita ao César Maia, que foi traído vergonhosamente no segundo turno. Aécio até que fez mais do que se esperava (a diferença pró-Lula em MG acabou sendo muito menor do que se imaginava), mas não estava disposto a morrer pela causa, não. FHC lança uma carta admitindo derrota no meio da coisa toda. No segundo turno piorou, porque Alckmin, para ganhar votos de HH e CB (o que tinha que fazer), acabou condenando ao silêncio seus apoiadores mais convictos. Nesse exato momento, não há um político brasileiro apoiando Geraldo Alckmin para presidente.

4) Parte do braço de mídia errou na mão. A Veja, em especial, apostou que o dano a Lula seria fatal, e que valia partir para a tática de destruição (lembrem-se da edição "Era vidro e se quebrou"). Isso é falta de espírito democrático. Ninguém acha que o partido republicano americano vai acabar por causa de Bush, e, principalmente, ninguém na mídia democrata se atreve a defender isso.

Fim de Festa (2)

CM jogou a toalha, definitivamente. Em seu ex-blog de hoje, aconselha Alckmin a ser educado e positivo, para deixar uma boa imagem. Ou seja, já perdeu, tenta não fazer feio.

Desde Ulysses em 89 que um candidato não era abandonado tão vergonhosamente como Alckmin.

Rio Grande do Sul

Em uma notícia espetacular para Lula, a diferença de Yeda para Olívio caiu de mais de 20 para 7%. Virar é o de menos, o importante é que corre o risco, agora, de Alckmin não ganhar em uma única região.

Novo Partido (2): PR

E o novo novo partido é o PR, o Partido da República, que, se bem entendi, soma o PL e o PRONA (que espetáculo), e imediatamente se torna o inconteste pior partido do Brasil, batendo o novo PTB (que anexou o Partido dos Aposentados). Mas as boas notícias não terminam aí: em breve o PTdoB deve se fundir ao PR.

Nota: se PR e PTB se fundissem, pelas minhas contas, teriam 26 (contando o único deputado do PTdoB) + 25 = 51 deputados. Se o PSC e o PTC (do Clodovil) quiserem se unir à suruba, chega-se mais ou menos (não lembro exatamente dos números precisos) ao número de deputados de PSDB e PFL (65 cada). Lembremos que, caso essa nova maravilha de partido deseje se fundir ao PP, então o resultante partido clodovo-malufista do eu quero o meu seria o maior partido da câmara, com 100 deputados.

Novo Partido (1): MD

Acaba de nascer o MD (Mobilização Democrática), formado por PPS, PHS (um partidinho socialista cristão, que até que era razoavelmente ideológico) e o PMN (do Celso Brandt, lembram? Velho aliado do PDT, apoiou Lula algumas vezes). Ainda não se sabe se conseguirá escapar de ter o P na frente do nome. O PSOL não conseguiu, e ficou com um nome muito mais feio do que SOL. Se tiver que botar o P, vai ficar meio esquisito: PMD. Por que não PMD do B? Vale dizer, se puder tirar o P, o PMDB certamente vai querer voltar a se chamar MDB

O PMD é um balão de ensaio; visa atrair a esquerda que fazia oposição a Lula pela direita (PPS, PV, parte do PDT, do PSDB, etc.) e dar um partido para Serra, caso ele não consiga a legenda do PSDB para concorrer na próxima vez.

Deve vir um movimento desse tipo pelo governo, também. PT-PMDB-PSB?

Thursday, October 26, 2006

Conselho sobre Investimento

Vale a pena comprar, por seis pratas (menos que a Carta Capital ou a Veja), "Cartas a um Jovem Poeta", de Rainer Maria Rilke, um dos melhores livros (talvez o melhor) que eu já li na vida. Vende na banca, em edição bacaninha. É pequenininho, mas um espetáculo.

I Copa Tucana de arremesso de toalha

Da Folha:

"Dois dias depois de o governador eleito José Serra (SP) faltar ao debate eleitoral para ir ao cinema, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, não compareceu ontem ao último ato de campanha de Geraldo Alckmin à Presidência: um comício no Vale do Anhangabaú, em SP.Também convidados pelo comando da campanha, o ex-presidente Itamar Franco e o prefeito do Rio, Cesar Maia, não estavam presentes. O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, não compareceu porque enfrenta segundo turno no Estado. O senador Teotonio Vilela Filho (AL) chegou no momento da saída de Alckmin.O ex-governador de Goiás Marconi Perillo e o prefeito de Curitiba, Beto Richa, também faltaram."

A volta de Amiano!

E, atenção, o fato novo que Alckmin esperava aconteceu: Amiano Marcelino voltou a postar!

Wednesday, October 25, 2006

Clipe da semana: Pearl Jam - "Corduroy" (versão acústica)



Não achei um clipe da versão elétrica, que é mais legal ainda.

Ruy Fausto

E aproveito para citar uma artigo do Ruy Fausto de algumas semanas atrás:

"Uma coisa é preocupante: a falta de lucidez de boa parte das chamadas elites intelectuais. (...) Ora ela explica que a questão não é "moral" (sic!), mas do sistema, ora afirma que os outros fizeram pior. (...) Que a reação da imprensa tenha sido muitas vezes excessiva (no caso de uma revista, até ignóbil) não apaga o engano -que vem de longe. Quanto à intelectualidade de extrema-esquerda, com pequenos retoques, ela, em geral, retoma velhas fórmulas. Tudo aquilo que o marxismo não vê nem pode ver na política dos séculos 20 e 21 (e esse campo de não-visão é vasto), essa intelectualidade também não enxerga. Daí os erros grosseiros de gente dotada. (...)

E agora?

Apesar de tudo, há algumas razões para esperar. Uma parte do eleitorado petista continua sendo fiel ao partido por causa do que resta de petistas "éticos". Nem todo mundo no PSOL é revolucionário: há democratas radicais que o apóiam, na falta de uma melhor alternativa. E a maioria dos eleitores de Cristovam não deve ser brizolista ou getulista. Quanto ao PSDB, partido que tinha verniz social-democrata, textos recentes mostram que há descontentamento numa franja -intelectual, sobretudo- dos seus (ex?) eleitores. "Not the least", muita gente não niilista votará nulo ou em branco.

Assim, de uma perspectiva otimista, pode-se dizer que, apesar de tudo, há forças sãs dentro de vários campos (ou fora), e isso é um dado positivo. Na impossibilidade de eleger um bom candidato, o importante é estimular o melhor dessas tendências. Para isso, o decisivo, para a esquerda em particular, é manter uma atitude crítica, um discurso lúcido e sem demagogia: precisamos articular com rigor a crítica à direita e à centro-direita, com a desmistificação, no campo da própria esquerda, das ilusões corrupto-populistas de uns e radical-revolucionárias (totalitárias, no limite) de outros."

