Estava lendo o Alchemies of the Mind, do Jon Elster, e achei um negócio interessante. Aparentemente, experimentos de psicologia sugerem que os pessimistas são mesmo mais capazes de analisar probabilidades objetivas. Suas opiniões sobre o mundo lá fora são, portanto, mais realistas, não apenas do que a dos otimistas (até aí, nenhuma surpresa), mas também se comparadas às das pessoas equilibradas.
Mas, então, por que os pessimistas não estão sempre certos? Por que essa capacidade é contrabalançada por uma grave incapacidade de avaliar corretamente suas próprias possibilidades.
Faz sentido, e explica por que os pessimistas, fora do laboratório, dão boas opiniões mas conduzem horrendamente mal suas vidas. Afinal, fora do laboratório, ao decidir sobre suas vidas, o cálculo de probabilidade envolve levar em conta suas próprias capacidades.
Qual dos erros é preferível? No dizer de um otimista contemporâneo, 'É melhor subestimar os obstáculos do que subestimar o Brasil'. Boa frase, mas não é sempre verdade, não. Por exemplo, é melhor não ir para uma guerra que poderíamos ganhar do que ir sem saber que só podemos perder. O ideal, obviamente, é tentar sempre que se pode conseguir, e só então. Mas ninguém precisa de psicólogo para dizer isso.
No pensamento político muita gente já tinha sugerido que o ideal seria o 'pessimismo na análise, otimismo na ação' (frase do Romain Rolland citada pelo Gramsci). Também é boa a seguinte reflexão do E.H. Carr:
'No campo da ação, o realismo tende a enfatizar o poder irresistíveldas forças existentes e o caráter inevitável das tendências existentes, e a insistir em que a mais alta sabedoria reside em aceitar essas forças e tendências, e adaptar-se a elas. (...) O pensamento imaturo é predominantemente utópico e busca um objetivo. O pensamento que rejeita o objetivo como um todo é o pensamento da velhice. O pensamento maduro combina objetivo com observação e análise.'
O trecho acima está no clássico 'Vinte Anos de Crise'.
Wednesday, June 08, 2005
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