E, enquanto tudo vai para o caralho, estou lendo, devagarzinho, "Making Sense of Suicidal Missions", org. Diego Gambetta. Parece legal.
É uma série de artigos sobre missões em que a morte do executante é fundamental para o sucesso da missão. Ou seja, uma missão muito perigosa, mas que funciona se o cara conseguir escapar, não conta.
O primeiro capítulo, sobre os Kamikaze, é um resumão da bibliografia sobre o tema, mas eu gostei. O mais interessante é ver que os caras não eram, de jeito nenhum, uns malucos fanáticos pelo Imperador; a maioria disse que ia se matar pelas famílias (que, temiam que fossem estuprada pelos americanos), e pelos seus companheiros mais próximos, sua unidade, seu superior imediato. É uma lealdade incrível, mas não é lealdade ideológica. Entre os kamikazes havia marxistas, cristãos, liberais, garotos que estudaram no ocidente, e uma porrada de gente que estava pouco se lixando pra essas coisas.
Havia também a seguinte percepção: a perspectiva de sobrevivência de um piloto de caça era mesmo muito pequena. E até o dia em que o cara ia lá se explodir ele era tratado como um Deus, o que, aliás, era ruim para a disciplina. Que oficial vai ter autoridade contra o cara que é Deus?
Quando pediram voluntários, deram um papelzinho com "sim" e "não", o moleque fazia um círculo se não estivesse muito afim, mas aceitasse, se necessário; e dois círculos se estivesse amarradão pra ir. Teve moleque que fez os dois círculos com sangue, para garantir que iam entender que ele estava afim, mesmo.
Mas, por outro lado, entre os moleques da academia militar de elite, ninguém se ofereceu. Que beleza.
Sunday, March 26, 2006
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2 comments:
O autor faz um paralelo com o apoio que as organizações terroristas contempórânes oferecem às famílias dos homens-bomba?
Grande Ed!
Não, mas talvez na conclusão o organizador compare. É um aspecto interessante, mesmo.
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