Sunday, August 14, 2005

Pós-Lula (V): o PT

Caso o PT não se desintegre após a crise iminente, não poderá mais evitar as questões que sempre o atormentaram: qual o lugar de movimentos reinvindicatórios da sociedade civil durante uma crise fiscal extremamente severa? Qual o papel dos sindicatos no novo quadro capitalista global? Em suma, diante da crise do Estado, como fazer a mediação entre sociedade civil e mercado? Se conseguir responder, torna-se novamente referência mundial. Se não conseguir, definha como os velhos PCB e PDT, e espera a decadência da próxima força de esquerda para ver se descola uma rebarba.

Essa questão está intimamente ligada a outra, mais diretamente ligada à crise atual: uma vez estabelecido que arranjo pode satisfazer as demandas sociais sem falir o Estado, restará a tarefa de saber que setores sociais podem ser aglutinados para ganhar de novo o governo, mas desta vez com maioria parlamentar.

Só não é uma certeza que o PT desapareça por que, ao contrário de todos os outros partidos, é um partido firmemente enraizado em movimentos sociais que certamente sobreviverão, em especial a CUT. Compartilha essas características com a social-democracia européia, que já se recuperou diversas vezes de escândalos de corrupção. Mas não é certo que se torne forte novamente, visto que permanece em aberto a questão da viabilidade da social-democracia brasileira.

2 comments:

Anonymous said...

Ou seja, não teremos uma esquerda decente na próxima década, pelo menos.

Anonymous said...

Realmente as perspectivas não são boas. Mas ninguém sabe. Por exemplo, se os radicais do PT tiverem um ataque de sanidade em se tratando de economia, a coisa pode melhorar. Se o PSTU melhoquaquaquaquaquaquaqua desculpe.