Saiu na lista de livros do ano das Prospect.
Nome do Livro: "Is it me, or is everything shit?", de Steve Lowe e Alan MacArthur.
Resenha: "Yes, it is just you".
O nome do resenhista é Matt Ridley.
Tuesday, December 19, 2006
Monday, December 18, 2006
Ministério
E, até agora, nada de ministério, o que eu acho meio ruim. Mas veremos. Minhas apostas: continuam Marina, Mantega, Dilma; entram Gerdau, Delfim. Tarso na justiça. Marta nas Cidades. Educação para o PDT. Saúde e Desenvolvimento Regional para o PMDB. O desenvolvimento agrário ainda para a Democracia Socialista.
Aumento dos Congressistas (2)
Mas, já que falamos em fuga de cérebros e incentivos de mercado para os congressistas, o blog tem uma sugestão: a importação de parlamentares.
Como todos os jornais noticiaram, os parlamentares brasileiros têm os maiores salários do mundo. Ora, é difícil crer que os parlamentares escandinavos ou alemães (ou mesmo os chilenos) sejam piores que os brasileiros. Pode-se concluir, naturalmente, pelo bom-senso econômico, que a sobrevivência dos parlamentares brasileiros, mais caros e piores que os disponíveis no mercado internacional, só se deve a uma reserva de mercado. É hora de abolir tal resquício nacionalista e oferecer aos parlamentares de países onde são feitas boas leis a oportunidade de ganhar mais no Brasil.
Poderíamos começar importando alguns suplentes (que devem ser mais baratos ainda) da Dinamarca ou da Finlândia. Duvido que eles falem português pior do que os nossos.
Como todos os jornais noticiaram, os parlamentares brasileiros têm os maiores salários do mundo. Ora, é difícil crer que os parlamentares escandinavos ou alemães (ou mesmo os chilenos) sejam piores que os brasileiros. Pode-se concluir, naturalmente, pelo bom-senso econômico, que a sobrevivência dos parlamentares brasileiros, mais caros e piores que os disponíveis no mercado internacional, só se deve a uma reserva de mercado. É hora de abolir tal resquício nacionalista e oferecer aos parlamentares de países onde são feitas boas leis a oportunidade de ganhar mais no Brasil.
Poderíamos começar importando alguns suplentes (que devem ser mais baratos ainda) da Dinamarca ou da Finlândia. Duvido que eles falem português pior do que os nossos.
Aumento dos Congressistas (1)
Aqueles elementos que fazem menos de 10% das leis brasileiras (mais de 90% são propostas pelo governo), faltam às votações, e só votam os projetos do governo em troca de mensalão, cheagram á conclusão de que, para cumprir bem essas funções, é necessário ganhar o dobro. Afinal, como disse o intelectual e prêmio Nobel José Múrcio (PTB), é preciso evitar a "fuga de cérebros".
Como disse um dos informantes do blog, faltava era incentivar a fuga de cérebros como acontecia na época da revolução francesa, quando os cérebros, ainda embalados dentro das perucas, fugiam para longe dos respectivos pescoços na guilhotina.
O baixo clero aproveitou a eleição na câmara para propor o aumento, sabendo que os candidatos às presidências teriam que aceitar para não perder.
Como disse um dos informantes do blog, faltava era incentivar a fuga de cérebros como acontecia na época da revolução francesa, quando os cérebros, ainda embalados dentro das perucas, fugiam para longe dos respectivos pescoços na guilhotina.
O baixo clero aproveitou a eleição na câmara para propor o aumento, sabendo que os candidatos às presidências teriam que aceitar para não perder.
Friday, December 15, 2006
Debate Josué Pereira da Silva X Octavio Ianni (4)
Ianni tinha razão em uma coisa: empiricamente, o efeito-globalização parace ter cancelado em grande parte o efeito-crise da sociedade do trabalho. Entretanto, algumas questões permanecem:
1) Em primeiro lugar, o diagnóstico da crise da sociedade do trabalho ainda permanece válido em muitos aspectos: a economia realmente precisa de cada vez menos gente, e as possibilidades de organização sindical andam péssimas.
