Provando que o mundo está uma merda mesmo, o No Mínimo Acabou. Não tem nem o que dizer. Que merda. A Hora do Povo, por sua vez, continua firme e forte, gaças ao troco que recebia do Saddam. É foda.
Leiam tudo no site hoje, os obituários estão emocionantes.
Friday, June 29, 2007
Thursday, June 28, 2007
Mahmoud Darwish
Para quem leu a reportagem da The Economist e ficou impressionado com o poema que dá o eixo do artigo, de autoria do poeta palestino Mahmoud Darwish, segue uma tradução, feita a partir do inglês; como é óbvio, o tema é a guerra civil entre Hamas e Fatah.
Tínhamos que cair de tal altura tremenda para ver o sangue em nossas mãos
para compreender que não somos anjos
como pensávamos?
Tínhamos também que expor nossas falhas ao mundo para que nossa verdade não permanecesse virgem?
Como mentimos quando dissemos: somos a exceção!
Pior do que mentir para o outro é acreditar ao fazê-lo.
Ser amigável com quem nos odeia e duro com quem nos ama – essa é a baixeza do arrogante e a arrogância dos baixos!
Ó passado: não nos mude quando nos afastarmos de você!
Ó futuro: não nos pergunte “quem é você?”, “e o que quer de mim?”, Porque nós tampouco sabemos.
Ó presente! Nos tolere brevemente, pois não somos nada além de passantes insuportáveis.
A identidade é: o que legamos e não o que herdamos. Somos o que inventamos e não o que lembramos. A identidade é a corrupção do espelho que devemos quebrar, sempre que gostemos da imagem.
Ele se mascarou, tomou de sua coragem e matou sua mãe
porque ela era a presa mais fácil
e porque uma soldado feminina o parou, e expôs seus seios para ele dizendo:
sua mãe tem como esses?
Não fosse pela vergonha e pela escuridão, eu teria visitado Gaza sem saber o caminho para a casa do novo Abu Sufian ou o nome do novo profeta!
Se Maomé não tivesse sido o último dos profetas, toda gangue teria um profeta e todo apóstolo uma milícia!
Junho nos estarreceu em seu quadragésimo aniversário: se não acharmos alguém para nos derrotar de novo, nos derrotaremos com nossas próprias mãos, para não esquecer!
Não importa o quanto olhes dentro de meus olhos, não acharás meu olhar lá. Ele foi seqüestrado por um escândalo!
Meu coração não é meu e não é para ninguém. Se tornou independente de mim sem virar pedra.
Será que aquele que canta, sobre o corpo de sua vítima-irmão: “Allahu Akbar” sabe que é um infiel, uma vez que vê Deus à sua imagem: menor que qualquer ser humano criado perfeito.
O prisioneiro que procura herdar a prisão escondeu o sorriso da câmera, mas não conseguiu ocultar a felicidade que cascateava de seus olhos.
Talvez porque o roteiro em ritmo alucinado fosse mais forte que o ator.
Para que precisamos de Narciso, enquanto formos Palestinos?
Enquanto não soubermos a diferença entre a mesquita e a universidade porque são derivados da mesma raiz lingüística, que necessidade temos de um Estado, que já encara o mesmo destino do dia?
Uma grande placa na porta da boate: boas vindas aos palestinos voltando da batalha. A entrada é grátis! E nosso vinho não intoxica!
Não posso defender meu direito ao trabalho: um engraxate na calçada. Porque meus fregueses têm o direito de me considerar um ladrão de sapatos – me disse um professor universitário!
“O estranho e eu estamos contra meu primo. Meu primo e eu contra meu irmão...e meu sheik e eu contra mim mesmo”. Essa é a primeira lição na nova educação nacional dos calabouços da escuridão.
Quem entrará no paraíso primeiro? O que morreu pelas balas do inimigo ou o que morreu pelas balas do irmão?
Alguns teólogos dizem: a quantos de seus inimigos sua mãe deu a luz!
Os fundamentalistas não me exasperam porque são crentes de seu jeito especial. Mas seus apoiadores seculares me exasperam, e seus apoiadores ateus, também, os que apenas acreditam em uma religião: suas imagens na TV!
Ele me perguntou: um guarda faminto defenderá uma casa cujo dono viajou para a Riviera Francesa ou Italiana para o verão...não há diferença?
Eu digo: não defenderá!
Ele me perguntou: 1+1=2 ?
Eu disse: eu e você somos menos que um!
Não estou envergonhado de minha identidade porque ela ainda está no processo de ser escrita. Mas estou envergonhado de partes do prolegômeno de Ibn Khaldoun.
Você, de agora em diante, não é você mesmo!
Tínhamos que cair de tal altura tremenda para ver o sangue em nossas mãos
para compreender que não somos anjos
como pensávamos?
Tínhamos também que expor nossas falhas ao mundo para que nossa verdade não permanecesse virgem?
Como mentimos quando dissemos: somos a exceção!
Pior do que mentir para o outro é acreditar ao fazê-lo.
Ser amigável com quem nos odeia e duro com quem nos ama – essa é a baixeza do arrogante e a arrogância dos baixos!
Ó passado: não nos mude quando nos afastarmos de você!
Ó futuro: não nos pergunte “quem é você?”, “e o que quer de mim?”, Porque nós tampouco sabemos.
Ó presente! Nos tolere brevemente, pois não somos nada além de passantes insuportáveis.
A identidade é: o que legamos e não o que herdamos. Somos o que inventamos e não o que lembramos. A identidade é a corrupção do espelho que devemos quebrar, sempre que gostemos da imagem.
Ele se mascarou, tomou de sua coragem e matou sua mãe
porque ela era a presa mais fácil
e porque uma soldado feminina o parou, e expôs seus seios para ele dizendo:
sua mãe tem como esses?
Não fosse pela vergonha e pela escuridão, eu teria visitado Gaza sem saber o caminho para a casa do novo Abu Sufian ou o nome do novo profeta!
Se Maomé não tivesse sido o último dos profetas, toda gangue teria um profeta e todo apóstolo uma milícia!
Junho nos estarreceu em seu quadragésimo aniversário: se não acharmos alguém para nos derrotar de novo, nos derrotaremos com nossas próprias mãos, para não esquecer!
Não importa o quanto olhes dentro de meus olhos, não acharás meu olhar lá. Ele foi seqüestrado por um escândalo!
Meu coração não é meu e não é para ninguém. Se tornou independente de mim sem virar pedra.
Será que aquele que canta, sobre o corpo de sua vítima-irmão: “Allahu Akbar” sabe que é um infiel, uma vez que vê Deus à sua imagem: menor que qualquer ser humano criado perfeito.
O prisioneiro que procura herdar a prisão escondeu o sorriso da câmera, mas não conseguiu ocultar a felicidade que cascateava de seus olhos.
Talvez porque o roteiro em ritmo alucinado fosse mais forte que o ator.
Para que precisamos de Narciso, enquanto formos Palestinos?
Enquanto não soubermos a diferença entre a mesquita e a universidade porque são derivados da mesma raiz lingüística, que necessidade temos de um Estado, que já encara o mesmo destino do dia?
Uma grande placa na porta da boate: boas vindas aos palestinos voltando da batalha. A entrada é grátis! E nosso vinho não intoxica!
Não posso defender meu direito ao trabalho: um engraxate na calçada. Porque meus fregueses têm o direito de me considerar um ladrão de sapatos – me disse um professor universitário!
“O estranho e eu estamos contra meu primo. Meu primo e eu contra meu irmão...e meu sheik e eu contra mim mesmo”. Essa é a primeira lição na nova educação nacional dos calabouços da escuridão.
Quem entrará no paraíso primeiro? O que morreu pelas balas do inimigo ou o que morreu pelas balas do irmão?
Alguns teólogos dizem: a quantos de seus inimigos sua mãe deu a luz!
Os fundamentalistas não me exasperam porque são crentes de seu jeito especial. Mas seus apoiadores seculares me exasperam, e seus apoiadores ateus, também, os que apenas acreditam em uma religião: suas imagens na TV!
Ele me perguntou: um guarda faminto defenderá uma casa cujo dono viajou para a Riviera Francesa ou Italiana para o verão...não há diferença?
Eu digo: não defenderá!
Ele me perguntou: 1+1=2 ?
Eu disse: eu e você somos menos que um!
Não estou envergonhado de minha identidade porque ela ainda está no processo de ser escrita. Mas estou envergonhado de partes do prolegômeno de Ibn Khaldoun.
Você, de agora em diante, não é você mesmo!
Gabinete Brown
Gordon Brown é o novo Primeiro-Ministro Britânico. Brown foi um ótimo chanceler do tesouro (uma espécie de ministro da economia), e é algo enigmático: tem fama de ser mais à esquerda que Blair, mas foi o homem que deu autonomia ao banco central da Inglaterra.
Alguns dos nomes de seu gabinete são interessantes:
David Milliband é o filho do Ralph, famoso intelectual marxista que teve um célebre debate com o Poulantzas sobre o Estado Capitalista. É o novo ministro de relações exteriores, o que prova que o Labour realmente aposta nele para o futuro.
Alistair Darling ficou famoso por dar um jeito na política de transportes, que desesperava o Blair como uma fonte inesgotável de problemas. É o novo chanceler do tesouro, que vai ter que dar conta do recado em um momento em que a economia não vai exatamente mal, mas menos bem do que ia no começo do milênio.
Os perfis de todos os membros do gabinete podem ser encontrados no The Guardian.
Alguns dos nomes de seu gabinete são interessantes:
David Milliband é o filho do Ralph, famoso intelectual marxista que teve um célebre debate com o Poulantzas sobre o Estado Capitalista. É o novo ministro de relações exteriores, o que prova que o Labour realmente aposta nele para o futuro.
Alistair Darling ficou famoso por dar um jeito na política de transportes, que desesperava o Blair como uma fonte inesgotável de problemas. É o novo chanceler do tesouro, que vai ter que dar conta do recado em um momento em que a economia não vai exatamente mal, mas menos bem do que ia no começo do milênio.
