As sociedades mdoernas se caracterizam pela convivência de um sistema de classes que perpetuam a desigualdade e de algumas poucas rotas de acesso meritocrático. A abolição da herança seria uma revolução [Unger está propondo abolir a herança? Se estiver, duas objeções: reduz a poupança dos pais drasticamente, enfraquece a família, que é socialmente desejável por outros motivos].
Unger vê na sociedade moderna quatro classes: a classe dos profissionais, administradores e rentistas que ganham mais e controlam mais os processos de trabalho em que estão incluídos [a service class do esquema do Goldthorpe, modelo standard da sociologia contemporânea], os pequeno-burgueses, os operários e a underclass [os excluídos, aos quais muitas vezes se somam os estigmas raciais ou de casta].
O sistema de classes não tem apenas como consequência a desigualdade econômica: também tranca as pessoas no lugar em que ocupam no sistema, reduzindo a possibilidade de auto-transformação e auto-definição de um self. Como diz Unger, as pessoas não querem apenas comprar o que vêem nos anúncios da TV, querem também encenar um romance pessoal como o que se vê nas novelas - a construção de um self lutando contra um contexto [suponho que veja aí um exemplo da concepção romântico-cristã da personalidade, descrita por ele em Passion].
Ao tentarem construir para si uma história como essa, as pessoas vivem uma nova cultura de auto-ajuda [self-help], estudando à noite, tentando abrir seus próprios negócios, etc. Abandonar esses trabalhadores que querem viver não apenas as realidades materiais, mas também os ideais existenciais do romance burguês, foi um erro da esquerda, cuja correção ela deve ter como prioritário.
[Suponho que nos próximos capítulos vamos saber mais sobre como essa nova aliança de classe pode ser feita]
Thursday, April 05, 2007
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