Serra não tá nem aí

Duvidam que os tucanos jogaram a toalha? vejam essa:

"Que debate de Geraldo Alckmin com o presidente Lula, que nada. O governador eleito de SP, José Serra (PSDB-SP), preferiu ontem ir ao cinema a ver o duelo dos presidenciáveis na TV Record.

Na hora do debate, Serra estava assistindo à história de "Mauro, um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão", como informa a sinopse do filme, "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburguer. Os pais fogem de SP por serem perseguidos pela ditadura e o menino fica com o avô. No fim do filme, muita gente chorou.

Já os tucanos que estavam no estúdio da Record com Alckmin não sabiam o que responder sobre a ausência de Serra. "Ele está em Curitiba", dizia o empresário João Doria, organizador de um almoço de adesão a Alckmin anteontem -ao qual Serra também faltou. "Ele devia estar cansado", palpitou depois José Henrique Lobo, coordenador da campanha tucana."

Saldo

Se deram bem:


Sérgio Cabral - único sujeito no Brasil apoiado por PT, PSDB, PMDB, PP, PCdoB, PRB, PSB, e mais todo mundo; único indivíduo no Brasil que tem maioria no congresso nacional.

Yeda Crusius - nova presidenciável tucana.

Jacques Wagner - nova liderança nacional do PT.

Blairo Maggi - se estabelece como interlocutor do agronegócio com Lula, e, como bônus, é expulso do PPS.

Blog do César Maia - citado por todo mundo imprensa afora.

Carta Capital - comprou na baixa e vai vender na alta.


Se deram mal:


Bornhausen - acabaram com a raça dele.

FHC - de ex-presidente de prestígio a ponto fraco do Alckmin.

Heloísa Helena - sumiu, Collor voltou.

César Maia e Eduardo Paes - romperam e se afundaram junto. E ainda afundaram a única candidata do blog que vai perder, Frossard.

Veja - comprou na alta e vai vender na baixa, mas fez um hedge com o Gabeira.

PT de São Paulo - segunda-feira começa a surra.

Ministro da Agricultura

A crer nos boatos, Delfim.

PFL vs PT

A oposição raivosa do PFL ao PT não é apenas ideológica. Olhem para o mapa dos resultados eleitorais: o PT fechou nos redutos pefelistas, que só ganharam Brasília. O PSDB, por outro lado, perdeu, mas se segurou onde é forte.

E olhem as páginas político-policiais: os caras do PFL lêem aquilo e pensam, "era eu que devia estar levando essa grana".

A sustentação do PFL eram o Nordeste e o fisiologismo da máquina. A reeleição coloca tudo isso em cheque. Agora lhes resta crescer para cima do tucanato e tentar se firmar como o partido da direita brasileira.

Marcos Nobre e o PFL

Marcos Nobre escreve na Folha hoje:

"Ditaduras demoram a morrer, mesmo depois que acabam. O atual encolhimento do PFL é uma das mais importantes e significativas mortes da ditadura militar brasileira. Jorge Bornhausen vai ter de agüentar bem mais que a "raça petista". Terá de agüentar o resultado de uma eleição democrática que pode fazer com que o PFL venha a se juntar em futuro não tão distante ao time dos pequenos partidos brasileiros. "

Nobre está supondo que os tucanos sobreviverão tranquilos. Mas, calma: é possível que o PFL tente crescer sobre os tucanos.

Fim de Festa

Fim de festa no mundo virtual alckmista. O Blog do CM, disparado o mais digno dos apoiadores do Alckmin, aconselha que Alckmin reconquiste seu eleitorado de classe média, o que só pode ser porque a preocupação agora é não fazer feio, não ganhar (mesmo se reconquistar todo mundo, ainda perde). O Olavúnculo diz em seu blog que "Acabou". Parei de receber mensagens dos colegas tucanos faz mais de uma semana. Os blogs de direita (e, repito, a ampla maioria dos blogs de política não-profissionais - como esse - é de direita) mudaram de assunto, ou, como faz o Olavúnculo, jogam a culpa no PSDB, visto como suave demais, civilizado demais, e, provavelmente, vejam lá, lá no fundo, meio esquerdoso demais para bater em Lula.

É do PSDB a grande crise de identidade do pós-2006. O PFL já viu que não precisa dele agora que os tucanos não funcionam mais como anti-Lulas.

PMDB

A crer na Folha de hoje, o PMDB se reúne quinze dias depois das eleições para oficializar posição diante do novo governo (que deve ser esse aí mesmo). A tendência é apoiar Lula. Somando PT e PMDB não se chega à maioria, mas, somando-se o PSB e o PCdoB, o número de alianças com partidos mensaleiros será menor. Mas o número de cargos à disposição de corruptos será maior. Ou seja, o dispositivo de corrupção será o mesmo dos governos anteriores.

Mas, se a aliança se estabilizar, é possível que o quadro partidário brasileiro comece a se consolidar. Isso sim diminuiria a corrupção.

Final da Campanha

Todos esperavam a bomba do fim-de-semana, a Carta Capital fez outra capa bombástica sem conteúdo que o justificasse, e a Veja resolveu partir para a ignorância falando do filho do Lula (que não havia sido atacado até agora por causa do telhado de vidro que é o filho do FHC). Como disse o Marcelo Tas:

"Enquanto Veja, que sempre se coloca a favor do livre mercado, parece querer dizer- a matéria é muito confusa- que fazer lobby é pecado. Por seu lado, a Carta Capital, que sempre se coloca na a favor do bom jornalismo, parece querer nos informar- a matéria é muito confusa- que jornalistas negociam com suas fontes de informação. Ah é? Então tá."

Foi Mal

Por problemas de acesso a Internet, as coisas andaram meio paradas, aqui como na eleição. Voltamos à nossa programação normal.

Friday, October 20, 2006

Lula ganha debate

Lula ganhou o debate, segundo todo mundo, até o Olavúnculo. Não tem muita importância ter ganhado, o importante é não ter perdido. Aparentemente, não aconteceu nada.

Wednesday, October 18, 2006

Novos Links

A partir de hoje, nos links, os blogs de Mino Carta, Teresa Cruvinel, e do Olavúnculo (tem que botar os adversários, também, pô!).

Cruvinel e o Muro

Mais do blog da Teresa Cruvinel:

"O conforto do muro - A senadora Heloisa Helena vai votar nulo. Os deputados e militantes do PSOL querem rediscutir esta decisáo. Como pode um partido náo tomar posição numa disputa presidencial? Querem apoiar Lula. No PDT, a maioria queria Alckmin mas o partido, embanando por divergëncias internas, preferiu a neutralidade oficial, deixando cada qual tomar seu rumo. O senador Cristovam Buarque agora está como queria: proibido de abrir seu voto. Acham que ele ficou contrariado? Náo. Diz-se até que foi o inspirador da proposta para calar-se. Êta muro bom!"

