Reportagem interessante na Open Democracy sobre a Tatyana Zaslavskaya, socióloga russa que lançou o slogan "Perestroika" bem antes do Gorbachev. O legal da reportagem é dar uma idéia do que foi fazer sociologia na URSS (dêem uma olhada nos dois artigos citados no final do texto). A sociologia não era aceita na URSS porque, vocês já imaginam, a sociedade socialista não tinha os problemas - desigualdade, racismo, crime, etc. - que justificavam sua existência no ocidente. Certo, então beleza.
Aberturas para a sociologia só ocorreram timidamente durante o período Kruschev e nos países do chamado socialismo reformado, como a Hungria (onde, aliás, houve uma bela safra de economistas independentes, como o excelente Kornai), a Iugoslávia e a Polônia.
Mas, mesmo nesses casos, a abertura não foi lá essas coisas: o maior sociólogo do Leste Europeu foi o Iván Szélenyi, que nos anos 70 foi encarregado de estudar um projeto de habitação popular de sua Hungria natal. Deixaram o cara fazer a pesquisa, e quando ele foi apresentar os resultados, eis que ele descobriu que os caras do partido andavam abocanhando as melhores casas (que beleza). Censuraram. Szélenyi acabou se mandando para os EUA, onde se consagrou profissionalmente. Em 1993, coordenou, juntamente com o Donald Treiman, um grande projeto de pesquisa em seis países do Leste, cujos dados, para quem estiver interessado, estão disponíveis na Internet.
Pois bem: a crer na reportagem, a turma do Putin já começou a encher o saco dos sociólogos de novo.
Monday, July 23, 2007
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