Os perfis de todos os membros do gabinete podem ser encontrados no The Guardian.
Blogs Lusitanos
Recomendado por um colega, resolvi fazer algo que já devia ter feito há muito tempo, e fui dar uma olhada na blogosfera de Portugal. Achei uns blogs de centro-esquerda bem bacanas. Baseado na visita rápida, recomendo: o Boina Frigia , o Esquerda Republicana , e o Kontratempos , os três bem legais.
Vou continuar procurando e conto quando achar algo legal. Também estou vendo se descubro outros blogs da lusofonia social-democrata ou coisa-que-o-valha, em Cabo Verde, Moçambique, Angola, etc.
A propósito, comecei procurando os social-democratas, mas se alguém souber de outro que seja bom mas tenha outra posição política, por favor, diga aí pra gente.
Vou continuar procurando e conto quando achar algo legal. Também estou vendo se descubro outros blogs da lusofonia social-democrata ou coisa-que-o-valha, em Cabo Verde, Moçambique, Angola, etc.
A propósito, comecei procurando os social-democratas, mas se alguém souber de outro que seja bom mas tenha outra posição política, por favor, diga aí pra gente.
Livraço: "O Vulto das Torres", de Lawrence Wright
Esse é bom mesmo. Se você for ler, talvez seja melhor não ler isso aqui, vou contar bastante coisa.
O livro conta a história da Al Qaeda até o 11 de Setembro, e tem material inacreditável, incluindo até a reação do Osama enquanto as torres caíam (a cada uma que caía a turma da Al Qaeda celebrava e ele dizia, "espera", e levantava um dedo; a idéia era contar até cinco, mas o avião do capitólio não caiu). Mas a grande sacada do cara foi contar a história através dos personagens. Os principais são:
Sayd Qutb, o intelectual egípcio que deu a linha do moderno fundamentalismo islâmico, inspirando a Irmandade Muçulmana Egípcia. O livro começa com a narrativa da estadia de Qutb nos EUA, onde ele ficou chocado com, enfim, tudo aquilo que eu e você provavelmente achamos melhor na civilização ocidental (mas, também, com o racismo). Qutb parece ter sido um cara inteligente, mas fixado na idéia de restauração do reino da Sharia, a lei islâmica. A única liberdade legítima é a Sharia, que não é governo dos homens, mas de Deus. Qutb se interessou pela idéia leninista de vanguarda política, embora, como vocês podem imaginar, fosse anti-socialista (pelos motivos errados).
Al-Zawahiri, o número 2 da Al Qaeda, organizador de uma facção da Irmandade Islâmica egípcia, a Al-Jihad, que, depois de participar do assassinato de Sadat, é destroçada pelo governo egípcio e acaba se fundindo à Al Qaeda por falta de recursos. No meio do caminho se aproxima da doutrina dos takfiri (os caras que gostavam de declarar takfir), que contornavam um velho obstáculo ao terrorismo islâmico - a proibição corânica de matar muçulmanos - dizendo que, adivinhem, quem não era 100% seguidor do negócio deles lá não era muçulmano de verdade [Comentário meu: se vocês pensarem bem, isso revoga a Sharia, pois todos os crimes podem ter punição de morte]. Zawahiri comete as maiores barbaridades do livro. Tem-se a impressão, por vezes, de que, a partir de um certo ponto, Zawahiri sequestra a Al Qaeda, e passa a controlar Bin Laden. Especialmente emocionante é que é possível que, antes da aliança final entre os dois, um agente de Zawahiri no exército americano contou aos EUA tudo sobre os campos de treinamento no Afeganistão, talvez tentando vender Bin Laden para conseguir se infiltrar na CIA.
John O'Neil, funcionário do FBI que foi um dos primeiros a levar a sério Bin Laden e a Al Qaeda, e que chegou perto de sacar o que ia acontecer no 11 de Setembro. Não fechou o quebra-cabeça - e isso é o ponto mais polêmico do livro - porque a CIA não compartilhou com sua equipe informações cruciais a respeito da reunião em que o 11 de Setembro foi planejada, nem avisou o FBI de que os terroristas já estavam nos EUA (talvez por planejar recrutá-los como agentes duplos, talvez por intermédio do serviço secreto saudita). O'Neil era um cara meio bagunceiro, mulherengo, e que perdeu uma pasta do FBI numa palestra, o que comprometeu sua carreira, e o fez deixar o FBI para ser, acreditem se quiser, chefe da segurança do World Trade Center. Após sua saída sua investigação descarrilhou. Mas o mais deprimente é que, pouco antes do 11 de Setembro, as informações começaram a fluir entre CIA e FBI, e, poucos dias antes, o quadro estava bem mais claro, inclusive com advertências dos sauditas e do um ministro do Talibã de que Osama ia atacar dentro dos EUA em breve. Por isso é que logo depois do atentado já se sabia que era coisa do Osama.
Osama Bin Laden, que aparece como um cara obcecado por ganhar prestígio entre os sauditas, e tenta fazê-lo através da jihad. Só muito depois da guerra contra os russos, onde teve participação absolutamente marginal, se torna crítico dos governos árabes da região, talvez por influência de Zawahiri. Radicaliza progressivamente, principalmente depois que o governo do Egito, que queria a cabeça de Zawahiri, força os sauditas a cortarem sua grana. É meio otário, investe em negócios que não dão em nada, é traído com certa frequência - inclusive pelo governo do Sudão, que rouba quase tudo que ele tem antes de expulsá-lo para o Afeganistão. É, entretanto, um sujeito carismático, com complexo messiânico, que garante que Zawahiri continue a precisar dele. Esperava atrair os EUA para o Afeganistão e derrotá-los como achava que derrotou os Russos (na verdade, foram os próprios afegãos que derrotaram). Atraiu, mas não recebeu o maciço apoio árabe que esperava, e parece ter ficado meio puto com isso. Criou uma fantasia para sua vida, e cada fracasso tornava mais difícil admitir a realidade. No final, é difícil saber em que acreditava.
Vale a pena seguir esses caras pelo livro: a dinâmica de progressiva radicalização dos fundamentalistas, a perda progressiva de todo escrúpulo moral, o papel da repressão egípcia na radicalização de Al Zawihiri (torturado intensamente na prisão), as oscilações de Osama (que no Sudão parece considerar a possibilidade de voltar a ser um sujeito normal), e as confusões desesperadoras entre a CIA e o FBI.
Livrão. Não ganhou o Pulitzer à toa.
Wednesday, June 27, 2007
Globalização e Desigualdade
Inspirados por esse post do Seqüências Parisienses, aqui vai uma discussão sobre globalização e desigualdade.
Há várias maneiras de discutir a desigualdade global. Pelo menos três: 1) a desigualdade entre as nações (desigualdade de PIBs per capita, etc.), 2) a desigualdade entre indivíduos entre as nações (diferença entre ricos e pobres em cada país isolado), e 3) a desigualdade entre todos os indivíduos do mundo (a diferença entre os ricos e os pobres independente do país em que estejam, consideradas globalmente, o Gini do mundo).
Pelos dois primeiros critérios, a desigualdade sem dúvida cresceu durante o período da globalização. Os EUA progrediram imensamente, a África sub-saariana regrediu. Em grande parte dos países, os ricos ficaram mais ricos, mas os salários subiram muito pouco (ver matéria da The Economist linkada pelo Seqüências). Em países como a Inglaterra, a desigualdade subiu porque os mais ricos se descolaram da classe média (que não caiu, mas viu a turma da frente disparar), no que o Atkinsons chamou de “tilt” no topo da distribuição de renda.
Entretanto, no que se refere ao terceiro critério, o quadro pode ser diferente. Uma vez que uma parcela enorme dos pobres do mundo são chineses ou indianos, o progresso econômico desses dois países (independente do crescimento da desigualdade dentro de cada um) levou a um dramático aumento da renda de um número imenso de muito pobres (vejam o gráfico 2 nessa matéria). Daí que pesquisadores como o levemente perturbado (veja o site do cara) Xavier Sala-i-Martin argumentarem que a desigualdade mundial, entendida como coeficiente de Gini do mundo, caiu. A pesquisa do sociólogo americano deu resultados semelhantes.
O resultado é contestado pelo Branko Milanovic, ex-Banco Mundial e atualmente no Carnegie Endowment for International Peace. Milanovic argumenta que a desigualdade deve ser medida no consumo, não na renda, o que dá uma medida de desigualdade parecida com a do Sala-i-Martin, mas sugere que a desigualdade cresceu um pouco. De qualquer maneira, uma das dificuldades do debate é que, tenha a desigualdade caído ou subido, foi pouco, o que 1) faz com que o uso de diferentes bancos de dados ou medidas influa na conclusão, e 2) mostra que não é tão óbvio que a globalização cause um enorme crescimento da desigualdade.
Claro, nada indica que essa redução de desigualdade global aconteça por tempo indeterminado. Ela pode prosseguir, por exemplo, se os países africanos, Bangladesh, etc., passarem a crescer mais rápido. Mas nada garante que isso vai acontecer.
De qualquer forma, a questão da desigualdade global é bem mais complicada do que se pensa. Temos que pensar nos operários que perdem o emprego devido à concorrência chinesa, mas sem esquecer a massa de operários chineses que seriam somalis se não pudessem oferecer essa concorrência.
Há várias maneiras de discutir a desigualdade global. Pelo menos três: 1) a desigualdade entre as nações (desigualdade de PIBs per capita, etc.), 2) a desigualdade entre indivíduos entre as nações (diferença entre ricos e pobres em cada país isolado), e 3) a desigualdade entre todos os indivíduos do mundo (a diferença entre os ricos e os pobres independente do país em que estejam, consideradas globalmente, o Gini do mundo).
Pelos dois primeiros critérios, a desigualdade sem dúvida cresceu durante o período da globalização. Os EUA progrediram imensamente, a África sub-saariana regrediu. Em grande parte dos países, os ricos ficaram mais ricos, mas os salários subiram muito pouco (ver matéria da The Economist linkada pelo Seqüências). Em países como a Inglaterra, a desigualdade subiu porque os mais ricos se descolaram da classe média (que não caiu, mas viu a turma da frente disparar), no que o Atkinsons chamou de “tilt” no topo da distribuição de renda.
