Supondo que se queira fazer uma transição razoavelmente pacífica (isto é, por iniciativa dos próprios cubanos) em Cuba, eu sugiro o seguinte:
1- Que a transição seja rápida após a morte de Fidel. Em geral, quando os países socialistas ainda tinham líderes fortes, como Stalin ou Mao, a nomenklatura era fraca. Isso é bom para a transição, pois dificulta que a nomenklatura privatize para si mesma.
2- Que a nova liderança seja formada por dissidentes, mas que o PC continue existindo, e, a partir da segunda eleição, seja um partido de centro-esquerda forte, que impeça o desmonte das políticas sociais.
3- Fim da restrição à criação de novos negócios, inclusive com capital estrangeiro, uma vez que é sempre difícil recuperar as velhas estatais (esse foi o insight básico da China).
4- Pouca ou nenhuma restituição aos proprietários pré-comunistas, que não são mais os mais qualificados para gerir as empresas. Além disso, a restituição é uma confusão do caralho ("Meu pai era dono desse terreno, agora construíram uma fábrica em cima, eu quero ser dono de metade da fábrica").
5- Liberalização de preços rápida, privatização lenta. Note-se que o método de distribuição de vales de privatização para a população não é, como poderia parecer, um método rápido: a situação das empresas só muda mesmo quando algum agente privado consegue comprar uma grande quantidade de títulos de outras pessoas.
6- Seria besteira desperdiçar o capital acumulado na comunidade emigrada em Miami. Os chineses usaram extensivamente dinheiro da diáspora chinesa (que forma a elite econômica de países como as Filipinas ou a Indonésia). Mas o controle tem que estar com os nativos.
Cenário ideal é, naturalmente, sempre ideal. Sei lá o que vai dar pra fazer na prática.
Sunday, August 06, 2006
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