2) Há pontos em que os argumentos do Josué têm aplicabilidade além de qualquer teste empírico, como argumentos de teoria da justiça: o nível de vida deve ser sempre determinado pelo trabalho? A pobreza de quem fracassa no mercado de trabalho é "justa"? Se dissermos que sim, temos o direito de exigir de quem fracassar absolutamente que continue a se comportar como cidadão?
3) A globalização pode se sustentar apenas no mundo do trabalho, como agora? Será que a crise das instituições que poderiam, no futuro, garantir a cidadania global, como a ONU, não colocará um limite a essa expansão? E quais as perspectivas de mobilização política vinda de baixo em defesa dessas instituições, se o único movimento dos de baixo (entre os que ocorreram historicamente) com algum potencial cosmopolita (a classe operária) está em crise?
Enfim, eu achei essa troca de perguntas bem mais interessante, e ela me inspirou muito mais idéias, do que 90% dos cursos que fiz na vida.
Prestem atenção no Josué.
1) Em primeiro lugar, o diagnóstico da crise da sociedade do trabalho ainda permanece válido em muitos aspectos: a economia realmente precisa de cada vez menos gente, e as possibilidades de organização sindical andam péssimas.
2) Há pontos em que os argumentos do Josué têm aplicabilidade além de qualquer teste empírico, como argumentos de teoria da justiça: o nível de vida deve ser sempre determinado pelo trabalho? A pobreza de quem fracassa no mercado de trabalho é "justa"? Se dissermos que sim, temos o direito de exigir de quem fracassar absolutamente que continue a se comportar como cidadão?
3) A globalização pode se sustentar apenas no mundo do trabalho, como agora? Será que a crise das instituições que poderiam, no futuro, garantir a cidadania global, como a ONU, não colocará um limite a essa expansão? E quais as perspectivas de mobilização política vinda de baixo em defesa dessas instituições, se o único movimento dos de baixo (entre os que ocorreram historicamente) com algum potencial cosmopolita (a classe operária) está em crise?
Enfim, eu achei essa troca de perguntas bem mais interessante, e ela me inspirou muito mais idéias, do que 90% dos cursos que fiz na vida.
Prestem atenção no Josué.
Thursday, December 14, 2006
Debate Josué Pereira da Silva X Octavio Ianni (3)
A resposta de Ianni foi questionar o diagnóstico da crise da sociedade do trabalho usando seus dados sobre globalização. Ao mesmo tempo em que grande parte da população na Europa deixava de ser operária, não era verdade que massas de camponeses chineses agora eram operários? Me lembro da pergunta: "Será que o trabalho que está sumindo na Europa e nos Estados Unidos não reaparece na Indonésia ou em Cingapura?"
Sob esta perspectiva (digo eu), o diagnóstico da crise da sociedade do trabalho capturaria um momento transitório das sociedades européias, em que o welfare state ainda sobrevivia, mas o fordismo declinava. À medida em que a Europa precisasse se acomodar aos desafios propostos pelos novos concorrentes globais, podemos supor, o welfare state também acabaria por enfraquecer, e a idéia de uma nova sociabilidade pós-produtivista se enfraqueceria. De fato, anos depois, Blair lançou um programa batizado de "From Welfare to Work".
Aparentemente, o diagnóstico do Ianni se confirmou, ao menos por enquanto: os movimentos sociais que poderiam propor as políticas defendidas pelo Josué estão enfraquecidos, em grande parte pela necessidade de seus países de origem responderem à competição chinesa, o que levou o debate político a uma guinada pró-mercado.
Sob esta perspectiva (digo eu), o diagnóstico da crise da sociedade do trabalho capturaria um momento transitório das sociedades européias, em que o welfare state ainda sobrevivia, mas o fordismo declinava. À medida em que a Europa precisasse se acomodar aos desafios propostos pelos novos concorrentes globais, podemos supor, o welfare state também acabaria por enfraquecer, e a idéia de uma nova sociabilidade pós-produtivista se enfraqueceria. De fato, anos depois, Blair lançou um programa batizado de "From Welfare to Work".
