Esse capítulo é meio teórico, e provavelmente vai encher o saco de quem não tiver muita paciência pra essas coisas.
A idéia geral é que nos últimos anos se desenvolveram nas melhoreas escolas e nas empresas mais avançadas práticas de trabalho que garantem um bom grau de cooperação ao mesmo tempo em que favorecem a inovação: algumas características dessas práticas são o afrouxamento da fronteira entre concepção e execução, fluidez na definição das tarefas de implementação, o esforço de automatizar tarefas repetitivas e concentrar a atenção no que não pode ser automatizado, a combinação, nos mesmos âmbitos, de competição e cooperação, e a faculdade dos grupos redefinirem suas identidades e interesses durante o processo. O modelo lembra o das modernas firmas de tecnologia, e a proposta de Unger é que a base de uma proposta progressista está em abrir essas práticas para toda a sociedade, não apenas para um pequeno enclave dinâmico dentro dela.
Condições para essa difusão: evitar desigualdades muito extremas [suponho que porque a partir de certo ponto de desigualdade, a cooperação se torna impraticável], mas sem se preocupar demais com a desigualdade de situação: o mais importante é a difusão da possibilidade de recombinar as circunstâncias da vida livremente.
[questão crucial: devemos procurar a igualdade na distribuição dessa possibilidade de recombinar? Se sim, trata-se de uma proposta na linha do Amartya Sen, e a proposta tem minha simpatia. Se não, qual o limite da desigualdade aceitável?]
Outras condições: ênfase na educação [em uma coluna de jornal, Unger havia dito que era preciso definir a educação como prioridade sendo honesto, isto é, afirmando claramente que faríamos menos estradas, menos hospitais, etc. para investir mais em educação], mas uma educação voltada para a aquisição de flexibilidade mental e abilidade de recombinar esquemas, não a valorização do saber enciclopédico; que valorize o trabalho cooperativo, e que se baseie na discussão de diferentes teorias e métodos ao invés da imposição de doutrinas. Esse processo educacional deve estar aberto ao longo de toda a vida da pessoa, permitindo um auto-aperfeiçoamento constante.
Porque, afinal, ficar prestando atenção nessas coisas de cooperação? Uma das aplicações é uma questão interessante levantada pelo Unger: embora a gente fale muito da oposição entre economias de livre-mercado e dirigistas, alguns países se deram bem fazendo os dois, outros se deram mal com as duas coisas. O que faz com que alguns países sejam bons em organizar diferentes arranjos institucionais, enquanto outros são meio ruins? Uma dica seria a tal ênfase na "innovation-friendly cooperation", na qual os EUA, por exemplo (que foram extremamente dirigistas durante a segunda guerra) são bons. Essas formas de cooperação seriam um tipo intermediário de condição para o desenvolvimento, entre o curto prazo do cálculo macroeconômico e o longo prazo da inovação tecnológica.
[Quem tiver saco pode dar uma olhada na página do Unger e vai achar um projeto dele sobre isso com o Charles Sabel, aquele cara que estudou a tal da acumulação flexível]
Thursday, April 26, 2007
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