Entretanto, no que se refere ao terceiro critério, o quadro pode ser diferente. Uma vez que uma parcela enorme dos pobres do mundo são chineses ou indianos, o progresso econômico desses dois países (independente do crescimento da desigualdade dentro de cada um) levou a um dramático aumento da renda de um número imenso de muito pobres (vejam o gráfico 2 nessa matéria). Daí que pesquisadores como o levemente perturbado (veja o site do cara) Xavier Sala-i-Martin argumentarem que a desigualdade mundial, entendida como coeficiente de Gini do mundo, caiu. A pesquisa do sociólogo americano deu resultados semelhantes.
O resultado é contestado pelo Branko Milanovic, ex-Banco Mundial e atualmente no Carnegie Endowment for International Peace. Milanovic argumenta que a desigualdade deve ser medida no consumo, não na renda, o que dá uma medida de desigualdade parecida com a do Sala-i-Martin, mas sugere que a desigualdade cresceu um pouco. De qualquer maneira, uma das dificuldades do debate é que, tenha a desigualdade caído ou subido, foi pouco, o que 1) faz com que o uso de diferentes bancos de dados ou medidas influa na conclusão, e 2) mostra que não é tão óbvio que a globalização cause um enorme crescimento da desigualdade.
Claro, nada indica que essa redução de desigualdade global aconteça por tempo indeterminado. Ela pode prosseguir, por exemplo, se os países africanos, Bangladesh, etc., passarem a crescer mais rápido. Mas nada garante que isso vai acontecer.
De qualquer forma, a questão da desigualdade global é bem mais complicada do que se pensa. Temos que pensar nos operários que perdem o emprego devido à concorrência chinesa, mas sem esquecer a massa de operários chineses que seriam somalis se não pudessem oferecer essa concorrência.
Tuesday, June 26, 2007
Monbiot e o Parlamento Mundial
O George Monbiot, é, dos que eu conheço, o mais honesto da turma que ficou famosa (algo equivocadamente) como "anti-globalização". Não concordo com muitas coisas que ele diz, mas ele é honesto o suficiente para ser um interlocutor bacana (não que ele queira falar comigo, bem entendido). Vejam, por exemplo seu artigo "I Was Wrong About Trade".
Nesse artigo, ele discute um negócio interessante: uns parlamentares do mundo todo resolveram fazer um parlamento do mundo, com apoio de alguns intelectuais. Monbiot apóia. Afinal, ele sempre disse que queria uma globalização mais democrática.
Vou discutir mais isso quando tiver grana para comprar o livro do Monbiot, mas fica aqui uma pergunta: os países autoritários e fundamentalistas podem indicar membros? Você gostaria de viver em um mundo governado por uma maioria de ex-comunistas corruptos da China e fundamentalistas islâmicos? Eu sei que eu não. Mas: mesmo se todos os países fossem democráticos, valeria a pena algo assim? Isso eu ainda não sei. Muitos prós e contras. Pensemos.
Agora, quanto tempo faz que alguém oferecia um problema difícil para a gente pensar, difícil do jeito certo - instigante, que se resolvido seria um progresso imenso, não meramente defensivo diante dos problemas da vida? Parabéns ao Monbiot.
Nesse artigo, ele discute um negócio interessante: uns parlamentares do mundo todo resolveram fazer um parlamento do mundo, com apoio de alguns intelectuais. Monbiot apóia. Afinal, ele sempre disse que queria uma globalização mais democrática.
Vou discutir mais isso quando tiver grana para comprar o livro do Monbiot, mas fica aqui uma pergunta: os países autoritários e fundamentalistas podem indicar membros? Você gostaria de viver em um mundo governado por uma maioria de ex-comunistas corruptos da China e fundamentalistas islâmicos? Eu sei que eu não. Mas: mesmo se todos os países fossem democráticos, valeria a pena algo assim? Isso eu ainda não sei. Muitos prós e contras. Pensemos.
Agora, quanto tempo faz que alguém oferecia um problema difícil para a gente pensar, difícil do jeito certo - instigante, que se resolvido seria um progresso imenso, não meramente defensivo diante dos problemas da vida? Parabéns ao Monbiot.
Monday, June 25, 2007
Olavúnculo ocupa a FAPESP
O sempre-pronto-a-ser-útil Olavúnculo reclamou de uma pesquisa da FAPESP sobre o uso de ecstasy que pretendia estudar políticas de contenção de danos, isto é, já que os caras vão usar, mesmo, vamos ver se eles usam de maneira menos perigosa para a saúde. Olavúnculo, que odeia a farmacologia por ainda não ter inventado uma droga que ensine a escrever bem, protestou, esculhambou a FAPESP, depois desesculhambou quando lembrou que quem manda na FAPESP é o Serra, enfim, exibiu seus dotes usuais de concatenação discursiva. Detalhes no Hermenauta, que por algum motivo tem paciência para ler o sujeito.
Mas agora é que fica sério: segundo O Biscoito Fino e a Massa, a FAPESP cortou a grana da pesquisa por causa da polêmica! Ora, de duas, uma: ou a pesquisa era besteira, e aí era o caso dos pareceristas da FAPESP (tradicionalmente ótimos) recusarem o projeto, ou negarem a renovação no momento apropriado (se for uma pesquisa de pós, a análise do relatório parcial). Se não for o caso, o projeto não pode ser cortado porque o Olavúnculo mandou, não apenas porque, como qualquer um dotado de um mínimo de bom senso há de admitir, não se pode aceitar que o Olavúnculo influa no que quer que seja, mas também porque, mesmo se o Olavúnculo fosse um jornalista sério, não é a imprensa que deve dar a pauta da pesquisa científica.
Pode-se discutir até que ponto os decretos do Serra feriam a autonomia universitária. Mas que aqui aconteceu um caso da mais chulé interferência política na pesquisa acadêmica, não resta dúvida.
CORREÇÃO: Do além, o falecido Dr. ABC me informa que a matéria original não é do Olavúnculo, mas sim do portal G1. Continua sendo ruim a imprensa ditar a pauta da pesquisa, mas, de algum modo, é menos pior. Seria ruim se a pauta fosse ditada por jogadores de futebol, mas seria melhor se fosse ditada pelo Zico do que se fosse ditada pelo Nunes.
Mas agora é que fica sério: segundo O Biscoito Fino e a Massa, a FAPESP cortou a grana da pesquisa por causa da polêmica! Ora, de duas, uma: ou a pesquisa era besteira, e aí era o caso dos pareceristas da FAPESP (tradicionalmente ótimos) recusarem o projeto, ou negarem a renovação no momento apropriado (se for uma pesquisa de pós, a análise do relatório parcial). Se não for o caso, o projeto não pode ser cortado porque o Olavúnculo mandou, não apenas porque, como qualquer um dotado de um mínimo de bom senso há de admitir, não se pode aceitar que o Olavúnculo influa no que quer que seja, mas também porque, mesmo se o Olavúnculo fosse um jornalista sério, não é a imprensa que deve dar a pauta da pesquisa científica.
Pode-se discutir até que ponto os decretos do Serra feriam a autonomia universitária. Mas que aqui aconteceu um caso da mais chulé interferência política na pesquisa acadêmica, não resta dúvida.
CORREÇÃO: Do além, o falecido Dr. ABC me informa que a matéria original não é do Olavúnculo, mas sim do portal G1. Continua sendo ruim a imprensa ditar a pauta da pesquisa, mas, de algum modo, é menos pior. Seria ruim se a pauta fosse ditada por jogadores de futebol, mas seria melhor se fosse ditada pelo Zico do que se fosse ditada pelo Nunes.
Esclarecimento: Blair e Newman
Só um esclarecimento, na esteira do comentário do Rabo de Cobra: quando eu digo que a conversão do Blair é a conversão mais importante desde a reforma, falo do fato do cara ser o Primeiro-Ministro. Não é que o Blair seja o cara mais legal que já se converteu, ou que seja mais espiritualmente iluminado que o Cardeal Newman. É que o anglicanismo é uma religião de Estado, que começou com o cisma de um chefe de Estado, e por isso a conversão - a primeira da história - de um chefe de Estado Britânico, mesmo depois de deixar o cargo, é importante. Mal comparando, é como se o presidente do Irã se convertesse ao Islã sunista, ou à fé Bai'hai. Ou se o presidente de Israel virasse cristão.
Aliás: para quem quiser saber mais sobre a vida do Cardeal Newman, que causou uma confusão miserável em Oxford no século XIX, era um sujeito brilhante, e um dos maiores estilistas da língua inglesa que eu já vi, dê uma olhada nessa biografia. Há também uma campanha por sua canonização, que pode ser apoiada (por quem se interessar) através desse site, onde também há seus trabalhos disponíveis online.
Em tempo: em sua visita ao Papa no último sábado, Blair deu de presente três fotografias assinadas de Newman a Bento XVI.
Aliás: para quem quiser saber mais sobre a vida do Cardeal Newman, que causou uma confusão miserável em Oxford no século XIX, era um sujeito brilhante, e um dos maiores estilistas da língua inglesa que eu já vi, dê uma olhada nessa biografia. Há também uma campanha por sua canonização, que pode ser apoiada (por quem se interessar) através desse site, onde também há seus trabalhos disponíveis online.
Em tempo: em sua visita ao Papa no último sábado, Blair deu de presente três fotografias assinadas de Newman a Bento XVI.
A conversão de Tony Blair
Quando morava na Inglaterra, era comum ouvir denúncias de que Blair era cripto-católico ("cripto-papista"). A coisa era séria porque Blair, afinal, ao menos formalmente, decidia quem mandava na Igreja Anglicana. E temia-se que isso pudesse pesar na resolução da questão irlandesa, onde, aliás, se pesou, foi para o melhor: Blair teve, sem sombra de dúvida, a melhor política para a Irlanda do Norte da história dos governos britânicos das últimas décadas.