Aparentemente, o diagnóstico do Ianni se confirmou, ao menos por enquanto: os movimentos sociais que poderiam propor as políticas defendidas pelo Josué estão enfraquecidos, em grande parte pela necessidade de seus países de origem responderem à competição chinesa, o que levou o debate político a uma guinada pró-mercado.
Festival Leonard Cohen - "The Partisan"/"Suzanne"
Duas músicas da fase mais antiga. A primeira, "The Partisan", é uma versão de uma música da Resistência Francesa.
Wednesday, December 13, 2006
Debate Josué Pereira da Silva X Octavio Ianni (2)
Josué (que sucederia o Ianni na cadeira de Teoria Sociológica alguns anos depois) perguntou a Ianni se sua abordagem não era ainda excessivamente impregnada da perspectiva centrada no trabalho: isto é, seu sua análise da globalização não era, de certa forma, ainda baseada na perspectiva de que a sociedade é o modo de produção, e, portanto, visto que o modo de produção capitalista tende a se expandir globalmente (vide Manifesto Comunista), o grande movimento da modernidade seria a globalização.
Josué, como os presentes sabiam (e mais gente deveria saber) foi o introdutor, no Brasil, do debate sobre a crise da sociedade do trabalho, algo mais ou menos assim: com as tecnologias que poupam trabalho, a crise das utopias do trabalho (como o socialismo), a diminuição quantitativa da classe operária, a crise dos sindicatos, e os welfare states que tinham condições de redistribuir a renda cada vez maior gerada por cada vez menos trabalho, o foco do pensamento crítico deveria cair sobre
(1) as maneiras de diminuir o peso do trabalho na vida social: reduzir a jornada de trabalho, garantir espaços para o trabalho autônomo, e desvincular a sobrevivência do trabalho (através de programas de renda básica); e
(2) garantir a justa distribuição das oportunidades de trabalho remanescentes, através de políticas de igualdade de oportunidade típicas do welfare state (educação universal, etc.). Em suma, valorizar o cidadão antes do trabalhador. Se o Ianni estava mais preocupado com a acumulação capitalista em escala global, o Josué se preocupava mais com a constituição de uma esfera pública mundial, organizada sobretudo a partir de movimentos pós-crise do trabalho, como o movimento ambiental.
O Josué tirou a maioria dessas idéias do André Gorz, que escreveu um dos melhores livros que eu li na vida (Adeus ao Proletariado). Josué defendeu doutorado sobre Gorz na New School de NY (com a Seyla Ben Habib na banca), e foi, na verdade, um dos primeiros caras no mundo a estudar Gorz mais a fundo. Mas sua perspectiva era ampliada pela leitura extensa da turma do Habermas (Arato, Cohen, Honneth), que lhe despertaram a preocupação com a questão da cidadania, a democracia, etc. Lembremos que, nessa época, Habermas estava publicando um artigo sobre a ONU, mostrando que a preocupação com a cidadania global era forte.
Na época o Josué era muito atacado pela galera mais ortodoxa, que não topava tirar o foco conceitual do trabalho de jeito nenhum. Lembro em sala de aula um estudante marxista levantando duas objeções ao Gorz: (1) a sociedade para Marx não é só trabalho e (2) há diversas formas de trabalho: físico, mental, artístico,..., ao que o Josué respondeu: parece que uma das afirmações contradiz a outra. O cara é bom, mesmo.
Josué, como os presentes sabiam (e mais gente deveria saber) foi o introdutor, no Brasil, do debate sobre a crise da sociedade do trabalho, algo mais ou menos assim: com as tecnologias que poupam trabalho, a crise das utopias do trabalho (como o socialismo), a diminuição quantitativa da classe operária, a crise dos sindicatos, e os welfare states que tinham condições de redistribuir a renda cada vez maior gerada por cada vez menos trabalho, o foco do pensamento crítico deveria cair sobre
(1) as maneiras de diminuir o peso do trabalho na vida social: reduzir a jornada de trabalho, garantir espaços para o trabalho autônomo, e desvincular a sobrevivência do trabalho (através de programas de renda básica); e
(2) garantir a justa distribuição das oportunidades de trabalho remanescentes, através de políticas de igualdade de oportunidade típicas do welfare state (educação universal, etc.). Em suma, valorizar o cidadão antes do trabalhador. Se o Ianni estava mais preocupado com a acumulação capitalista em escala global, o Josué se preocupava mais com a constituição de uma esfera pública mundial, organizada sobretudo a partir de movimentos pós-crise do trabalho, como o movimento ambiental.