Nem todo mundo está bêbado (2)

Miro Teixeira acaba de conquistar meu respeito. Disse na Teresa Cruvinel:

"- É um luxo para a democracia brasileira ter que escolher entre candidatos como Lula e Alckmin. Voto no Lula mas tenho grande respeito e apreço pelo Alckmin"

Tapetão

Mal saiu o Datafolha, a nata da escória brasileira (em termos de qualidade humana; em termos de renda, é a escória da nata) já começou a cogitar derrubar Lula judicialmente, depois de eleito, provavelmente com mais de 60% dos votos válidos.

A questão é a seguinte: se houver provas cabais de que Lula roubou do erário, aí tem que cassar, mesmo, não é tapetão. Agora: quem acredita que isso vai acontecer? Ninguém. No pior cenário possível, Freud Godoy é pego com toda a grana do mensalão, do dossiê e dos sanguessugas na conta. Lula alega inocência, diz que não sabe nada. E: do ponto de vista legal, não se provou nada, mesmo. Em um processo jurídico normal, Lula seria certamente absolvido (como, aliás, seriam absolvidos grande parte dos acusados, mesmo muitos culpados). Sobra, portanto o julgamento político.

Julgamento político por julgamento político, alguém se candidata a medir forças com 60% do eleitorado? QUEM É O FILHO DA PUTA QUE TEM UMA IDÉIA DESSAS?

Eu acho que acontece o seguinte: o empresariado, a elite política, a elite cultural, ninguém vai comprar isso. Mas uma pequena franja de sargentos da reação, o Olavúnculo, o Mainardi, etc. passam a formar uma corrente de opinião de direita agressiva no Brasil.

Nada seria melhor para o Brasil do que a constituição de um partido de direita democrático. De fato, os Olavúnculos golpistas da vida são um sintoma da falta desse partido, da falta de possibilidade da direita se inserir de forma clara, transparente e honesta no debate: de oferecer propostas e ganhar.

O Problema de Alckmin

O diretor do Ibope diz que só fato extraordinário derrota Lula. Digo eu: fato extraordinário que não dependa um mínimo que seja de mobilização da base de Alckmin. O clima parece ser de fechamento de comitê.

Delfim e as crises externas de FHC

Delfim hoje, na Folha:

"UM DOS argumentos mais especiosos para explicar o desastroso crescimento da economia na octaetéride fernandista é que "ela enfrentou várias crises externas". O fato em si é verdadeiro (houve, sim, uma crise asiática), mas a conclusão violenta a lógica! Se a simples repercussão da "crise asiática" fosse a "causa" do nosso baixo crescimento, o resultado natural seria que os países que sofreram diretamente a crise deveriam ter tido, pelo menos, as mesmas dificuldades de crescimento por um período no mínimo igual ao nosso.

Ora, aconteceu exatamente o contrário. Os que foram vítimas efetivas da crise (déficits em conta corrente insustentáveis) tomaram medidas enérgicas: resistiram, contrariaram ou modificaram profundamente o remédio que o FMI queria aplicar-lhes e saíram da crise quase imediatamente (eliminaram o déficit), com uma desvalorização cambial acompanhada por uma instantânea e profunda redução do crescimento do PIB. E qual foi o resultado? Praticamente voltaram a crescer, compensando, no primeiro ano, a redução causada pelo ajustamento!

E, em seguida, sustentaram um crescimento robusto, com inflação controlada e com taxa de câmbio real que transformou em superávit o déficit em conta corrente. Apenas para exemplificar, vejamos os dados da Coréia do Sul, que comprovam o que foi dito:O que o Brasil ainda perplexo precisa saber é por que um dos mais brilhantes planos de estabilização já concebidos (o Real) terminou de forma tão trágica? Somos o último colocado na "Olimpíada do Crescimento", o primeiro lugar na "Olimpíada do Juro Real" e acumulamos o espantoso déficit em conta corrente de US$ 180 bilhões, que se arrastou durante oito anos até ser eliminado, já no governo Lula!

Suspeito que parte da resposta seja que se trocou a boa política econômica, programada, por uma triste herança histórica: um arranjo "faustiano" para arrancar do Congresso a reeleição sem desincompatibilização, que protege o poder incumbente quase sem apelação! O velho Nietzsche tinha razão: "Raramente erraremos se atribuirmos as ações extremadas à vaidade...".

Começou

E, para quem ainda tem esperança de que o comando de campanha de Alckmin tome vergonha na cara, notícia desanimadora: César Maia já começa a vingança pós-derrota, tentando amarrar Aécio no valerioduto. Vejam o post:

"O QUE SERÁ QUE SERÁ, QUE ANDAM MURMURANDO PELAS ALCOVAS...?Ontem os comentários sobre a designação da esposa do Clésio Andrade para o TCE-MG pelo governador Aécio Neves se multiplicaram. Não por ser esposa do Clésio que é seu vice-governador e suplente de senador eleito. E não por ele ser vice. Afinal é uma questão de capacidade para o exercício do cargo, e não há nada que se possa falar da pessoa em si. Mas como o Clésio Andrade -era sócio do Marcos Valério- tendo comprado/vendido agencia de publicidade entre eles, e implementado a partir daí a montagem de operações chamadas de valerianas que resultaram no valerioduto ou mensalão, que teve origem em MG através da engenhosidade de ambos, ligados a políticos, fica a impressão de que tratar bem o Clésio -a pedido de muitos- poderia ser a razão da designação. Impressão apenas... por enquanto."

César Maia

Hoje a análise estatística do César Maia está comovente. O cara faz o que pode. Diz que deve ser descontado da diferença do Datafolha o fato da pesquisa ser em ponto de fluxo (mas acha que o viés é sempre contra Lula), diz que a audiência dos programas eleitorais deve subir (porque a pesquisa mostra que esta baixa), e acaba revelando notícias péssimas para Alckmin. Vejam as diferenças no sudeste, segundo pesquisa interna do PFL:

1) MG: 20 pontos pró-Lula
2) RJ: 30 pontos pró-Lula (mas dizem que Garotinho conseguiu um voto para ALckmin em Varre-e-Sai)
3) SP: 7 pontos pró-Alckmin (duvido que alguém no PT tenha sonhado que isso era possível)

Bom, cuidado com essa pesquisa interna, porque essas pesquisas menores costumam ser feitas pelo telefone (como os pobres têm menos telefone, haveria um viés pró-Alckmin).