A esposa e os filhos de Blair são católicos, e muita gente reclamava de uma coisa que eu, pessoalmente, achava engraçado. A Igreja Anglicana autoriza seus fiéis a comungar em Igrejas Romanas quando não houver uma Anglicana por perto (por exemplo, quando os ingleses viajam para outros países). Blair interpretava isso meio livremente, achando quaisquer duas quadrazinhas que ele precisasse andar longe demais para ir à Igreja Anglicana.
Pois be, acabou que o Blair vai se converter mesmo ao catolicismo. Vejam só.
Hoje a religião não tem mais o mesmo papel na vida pública da Grã-Bretanha, e o fato não deve despertar a guerra civil que teria despertado duzentos anos atrás, quando ainda não se admitia alunos não-anglicanos em Oxford. Mas é, sem dúvida, a mais importante conversão desde a reforma, superando a do Cardeal Newman.
A esposa e os filhos de Blair são católicos, e muita gente reclamava de uma coisa que eu, pessoalmente, achava engraçado. A Igreja Anglicana autoriza seus fiéis a comungar em Igrejas Romanas quando não houver uma Anglicana por perto (por exemplo, quando os ingleses viajam para outros países). Blair interpretava isso meio livremente, achando quaisquer duas quadrazinhas que ele precisasse andar longe demais para ir à Igreja Anglicana.
Pois be, acabou que o Blair vai se converter mesmo ao catolicismo. Vejam só.
Hoje a religião não tem mais o mesmo papel na vida pública da Grã-Bretanha, e o fato não deve despertar a guerra civil que teria despertado duzentos anos atrás, quando ainda não se admitia alunos não-anglicanos em Oxford. Mas é, sem dúvida, a mais importante conversão desde a reforma, superando a do Cardeal Newman.
Thursday, June 21, 2007
Castelo dos Destinos Cruzados - RIP! Escafedeu-se! Bateu as Botas!
Essa foi foda: o Dr. ABC acaba de anunciar a morte de seu excelente blog, o Castelo dos Destinos Cruzados, uma espécie de The Economist/Rolling Stone/Placar da Internet brasileira. Como se sabe, muitas vezes nós copiamos descaradament...nos inspiramos em posts do Dr. ABC para cola...escrever nossos próprios e originais posts. É uma perda irreparável para a civilização construída a partir do iluminismo, e, suspeito, um sinal de que é melhor começar a estocar alimentos.
Os boatos já começam a circular a respeito do motivo da decisão. Alguns crêem que o Dr. ABC previu uma crise econômica mundial sem precendentes, e foi morar em uma caverna antes que a coisa exploda e todas as cavernas boas sejam ocupadas. Outros acreditam que Humberto Gessinger, do Engenheiros do Hawai, morreu e, como Paul McCartney, foi substituído por um sósia (o Dr. ABC). Outros ainda suspeitam que tudo não passa de uma conspiração de seu irmão do planeta bizarro, o Dr. CBA.
Qualquer que seja o motivo, ficaremos de luto por tempo indeterminado.
Os boatos já começam a circular a respeito do motivo da decisão. Alguns crêem que o Dr. ABC previu uma crise econômica mundial sem precendentes, e foi morar em uma caverna antes que a coisa exploda e todas as cavernas boas sejam ocupadas. Outros acreditam que Humberto Gessinger, do Engenheiros do Hawai, morreu e, como Paul McCartney, foi substituído por um sósia (o Dr. ABC). Outros ainda suspeitam que tudo não passa de uma conspiração de seu irmão do planeta bizarro, o Dr. CBA.
Qualquer que seja o motivo, ficaremos de luto por tempo indeterminado.
Wednesday, June 20, 2007
Rio Body Count
Adicionei hoje o link para o Rio Body Count, site que cataloga e conta casos de violência urbana noticiados na imprensa (se entendi bem, do Grande Rio, não só da capital). Está feia a coisa.
Mapas!
Eu sou fanático por mapas. Eu gosto de mapa de tudo. Mapa de rua, de continente, mapa de floresta desabitada, mapa de país fictício, mapa de metrô, mapa pra chegar em festa, mapa mostrando cena de batalha, mapa mostrando áreas de cultivo agrícola, mapa mostrando que facção criminosa controla que morro do Rio de Janeiro (já recortei vários), qualquer coisa que possa ser sempre colorida com quatro cores (sabiam dessa?). Pois bem, graças ao Andrew Sullivan, hoje descobri o site strangemaps, com mapa de tudo que é coisa. O último é o mapa dos EUA com cada Estado batizado com um país de PIB comparável ao daquele Estado (o Brasil é Nova Iorque). Mas todos são maneiríssimos.
Monday, June 18, 2007
Políticas de Inovação
O Brasil só vai para a frente quando todas as instituições políticas usarem a totalidade de seus recursos para pagar o Dr. ABC para ir para a porta do Palácio do Planalto para ficar gritando "É a política de inovação, estúpido! É a Política de Inovação, estúpido!".
Ninguém fala disso no debate público brasileiro. O debate econômico é só sobre taxa de juros. O que que as empresas vão fazer quando o juro cair, se vão produzir coquinho ou supercomputador, não merece uma página de atenção. Mas a verdade é que o grau de desenvolvimento tecnológico de um país é função direta de quanto ele é capaz de inovar tecnologicamente. E isso não é decidido só pelo livre jogo do mercado.
Para uma discussão legal, vejam o excelente post da referida autoridade.
Ninguém fala disso no debate público brasileiro. O debate econômico é só sobre taxa de juros. O que que as empresas vão fazer quando o juro cair, se vão produzir coquinho ou supercomputador, não merece uma página de atenção. Mas a verdade é que o grau de desenvolvimento tecnológico de um país é função direta de quanto ele é capaz de inovar tecnologicamente. E isso não é decidido só pelo livre jogo do mercado.
Para uma discussão legal, vejam o excelente post da referida autoridade.
Jon Elster
A Folha publicou uma entrevista com o Jon Elster, um dos meus autores favoritos. O Elster é um dos idealizadores do Marxismo Analítico, que tenta dar uma organizada lógica nos negócios do Marx, e aceita abandonar o que não funcionar (acabou que abandonou quase tudo). Também era conhecido como "Non-Bullshit Marxism", o que, em si, já bastou para atrair minha curiosidade.
Pessoalmente, hoje em dia acho que não se deve discutir se o marxismo (ou o weberianismo, ou o estruturalismo) é bom ou não. Se um sujeito escrever um livro marxista bom, o livro é bom. Se escrever um livro marxista e for ruim, o livro é ruim. De onde ele tirou a idéia para escrever o livro não me interessa muito. Lévi-Strauss é estruturalista e é bom. Eslter é individualista metodológico e é bom. Habermas é aquele negócio meio esquisito que ele é, e também é bom.
Vale dizer, o Elster hoje em dia estuda duas coisas: instituições democráticas e coisas que acontecem dentro da sua cabeça mas não são racionais (vício, emoções). Veio para o Brasil para falar do primeiro tema, e deu uma entrevista para a Folha.
Dois momentos legais:
Falando da Democracia Direta:
"Oscar Wilde disse que o problema do socialismo é que a semana só tem sete noites. Do mesmo modo, a democracia participativa às vezes parece exigir mais compromisso e mais recursos do que é razoável esperar das pessoas."
Falando do Habermas:
"Isso é o que chamo no meu trabalho de "a força civilizadora da hipocrisia". Então tento usar as idéias de Habermas para explicar o comportamento de pessoas de verdade que são constrangidas pelo meio público. Mesmo se as pessoas estão motivadas apenas pelos seus interesses individuais, as regras e mecanismos do debate público vão forçá-las a justificar suas posições em termos de interesse público. Isso limita o interesse particular, em alguma medida"
A "força civilizadora da hipocrisia" é uma das melhores expressões que eu conheço. E assim CPIs formadas só por corruptos cassam outros corruptos, e a corrupção acaba que cai um pouco. E racistas mentem que não são racistas, mas, de tanto mentir na frente dos filhos, os filhos não saem racistas (ou saem menos racistas). E o capitalismo sugere a mentira deslavada de que a fábrica moderna se baseia no respeito aos direitos individuais, mas, de tanto falar esse troço, os operários (e as mulheres, e os gays) acreditam e querem fazer valer seus direitos individuais, e nessa a civilização progride.
Pessoalmente, hoje em dia acho que não se deve discutir se o marxismo (ou o weberianismo, ou o estruturalismo) é bom ou não. Se um sujeito escrever um livro marxista bom, o livro é bom. Se escrever um livro marxista e for ruim, o livro é ruim. De onde ele tirou a idéia para escrever o livro não me interessa muito. Lévi-Strauss é estruturalista e é bom. Eslter é individualista metodológico e é bom. Habermas é aquele negócio meio esquisito que ele é, e também é bom.
Vale dizer, o Elster hoje em dia estuda duas coisas: instituições democráticas e coisas que acontecem dentro da sua cabeça mas não são racionais (vício, emoções). Veio para o Brasil para falar do primeiro tema, e deu uma entrevista para a Folha.
Dois momentos legais:
Falando da Democracia Direta:
"Oscar Wilde disse que o problema do socialismo é que a semana só tem sete noites. Do mesmo modo, a democracia participativa às vezes parece exigir mais compromisso e mais recursos do que é razoável esperar das pessoas."
Falando do Habermas:
"Isso é o que chamo no meu trabalho de "a força civilizadora da hipocrisia". Então tento usar as idéias de Habermas para explicar o comportamento de pessoas de verdade que são constrangidas pelo meio público. Mesmo se as pessoas estão motivadas apenas pelos seus interesses individuais, as regras e mecanismos do debate público vão forçá-las a justificar suas posições em termos de interesse público. Isso limita o interesse particular, em alguma medida"
A "força civilizadora da hipocrisia" é uma das melhores expressões que eu conheço. E assim CPIs formadas só por corruptos cassam outros corruptos, e a corrupção acaba que cai um pouco. E racistas mentem que não são racistas, mas, de tanto mentir na frente dos filhos, os filhos não saem racistas (ou saem menos racistas). E o capitalismo sugere a mentira deslavada de que a fábrica moderna se baseia no respeito aos direitos individuais, mas, de tanto falar esse troço, os operários (e as mulheres, e os gays) acreditam e querem fazer valer seus direitos individuais, e nessa a civilização progride.