O Josué tirou a maioria dessas idéias do André Gorz, que escreveu um dos melhores livros que eu li na vida (Adeus ao Proletariado). Josué defendeu doutorado sobre Gorz na New School de NY (com a Seyla Ben Habib na banca), e foi, na verdade, um dos primeiros caras no mundo a estudar Gorz mais a fundo. Mas sua perspectiva era ampliada pela leitura extensa da turma do Habermas (Arato, Cohen, Honneth), que lhe despertaram a preocupação com a questão da cidadania, a democracia, etc. Lembremos que, nessa época, Habermas estava publicando um artigo sobre a ONU, mostrando que a preocupação com a cidadania global era forte.
Na época o Josué era muito atacado pela galera mais ortodoxa, que não topava tirar o foco conceitual do trabalho de jeito nenhum. Lembro em sala de aula um estudante marxista levantando duas objeções ao Gorz: (1) a sociedade para Marx não é só trabalho e (2) há diversas formas de trabalho: físico, mental, artístico,..., ao que o Josué respondeu: parece que uma das afirmações contradiz a outra. O cara é bom, mesmo.
Tuesday, December 12, 2006
Conferência sobre o Holocausto
O macaco bêbado que governa o Irã nas horas vagas de seu emprego de michê de Belzebu organizou uma conferência sobre o Holocausto, que mais ou menos encerra o debate sobre qual seria o pior debate acadêmico de todos os tempos. Vejam a frequência:
- David Duke, líder da Ku Klux Klan. Como todos sabem, Ku Klux Klan quer dizer "gosto mais da porra de Satã do que jamais gostei do leite de minha mãe".
- Robert Faurisson, vagabundo que argumenta que o holocausto não existiu porque seria muito difícil fazer câmara de gás. Imagina o que ele deve achar que aconteceu em Hiroshima. Provavelmente, a única atrocidade que admite ter acontecido foram as surras que o pai dele deu por ele ser burro.
- Michele Renouf, pústula do saco do David Irving, um historiador revisionista que está em cana na Áustria (país que aprendeu, do jeito mais difícil, que essa gente você tem que prender logo no começo). Irving, vale lembrar, tomou uma surra de um historiador de Cambridge em um processo judicial sobre o holocausto, mas uma surra daquelas que no final o sujeito que perdeu não consegue pedir arrego porque está engasgando com o pó da derrota.
Aí você pode perguntar: mas quem teria o direito de impedir essas pessoas de falar? E eu responderia: quem chegar primeiro.
- David Duke, líder da Ku Klux Klan. Como todos sabem, Ku Klux Klan quer dizer "gosto mais da porra de Satã do que jamais gostei do leite de minha mãe".
- Robert Faurisson, vagabundo que argumenta que o holocausto não existiu porque seria muito difícil fazer câmara de gás. Imagina o que ele deve achar que aconteceu em Hiroshima. Provavelmente, a única atrocidade que admite ter acontecido foram as surras que o pai dele deu por ele ser burro.
- Michele Renouf, pústula do saco do David Irving, um historiador revisionista que está em cana na Áustria (país que aprendeu, do jeito mais difícil, que essa gente você tem que prender logo no começo). Irving, vale lembrar, tomou uma surra de um historiador de Cambridge em um processo judicial sobre o holocausto, mas uma surra daquelas que no final o sujeito que perdeu não consegue pedir arrego porque está engasgando com o pó da derrota.
Aí você pode perguntar: mas quem teria o direito de impedir essas pessoas de falar? E eu responderia: quem chegar primeiro.
Debate Josué Pereira da Silva X Octavio Ianni (1)
Acho que só eu lembro disso, por isso preciso registrar. Tudo o que se segue é escrito de memória, e do jeito que eu entendi. Nenhum dos envolvidos é, portanto, responsável pela minha transcrição. Como vai ficar longo, vou publicar um pedacinho por dia.
