Wednesday, July 25, 2007

Efraim Filho

Vocês já devem ter visto a história do deputado Efraim Filho (DEM-PB), que, baseado em sua interpretação pessoal da caixa preta da TAM, afirmou que o piloto do avião não tentou arremeter. Acabou que era só a opinião dele, não o fruto de qualquer investigação técnica. Enfim, mais um caso de deputado brasileiro falando besteira, nem dá mais manchete.

Mas o que me chamou a atenção foi o PFL ter mandado um moleque desses para uma missão importante como acompanhar a abertuda da caixa preta nos EUA. É, sem dúvida, mais um esforço do partido para promover novos quadros à linha de frente do partido, afastando dos holofotes os nomes ligados ao regime militar (que, não tenho dúvida, continuam mandando). Daí Rodrigo Maia, ACM Neto, e Efraim Filho, que é, bem, filho, enfim, do Efraim, o Morais, ex-deputado. Lembremos, foi o caso do Collor.

O que é notável nisso aí é que toda essa turma é filho ou neto de figurões do partido. Não houve a mais pálida tentativa de recrutar jovens políticos talentosos da base. A molecada caiu de para-quedas em postos de direção sem nunca ter ralado em trabalho de base. Agora me digam, com essa formação política - política é um bico que papai me arrumou - o que se pode esperar dessa garotada em termos de renovação da cultura política brasileira?

A idéia de "Novos Nomes" perde um pouco a graça quando consiste apenas no acréscimo de "Jr." aos nomes velhos.

9 comments:

Anonymous said...

"me chamou a atenção foi o PFL ter mandado um moleque desses para uma missão importante como acompanhar a abertuda da caixa preta nos EUA."

Indeed. O post todo, indeed.

Mas só para balancear...

Não é muito diferente dos amiguinhos da Dilma estarem no comando da Anac. A Era Lula conseguiu a proeza de comprometer várias chefias técnicas competentes, empossadas ainda no governo FHC, das agências reguladoras. No lugar, colocaram camaradas tecnicamente mediocres ou sem know-how algum, como o caso dos amigos da Dilma. Engraçado que ela tem fama de competente, não sei de onde, mesmo não tendo trazido invenstimento para o setor energético quando estava nas MInas e Energia. Deve ser a carranca. Tem uns bundões no PT que fazem pose, conseguem prestígio (como aquela história ridícula que o Mercadante entende muito de Economia). E o único grande quadro tecnicamente preparado, o Suplicy, é um porra-doida.

E, sim, o PFL é patético, mas isso não me dá a menor vontade de dar colher de chá para os novos deuses do governo.

Anonymous said...

Bem, não sei informar em números RDC, mas acho que os leilões de energia que ela realizou ou deixou encaminhado o processo ainda no primeiro mandato do governo mostram o quanto ela conseguiu trazer de investimento para o setor energético, antes de assumir a Casa Civil... A fama de competente veio do Rio Grande do Sul, na época do "apagão" elétrico no Brasil inteiro, menos lá, aonde depois de muito trabalho ela conseguiu superar a crise do Estado. Ela foi a secretária de Energia, Minas e Comunicações do Estado do Rio Grande do Sul.

Anonymous said...

http://www.youtube.com/watch?v=6zGC344Jzms

Anonymous said...

Você não sabe os números, mas o risco de apagão nunca cessou, o modelo de setor elétrico que ela(ou seus aspones-especialistas, como o cara da Anac) bolou não teve efeito que mereça relevância.

E eu achava que a fama de competente, que ela tem basicamente entre a turminha do tapinha nas costas e os petistas, tivesse finalmente ruído depois que Lula a nomeou para o infame “gabinete de crise” do caos aéreo. Amigo, é só fiasco.

Anonymous said...