Tuesday, October 17, 2006

Sandra Nascimento (In Memoriam)

Normalmente não comento sob essas coisas, mas que deu um certo nojo a atitude do Pelé diante da morte (e da vida) de sua filha (que Deus a tenha, sempre tive grande simpatia por ela, que foi vereadora pelo PDT), deu. Deve ser mentira, mas, a crer no noticiário, a filha do cara morreu de câncer e o cara não ligou pra ela. Está na hora de tratarmos o Pelé como um ídolo falecido. Ergam-se os monumentos (não há dúvida de que o cara foi um semideus) e ignore-se que o cara ainda anda por aí.

Clipe da semana: Johnny Cash - "God's gonna cut you down"

Ouvi essa música pela primeira vez no programa de punk rock da rádio BBC!

Toco?

Rapaz, o resultado da pesquisa no sul e sudeste é devastador para Alckmin. Estou vendo agora no Jornal de Globo:

Lula virou no sudeste: estava meio empatado, com leve vantagem para Alckmin (por causa de SP). Agora Lula abriu, se entendi bem, 12 pontos de vantagem. Catastrófico. Se Lula tiver aberto vantagem em Minas, Aécio não se mobiliza, e Serra, a essa altura, já deve estar fazendo campanha para o Lula. Aí babau. Pouco vai importar se o Garotinho aumentar em 3% a votação do Geraldo em Cachoeiras do Macacu.

E, no Sul, onde Alckmin lavava a burra, está ganhando por apenas 6 pontos (estou fazendo conta de cabeça enquanto assisto, alguma coisa pode estar errada). Lembremos que Rigotto já apoiou Crusius (e, aparentemente, já transferiu todos os votos que tinha), e Lula não tem palanque em Santa Catarina.

E: Lula virou na faixa entre 5 e 10 salários mínimos. Alckmin só começa a ganhar a partir da turma que ganha lá seus 3 mil e muito.

Posso estar errado, mas acho que, nesse exato momento, Alckmin tem uma porcentagem só um pouco maior do que quando terminou o primeiro turno. Há um sério risco de se tornar o segundo candidato da história brasileira a ter menos votos no segundo turno (o primeiro foi um candidato a prefeito de BH).

Meio que acabou. Para Alckmin virar um sujeito pagodeiro, espada e matador, teve que virar à direita, o que lhe tirou HH e CB (e, se bobear, uma parte do PSDB). Teria que ter tido tranquilidade e ir crescendo devagar, com sua base (fortíssima) nos Estados, com o César Maia, e ir subindo dois pontinhos por semana, com a ajuda de seu incomparável aparato de mídia (que também errou o tom). Agora, se mudar de tom, se abandonar o Garotinho, ninguém mais leva a sério.

Vou ser honesto: por mais que me esforce, não consigo imaginar um cenário minimamente provável para a virada.

É só ninguém no governo fazer nenhuma merda.

Ou seja, não acabou, ainda não.

PS: uma hora dessas publicam, ou vazam, o sigilo bancário de Freud Godoy. Se não tiver nada, acabou. Se tiver, provavelmente não dá tempo de nada. Mas quem tiver tempo para ler o blog do Reinaldo Azevedo que cheque o entusiasmo da figura pela possibilidade de não deixar o Lula terminar o mandato.

Do Blog do Zé

Roubei mesmo, na maior.

"Com lançamento nem tão divulgado pela grande imprensa, mas com uma importância que sequer posso mensurar, está disponível nas melhores livrarias do Brasil (pois se não constar nem do catálogo, saia correndo da loja porque você entrou de novo num fast food!!) o livro "O Pasquim, Antologia, Volume I, 1969-1970", organizado por Jaguar & Sérgio Augusto.O velho pasca durou de 1969 a 1991, 22 anos, 1072 números, e muita gente boa passou por lá. Os autores prometeram que apesar desse primeiro volume cobrir apenas os primeiros 150 números, a edição completa será de apenas 3 ou 4 volumes.Meus caros, ganhei o meu de aniversário da Patroa e das crianças, e faço de minha leitura diária umas das poucas horas de prazer, dosando o número de páginas lidas para que não chegue tão cedo a de número 350. Compre, peça, suplique para todos que conheça para ganhar um igual. Sem dúvida, um dos melhores livros que ganhei.Agora se você não gosta de humor, política, filosofia, história, etc., pode ficar na loja de fast food mesmo e pedir uma fritas pra viagem..."

Valor Econômico

Para comemorar o fato de que eu voltei a ler o jornal, o Valor Econômico resolveu fazer uma série de artigos sobre coisas que me interessam. Pra começar, um artigo do Delfim Netto sobre o John Rawls, um dos meus autores favoritos. Não estou conseguindo achar link de jeito nenhum, mas se alguém conseguir achar, vale a pena, realmente a pena, ler o artigo do Fernando Abrucio de ontem, e, principalmente, a excelente reportagem sobre Hanna Arendt deste fim-de-semana. Se for só para assinante, encontrem um assinante e só parem de bater quando ele deixar vocês lerem.

Momento de Inflexão

Hoje escreveu o seguinte o senhor César Maia:

"E se Geraldo inverter o discurso e entrar no trinômio Lei, Ordem e Família? Será que surfaria na onda das três últimas eleições latino-americanas citadas (nota do blog: Peru, México e Equador)? Mas para isso há a necessidade de se ter ousadia e vacina contra o patrulhamento. Como todos sabem: na América Latina a comunicação liberal é impopular. Mas a comunicação conservadora é muito popular. No Brasil não é diferente. Quem quiser que faça uma pesquisa de régua: num extremo -digamos 90, a ultra-esquerda; em outro digamos 30 - a ultra-direita. E depois as diversas graduações. E poderá medir a popularidade da comunicação conservadora."

Se acontecer, fique registrado o momento em que alguém teve essa idéia.

Datafolha - Bingo!

Como havíamos chutado desavergonhadamente, Alckmin caiu, e Lula ainda subiu pra cacete. 20 pontos de diferença é fogo, meu amigo. A não ser que a origem do dinheiro do dossiê seja dinheiro roubado de orfanato, parece que acabou. Claro, pode ser que o choque dos números desperte a campanha do Alckmin. Mas é difícil.

Não dá para comentar sem ver os dados desagregados, mas vou dizer já por que achava que Alckmin ia cair:

1) Os eleitores de Alckmin que eu conheço não falam mais de política desde o último Datafolha. Demonstram a sensação de que o debate foi o seu melhor tiro, e não arranhou o Lula. Havia meses que eu não conseguia passar um dia sem ver um tucano delirando de felicidade, e a depressão que parece ter se abatido sobre eles é notável.