No capítulo de hoje:
Mais ou menos em 1997, em uma conferência na UNICAMP sobre globalização, Ianni afirmava que a crise do Estado-Nação era pra valer: os novos problemas globais exigiam soluções globais, e as empresas capitalistas haviam conseguido escapar dos controles keynesianos tornando-se transnacionais. Havia uma certa ambiguidade programática no discurso do Ianni: muita gente ouviu e pensou "globalização = capitalismo = ruim", mas lembro do Ianni dizendo que quando os feudos perderam importância (como hoje perdiam importância os Estados-Nação) também foi um choque terrível (como não acredito que o Ianni fosse a favor do feudalismo, creio que dizia que a globalização também abria possibilidades cosmopolitas interessantes).
Para quem estudava na UNICAMP na época, o interessante era ver o Ianni se divertindo enquanto jogava fora boa parte do prestígio que tinha junto à esquerda mais tradicional. Aproveitava para lançar o debate sobre globalização com força total na sociologia brasileira, no que era acompanhado pelo Renato Ortiz (que vinha de uma perspectiva completamente diferente).
Também era interessante comparar o desenvolvimento do Ianni com o do FHC: quando o Ianni ainda se prendia à discussão do imperialismo, o FHC saiu na frente na revisão que levaria à sua versão (existem várias) da teoria da dependência. Em 92 o Ianni tira a vantagem e recupera a dianteira reconhecendo a importância da globalização. Como se sabe, FHC descobriria a globalização com a crise do México.
No capítulo de hoje:
Mais ou menos em 1997, em uma conferência na UNICAMP sobre globalização, Ianni afirmava que a crise do Estado-Nação era pra valer: os novos problemas globais exigiam soluções globais, e as empresas capitalistas haviam conseguido escapar dos controles keynesianos tornando-se transnacionais. Havia uma certa ambiguidade programática no discurso do Ianni: muita gente ouviu e pensou "globalização = capitalismo = ruim", mas lembro do Ianni dizendo que quando os feudos perderam importância (como hoje perdiam importância os Estados-Nação) também foi um choque terrível (como não acredito que o Ianni fosse a favor do feudalismo, creio que dizia que a globalização também abria possibilidades cosmopolitas interessantes).
Para quem estudava na UNICAMP na época, o interessante era ver o Ianni se divertindo enquanto jogava fora boa parte do prestígio que tinha junto à esquerda mais tradicional. Aproveitava para lançar o debate sobre globalização com força total na sociologia brasileira, no que era acompanhado pelo Renato Ortiz (que vinha de uma perspectiva completamente diferente).
Também era interessante comparar o desenvolvimento do Ianni com o do FHC: quando o Ianni ainda se prendia à discussão do imperialismo, o FHC saiu na frente na revisão que levaria à sua versão (existem várias) da teoria da dependência. Em 92 o Ianni tira a vantagem e recupera a dianteira reconhecendo a importância da globalização. Como se sabe, FHC descobriria a globalização com a crise do México.
Monday, December 11, 2006
Festival Leonard Cohen
E, já que "Hallelujah" fez tanto sucesso (segurou a audiência em uma época em que eu não postei nada), teremos agora o festival Leonard Cohen, começando com " Dance me to the End of Love".
E, no final, a coisa é política
Resumindo o debate entre desenvolvimentistas e monetaristas esboçado abaixo: o governo precisa chegar a um acordo que lhe permita aprovar um monte de reformas liberaizonas em troca de uma redução pesada de juros. PMDB? PSDB? Alguém se oferece?
Crescimento pró-pobre
Do relatório do IPEA sobre desigualdade no Brasil entre 2001 e 2004:
"Uma queda dessa magnitude na concentração de renda tem, potencialmente, elevados impactos sobre a redução da pobreza e da extrema pobreza. Isso porque uma queda na desigualdade de renda só ocorre quando a renda média dos mais pobres cresce mais rapidamente que a renda média nacional. De fato, ao longo do período estudado, a renda média dos 10% mais pobres cresceu a uma taxa anual média de 7%, enquanto a renda média nacional declinou 1% ao ano (a.a). Tomando o período como um todo, o crescimento da renda média dos 20% mais pobres foi cerca de 20 pontos percentuais (p.p.) acima do observado entre os 20% mais ricos. Portanto, a percepção dos mais pobres no Brasil foi de estarem vivendo em um país com uma alta taxa de crescimento econômico, enquanto os 20% mais ricos tiveram a percepção de estarem vivendo em um país estagnado"
Aparentemente, these good times are over. Mas esperemos.
