O Tom Friedman, do NY Times, citado aí embaixo, escreve mesmo bem pra caramba. A coluna de hoje, intitulada "Somos todos Franceses Agora", faz a analogia entre o "Non" à Constituição Européia e a recusa do Congresso americano em ratificar o CAFTA, tratado de livre comércio com a América Central (além de jogar com o título do Le Monde, "Somos todos Americanos agora", de 12 de Setembro de 2001).
O texto sobre o "Non" do Garton Ash (onde o Friedman é citado aí embaixo) sugere que os chineses é que ganham com o fechamento do primeiro mundo à globalização. Vejam o comentário do Friedman sobre o CAFTA:
"O CAFTA é crítico para possibilitar às indústrias têxteis dos Estados Unidos e da América Central competir com a China. As formas americanas se especializam no trabalho mais sofisticado de fazer tinturas, desenhar modelos e fabricar tecidos, fazendas e fios especializados, e os países do CAFTA se especializam na tarefa trabalho-intensiva de costurar. Como os países do CAFTA são nossos vizinhos, os varejistas americanos podem responder rapidamente a mudanças de mercado, o que as fábricas na China não podem fazer tão facilmente. É por isso que, como explica o sub-secretário de Estado Robert Zoellick, uma camisa que diz "Made in Honduras" pode conter até 60 por cento de conteúdo americano, enquanto que uma camisa similar que diz "Made in China" provavelmente não tem nada."
E um trecho que eu gostei:
"Nos anos 80 estávamos preocupados que a América Central se tornasse comunista. E agora, vamos nos preocupar que ela se torne capitalista?"
Friday, June 24, 2005
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2 comments:
A única forma 100% eficaz de murchar esse apelo que o protecionismo burro tem ("burro" pelo menos para quem só perde com ele mas não percebe) é uma crise braba.
Cito um exemplo concreto. Pode não estar em evidência, mas existe uma crise econômica no Japão. Uma das consequências é que algumas empresas não estão mais conseguindo manter sua parte no acordo informal de fidelidade com seus operários/engenheiros/etc e a estabilidade no emprego em troca de dedicação total está em extinção. E, como no Brasil, um diploma já não garante mais emprego.
Comentando sobre essa crise, um dos empresários mais eminentes atualmente lá (esqueci o nome do mané) disse que, ao invés de lamentar, esse pode ser um momento de renovação muito bem vindo. Ao invés de culpar os dekassegui (trabalhadores não-japoneses) por "sangrar a economia" e adotar medidas que só iriam prejudicar o Japão a longo prazo, ele apontou que a solução virá justamente da massa de universitários desempregados.
Depois da Segunda Guerra foi uma massa semelhante que teve de "se virar" e sair do aperto com soluções criativas e idéias que fugiam dos interesse de curto prazo (porque não havia nenhum mesmo).
Grande Ed!
Muito interessante mesmo, vou ver se acho o depoimento desse empresário japones. Tomara que nao precise de crise, mas, enfim. Vao achar que eu voto no cara, e eu nao voto, mas vale aqui outra citação do Unger que eu gosto: "A imaginação antecipa o trabalho da crise".
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