2) O placar das alianças regionais é favorável a Lula: perde (e isso é péssimo) no Rio Grande e em Santa Catarina, mas Requião, Roseana, Maggi, e, principalmente, Cabral, devem ajudar a ampliar a diferença, bem como o fará campanha em Pernambuco. Repito o que já disse, para Alckmin foi ruim Serra e Aécio terem ganho no primeiro turno.

3) Havia um voto de gente que quer votar com a maioria que havia saído de Lula no final do primeiro turno, e deve voltar.

4) Na hora do vamos ver, a parte do eleitorado de Heloísa e Cristovam que tem alguma posição ideológica deve votar Lula, mesmo que, compreensivelmente, de coração pesado.

Monday, October 16, 2006

Mais um dia

Rapaz, não vai acontecer nada nessa campanha, não?

Vou arriscar: se não acontecer mais nada, Alckmin cai (cai mesmo, não oscila pra baixo, não) na próxima pesquisa.

PS: esse chute é dedicado a Leandro Konder, que certa vez vi dizer "Bom não vou fazer previsão por que sempre errei todas. Bom, se bem que, mais uma, menos uma, vamos lá..."

Debate no Rio

A crer nos colegas do Rio que falaram comigo hoje, a candidata do blog ao governo do Rio, Denise Frossard, levou uma surra no debate contra Sérgio Cabral ontem na Band. A crer nas reportagens, viu-se a diferença entre um cara cobra criada e uma boa parlamentar. Uma pena.

Agora: parabéns para Sérgio Cabral, sem dúvida o ganhador do troféu "nó nos adversários" 2006. O cara conseguiu ter o apoio do PT, do PSDB, do PP, do PMDB, do PCdoB, do Lula, do Garotinho, enfim, de todo mundo menos do CM. Ou seja: só Sérgio Cabral, entre os candidatos em disputa, teria maioria no Congresso Nacional.

Saturday, October 14, 2006

Bombas de Festim

Nas minhas contas, faz uns cinco dias que não acontece nada na campanha eleitoral, por isso as revistas semanais resolveram dar uma esquentada no clima. Na Veja a intenção de criar uma nova onda Alckmin antes que seja tarde é clara. Não estranharia se o conteúdo da Veja tivesse sido vazado para a Carta Capital, que também lança uma capa bombástica.

Vocês podem achar que eu estou ficando cínico (o que é injusto, eu sempre fui assim), mas eu não me impressionei com nenhuma das duas revistas, e, se alguém quiser comprar duas edições usadas por metade do preço, tô vendendo.

A Carta Capital desvenda o "complô que levou a eleição para o segundo turno". Cá entre nós, nada que assuste. O procurador que foi atrás da operação tabajara é tucano (aliás, aparentemente, o único tucano que não abandonou a campanha de Alckmin), não tem um bom histórico em tratar os acusados (já manteve gente presa sem provas e as deixou fotografar como safados, e depois se verificou que não havia nada contra elas, como no caso dos madeireiros de MT), e, como se sabe, essa turma de agora estava na época do dossiê contra Roseana (ou seja, houve uma operação de contra-espionagem serrista). A imprensa conservadora foi parcial na cobertura, recusando-se, por exemplo, a mostrar a fita que era o pivô da discórdia (não há dúvidas de que mostraria se fosse com o PT).

Porra, eu fazia campanha pro Lula na época da Lurian, na época do "ele vai confiscar a poupança", na época do "ele vai desvalorizar o câmbio", na época do Ricúpero na parabólica (e da cobertura que se seguiu), e querem me impressionar com isso? Ah, valha-me Deus.

Por outro lado, a Veja vem dizendo que a tentativa petista de abafar o dossiê é pior do que o dossiê. Para provar isso, mostra que Freud Godoy já recebeu dinheiro do Marcos Valério, do Duda Mendonça (mas isso foi outro escândalo, não liga Lula ao dossiê), e alega (eu não duvido mais de nada) que Freud teria entrado irregularmente na PF para tentar convencer o tal do Gedimar a livrar sua cara (o que ele fez, inocentando, até agora, pelo menos, Freud Godoy). Veja dissemina a história de que Naji Nahas teria depositado uma grana na conta do Freud pouco antes da operação Tabajara. A história pode, perfeitamente, ser verdadeira, mas, como Veja mesma admite, é só um rumor, visto que só agora se pediu a quebra do sigilo bancário de Freud. Se for verdade, a Carta Capital já tem matéria para a próxima edição: quebra de sigilo bancário, com o que Palocci sai parecendo um cara bacana de novo.

Se o depósito de Nahas for verdadeiro, há uma história, mas a história será essa. A manchete dessa semana de Veja náo é sobre nada absolutamente perto de ser pior que o dossiê. Mas feriado é feriado.

Friday, October 13, 2006

Esculachado pelo Google

Nesse serviço que mede o número de visitas ao blog por dia (esse graficozinho aí embaixo), tem uma opção chamada "Como os visitantes chegaram no seu site". Pelo que consigo entender, ele só dá informações sobre um número ínfimo de visitas. Mas sobre as que ele pega, ele pode, por exemplo, dizer que palavra o cara usou no Google para chegar a seu site.

No geral, no nosso caso, são palavras relacionadas à política. Mas de vez em quanto aparece um negócio meio estranho. Pois bem.

Hoje um cara chegou aqui com as seguintes "search words" no Google:

"frases de lutadores de jiu-jitsu"

UHN?

Em primeiro lugar, lamento que o visitante tenha se decepcionado (foi mal, rapaz).

Mas o que me preocupa mesmo é: o Google acha que o que está escrito aqui são frases ditas por lutadores de jiu-jitsu?????????

Chico de Oliveira

Na Folha de hoje Chico de Oliveira critica a posição de HH sobre os militantes do PSOL que manifestarem seu apoio a candidatos no segundo turno (mandá-los-á para a Sibéria), e sugere a seguinte pauta para negociar com o governo Lula:

"As condições de Oliveira para votar no petista são: Lula deve barrar a independência do Banco Central; deve propor emenda constitucional para transformar o Bolsa Família num direito, distribuído pela Previdência; e fazer uma reforma da Previdência que inclua o mercado informal de trabalho"

Eu sou a favor da autonomia do BACEN, mas aceito discutir (a evidência empírica ainda não é clara a respeito das consequências). Não sei bem o que ele quer dizer com transformar o bolsa-família em um direito (mas parece interessante). Quanto à inclusão do mercado informal sei menos ainda do que se trata.

Agora: pelo menos o cara sabe quais são as questões importantes: instrumentos de política monetária, renda mínima e informalidade (talvez o principal problema brasileiro). É um progresso imenso, principalmente dentro do PSOL.