Habermas sobre Rorty
A Folha publicou o texto do Habermas sobre Rorty, recomendo vivamente, porque é bonito, e porque tem o link para Trotsky e as Orquídeas Selvagens.
Friday, June 15, 2007
Comentário à resposta de Valter Pomar
Há pontos positivos na resposta do Pomar, se comparada à nota inicial entregue à embaixada da Venezuela, bem como ao documento inicial do PT: diz que a nota é "minimalista", o que, se entendi corretamente, quer dizer que o PT não manifesta apoio oficialmente ao conjunto da política chavista.
Mas continua cometendo o mesmo erro do Blog do Alon: não analisa o fechamento da RCTV no contexto dos desenvolvimentos recentes da política venezuelana. Chávez não se limitou a fechar a RCTV: deixou de fechar as TVs golpistas que passaram a apoiá-lo, planeja formar milícias de seus apoiadores para patrulhar as ruas, tenta suprimir os partidos menores que o apóiam, e se prepara para mudar a lei para poder governar vitaliciamente. Nada do que disse Serra sobre a ocupação da USP é remotamente tão autoritário quanto o que Chávez disse sobre as recentes manifestações estudantis.É nesse contexto que a não-renovação da concessão deve ser interpretada.
Que a oposição conservadora venezuelana, Bush, Sarney, o PFL, etc. são horrorosos, não resta dúvida. Mas isso não justifica que um governo dito de esquerda feche o espaço público. A esquerda latino-americana está retrocedendo décadas devido à sua vacilação diante de Chávez. Devemos, sim, apoiar a democracia na Venezuela e cobrar de Chávez os resultados sociais que a alta do petróleo deveriam ter proporcionado.
Ainda há quem pense que Chávez possa ser trazido para o campo da esquerda democrática. Não estamos entre eles, mas podemos estar errados. Agora, mesmo quem concorda com isso não pode achar que incentivar suas tendências autoritárias o trará para qualquer campo de que nos interesse fazer parte.
Mas continua cometendo o mesmo erro do Blog do Alon: não analisa o fechamento da RCTV no contexto dos desenvolvimentos recentes da política venezuelana. Chávez não se limitou a fechar a RCTV: deixou de fechar as TVs golpistas que passaram a apoiá-lo, planeja formar milícias de seus apoiadores para patrulhar as ruas, tenta suprimir os partidos menores que o apóiam, e se prepara para mudar a lei para poder governar vitaliciamente. Nada do que disse Serra sobre a ocupação da USP é remotamente tão autoritário quanto o que Chávez disse sobre as recentes manifestações estudantis.É nesse contexto que a não-renovação da concessão deve ser interpretada.
Que a oposição conservadora venezuelana, Bush, Sarney, o PFL, etc. são horrorosos, não resta dúvida. Mas isso não justifica que um governo dito de esquerda feche o espaço público. A esquerda latino-americana está retrocedendo décadas devido à sua vacilação diante de Chávez. Devemos, sim, apoiar a democracia na Venezuela e cobrar de Chávez os resultados sociais que a alta do petróleo deveriam ter proporcionado.
Ainda há quem pense que Chávez possa ser trazido para o campo da esquerda democrática. Não estamos entre eles, mas podemos estar errados. Agora, mesmo quem concorda com isso não pode achar que incentivar suas tendências autoritárias o trará para qualquer campo de que nos interesse fazer parte.
Resposta de Valter Pomar (2)
Segue a resposta do Secretário de Relações Internacionais:
"Insatisfatória, qualquer moção é, por definição.
O mesmo vale para a crítica do blog à nota do PT.
A nota do PT é minimalista. Diz que na Venezuela há democracia, diz que a não-renovação da concessão foi um ato legal, diz que a RCTV participou do golpe.
O PT não manifestou sua opinião sobre o conjunto do programa, nem sobre o conjunto da política de Chavez.
Deu uma opinião sobre a polêmica do dia. Esta opinião está errada?? Aonde???
Voce diz que o "fechamento" da RCTV "foi feito dentro da lei".
Sejamos exatos: a RCTV não foi fechada, apenas não se renovou uma concessão pública.
C-O-N-C-E-S-S-Ã-O P-Ú-B-L-Í-C-A.
Ou é concessão, ou não é. Ou é pública, ou não é. Ou está dentro da lei, ou não está.
Se uma concessão não foi renovada, se isto aconteceu dentro da lei, então por qual motivo o fato constitui "indiscutivelmente" um passo na direção do "autoritarismo"???
Indiscutivel é um termo pesado, bem autoritário aliás.
Veja: as tuas recomendações acerca do que Chavez deveria ter feito podem ser corretas ou incorretas. Mas não deixa de ser curioso que, para não cair no "autoritarismo", voce proponha um procedimento que não é previsto em lei. Ou seja, voce propõe que ele adote uma atitude discricionária.
Voce diz que o "passado de ex-golpista" de Chavez "tirava sua legitimidade" para adotar a medida que voce propõe.
Chavez comandou um golpe. Foi preso e cumpriu pena. Era a lei. A RCTV participou de um golpe. Sua concessão não foi renovada. É a lei.
Falando de legitimidade, qual a legitimidade que Sarney e o DEM têm para falar de democracia? Parte dos que falam que Chavez é autoritário participaram ou apoiaram ditaduras militares.
Como voce mesmo aponta, se o Legislativo venezuelano não é plural, isto é por decisão da oposição, não do governo. Agora, isto não abole o poder legislativo, salvo se voce for adepto da tese de que a minoria pode, através do boicote, deslegitimar os poderes constituídos.
Finalmente: longe do PT "puxar o saco" de quem quer que seja. A começar dos monopólios da comunicação, passando por políticos de direita e indo até onde tivermos que ir.
Mas criticar Chavez (por exemplo, por suas declarações acerca do Senado) não exige achar que ele está derivando para o autoritarismo. Até porque dizer isto é a deixa que os Estados Unidos e um setor da oposição buscam, para atacar a democracia na Venezuela.
Atenciosamente
Valter Pomar "
"Insatisfatória, qualquer moção é, por definição.
O mesmo vale para a crítica do blog à nota do PT.
A nota do PT é minimalista. Diz que na Venezuela há democracia, diz que a não-renovação da concessão foi um ato legal, diz que a RCTV participou do golpe.
O PT não manifestou sua opinião sobre o conjunto do programa, nem sobre o conjunto da política de Chavez.
Deu uma opinião sobre a polêmica do dia. Esta opinião está errada?? Aonde???
Voce diz que o "fechamento" da RCTV "foi feito dentro da lei".
Sejamos exatos: a RCTV não foi fechada, apenas não se renovou uma concessão pública.
C-O-N-C-E-S-S-Ã-O P-Ú-B-L-Í-C-A.
Ou é concessão, ou não é. Ou é pública, ou não é. Ou está dentro da lei, ou não está.
Se uma concessão não foi renovada, se isto aconteceu dentro da lei, então por qual motivo o fato constitui "indiscutivelmente" um passo na direção do "autoritarismo"???
Indiscutivel é um termo pesado, bem autoritário aliás.
Veja: as tuas recomendações acerca do que Chavez deveria ter feito podem ser corretas ou incorretas. Mas não deixa de ser curioso que, para não cair no "autoritarismo", voce proponha um procedimento que não é previsto em lei. Ou seja, voce propõe que ele adote uma atitude discricionária.
Voce diz que o "passado de ex-golpista" de Chavez "tirava sua legitimidade" para adotar a medida que voce propõe.
Chavez comandou um golpe. Foi preso e cumpriu pena. Era a lei. A RCTV participou de um golpe. Sua concessão não foi renovada. É a lei.
Falando de legitimidade, qual a legitimidade que Sarney e o DEM têm para falar de democracia? Parte dos que falam que Chavez é autoritário participaram ou apoiaram ditaduras militares.
Como voce mesmo aponta, se o Legislativo venezuelano não é plural, isto é por decisão da oposição, não do governo. Agora, isto não abole o poder legislativo, salvo se voce for adepto da tese de que a minoria pode, através do boicote, deslegitimar os poderes constituídos.
Finalmente: longe do PT "puxar o saco" de quem quer que seja. A começar dos monopólios da comunicação, passando por políticos de direita e indo até onde tivermos que ir.
Mas criticar Chavez (por exemplo, por suas declarações acerca do Senado) não exige achar que ele está derivando para o autoritarismo. Até porque dizer isto é a deixa que os Estados Unidos e um setor da oposição buscam, para atacar a democracia na Venezuela.
Atenciosamente
Valter Pomar "
Resposta de Valter Pomar
O Secretário de Relações Internacionais do PT respondeu nosso e-mail sobre o fechamento da RCTV (pedimos uma cópia do manifesto de apoio ao Chávez, recebemos a resposta do PT, e postamos nossa resposta). Antes de comentar, nos próximos posts, vale admirar a iniciativa do Pomar responder ao nosso humilde blog. Como no caso da Carta Capital, ainda tenho esperança de que a simpatia petista pelo autoritarismo chavista seja superficial, um reflexo geopolítico condicionado herdado da Guerra Fria. Tentem escrever para o ditador da Coréia do Norte e vejam se ele responde.
Manifestação na Paulista
Blogando ao vivo da segurança do 17º andar da Av.Paulista: a molecada da USP chegou no MASP para a manifestação. Uns colegas viram o equivalente a uma quadra de PMs.
15:31 - a molecada começa a gritar mais alto. Comentário de um pop star da blogosfera brasileira aqui do lado: "quando começam a gritar alto assim, é porque vai sair briga". Pessoalmente, acho que não, os caras vão ter que ser muito doidos pra enfrentar o exército de PMs aqui em baixo.
