Wednesday, June 29, 2005

A Praga dos Bolsonarinhos

Já escrevi vários posts sobre como é incrível que a direita brasileira seja tão poderosa socialmente e tão vagabundamente organizada politicamente. O caso do Bolsonaro mostra bem o quanto é difícil um liberal honesto no Brazil (e os há em grande quantidade) escolher um candidato para votar. Por que diabos alguém que apóie, por exemplo, o imposto único (velha causa liberal) precisa votar no partido do Bolsonaro?

Além do mais, já havia comentado que um dos mais fortes sinais de desorganização da direita brasileira é a sua incapacidade crônica de renovar suas lideranças sem apelar para a reprodução: as novas lideranças são sempre o filho do ACM, o filho do César Maia, a filha do Sarney. Não há uma estrutura partidária séria pela qual um jovem e idealista liberal (e os há em grande quantidade) possa ascender por sua capacidade política.

Aparentemente, até os Bolsonaros se reproduzem no cativeiro do legislativo. Sabe-se lá por que método. E, por favor, que só se saiba lá, por que aqui ninguém quer saber, não.

Como é que os partidos de direita podem ser incompetentes a ponto de, tendo nas mãos uma escola de economia de nível internacional como a FGV, por exemplo, não conseguir produzir um, unzinho, meio, um décimo de candidato bom, razoavelzinho, ou ao menos higiênico?

Só por muita miopia alguém pode achar que a situação atual pode interessar à esquerda democrática. Na primeira crise de um governo de esquerda, falta oposição consistente, sobra o Bolsonaro.

1 comment:

Anonymous said...

Acho que a direita é forte politicamente (vende mais) porque é forte economicamente (mais fresquinha) and the other way around. Mas achar por achar eu também acho que a Ana Paula Arósio é mais bonita do que a Maria Cândida Esquecionome, o que não importa pq as duas nunca vão me chamar de Baudelaire.

Logo, explicar-se-ia o fato da direita se repopular através dos filhos dos caciques antigos, pois são esses os detentores das concessões de tv, das construtoras que vencem licitações, etc.

Ou seja, a direita funciona como uma empresa privada: os donos (por exemplo os Sarney) não precisam manjar tudo, basta contratar um engenheiro (ou no caso do partido, um assessor/advogado/genro) pra resolver as "questões técnicas".

Por isso não há quase nenhum candidato liberal no qual valha a pena votar: todos os liberais não flatliners são subempregados e subutilizados (de uma forma ou outra) pelos donos das legendas de direita.