PMD

E a oposição parece mesmo acometida de psicose maníaco-depressiva. Depois da euforia pós-debate, a negação (Reinaldo Azevedo, quando ouviu que Marta divulgava os dados da pesquisa Datafolha dando 12 pontos de diferença, jurou que era chute), e agora o desânimo.

O problema do Alckmin é o seguinte: as propostas que ele defende precisariam ser discutidas em um ambiente calmo e racional. Mas a turma dele é da opinião de que só dá pra crescer se se instaurar um clima de porradaria. Mas, num clima de porradaria, não tem nada que ele possa falar. E por aí vai.

Ele não sabia

O troféu "deprimente decadência" da década vai para Francisco Weffort, ex-maior intelectual da esquerda brasileira. Não por apoiar FHC, por que para isso há argumentos (não me convencem, mas há). Nem por não ter feito absolutamente nada como ministro da cultura (a verba é pouca, mesmo, e FHC o submeteu à humilhação de dar a festa dos 500 anos para o Rafael Greca organizar). Mas por ter feito o seguinte:

"A polêmica adesão de Anthony Garotinho à candidatura do tucano Geraldo Alckmin ganhou apoio de peso nesta semana: o sociólogo Francisco Weffort, ex-petista e ex-ministro de FHC, telefonou a Garotinho para dar os "parabéns" pela "coragem" de declarar apoio a Alckmin. "Ele disse para eu não dar bola para o [prefeito do Rio] Cesar Maia", diz Garotinho. (...) "Não conheço nada contra o Garotinho que seja parecido ao que há contra o Lula", diz o sociólogo". (Folha de hoje; grifo nosso)

Agora, me digam: se esse era o maior intelectual que o PT tinha, como poderia ter dado certo isso?

Nobel de literatura

Ainda não foi dessa vez que o Phillip Roth ganhou, sacanagem. A propósito, alguém já leu um livro do ganhador do prêmio? Já tinha visto boas resenhas, mas ainda não li nada.

Tabajadores do mundo inteiro, uni-vos!

Para quem não leu aqui o comentário do Alex, publico sua sugestão: que esses caras do Dirceu rachem e formem o Partido Tabajara, ou Partido dos Tabajadores!

Pedido de Desculpas

"A coligação "A Força do Povo" considera que uma campanha eleitoral é espaço para o confronto entre projetos de país.Neste sentido, estimulamos o balanço comparativo entre os governos Lula, FHC e Alckmin; bem como o debate entre os programas dos candidatos à Presidência da República.Ao mesmo tempo, consideramos totalmente inadequado, inapropriado e lamentável lançar mão de ataques pessoais envolvendo os candidatos ou suas famílias.

Essa também é a posição de nosso candidato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que por diversas vezes, inclusive na atual campanha, foi vítima de ataques pessoais, dirigidos contra ele e contra seus familiares.

Exatamente por isso consideramos incorretas e nos desculpamos publicamente pelas referências feitas -em um boletim da campanha- a familiares do candidato da oposição.

Marco Aurélio Garcia
Presidente nacional do PT e coordenador-geral da campanha Lula presidente"

Thursday, October 12, 2006

Valter Pomar

Desde meus tempos de movimento estudantil ouço dizer que Valter Pomar é uma besta. Agora o aloprado da vez resolveu escrever um texto sobre a Lu Alckmin e a filha de Alckmin, reclamando que a primeira-dama de SP ganhou umas roupas, e a filha do homem trabalhava na Daslu (que foi processada por sonegação, o que, suponho, Pomar achava que era responsabilidade das vendedoras). Felizmente, Lula mandou tirar essa merda do site pessoalmente, mas agora o vagabundo do Pomar está reclamando. Vejam no site do Noblat.

Wednesday, October 11, 2006

Garotinho é uma hemorróida de Satã

Vejam só o que diz Garotinho:

"Você se lembra de Lula tomando banho de pipoca na Bahia, atrás dos votos dos umbandistas? Você se lembra de Lula participando de uma sessão de vodu, segundo ele para fechar o corpo e afastar os maus espíritos, em recente viagem à África?"

Até aí, normal, fanático religioso, força do mal, Satanás se manifestando enquanto peido, tudo o que o Garotinho sempre foi. Mas vejam essa:

"Respeito a religião de cada um, mas é inadmissível que alguém conhecedor da palavra de Deus, vote num presidente que faz política com religião usando a fé das pessoas para ganhar votos"

Se não fosse o Garotinho, eu acharia que isso era uma ironia com ele mesmo. Mas Garotinho não se ironiza, só se auto-caricaturiza, em moto perpétuo.

Feriadão Petista

E, para completar a semana de Alckmin, o horário eleitoral começa em um feriadão, quando todo mundo viaja.

Revista Piauí


Grande Lançamento Editorial: a Revista Piauí tem capa do Angeli, texto do Ivan Lessa descrevendo sua primeira vinda ao Rio (ao Brasil) em 28 anos, conto inédito do Rubem Fonseca, reportagem sobre o brasileiro perdido no Iraque, e um inacrediável texto do processo que o Coiote moveu contra os danos causados ao longo de sua vida pelos produtos ACME. Eu vou comprar todas.

Mais Datafolha

Desastroso para Alckmin na pesquisa Datafolha não é sua queda pequena, nem a subida pequena do Lula. É:

1) A distribuição da queda (em termos gerais, pequena) pelas regiões. A diferença caiu bastante no Sul, embora ainda seja grande, e caiu em toda parte (infelizmente, a amostra é pequena demais para falar dos Estados separadamente).

2) A queda brusca entre os eleitores de HH e CB. César Maia aposta que é o efeito Garotinho.

3) O fato de que o seu melhor momento na campanha até agora, o debate, aparentemente não lhe rendeu um voto.

Semana de pesadelo

Alckmin não podia, de maneira nenhuma, ter um início de segundo turno como teve. A onda do primeiro turno já parou, e começa a refluir. Os debates podem lhe dar mais pontos, mas nunca vão cobrir a diferença toda. Só Aécio pode salvar Alckmin.

Se a próxima pesquisa feita em SP (vai demorar, por que não tem segundo turno para governador, como em Minas) der diminuição significativa da vantagem de Alckmin, a eleição acabou.

Se Alckmin chegar nos debates 12, 15 pontos atrás, a audiência simplesmente vai ser pequena demais para fazer diferença.

Blairo Maggi

Notícia muito melhor do que Lula poderia esperar, o governador Blairo Maggi, de Mato Grosso, reeleito em primeiro turno em estado onde Ackmin ganhou, deve sair do PPS e apoiar Lula. É um apoio de peso enorme: Lula deve tirar a diferença em MT e diminuir em outros pontos onde o agronegócio prevalece.