15:36 - fui procurar notícias da manifestação no Blog da Ocupação da USP, e me deparei com uma das frases mais idiotas que já ouvi na vida, parte da programação cultural dos ocupantes: "No espaço vazio do "é proibido pisar na grama" movimentaremos nosso corpo e ocuparemos mais um espaço estéril, fertilizando-o. Futebol na grama! Várzea! ". Bom, se a alternativa for voltar para a USP para conversar com o cara que escreveu isso, talvez os moleques prefiram mesmo apanhar do choque (se valer dedo no olho).
16:00 - as motos da polícia contornam a manifestação e impedem a turma de ir para a outra pista (sentido Paraíso) da Paulista. A menina falando no carro de som, que fala absurdamente rápido, diz que o choque pode chegar a qualquer momento.
15:58: os moleques da frente da passeata se colocaram na frente dos carros da polícia que vinham na frente. Começaram a tocar uns tambores de maracatu.
15:52 - a manifestação está meio invisível. Nada nos sites do CMI, do PSTU, do PSOL, nada no UOL, uma nota no G1.
15:41 - toca uma sirene de polícia. A princípio, pode ser só avisando que os manifestantes saíram do espaçõ autorizado, mas a última porradaria aqui (na passeata contra o Bush) começou assim.
16:08 - ao final da passeata, um pipoqueiro.
16:09 - a passeata acaba de passar aqui em frente. A menina no microfone já reclamou da violência da polícia, mas não se viu nada disso nessas duas primeiras quadras. É meio claro que tem uns moleques querendo briga. Se o pau comer, aposto dez real que eles tomam uma paulada pra tirar foto e depois saem correndo deixando a galera pra polícia.
16:13: uma porrada de motoboys está exatamente atrás da passeata (e do pipoqueiro). Se eles forem pra porrada aposto neles tanto contra a turma do PSTU (fácil) quanto contra o choque.
16:20 - falando sério, agora: vamos rezar para que ninguém se machuque. Me impressionou mal a falta de bandeiras do PT e outros partidos mais moderados na manifestação, o que não quer dizer que ela não esteja partidarizada: as quatrocentas tendências da quarta internacional estão lá. Os estudantes da USP conseguiram uma vitória importante com a revogação dos decretos, esperemos que a história da ocupação não acabe com violência.
15:31 - a molecada começa a gritar mais alto. Comentário de um pop star da blogosfera brasileira aqui do lado: "quando começam a gritar alto assim, é porque vai sair briga". Pessoalmente, acho que não, os caras vão ter que ser muito doidos pra enfrentar o exército de PMs aqui em baixo.
15:36 - fui procurar notícias da manifestação no Blog da Ocupação da USP, e me deparei com uma das frases mais idiotas que já ouvi na vida, parte da programação cultural dos ocupantes: "No espaço vazio do "é proibido pisar na grama" movimentaremos nosso corpo e ocuparemos mais um espaço estéril, fertilizando-o. Futebol na grama! Várzea! ". Bom, se a alternativa for voltar para a USP para conversar com o cara que escreveu isso, talvez os moleques prefiram mesmo apanhar do choque (se valer dedo no olho).
16:00 - as motos da polícia contornam a manifestação e impedem a turma de ir para a outra pista (sentido Paraíso) da Paulista. A menina falando no carro de som, que fala absurdamente rápido, diz que o choque pode chegar a qualquer momento.
15:58: os moleques da frente da passeata se colocaram na frente dos carros da polícia que vinham na frente. Começaram a tocar uns tambores de maracatu.
15:52 - a manifestação está meio invisível. Nada nos sites do CMI, do PSTU, do PSOL, nada no UOL, uma nota no G1.
15:41 - toca uma sirene de polícia. A princípio, pode ser só avisando que os manifestantes saíram do espaçõ autorizado, mas a última porradaria aqui (na passeata contra o Bush) começou assim.
16:08 - ao final da passeata, um pipoqueiro.
16:09 - a passeata acaba de passar aqui em frente. A menina no microfone já reclamou da violência da polícia, mas não se viu nada disso nessas duas primeiras quadras. É meio claro que tem uns moleques querendo briga. Se o pau comer, aposto dez real que eles tomam uma paulada pra tirar foto e depois saem correndo deixando a galera pra polícia.
16:13: uma porrada de motoboys está exatamente atrás da passeata (e do pipoqueiro). Se eles forem pra porrada aposto neles tanto contra a turma do PSTU (fácil) quanto contra o choque.
16:20 - falando sério, agora: vamos rezar para que ninguém se machuque. Me impressionou mal a falta de bandeiras do PT e outros partidos mais moderados na manifestação, o que não quer dizer que ela não esteja partidarizada: as quatrocentas tendências da quarta internacional estão lá. Os estudantes da USP conseguiram uma vitória importante com a revogação dos decretos, esperemos que a história da ocupação não acabe com violência.
Ancestralidade Britânica
Muito legal esse artigo, sobre a ancestralidade genética dos Ingleses. A turma toda lá da ilha onde o Chris agora mora veio não dos anglos, saxões, celtas, ou o que o valha, mas do mesmo patrimônio genético dos bascos (históricos rivais dos flamengos no campeonato inglês de então). O artigo é bem legal, mesmo, e tem um complemento recente aqui.
Thursday, June 14, 2007
Marta
E a Marta mandou o pessoal nos aeroportos relaxar e gozar. É tão absurdo que não tem nem o que dizer. Enfim. Afundou, aparentemente, sua candidatura à presidência.
Agora, o que me apavora, mesmo, é a possibilidade das pessoas seguirem o conselho. Imagine: você está sentado numa daquelas poltroninhas muquiranas de Congonhas, três horas de atraso no vôo, e do seu lado tem um gordo imenso. O gordo, que até poucos minutos atrás estava puto da vida com um atraso de quatro horas, respira fundo, fecha os olhos, e deixa a cabeça cair pra trás. De repente, você sente ele se mexendo na cadeira, e percebe que ele está com um sorrisinho safado nos lábios. Ele começa a dar uns gemidinhos, e sussurra "Oh Yeah", "Hmm", "Isso, Baby", até que dá uma contraída violenta e desaba em cima de você. Pede um cigarro.
É isso que a ministra quer que nos aconteça? É um acinte!
Agora, o que me apavora, mesmo, é a possibilidade das pessoas seguirem o conselho. Imagine: você está sentado numa daquelas poltroninhas muquiranas de Congonhas, três horas de atraso no vôo, e do seu lado tem um gordo imenso. O gordo, que até poucos minutos atrás estava puto da vida com um atraso de quatro horas, respira fundo, fecha os olhos, e deixa a cabeça cair pra trás. De repente, você sente ele se mexendo na cadeira, e percebe que ele está com um sorrisinho safado nos lábios. Ele começa a dar uns gemidinhos, e sussurra "Oh Yeah", "Hmm", "Isso, Baby", até que dá uma contraída violenta e desaba em cima de você. Pede um cigarro.
É isso que a ministra quer que nos aconteça? É um acinte!
Wednesday, June 13, 2007
Feliz Aniversário pra nóis!
Outro dia (dia 5) fez dois anos que postamos aqui pela primeira vez. Foram anos de emoção, conspiração, conchavos, mudanças entre os caras que escreviam aqui de vez em quando, e no final sobrou pra nós. E ontem tivemos nossa maior audiência de todos os tempos. Tudo isso devemos a vocês, que, aparentemente, ainda têm saco pra isso aqui.
Dinheiro na mão é vendaval
Vi no Daniel Drezner: a lista da Foreign Policy das moedas mais vagabundas do mundo: não precisa ser nenhum gênio para saber que as da Somália, do Zimbabwe, etc. estão lá, mas vejam quem também está: o homem que prometeu acabar com a inflação reintroduzindo a moeda de 12.5 Bolívares!
Faz um tempinho, o Zimbabwe também inovou no combate à inflação: ficou sem dinheiro para imprimir mais moeda.
Modelo de Gestão para o Estado
Embora ninguém pareça estar prestando atenção nisso, há uma mudança interessante em curso. Não sei se vai dar certo, mas é interessante: o governo começa a adotar a administração pública por metas, que já existe em outros países.
Primeiro foi o Fernando Haddad, o bom ministro da educação do Lula, que propôs que o repasse de verbas às escolas seja condicionado co cumprimento de certas metas de desempenho.
Agora é o Temporão, ministro da saúde, que propõe duas medidas de impacto: o estabelecimento de metas de atendimento para os hospitais do SUS, e a transferência do novo pessoal a ser contratado pelos hospitais para a CLT; os hospitais passariam a ser fundações (não sei se é a mesma coisa dos "foudantion hospitals" que existem na Inglaterra (para um artigo crítico da idéia, cheque aqui).
Se não der certo, provavelmente ninguém vai notar, mas se der, esperem grandes mudanças. Vou ver se leio mais sobre isso.
Primeiro foi o Fernando Haddad, o bom ministro da educação do Lula, que propôs que o repasse de verbas às escolas seja condicionado co cumprimento de certas metas de desempenho.
Agora é o Temporão, ministro da saúde, que propõe duas medidas de impacto: o estabelecimento de metas de atendimento para os hospitais do SUS, e a transferência do novo pessoal a ser contratado pelos hospitais para a CLT; os hospitais passariam a ser fundações (não sei se é a mesma coisa dos "foudantion hospitals" que existem na Inglaterra (para um artigo crítico da idéia, cheque aqui).
Se não der certo, provavelmente ninguém vai notar, mas se der, esperem grandes mudanças. Vou ver se leio mais sobre isso.