"Uma queda dessa magnitude na concentração de renda tem, potencialmente, elevados impactos sobre a redução da pobreza e da extrema pobreza. Isso porque uma queda na desigualdade de renda só ocorre quando a renda média dos mais pobres cresce mais rapidamente que a renda média nacional. De fato, ao longo do período estudado, a renda média dos 10% mais pobres cresceu a uma taxa anual média de 7%, enquanto a renda média nacional declinou 1% ao ano (a.a). Tomando o período como um todo, o crescimento da renda média dos 20% mais pobres foi cerca de 20 pontos percentuais (p.p.) acima do observado entre os 20% mais ricos. Portanto, a percepção dos mais pobres no Brasil foi de estarem vivendo em um país com uma alta taxa de crescimento econômico, enquanto os 20% mais ricos tiveram a percepção de estarem vivendo em um país estagnado"
Aparentemente, these good times are over. Mas esperemos.
Arrocho
Segundo um dos melhores informantes do blog sobre economia, vem arrocho aí de algum jeito. A escolha é entre:
1) O arrocho monetarista: reforma trabalhista e tributária diminuem custo de produção, corte de gastos público aumenta a proporção da poupança disponível para o setor privado, que cresce. Naturalmente, o corte de gastos públicos diminuem a grana disponível para gastos sociais, implicam em nova tunga na previdência, e nem me fale em aumentar salário mínimo. Até que uma hora qualquer o crescimento do setor privado faz aumentar a arrecadação e pode-se redistribuir grana de novo.
2) O arrocho desenvolvimentista: corta-se os juros rapidamente, o que diminui bastante o crescimento da dívida pública, pega-se a grana do superávit fiscal e investe-se em infra-estrutura. Porque é arrocho? Porque também não pode aumentar de jeito nenhum o salário mínimo (a reforma trabalhista também seria provável), e, como a inflação aumenta, o salário real cai. Até que o crescimento chega em um ponto em que a arrecadação, etc.
Que beleza.
1) O arrocho monetarista: reforma trabalhista e tributária diminuem custo de produção, corte de gastos público aumenta a proporção da poupança disponível para o setor privado, que cresce. Naturalmente, o corte de gastos públicos diminuem a grana disponível para gastos sociais, implicam em nova tunga na previdência, e nem me fale em aumentar salário mínimo. Até que uma hora qualquer o crescimento do setor privado faz aumentar a arrecadação e pode-se redistribuir grana de novo.
2) O arrocho desenvolvimentista: corta-se os juros rapidamente, o que diminui bastante o crescimento da dívida pública, pega-se a grana do superávit fiscal e investe-se em infra-estrutura. Porque é arrocho? Porque também não pode aumentar de jeito nenhum o salário mínimo (a reforma trabalhista também seria provável), e, como a inflação aumenta, o salário real cai. Até que o crescimento chega em um ponto em que a arrecadação, etc.
Que beleza.
Mais Governo Lula 2
Há um outro aspecto a ser considerado na formação do novo governo: ninguém sabe muito bem como caminhará o quadro internacional. Nos primeiros anos FHC, houve um grande progresso da globalização; no segundo mandato, e no governo Lula, embora o comércio internacional tenha crescido, as instituições que garantiriam a nova ordem global - ONU, FMI, OMC - caíram em descrédito.Naturalmente, o que a gente deve fazer em termos de desenvolvimento econômico depende (em parte) do que os outros fizerem, e isso ainda não está claro.
Sugestão - Idade da Aposentadoria
Sugestão do blog para o debate sobre a idade mínima da aposentadoria: que o limite seja proporcional aos vencimentos.
