E olha só quem acha que não faz mais sentido a boa e velha reforma agrária:
"Para Stédile, a expansão do agronegócio de ampla base tecnológica tornou obsoleto "o modelo das reformas agrárias clássicas" (Estadão de hoje)
E o Estado resume bem o programa dos caras:
"O comunismo, dizia Lênin, são os sovietes mais a eletricidade. No caso do MST e congêneres do exterior com os quais está aliado, como a Via Campesina e ONGs companheiras de viagem, a violência serve ao retrocesso - a desmodernização da economia rural e a virtual abolição do comércio internacional de produtos agrícolas. Em vez disso, o Éden da agricultura familiar, quando não o comunismo primitivo, que de há muito as populações indígenas que o praticavam já descartaram.
Essencialmente, como diria Stédile, não há diferença entre esse delírio e aqueles que conduziram aos inomináveis massacres da Revolução Cultural na China e do Khmer Vermelho no Camboja, décadas atrás. Nos dois casos, o inimigo era o conhecimento, a tecnologia, o progresso e o conforto material. Pol Pot, do Khmer, um revolucionário que estudou em Paris, queria simplesmente erradicar as cidades. Na China e no Camboja de então, uma Embrapa - matriz da moderna agricultura brasileira - teria o mesmo destino do centro gaúcho de pesquisas vandalizado pela descerebrada massa de manobra do MST."
Mas o triste é que o MST não é só massa de manobra. O que aconteceu é que o tempo que levou para organizá-los foi longo demais, e a janela de oportunidade da reforma agrária clássica fechou. Agora o MST é um enorme movimento sem bandeira.
O fato de que a liderança do MST é mezzo-maoísta não seria, normalmente, de maior importância. O normal seria essas lideranças começarem a perder espaço à medida em que as demandas começassem a ser atendidas pacificamente. Mas agora a demanda perdeu urgência (não acho que desapareceu completamente, não) e o movimento está aí, pronto para a ação, sem programa.
Uma das tarefas mais urgentes para a esquerda é encontrar uma solução para este problema.
Tuesday, March 14, 2006
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