Novo Bagehot
A Mariana me chamou a atenção para essa primeira matéria do novo Bagehot, o colunista da The Economist que escreve sobre política inglesa. A matéria trata de um aspecto da Inglaterra contemporânea que muito impressionou esse vosso humilde servo durante sua estadia: rapaz, os caras reclamam do governo por muito pouco! Até certo ponto isso é saudável, mas eu lembro de uma ministra da educação que caiu por falhas na correção de um exame nacional que afetavam uma proporção mínima dos alunos; e um ministro da defesa que quase caiu porque algumas unidades da guerra do Iraque não receberam os coletes a prova de balas a tempo (talvez porque o pessoal que ia entregar tenha ficado meio cabreiro com aqueles caras atirando neles).
Alguma desconfiança do governo é saudável, mas, calma lá. Não é tão fácil assim achar bons ministros.
Alguma desconfiança do governo é saudável, mas, calma lá. Não é tão fácil assim achar bons ministros.
Novos Links
Novos links aí do lado, frutos da incursão recente pela blogosfera: o Hermenauta, o Biscoito Fino e a Massa, e o Ao Mirante, Nelson!, o Blog do Sunça, e o Catatau inauguram a seção "Blogs bacanas de gente que eu não conheço pessoalmente". O Blog do Alon, que já deveria ter entrado há muito tempo na seção Política Brasileira, hoje entra.
Mais Rorty
Belo post de um leitor do Andrew Sullivan sobre o Rorty, muito bacana mesmo. Me lembrou A frase do Rorty: "Cuide da liberdade e a verdade cuidará de si mesma". Espetáculo. Se eu disser uma única coisa inteligente assim na vida, tá beleza.
Tuesday, June 12, 2007
Deleuze no RG
O nosso correspondente oficial na Deleuzolândia, o Renato Gimenes, fez outro post bem bacana sobre o cara, recomendo que leiam inteiro. Mas não posso deixar de citar o trecho em que o Deleuze fala das primeiras férias remuneradas a que tiveram direito os operários franceses:
"Eu vi uma pessoa vendo o mar pela primeira vez na vida e é esplêndido! Era uma menina da região de Limousin que estava conosco e que viu o mar pela primeira vez. Se existe alguma coisa inimaginável quando nunca se o viu, esta coisa é o mar. A gente pode imaginar que seja grandioso, infinito, mas tudo isso perde a força quando se vê o mar. Aquela menina ficou umas quatro ou cinco horas diante do mar, completamente abobalhada, e não se cansava de ver um espetáculo tão sublime, tão grandioso! Então, na praia de Deauville, que sempre tinha sido exclusiva dos burgueses, como se fosse propriedade deles, de repente, chega o povo das férias remuneradas... Pessoas que nunca tinham visto o mar. E foi fantástico. Se o ódio entre as classes tem algum sentido são palavras como as que dizia a minha mãe — que, no entanto, era uma mulher fabulosa —, sobre a impossibilidade de se freqüentar uma praia em que havia gente como aquela. Foi muito duro. Acho que eles, os burgueses, nunca esqueceram. Maio de 68 não foi nada perto disso."
Além do post, vale a recomendação do Renato para o site O Estrangeiro, que me parece especializado nessas coisas bacanas de francês maluco.
"Eu vi uma pessoa vendo o mar pela primeira vez na vida e é esplêndido! Era uma menina da região de Limousin que estava conosco e que viu o mar pela primeira vez. Se existe alguma coisa inimaginável quando nunca se o viu, esta coisa é o mar. A gente pode imaginar que seja grandioso, infinito, mas tudo isso perde a força quando se vê o mar. Aquela menina ficou umas quatro ou cinco horas diante do mar, completamente abobalhada, e não se cansava de ver um espetáculo tão sublime, tão grandioso! Então, na praia de Deauville, que sempre tinha sido exclusiva dos burgueses, como se fosse propriedade deles, de repente, chega o povo das férias remuneradas... Pessoas que nunca tinham visto o mar. E foi fantástico. Se o ódio entre as classes tem algum sentido são palavras como as que dizia a minha mãe — que, no entanto, era uma mulher fabulosa —, sobre a impossibilidade de se freqüentar uma praia em que havia gente como aquela. Foi muito duro. Acho que eles, os burgueses, nunca esqueceram. Maio de 68 não foi nada perto disso."
Além do post, vale a recomendação do Renato para o site O Estrangeiro, que me parece especializado nessas coisas bacanas de francês maluco.
Islã Secular
Na série: "Ainda há esperança"
Um grupo de intelectuais seculares muçulmanos (sim, os há) lançou um manifesto por uma nova era de iluminismo no Islã. Certo, a notícia é tão boa que parece ser mentira, mas não. Não se trata de idolatrar os caras, mas leiam e vejam que é preciso ter coragem pra fazer um negócio desses. Faço questão de traduzir o documento do encontro, a Declaração de São Petersburgo, abaixo. Quem quiser ver o vídeo da leitura do manifesto, é só clicar aí em cima.
DECLARAÇÃO DE SÃO PETERSBURGO
Publicada pelos delegados da Conferência Islã Secular, sem St. Petersburgo, Flórida, em 5 de Março de 2007.
Somos muçulmanos seculares, e pessoas seculares em sociedades muçulmanas. Somos crentes, céticos e não-crentes, reunidos por um grande combate, não entre o Ocidente e o Islã, mas entre os livres e os não-livres.
Afirmamos a liberdade inviolável da consciência individual. Acreditamos na igualdade de todas as pessoas humanas. Insistimos na separação entre Igreja e Estado e na observância dos direitos humanos universais.
Encontramos tradições de liberdade, racionalidade e tolerância nas ricas histórias das sociedades pré-islâmicas e islâmicas. Esses valores não pertencem ao Ocidente ou ao Oriente; eles são a herança comum da humanidade.
Não vemos colonialismo, racismo, ou a chamada "Islamofobia" em submeter as práticas Islâmicas à análise crítica ou à condenação quando elas violam a razão ou os direitos humanos.
Convocamos os governos do mundo a:
- Rejeitar a lei da Sharia, as cortes fatwa, o governo clerical, e a religião imposta pelo Estado em todas as suas formas.
- Se opor a todas as penas contra a blasfêmia e a apostasia, de acordo com o Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
- Eliminar as práticas, como a circuncisão feminina, os assassinatos pela honra, a imposição de véus, ou os casamentos forçados, que promovem a opressão das mulheres.
- Proteger minorias sexuais e de gênero da perseguição e da violência.
- Reformar a educação sectária que ensina a intolerância e racismo contra os não-mulçulmanos.
- E promover uma esfera pública aberta na qual todos os problemas podem ser discutidos sem coerção ou intimidação.
Exigimos a libertação do Islã do cativeiro das ambições totalitárias de homens famintos pelo poder e das estruturas rígidas da ortodoxia.
Conclamamos acadêmicos e pensadores de toda parte a embarcar sem medo no exame das origens e fontes do Islã, e a promulgar os ideais da livre investigação científica e espiritual, através da tradução e publicação através das culturas, bem como da mídia de massa.
Dizemos aos muçulmanos crentes: há um futuro nobre para o Islã como fé pessoal, não como doutrina política;
Para os Cristãos, Judeus,Budistas, Hindus, Baha'is, e todos os membros de comunidades de fé não-muçulmana: estamos a seu lado como cidadãos livres e iguais;
E para não-crentes: defendemos sua liberdade irrestrita para questionar e divergir.
Antes de sermos membros da Umma, do Corpo de Cristo, ou do Povo Escolhido, somos todos membros da comunidade de consciência, as pessoas que devem escolher por si mesmas.
Assinam a Declaração:
Ayaan Hirsi Ali
Magdi Allam
Mithal Al-Alusi
Shaker Al-Nabulsi
Nonie Darwish
Afshin Ellian
Tawfik Hamid
Shahriar Kabir
Hasan Mahmud
Wafa Sultan
Amir Taheri
Ibn Warraq
Manda Zand Ervin
Banafsheh Zand-Bonazzi
Rorty: obituários
Vários obituários do Rorty hoje (para o nosso, ver abaixo). O Andrew Sullivan fez uma coletânea legal dos principais obituários aqui. Achei legal que o Habermas também menciona o "Trotsky and the Wild Orchids" - comentário do Sullivan: "Keep the orchids, dump the Trotsky". Em um dos obituários também descobri que o Rorty gostava de passarinho. Ou seja: só podia ser um sujeito gente boa. Quanto a esse negócio do cara não acreditar na idéia de verdade, se eu for dispensar todos os meus amigos que falam maluquice, vai me sobrar quem?
Monday, June 11, 2007
Morre um cara fodão: Richard Rorty
O filósofo americano Richard Rorty morreu ontem. Amanhã vocês vão ver vários obituários explicando melhor a filosofia do cara, na qual há algumas coisas interessantes, mas também há uma certa teimosia, meio que uma pirraça, em admitir que a idéia de verdade pode ser útil. Mas aproveito para falar de algumas coisas que li dele e que, indiscutivelmente, provaram para mim que o cara era inteligente (além de escrever brilhantemente).
1 - Um ensaio chamado Trotsky e as Orquídeas Selvagens, publicado, se não me engano, no livro Philosophy and Social Hope. Os pais do Rorty eram militantes trotskystas, e ele foi criado em um ambiente altamente politizado, por isso sentia um certo remorso por gostar de subir uma montanha lá para procurar orquídeas (acho que era essa a história). O ensaio mostra como ele foi aprendendo a conciliar a militância política e o gosto pela cultura. Aliás, não sei se é nesse ensaio ou em outro que ele diz mais ou menos isso: você pode admirar o Trotsky, mas é difícil negar que a Rússia teria se dado melhor se a turma dos mencheviques tivesse ganho. É verdade.
2 - Um ensaio em que ele discute o quanto se pode deduzir o nazismo do Heidegger da sua obra (ou, em geral, a posição política do cara da obra do cara). O argumento é uma historinha: imagine se o Heidegger tivesse casado com uma namorada judaica e largado a mulher ariana (lembremos: Heidegger foi amante da Hanna Arendt). Não daria para ele virar nazista. Mas ele certamente poderia ter continuado com a mesma filosofia que tinha. Provavelmente teria ido par ao exílio, e virado um conservador mais ou menos moderado. Perfeito.
