Monday, April 23, 2007

Unger: nossa posição

Carta e Gaspari têm razão, e apontam para o fato de que, se é verdade que Unger tem algumas ótimas idéias, e é inegavelmente inteligente, o fato é que sua inserção na política brasileira até agora tem sido muito desastrada. Se seguir nessa linha, deve ser mandado embora o quanto antes. Mas:

Sejamos francos, não sobram idéias no debate brasileiro. Ninguém espera nada dos partidos brasileiros no que se refere à reflexão, mas mesmo na academia a situação é triste. Bem mais da metade do que se faz nas ciências sociais brasileiras são lixo. Os grandes nomes da sociologia brasileira, o Cohn, o Josué, a Élide, estudam teoria pura ou história do pensamento. Unger tem idéias políticas, e mais idéias do que todo mundo no congresso junto, algumas muito boas. Se ele injetar uma ou duas delas no governo, que corre um sério risco de ser bastante medíocre, será excelente.

Além do mais, nós aqui, que preferimos os livros do Unger à sua política partidária, já faz algum tempo dizemos que algumas de suas propostas - a desoneração da folha de pagamento, a capitalização da previdência, a adoção do VAT, o aumento da taxa de poupança - parecem boas, mas precisam urgentemente de apoio em estudos técnicos, feitos por economistas da pesada. Porra, agora o cara vai ter o IPEA nas mãos. Ou faz agora ou não faz mais.

2 comments:

Anonymous said...

da folha de ontem também:
" É interessante observar como essa identificação pode corromper a representação política. Se a grande maioria da população considera este governo ótimo ou bom, continua tendo consciência de que nem tudo vai tão bem quanto parece, que as perspectivas de novos empregos não são boas, que piorou o atendimento da rede de saúde pública e assim por diante.
Mas espera que o presidente Malasartes haverá de dar conta disso, com seu jeitinho, com sua capacidade de embrulhar os adversários, com a esperteza daquele que sabe se virar na vida, que se improvisa sem parar. " JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2204200711.htm

Anonymous said...

Ridícula a indicação do Mangabeira. Simplesmente ridícula. Motivos:

(i) O IPEA, através de seus estudos, já foca o longo prazo e propõe várias idéias, as quais só precisariam de um suporte político dos "donos do cofre" (leia-se, Ministério da Fazenda e do Planejamento). Como estes não estão a fim de encampar as idéias logo elas não vão pra frente e são natimortas.

(ii) Mais uma secretaria com status de ministério? Pô, primeiro usa o que já tem antes de montar nova estrutura, com mais funcionários, mais grana, etc... Existem coisas no governo que se sobrepõem de maneira absurda: é só analisar, por exemplo, as propostas existentes no Ministério das Cidades e no Ministério da Integração Nacional no que se refere à questão do saneamento básico.

(iii) O Mangabeira pode ser inteligente e tudo, mas é descontrolado, muda de opinião mais rápido do que o "Flash" e, no meu entender, tá tentando "aparecer" e, nos últimos 7 anos, ocupar um cargo de alguma importância no governo. Ou seja, tá querendo tirar uma lasquinha.

Vejam que, dos três motivos citados, dois são estritamente contra a criação do Ministério (ou secretaria, seja lá o que for) e, portanto, eu estaria contra fosse o Mangabeira ou qualquer outro o indicado. Mas, dado que a secretaria foi criada, discordo absurdamente da indicação do Mangabeira e o motivo (iii) é forte bastante para isso.

Por que não indicar o Giambagi para tal secretaria então? O cara entende do que fala, tem proposto soluções de economista da pesada e pensa muito o futuro (é só analisar sua lista de livros publicados nos últimos três anos). Fora isso, o sotaque portenho dele soa bem melhor que o sotaque "ianque de merda" do Mangabeira (hehehe).