Pedir que o cara que ganha um salário mínimo trabalhe até os setenta é sacanagem, porque em várias regiões do Brasil a expectativa de vida é bem menor (como bem notou o Alckmin em entrevista durante a campanha). Agora, pode contar que todo mundo que tem expectativa de vida menor ganha mal pra cacete.
Por outro lado, não se pode admitir que um sujeito no serviço público se aposente com 45 anos para ser sustentado com a contribuição de favelado até morrer com 90. Não há absolutamente nada que impeça um cara de classe média em um emprego burocrático de continuar trabalhando até os setenta anos.
Assim, o blog sugere que, até uma certa faixa de renda, a idade para se aposentar permaneça igual; e que aumente a idade de aposentadoria a partir daí.
Pedir que o cara que ganha um salário mínimo trabalhe até os setenta é sacanagem, porque em várias regiões do Brasil a expectativa de vida é bem menor (como bem notou o Alckmin em entrevista durante a campanha). Agora, pode contar que todo mundo que tem expectativa de vida menor ganha mal pra cacete.
Por outro lado, não se pode admitir que um sujeito no serviço público se aposente com 45 anos para ser sustentado com a contribuição de favelado até morrer com 90. Não há absolutamente nada que impeça um cara de classe média em um emprego burocrático de continuar trabalhando até os setenta anos.
Assim, o blog sugere que, até uma certa faixa de renda, a idade para se aposentar permaneça igual; e que aumente a idade de aposentadoria a partir daí.
Governo Lula II
Ainda não dá para saber o que será o próximo governo, mas alguns sinais são perceptíveis. O plano original, suspeito, era uma agenda de reformas, em especial a trabalhista e a tributária. A isso se somaria a aprovação das PPPs e alguma coisa com a previdência.
Com o segundo turno, a candidatura teve que adotar perfil mais esquerdista, por um lado, e mais "desenvolvimentista" (o que, em algumas interpretações, quer dizer dar dinheiro para empresário e cobrar imposto inflacionário da população). Já se fala no BNDES emprestando grana barata em massa para as empresas brasileiras. Pode ser até bom, se for no modelo coreano: quem for eficiente no mercado internacional ganha empréstimo para crescer ainda mais. Mas corre o risco de ser o velho modelo latino-americano: quanto mais obsoleto e mais dinheiro der para a campanha, mais grana. Vamos ver.
Boa idéia do primeiro mandato que corre o risco de ser perdida: reforma sindical antes da trabalhista (se vai deixar tudo pra negociação, que acabem os sindicatos de fachada).
Com o segundo turno, a candidatura teve que adotar perfil mais esquerdista, por um lado, e mais "desenvolvimentista" (o que, em algumas interpretações, quer dizer dar dinheiro para empresário e cobrar imposto inflacionário da população). Já se fala no BNDES emprestando grana barata em massa para as empresas brasileiras. Pode ser até bom, se for no modelo coreano: quem for eficiente no mercado internacional ganha empréstimo para crescer ainda mais. Mas corre o risco de ser o velho modelo latino-americano: quanto mais obsoleto e mais dinheiro der para a campanha, mais grana. Vamos ver.
Boa idéia do primeiro mandato que corre o risco de ser perdida: reforma sindical antes da trabalhista (se vai deixar tudo pra negociação, que acabem os sindicatos de fachada).
É esse aí que é o homem (2) - Marcos Bernardi
E o grande desaparecido da sociologia brasileira, o imortal Marcos Bernardi, finalmente reapareceu! Quem quiser saber a opinião do homem sobre redes sociais, essas coisas, leia aqui. E aproveite para mandar um e-mail pedindo para ele publicar a tese sobre a Suécia. O blog recomenda vivamente.
PS: a foto é do Jimmy Hoffa, sindicalista mafioso americano famoso por ter desaparecido no auge da fama e nunca ter sido encontrado (tal como fez o grande Marcão).
É esse aí que é o homem (1) - DJ Paulão
DJ Paulão (Big Paul, the King of Rock'n'Roll, the Japa with a Black Soul) está de volta de sua turnê internacional (Barcelona, malandro, morra de inveja). A mix tape do DJ Paulão (downloadável no site dele) é a recomendação cultural eterna do blog.
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