Algumas visões de Gordon Brown, novo primeiro-ministro da Grã-Bretanha.
A sempre excelente Prospect faz uma edição especial sobre Brown o Intelectual. Lendo os artigos tem-se a impressão de um cara inteligente e CDF, que já foi fã do Gramsci, e tem uma certa fama de estar à esquerda do Blair, como acredita esse cara da LSE entrevistado pela Carta Capital. Por outro lado, foi o chanceler do tesouro que deu autonomia ao banco central, e parece tender mais para o lado mainstream na gestão da economia (que aprendeu na marra, meio como o Palocci, mas onde tem fama de entendido). E, vejam que interessante, parece ser um cara muito preocupado com a moral, na tradição da esquerda religiosa (Brown é membro da Igreja da Escócia), nessa vertente da esquerda que se preocupa com a dissolução da comunidade pelo individualismo, essas coisas. A crer nos artigos da Prospect, admira alguns autores da direita americana que escreveram sobre o assunto.
E, para complicar mais o quadro, é um dos caras que falam mais sério a respeito de ajuda internacional para o desenvolvimento (me lembro quando se comprometeu a comprar grandes quantidades de vacina para a malária, se alguém a descobrisse; a malária talvez tenha sido a doença que mais matou gente até hoje, mas ninguém descobre a cura, entre outros motivos, porque os consumidores em potencial são duros).
Finalmente: é, como o Blair, uma tremenda raposa política. Foi esperto o suficiente para apoiar o Blair e só derrubá-lo dentro do Labour quando viu que ia ganhar.
Aparentemente, Brown até que se saiu bem em seu primeiro question time, momento semanal em que o primeiro-ministro vai até a câmara dos comuns e fica sendo detonado pelo líder da oposição, enquanto os parlamentares de cada lado gritam "iiiihhhh!!", "uuuhhhhh!!!!", "eu não deixava!", essas coisas de briga de recreio.
Wednesday, July 04, 2007
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2 comments:
Muito bom esse apanhado. Agora que os conservadores resolveram colocar um líder decente, o Gordon, também de alto gabarito, terá que se virar com destreza. As coisas pela Inglaterra, pelo menos na arena dos debates, estão bastante instigantes.
Pois é, RDC, a impressão que se tem é que o debate político internacional melhorou mesmo no último ano. Sarkozy vs. Segolene também foi muito melhor que as últimas eleições francesas, e nos EUA essas são as melhores prévias que eu já vi. Cá entre nós, nem no Brasil houve alguma eleição tão desanimadora quanto Bush vs. Kerry.
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