Vocês devem ter visto na imprensa que um relatório da UNICEF deu aos EUA e ao Reino Unido a duvidosa honra de serem os piores países, entre os países ricos, para se ser criança. Não há dúvida de que o padrão de vida na social-democracia escandinava, em geral (não só para crianças), é melhor, e que de fato a situação da mulher (portanto, das mães) é muito boa nesses lugares: por exemplo, na Holanda as condições de trabalho em tempo parcial (ótimo para mães de crianças pequenas) são muito boas, comparativamente.
Agora, cuidado com essas informações sobre pobreza no primeiro mundo. Claro, há o problema da imigração ilegal, que faz com que uma parcela pequena, mas não desprezível, da população viva sem os direitos sociais garantidos aos cidadãos. Mas vejam só esses dados sobre os pobres nos EUA, tirados do blog da The Economist:
- 46% dos pobres nos EUA têm casa própria, e o tamanho médio da casa de um pobre americano é: três quartos, um banheiro e meio e garagem.
- 76% dos pobres têm ar-condicionado.
- Mais do que dois terços das casas pobres têm mais do que dois cômodos por pessoa.
- Quase três quartos dos pobres têm carro, e trinta por cento têm dois ou mais carros.
- 62% dos pobres têm TV a cabo.
Aviso aos navegantes: cuidado com médias quando se está falando de pobreza. Entre os pobres há os grotescamente pobres, que podem ser muitos ou poucos. Não é raro que a desigualdade de renda entre os pobres seja considerável. Mas, de qualquer maneira, é difícil pensar nesses "pobres" como membros da mesma categoria que os nossos pobres.
Há, entretanto, uma semelhança grande: quem está no fundo da hierarquia social provavelmente fornecerá mais recrutas para o crime, não só por pobreza, mas por necessidade de status ( = probabilidade de arrumar parceiros sexuais desejáveis), principalmente dos rapazes jovens.
Para o moleque de quinze anos, é muito melhor viver no Bronx (com todas as facilidades descritas aí em cima) do que em Adis Abeba. Mas o moleque mais pobre que todo mundo (no ambiente em que vive) vai sempre perder mulher pra todo mundo (idem), a menos que tenha algo especial: seja muito bonito, muito bom de cama, muito bom jogador de basquete, etc.; ou se for ganhar dinheiro no crime; ou se for muito inteligente, E a sociedade em questão oferecer um sistema educacional que o permita explorar esse potencial para subir na vida, bem como um coeficiente de Gini que torne a distância a ser percorrida menos desanimadora. Aí, sim, nesse quesito, os escandinavos disparam na frente de todo mundo.
Alguém poderia, naturalmente, sugerir que os adolescentes pobres do Bronx se conformassem com seu bem-estar material e esquecessem suas dificuldades de impressionar as meninas. A graça dessa proposta é que ela oficialmente tira do anarquismo o troféu de proposta política mais incompatível com a natureza humana de todos os tempos.
Tuesday, February 27, 2007
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