Tuesday, October 10, 2006

PSTUcanos?




Vejam só o adesivo disponível no site de campanha do Alckmin (fonte: Noblat). Feio, isso. Em 89, era comum o adesivo "Sou Freire, voto Lula", mas era feito pelo próprio pessoal do PCB. O Chico Alencar reclamou, obviamente, e a HH deve entrar na justiça para impedir que usem seu nome no segundo turno.

Efeito Segundo Turno

Cada um que julgue isso como quiser, mas o segundo turno diminuiu muito a chance de um debate sério sobre o corte de gastos no Brasil. Alckmin não pode deixar todos os votos de HH e CB irem para Lula, por isso tem que se tornar indistinguível de Lula, programaticamente. No debate, prometeu que não privatiza nada. E hoje o Nakano, que seria seu ministro da fazenda, foi publicamente desautorizado por ter sugerido um corte de gastos gigante (3% do PIB). Eu, pessoalmente, gostaria de pelo menos ouvir esse argumento.

Yeda Crusius

Se Yeda Crusius ganhar bem no Sul, é presidenciável para 2010.

Lula perde no Sul

A articulação de Lula no sul parece ter dado errado. O PMDB gaúcho resolveu apoiar Yeda Crusius. Luiz Henrique fechado com Alckmin. A esperança é fechar com Requião e conseguir mais uns 200, 300 mil votos, e torcer para Olívio acender a eleição no Sul. Mas o Sul foi perdido, como o Nordeste e o Rio já estão perdidos para Alckmin. São Paulo está perdido para Lula, mas qualquer pontinho que Marta recupere na periferia da capital (onde ganhou tranquilo para prefeita) é voto pra cacete.

A eleição, portanto, é em Minas. Com Lula jogando na defesa, porque o empate é dele.

Huhn?

Lula disse que Alckmin parecia um "delegado em porta de cadeia". Que porra quer dizer isso? "Advogado de porta de cadeia" não pode ser, por que advogado de porta de cadeia não ataca ninguém. E não vejo que objeção se pode fazer ao delegado que fica na porta da cadeia.

Nem todo mundo está bêbado

Do Gilberto Dimenstein, na Folha:

"Está na biografia de FHC ter derrotado a inflação quando ninguém imaginava que poderia ser derrotada. Isso significou substancial aumento do poder aquisitivo dos mais pobres. Só isso já faria com que olhássemos com mais consideração ao ex-presidente"

(...)

"Assim como temos de reconhecer que Lula já mereceria ter entrando na história por ser um política de esquerda que soube manter e aprimorar a estabilidade econômica, combinando-a com mais distribuição de renda e menos pobres"

Choque de gestão

É uma pena que ninguém esteja discutindo programa, por que eu queria saber no que consiste o choque de gestão do PSDB. Se for corte de pessoal indiscriminado, é besteira. Por exemplo, é meio idiota achar que se economiza se o Estado tiver menos fiscais ou procuradores: se arrecadará menos, se perderá mais processos na justiça. Como o Serra descobriu, menos mata-mosquitos são mais remédios contra a dengue. Enfim.

Mas se for reorganização do trabalho no setor público, pode ser bom, e alguma reorganização é mesmo urgente.

Steinbruch na Folha

Ótimo artigo do Steinbruch na Folha de hoje. Argumento básico: Lula ganhou onde os benefícios do controle da inflação e do Bolsa-Família foram maiores, como no Norte-Nordeste, e perdeu onde o agro-negócio é importante (por causa do dólar). Trechos:

"No Maranhão, o volume de vendas do comércio varejista cresceu 65% desde 2003 (até junho último), em comparação com 17% na média nacional; no Amazonas, 58%; no Rio Grande do Norte, 51%, e, no Ceará, 34%. Nesse mesmo período, em Estados do Sudeste e do Sul, os índices foram muito menores: 13% em São Paulo, 10% no Paraná, 15% em Santa Catarina e apenas 2,8% no Rio Grande do Sul.
Explica-se, então, por que a maior votação de Lula foi no município de Manaquiri, no Amazonas, com 93% dos votos. E a pior, em Arroio do Padre, no Rio Grande do Sul, com 11%."

"Em janeiro de 2003, quando Lula tomou posse, o dólar estava cotado a R$ 3,55. Hoje, está a R$ 2,16. Ou seja, o exportador tem atualmente, para cada dólar exportado, uma renda cerca de 40% menor do que a de quase quatro anos atrás. Mesmo considerada a taxa média do dólar de 2002 (R$ 2,97), a perda é bastante significativa: 27%.
O caso mais extremo de perda de renda se dá no Rio Grande do Sul, Estado prejudicado duplamente, pela valorização cambial e, reconheça-se, por problemas climáticos que provocaram quebras sucessivas de safras. O nível de produção da indústria gaúcha, por exemplo, é hoje o mesmo de dezembro de 2002."

Monday, October 09, 2006

Efeito Garotinho

Do Ex-blog do César Maia:

DATA-FOLHA: PRIMEIRAS REPERCUSSÕES DA DECISÃO DE GERALDO NO ESTADO DO RIO !

1. Eleição, incluindo brancos e nulos. Lula 44,6%. Alckmin 26,2%. Demais 20%. Brancos e Nulos 10%.

2. Data-Folha dias 5 e 6 de outubro: Lula 56%. Alckmin 32%. Brancos/Nulos 12%.

3. Avanços: Lula + 11,4% ou 57% dos Demais. Alckmin + 5,8% ou 29% dos Demais. Dois pontos foram para brancos/nulos.

4. Relação de ganho Lula/Alckmin: 96,5% a mais para Lula.

Troféu "Votou, agora aguenta" 2006

Clodovil na Folha:

""Vou aprender com os políticos com experiência, mas não me ensinarão a roubar porque eu, por pouco, não vou me sujar. Tudo dependerá de quanto me ofereçam para votar os projetos do governo", afirmou.

Questionado sobre qual seria o valor em dinheiro necessário para isso, respondeu: "Cada um pesa o dinheiro em sua própria balança. Eu não resolverei os problemas de ninguém. Aqueles que votaram em mim acreditando que eu iria solucionar os seus problemas se enganaram, isso é uma bobagem digna de quem foi mal colonizado".

Disse ainda não vai massacrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "porque ele é um anormal que não raciocina bem, que se compara a Jesus" e que não pretende ser "o herói dos pobres". "Não me interessa ser aplaudido por um mendigo que nada entende porque não tem o que comer, quero que me aplaudam os que têm os neurônios bem alimentados."

