Esse foi o manifesto contra a repressão em Cuba organizado pelo Ruy Fausto em 2003. Eu assinaria.
O manifesto dos intelectuais de esquerda
Os abaixo-assinados, homens e mulheres de esquerda, adversários da política do atual governo americano, vêm a publico protestar contra o processo movido pelo governo de Fidel Castro contra um grupo importante de dissidentes em Cuba.
Aproveitando a ‘‘distração’’ da opinião pública mundial, empenhada nas mobilizações contra a intervenção americana no Iraque, e valendo-se do depoimento de policiais infiltrados nas organizações de oposição, o governo cubano condenou 43 dos 78 dissidentes indiciados a penas de prisão que vão de 6 a 28 anos!
O ‘‘crime’’ que os dissidentes praticaram foi o de trabalhar em prol de uma transição pacífica e democrática em Cuba. Fazem parte do grupo, entre outros, a economista Marta Beatriz Roque, o poeta e jornalista Raul Rivero, o economista Oscar Espinosa Chepe, todos condenados a 20 anos de prisão, e um dos organizadores do projeto Varela, Hector Palacios, condenado a 25 anos. O projeto Varela, no quadro do qual foram colhidas, legalmente, onze mil assinaturas em prol de uma democratização pacífica, é particularmente visado pelo governo castrista.
Se o projeto se inscreve, e por boas razões, contra as manobras de auto-eternização do poder autocrático, seria bom lembrar que ele também contraria a política dos defensores do embargo e os planos nada pacíficos da imigração de extrema-direita. Apesar das aparências, denunciar a violência dos poderes despótico-burocráticos de direita ou de pseudo-esquerda não leva água para o moinho da política expansionista dos falcões de Washington. A erradicação das ditaduras de direita ou de pseudo-esquerda está longe de ser a verdadeira razão da política dos ultra, e, mais do que isso, a existência das ditaduras conforta essa política; tanto no plano ideológico, como no plano prático. Viu-se como é impossível organizar a resistência popular contra uma agressão externa (a fortiori, quando esta se faz em nome da ‘‘democracia’’) lá onde não existe um verdadeiro governo democrático. A condenação dos dissidentes cubanos é tão ilegítima quanto o tratamento que dá o governo americano aos seus prisioneiros em Guantanamo, tratamento contra o qual também protestamos.
Contra o expansionismo do império, contra os despotismos de toda sorte, seus opostos-complementares. Liberdade para os dissidentes cubanos. Por uma transição pacífica e democrática em Cuba.
Ruy Fausto, Leda Tenório da Motta, Marcio Suzuki, Newton Bignotto, Lucia Santaella, Olgária Matos, Gabriel Cohn, Marta Kawano, Marcio Seligman, Ricardo Goldenberg, Ricardo R. Terra, Ana Matilde Tenòrio da Motta, Luis Henrique Lopes dos Santos, Claudio Willer, Douglas Ferreira Barros, Catarina Koltai, Renato Janine Ribeiro, Elisabeth de Souza Lobo, Sylvia Caiubi, Amélia Cohn, Sedi Hirano, Celso Vieira de Souza, Andréa Gomes Fernandes, Luis Felipe Alencastro, Guilherme Simões Gomes Jr., Eduardo Kugelmas, Carlos Alberto Ribeiro de Moura, Gildo Marçal Brandão, Mario Miranda, Julio Plaza, Paulo A. da Silveira Filho, Heloisa Fernandes Silveira, Iraci del Nero da Costa, Scarlett Marton e outros.
PS dos três primeiros signatários — Esse abaixo-assinado já estava circulando, quando o governo de Cuba, após um julgamento sumário, executou três pessoas que haviam tentado se apossar de uma embarcação cubana.
Thursday, August 03, 2006
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1 comment:
O que dizer do governo de Fidel Castro, ame-o ou deixe-o?? Se pudessemos separa-lo em três épocas distintas ficaria mais fácil:
A primeira fase eu colocaria como sendo da Revolução Cubana até a crise dos mísseis, época maravilhosa, vista até com saudosismo por muitos de seus defensores.
Depois disso, e com a ajuda da URSS, Cuba passa por um período de quase trinta anos servindo como "o espinho" na garganta dos EUA, que por um tratado de não intervenção deixaram que Fidel fizesse mais ou menos o que queria na ilha, daí que o negócio ficou complicado por lá. Sem alternativas, e acreditando que a URSS fosse durar para sempre, Fidel se manteve firme nos seus ideais e em sua retórica, e praticamente fez com que Cuba ficasse parada no tempo durante 25 anos - "sufocando" toda e qualquer tentativa de mudança. Mesmo conseguindo altos índices de alfabetização e avanços consideráveis em saúde ficou com sua política e economia muito frágeis.
A terceira e desastrosa começa com a queda do muro de Berlim e o fim da URSS, daí pra frente Cuba foi pro brejo, infelizmente. Eu acho que os USA não invadiram Cuba ainda pelo que ela e Fidel representaram no passado para muitos - e isso podia dificultar as coisas - assim como uma forma de "punir" a todos exemplarmente por lá, dizendo meio que "viu no que deu acreditarem no barbudo".
Como são os últimos fatos os que determinam o foco para dizer algo sobre Fidel e Cuba, e por ser um observador externo e não alguém criado lá, foi um desastre total a idéia de Castro tentar se manter no poder perpetuamente, principalmente para o povo cubano. Poderiamos ter ficado com o Fidel dos primeiros 10 anos apenas...
É só...
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