Monday, October 03, 2005

Plebiscito (I)

A capa da Veja dessa semana mostra que a direita realmente perdeu a vergonha. O plebiscito vai dar base popular a um movimento que até agora se limitava à elite política. Estou falando da direita de verdade, não o PSDB, coitado. Não é nem mesmo a direita evangélica, é a galera pesada, mesmo.

Claro, não é necessário ser de direita para ser contra o desarmamento. Eu, por exemplo, vou votar pela proibição, mas acho que a proposta tem um furo gravíssimo, que é o desarmamento rural; o cara que mora a seis horas da cidade mais próxima não pode ser obrigado a esperar a polícia chegar se for assaltado.

Enfim, embora não haja relação necessária, há relação empírica; a maioria dos militantes contra a proibição é de direita, mesmo que os eleitores não sejam. E os caras estão tendo um tremendo espaço de mídia a favor. O filho do Minha Creuza saiu hoje no Jornal Nacional dando um depoimento; e deve ter gente que acha que foi uma vitória contra o Fórum de São Paulo.

6 comments:

Anonymous said...

Pois e, de longe e dificil saber qual o espaco que a midia da para cada grupo. Mas uma coisa que ja notei e que, sempre que uma coisa tem a cara do capeta voce da o nome 'direita'. Bom, voce sabe como me entristece saber que ACM e Sir Ney fazem parte da direita. Mas alguem como Sivuca e Bolsonaro, pra mim, sao apoliticos, nao sao da direita. Da mesma forma como nao acho que Fidel seja da esquerda (e ele teria que fuzilar muito mais gente para ser do nivel do Bolsonaro, nao?)

Na Prática said...

Guto, você tem razão, o termo é impreciso. Mas acho ofensivo chamar esses caras de liberais (sacanagem com o Locke), e mesmo de conservadores (sacanagem com o Burke), e não consigo inventar um termo melhor. A direita a que me refiro é isso aí: o PFL, o que sobrou do malufismo, um capitalismo meio sádico, não-liberal, as redes de corrupção deslocadas pelas redes do governo atual. Por vezes, se alia à direita mais propriamente conservadora dos evangélicos, e, caso em confronto com a esquerda, com os liberais.

Por exemplo, hoje no horário gratuito o grupo que defende a venda de armas levou como porta-voz o FLEURY!!!

Volto a dizer, inclusive, que respeito quem vai votar contra a proibição. Mas a questão é que esses caras a que me referi estão surfando na onda. E preferia que o comando da reação ao Lula ainda estivesse com o PSDB.

Anonymous said...

Já existe alguma pesquisa confiável sobre o plebiscito?

E a matéria da Veja foi acintosa. Era possível escrever um texto muito mais elegante contra a proibição, mas subestimaram os leitores outra vez...

Anonymous said...

Pensando bem, o FLeury e uma escolha obvia... tai maior entusiasta do uso de armas para exterminar criminosos presos! Ok, I take your point, falta nome melhor pra essa trupe, e quadrilha e muito vago...

Na Prática said...

Ed, você tem razão, seria possível defender o "Não" civilizadamente, mas não foi o que a Veja fez. E o pior é que você vê que eles tem uns repórteres bons, às vezes saem boas matérias, mas quando eles resolvem ir pro pau é a zaga do Bangu.

Na Prática said...

Guto, de fato, quadrilha está ideologicamente vago hoje em dia :p. Agora, falta um nome mesmo pra esse negócio que quer manter a coisa como está, depende do Estado para viver mas apropria dinheiro privadamente, e adota a solução Fleury para a exclusão social.