Clodovil também comentou sobre seu possível reencontro em Brasília com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), um de seus desafetos. "O que Marta Suplicy vai fazer em Brasília? Por acaso vai passar nossa roupa? De qualquer maneira, Lula não será reeleito nem por decreto."

Sugestão para Instituto de Pesquisa

Se algum dos 40 e poucos leitores do blog trabalhar em instituto de pesquisa (rapaz, quais são as chances? enfim), aqui vai uma sugestão de pesquisa sobre o resultado do debate: pedir para as pessoas darem nota de 1 a 10, e fazer uma regressãozinha controlando para quem o cara votou no primeiro turno. Hoje de manhã todo mundo que eu conheço que vota no Lula achou que o Lula ganhou, e todo mundo que votou no Alckmin, etc. Os dois caras aqui que votaram na HH acharam tudo uma merda.

É claro que a decisão "quem ganhou" é totalmente enviesada, mas talvez se a medida fosse mais gradual o viés ficasse menos fraco.

Ah, bom

E, enquanto nós discutimos o Lula e o Alckmin, aquele sósia do Chico César (ver Ed, 1999) que governa a Coréia do Norte testou uma bomba atômica. Que bonito.

Fiona Apple



Acabei não conseguindo postar o terceiro clipe da Fiona Apple que eu tinha prometido, então lá vai. É minha música favorita, e tem uma letra muito bacana. Não achei um clipe, mas tem essa gravação ao vivo que é legal.

Sunday, October 08, 2006

Virada à esquerda

Consequência do segundo turno: o debate ficou mais à esquerda, por que os candidatos precisam dos votos de Heloísa.

Saldo

Todo mundo vai falar mal, menos eu: o debate foi ótimo. Alckmin muito mais agressivo (no bom sentido), mas Lula muito melhor do que se esperava se defendendo. Talvez tenha sido o melhor debate presidencial da redemocratização (bom, a competição também não é lááááá...)

E é debate que não acaba mais

Alckmin dá um mole miserável. Começa perguntando sobre o dossiê (gol fácil), mas termina a pergunta dizendo "E ainda diz que nós vamos privatizar, é mentira", o que permite que Lula ignore solenemente o dossiê e comece, "vocês privatizaram tudo, safados, filhosdaputa...". Alckmin esboça uma reação boa, dizendo que não vai privatizar nada (e lá se vai a última diferença programática), mas termina falando em BOLSA-FAMÍLIA!!!!! Mas Lula deixa passar a chance de falar no Bolsa-Família, e acaba fazendo uma cara de irônico meio antipática. Todo esse bloco tem como público os 10% que votaram em Heloísa e Cristovam. Falta pouco para Alckmin cantar a Internacional.

Lula pega num ponto fraco de Alckmin, o desempenho escolar das crianças paulistas. Provando ser melhor que Serra, Alckmin não diz que é culpa de Paraíba. Amiano Marcelino é usado indevidamente na propaganda de Lula, que anuncia que nunca foram aprovados tantos doutores brasileiros quanto nesse governo.

Alckmin termina citando o fodoníssimo Santo Agostinho ("prefiro quem me critica, por que me corrige, a quem me adula, por que me corrompe"). Citação excelente, mas, provavelmente, sutil demais. Mas deve trazer voto religioso, embora não de evangélico, que não acredita em santo).

Final parecido. Lula encerra numa nota técnica, dizendo que o crescimento vai vir é agora, tentando falar calmo, sabendo que Alckmin só tem mais um chute para evitar o empate. Alckmin, que poderia terminar dizendo "Falem a verdade, cês não acreditavam que eu era macho, hein?", reclama do baixo crescimento, e diz que vai criar uma nova SUDENE (tentando tirar a diferença no Nordeste), fala dos hospitais do Rio (ponto fraco do César Maia). Alckmin termina bem, mas o empate prevalece.

A platéia parece que vai gozar e faz um barulho miserável.

E ainda mais debate

Lula duvida que Alckmin tenha vendido os aviões do governo de SP, e, rapaz, Alckmin diz que vendeu. Enfim.

Excelentes perguntas de Franklin Martins (sobre o Lula não saber de nada que acontece) e Joelmir Betting (que gasto vocês vão cortar?). A do Joelmir, como vocês podem imaginar, ninguém responde, mas acusa o adversário de ter respondido ainda menos (mas, nessas coisas,não se pode descer abaixo de zero).

Está acabando, e a minha impressão, ainda sem ver as considerações finais, é a seguinte: empatou, e Lula jogava pelo empate.

Outra coisa: aparentemente, alguém chutou o saco do Alckmin (talvez o Serra), e ele está muito melhor, mais bravo. Só que Lula não é mais o cara que, em 89, ouvia baixaria do Collor e fazia cara de "ué, vale isso?".

Mais debate

Minha Internet está uma merda, não está dando para postar em tempo real. Mas aí vai:

Lula se sai bem melhor do que Alckmin nas discussões sobre política social e política externa (surpreendentemente), enquanto Alckmin surpreende na boa resposta sobre segurança ("Quando alguém teve que receber o Beira-Mar, só eu tinha prisão de segurança máxima").

Nas perguntas dos repórteres, Alckmin consegue voltar ao tema da corrupção, e Lula tem que rebolar mais um pouco.

Na verdade, os dois estão se saindo bem. Repito o que disse no primeiro turno: os candidatos brasileiros a presidente são bons.

Alguém deveria ter avisado os candidatos que eles são filmados enquanto seus adversários estão falando. Alguém vai acabar editando as caras que eles fizeram, e vai ser engraçado.

Alckmin está desperdiçando boas respostas por não conseguir terminar no tempo certo. Quando a Bandeirantes corta a resposta no meio, aquela vozinha que continua falando lá no fundo pode estar falando a coisa mais inteligente do mundo, mas parece ridículo.

Lula, em um momento messiânico, diz que nunca o Brasil cresceu tanto. O que é evidentemente falso. Queria dizer que o Brasil cresceu mais com Lula do que com FHC ("aliás, por que ele não veio? Cês têm vergonha dele?"), mas ficou animado e mandou ver.

Alckmin diz que vai vender o Aerolula e fazer cinco hospitais com o dinheiro. É populista, mas funciona. Mas, novamente, perde o tempo e fica a vozinha no fundo.

Não consigo imaginar que função a platéia tem nos debates, senão fazer barraco. Mas, quando fazem, a produção reclama.

Debate ao vivo

Primeiro bloco: Alckmin muito melhor do que até agora, mas Lula bem. Como esperado, no quesito acusações de corrupção, Alckmin na porrada. Lula não tem tanto o que dizer, mas é bem mais cobra criada que Alckmin, e se esquiva bem. Clima bem violento. Primeiro bloco do Alckmin, por poucos pontos.