Filiados ao PT podem agora postar pequenos textos no site do partido sobre um dos três temas do congresso petista que se aproxima: "O Brasil que queremos", "O Socialismo Petista" e "PT: concepção e funcionamento". A iniciativa é boa, mas a utilização até agora é meio decepcionante.
No item "O socialismo petista", há três textos, que comentamos brevemente em seguida:
Valter Pomar: depois de uma introdução em que as grandes calamidades do século XX são listadas SEM QUE SE FALE DO STALINISMO E DO MAOÍSMO, Pomar afirma que, nos anos 80, o capitalismo consegue impor pesadas derrotas ao socialismo e ao desenvolvimentismo: nenhuma palavra sobre o fato de que ambos entraram em crise sozinho, e, aí sim, foram vencidos pelo neoliberalismo, que continuou de pé. Afirma-se que nos 25 anos seguintes o mundo teve "menos prosperidade", o que é falso (300 milhões de pessoas, a população do Mundo na Idade Média, saíram da pobreza durante os anos 90 na China). Visto que o capitalismo é injusto, devemos ser socialistas, MESMO SEM QUE SE DIGA NADA QUE INDIQUE REMOTAMENTE COMO SERIA O SOCIALISMO. A social-democracia é, então, criticada por não ter sido capaz de produzir o socialismo, o que, enfim, talvez, tenha sido porque os operários acharam a social-democracia melhor do que qualquer coisa chamada de socialismo oferecida como opção real, ou porque a social-democracia produziu as melhores condições de vida experimentadas pelos seres humanos em sua história.
Rodrigo de Sousa Soares e Rodrigo Freire de Carvalho e Silva: o melhor dos três textos, mas meio esquisito. Defende a revolução democrática, a inclusão social, a correção das desigualdades do mercado, rejeita a planificação, e conclui: "A construção do socialismo se dará através da luta permanente pela hegemonia, na sociedade, de valores democráticos, republicanos e solidários, expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Valores opostos ao individualismo e à competição liberal-capitalistas". Por que, exatamente, os valores individualistas estariam em contradição com a DUDH? A DUDH não seria justamente a formulação clássica dos valores burgueses? Ou só porque um negócio é bom não pode ser burguês? Dá a impressão de que os autores já romperam com o bolchevismo (palmas para eles) mas ainda não tiveram coragem de abraçar a social-democracia.
Afonso Magalhães: horroroso. Começa saudando Chávez e termina saudando "os sete primeiros anos da revolução russa". Diz claramente que "Não precisamos, nem temos o direito, de reinventar a roda! ". Ou seja, esqueçam os massacres da Ucrânia, esqueçam a grande fome de Mao (a maior do século, uma das maiores da história, 30 milhões de mortos), esqueçam a liberdade, a crítica, e escolham o timoneiro Magalhães como secretário-geral do Camboja.
Friday, February 16, 2007
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