Sunday, August 06, 2006

Cuba na Carta Capital

A matéria mais positiva que se pode escrever, dentro dos limites da civilização (bom, mais ou menos), sobre Cuba, é a publicada na Carta Capital dessa semana, pelo Antonio Luiz M.C. Costa. O viés é claro: cita os números dos assassinados pelo regime mas enfatiza que a repressão diminuiu muito. Quem quiser saber sobre a repressão em Cuba que cheque as fontes oposicionistas (o que aliás, vale para qualquer regime). No final da reportagem, cita o caso dos médicos cubanos que atuam na AL curando catarata, sem mencionar que essa operação foi realizada em contrapartida ao óleo subsidiado de Chávez. Enfim.

Mas tem algumas histórias interessantes, e uma análise digna de nota, bem melhor do que a média do que se escreve sobre Cuba:

"O desmoronamento automático do regime após a morte de Fidel continua a ser uma aposta arriscada: se aos nacionalistas das repúblicas da Europa Oriental e da ex-URSS o socialismo representava a submissão ao imperialismo russo, aos patriotas de Cuba representa o desafio ao igualmente detestado imperialismo dos EUA. Além disso, ao contrário dos antigos integrantes da Nomenklatura soviética, os burocratas e gerentes cubanos não alimentam grandes esperanças de projetar-se como empresários e capitalistas de uma eventual Perestroika: esse papel estaria certamente reservado aos exilados de Miami, que continuam a se julgar no direito de retomar terras, propriedades e empresas perdidas"

Vamos ver.

2 comments:

Anonymous said...

Eu acho que uma das coisas mais positivas que o governo de Fidel Castro poderia fazer em seus derradeiros dias seria dar a posse da terra para todos os que efetivamente estão morando nelas ainda hoje, colocando como exigência a não venda pelos próximos 10 anos! Isso realmente faria com que os exilados de miami ficassem com uma dor de cabeça horrível para protestar e tentar reverter a situação. O fato é que tal ato representaria uma "abertura" democrática e tanto para o regime de Fidel, coisa que ninguém poderia contestar. Seria a coisa mais interessante, o famoso espinho atravessado na garganta, que não sai nem com miolo de pão, pois todos que receberem o título da terra poderão vendê-la depois como bem entenderem, é só o governo daí sobretaxar a venda em mais de 5000% de imposto para os estrangeiros. Cuba ficaria riquíssima da noite para o dia, e iria mandar todos os exilados de miami plantar batatas!

Na Prática said...

Nessa linha, uma idéia interessante (que tem seus problemas, mas é interessante), é o que se fez na antiga Tchecoslováquia: pegaram as empresas estatais e, em um dia, distribuíram títulos de privatização delas para todo mundo que pagasse uma merreca. Daí em diante vendeu o título quem quis.