Eu acho que o ponto aqui é que não existe uma verdadeira renovação política no Brasil. Quem são os políticos jovens, isto é, pós-ditadura, que podem ser considerados lideranças promissoras? Existem muito poucos, e eu só estou dizendo isso porque, apesar de não conseguir pensar em nenhum, tenho conscieência de que não sou bem informado sobre o que acontece por aí. É claro que no caso das figuras citadas pelo Naprática isso é mais escandaloso, são todos filhos ou netos. O único que eu achava ter um status diferente do pai, apesar de ser membro da mesma corja, era o Luís Eduardo Magalhães.

Na Prática said...

Pô, está animado este boteco hoje.

RDC, concordo que o a Dilma não resolveu a crise aérea, mas, se bem me lembro, muita gente - não só do PT, mas empresários, a mídia não-petista, etc. - falou bom da gestão dela nas Minas e Energia, principalmente por causa dos tais leilões. Não sei se tinham razão, não entendo disso, mas o que me lembro é que havia bastante gente não-petista elogiando (aliás, lembro até do Roberto Jefferson elogiando).

Concordo que essa história do Mercadante entender muito de economia é besteira. Comparado aos outros deputados, deve entender mais (aaahhh bom!), mas para ministro da fazenda, por exemplo, entende de menos. Dá a impressão de que faz muito, muito tempo, deixou de ser economista,não se atualiza, etc.

Mas o ponto do post é mais ou menos isso que o Amiano falou (aliás, chequem o post dele sobre isso lá no blog dele): o fato de que o principal método de troca de guarda nos partidos de direita é a sucessão dinástica. Isso é ruim por dois motivos: 1) coloca em altos postos uns moleques que não lascaram a mão na enxada do trabalho de base, e 2) fecha a porta para quadros competentes sem parentesco com os caciques atuais. Por exemplo, não é possível que um partido de direita não consiga recrutar uma turma da FGV, levar pra discutir na sua base e eleger o cara deputado. Se não consegue é porque não tem trabalho de base.

Nesse ponto, e, veja bem, estou me limitando a esse ponto, o PT e os partidos de esquerda tendem a ser mais organizados, mesmo: há vários caminhos para crescer dentro da máquina: vários movimentos sociais, academia, mídia, etc. O Lulinha pode ter ganho um canal de TV, mas pelo menos, graças a Deus, ninguém deu a Previdência pra ele cuidar.

E, finalmente: de fato, o Luís Eduardo era outro material (não que fosse um santo, mas era diferente). Se alguém duvida do papel do acaso na política, é só pensar no que foi sua morte para a estratégia política da direita brasileira.

Anonymous said...

É verdade, se for para falar da formação dos quadros, a esquerda dá de 10 na estrutura. De 1000. A direita brasileira é medíocre nesse ponto. Agora, sobre o lulinha, eu já discordo. Discordo porque ele é um caso, não isolado, mas outro. Representa apenas uma das formas de corrupção da vida política. Tenho para mim que, em política brasileira de grande porte, a tendência tanto esquerdista quanto direitista é contratar gente forte do partido e seus amigos. Mesmo que sejam administrativamente uns bostas. Vivemos, oras, num regime semiparlamentarista, semifederalista, semi-unânime, de presidencialismo de coalizão. Um por quase todos, e quase todos por um.

OK, há os casos de quando os caras chamam gente de longe, como um Armínio Fraga, um Gustavo Franco, inclusive o Meirelles. Se não fosse ao menos isso, o país se ferrava de vez. Imagina botar o Sayad no BC hoje em dia. Bem, talvez a Marta realizasse essa façanha, mas como nunca será presidenta (espero!)...

Anonymous said...

Corrigindo o último parágrafo, pois está ilegível

OK, há os casos de quando os caras chamam gente de longe, como um Armínio Fraga, um Gustavo Franco, inclusive o Meirelles. Se não fosse isso, o país se ferrava de vez. Imagina botar o Sayad no BC hoje em dia. Bem, talvez a Marta realize essa façanha um dia, mas como nunca será presidenta (espero!), posso ficar calmo ...

Na Prática said...

RDC, não tenha dúvida, a tendência é essa mesmo.