3 - O livro "Realizando a América", combinado com "Back to Class Politics", do Philosophy and Social Hope. O livro é um antídoto para o antiamericanismo da galera. Mostra o lado realmente grande dos EUA, inclusos episódios da história da luta da esquerda norte-americana pré-1968. Em no Back to Class Politics, ele argumenta que a esquerda americana precisa voltar a ter a velha base social meio entediante (trabalhadores, sindicato dos contadores, essas coisas) que lutava por melhorias sociais. Nesse e em vários textos, critica a esquerda americana pós-1968, que só quer saber de identidade e se lixa para a solidariedade social. Aliás, acho que é ele, e acho que é nesse texto, que ele lembra que muitas das conquistas sociais atribuídas à turma dos anos 60 foram conseguidas nas lutas da década anterior, como o fim da segregação racial, os direitos das mulheres, etc.
4 - Os textos do Rorty foram o primeiro lugar em que ouvi falar da filosofia pragmatista, à qual não me converti porque não tenho competência para me converter a filosofia nenhuma, mas que me parece uma coisa a ser levada em conta. Lembro da frase que ele sempre cita, creio que do William James, "A verdade é o que funciona em termos de pensamento", (the expedient in terms of truth, estou citando de cabeça e traduzindo meio nas coxas). Depois o Giannotti me mandou ler o Wittgenstein, li uns ingleses contrários à idéia, mas, se um dia eu fosse escrever sobre filosofia (podem ficar tranquilos, não vai rolar), essa seria uma das idéias com as quais eu dialogaria. Agora, suspeito que o bom senso que ele tinha com relação à esquerda e ao pessoal de 68 pode ter faltado com relação ao próprio impulso iconoclasta na filosofia dele.
Eu já suspeitava que ele estava doente porque não vi tanta coisa dele tendo impacto na discussão política pós-11 de Setembro.
Esse vai fazer falta.
1 - Um ensaio chamado Trotsky e as Orquídeas Selvagens, publicado, se não me engano, no livro Philosophy and Social Hope. Os pais do Rorty eram militantes trotskystas, e ele foi criado em um ambiente altamente politizado, por isso sentia um certo remorso por gostar de subir uma montanha lá para procurar orquídeas (acho que era essa a história). O ensaio mostra como ele foi aprendendo a conciliar a militância política e o gosto pela cultura. Aliás, não sei se é nesse ensaio ou em outro que ele diz mais ou menos isso: você pode admirar o Trotsky, mas é difícil negar que a Rússia teria se dado melhor se a turma dos mencheviques tivesse ganho. É verdade.
2 - Um ensaio em que ele discute o quanto se pode deduzir o nazismo do Heidegger da sua obra (ou, em geral, a posição política do cara da obra do cara). O argumento é uma historinha: imagine se o Heidegger tivesse casado com uma namorada judaica e largado a mulher ariana (lembremos: Heidegger foi amante da Hanna Arendt). Não daria para ele virar nazista. Mas ele certamente poderia ter continuado com a mesma filosofia que tinha. Provavelmente teria ido par ao exílio, e virado um conservador mais ou menos moderado. Perfeito.
3 - O livro "Realizando a América", combinado com "Back to Class Politics", do Philosophy and Social Hope. O livro é um antídoto para o antiamericanismo da galera. Mostra o lado realmente grande dos EUA, inclusos episódios da história da luta da esquerda norte-americana pré-1968. Em no Back to Class Politics, ele argumenta que a esquerda americana precisa voltar a ter a velha base social meio entediante (trabalhadores, sindicato dos contadores, essas coisas) que lutava por melhorias sociais. Nesse e em vários textos, critica a esquerda americana pós-1968, que só quer saber de identidade e se lixa para a solidariedade social. Aliás, acho que é ele, e acho que é nesse texto, que ele lembra que muitas das conquistas sociais atribuídas à turma dos anos 60 foram conseguidas nas lutas da década anterior, como o fim da segregação racial, os direitos das mulheres, etc.
4 - Os textos do Rorty foram o primeiro lugar em que ouvi falar da filosofia pragmatista, à qual não me converti porque não tenho competência para me converter a filosofia nenhuma, mas que me parece uma coisa a ser levada em conta. Lembro da frase que ele sempre cita, creio que do William James, "A verdade é o que funciona em termos de pensamento", (the expedient in terms of truth, estou citando de cabeça e traduzindo meio nas coxas). Depois o Giannotti me mandou ler o Wittgenstein, li uns ingleses contrários à idéia, mas, se um dia eu fosse escrever sobre filosofia (podem ficar tranquilos, não vai rolar), essa seria uma das idéias com as quais eu dialogaria. Agora, suspeito que o bom senso que ele tinha com relação à esquerda e ao pessoal de 68 pode ter faltado com relação ao próprio impulso iconoclasta na filosofia dele.
Eu já suspeitava que ele estava doente porque não vi tanta coisa dele tendo impacto na discussão política pós-11 de Setembro.
Esse vai fazer falta.
Falta Adversário
Uma das coisas que está nos deixando meio desanimado é a falta de adversário. Admiro o Hermenauta por ter saco de ficar rebatendo o Reinaldo Azevedo e o Mainardi, mas, rapaz, eu tô velho pra essas coisas. Bem que a Veja podia dar uma melhorada, para nos incentivar a falar mal. Na dúvida, ficamos falando mal da esquerda, mesmo, que também faz muita besteira, mas ando com medo de um sujeito desavisado aparecer por aqui e achar que viramos uma filial do Mídia sem Máscara.
É por isso que a imprensa de esquerda inglesa (Guardian, Prospect) é tão melhor que a média. Vai lá discutir com a The Economist pra ver se você não melhora.
É por isso que a imprensa de esquerda inglesa (Guardian, Prospect) é tão melhor que a média. Vai lá discutir com a The Economist pra ver se você não melhora.
Universidade
Dos que eu vi até agora, o texto mais ponderado sobre o debate levantado pela molecada da USP é esse aqui, do cara do Biscoito Fino e a Massa, que eu vou linkar aí do lado esses dias.
Porque me ufano de meu país!
Estou lá lendo o Andrew Sullivan e me deparo com um post sobre logotipos desastrados, inspirado no horrendo logotipo da olímpiada de Londres. O Sullivan dava o link e só comentava: "É difícil ganhar do Instituto Brasileiro de Estudos Orientais". Corri pra ver e compartilho aqui com você esse clássico do design nacional. Na página do cara tem um link para outros logotipos engraçadíssimos.
Dr. ABC na Carta Capital!
O impávido paladino da justiça, o Dr. ABC, publicou uma carta na Carta Capital falando do fechamento da RCTV. Lá vai ela:
"Que a RCTV não era uma santa estava mais do que claro. O que não pode é o governo de Hugo Chávez tomar uma medida política, por mais legal que seja, para suspender a transmissão da emissora. Uma democracia só existe verdadeiramente quando o dissonante tem voz. Se houve abuso por parte da tevê no golpe de 2002, que fossem processados os responsáveis. Mas não. O que se fez foi exatamente o contrário: os golpistas que se enquadraram tiveram suas concessões renovadas; os outros perderam o direito de transmissão. Como definir o que é abuso jornalístico e o que não é? Quem define isso? Por que uma tevê necessariamente estatal - e, portanto, chavista - teve de ocupar o lugar da RCTV? Como garantir que a oposição terá voz, agindo dessa maneira? Chávez não percebe, mas, tomando essas atitudes, ele dá munição justamente para aqueles que combate."
A gente concorda. A propósito, ainda bem que a revista publicou a carta. Ainda existe esperança.
"Que a RCTV não era uma santa estava mais do que claro. O que não pode é o governo de Hugo Chávez tomar uma medida política, por mais legal que seja, para suspender a transmissão da emissora. Uma democracia só existe verdadeiramente quando o dissonante tem voz. Se houve abuso por parte da tevê no golpe de 2002, que fossem processados os responsáveis. Mas não. O que se fez foi exatamente o contrário: os golpistas que se enquadraram tiveram suas concessões renovadas; os outros perderam o direito de transmissão. Como definir o que é abuso jornalístico e o que não é? Quem define isso? Por que uma tevê necessariamente estatal - e, portanto, chavista - teve de ocupar o lugar da RCTV? Como garantir que a oposição terá voz, agindo dessa maneira? Chávez não percebe, mas, tomando essas atitudes, ele dá munição justamente para aqueles que combate."
A gente concorda. A propósito, ainda bem que a revista publicou a carta. Ainda existe esperança.
Friday, June 08, 2007
SOS NoMínimo!!!!
O NoMínimo está correndo risco de acabar! Os caras da Brasil Telecom vão tirar o patrocínio, e eles correm o risco de não atualizar mais a partir de Julho. Não tenho idéia do que os leitores podem fazer para ajudar, mas, de qualquer maneira, fica minha torcida para que não acabe. E minha recomendação para que leiam (não sei porque nunca pus na seção de links, vacilo meu).
E a propaganda definitiva: Amiano Marcelino gosta do NoMínimo.
E a propaganda definitiva: Amiano Marcelino gosta do NoMínimo.
Comentário à resposta do PT
Em resposta à moção de apoio do PT: ela é insatisfatória.
Uma coisa é o Itamaraty querer botar panos quentes na história. Isso está certo. Diplomacia é assim, e, a menos que queiramos comprar uma briga de longo prazo com o Chávez ( e pra que iríamos querer fazer isso?), vale a pena tolerá-lo enquanto ele não sair de certos limites. Até porque, há alguma razão na idéia de que tornar Chávez um pária encorajaria a turma mais radical do seu regime a fechar a situação ainda mais.
Outra coisa completamente diferente é o PT dar opinião favorável sobre a política de Chávez. Depois disso, que não se reclame de quem disser que há identidade programática. O fechamento da RCTV foi feito dentro da lei, mas é indiscutivelmente um passo na direção do autoritarismo.
Se Chávez (ex-golpista) quisesse fechar quem apoiou o golpe, que organizasse algo como uma comissão de verdade e reconciliação, como ocorreu em outros países recém-saídos de ditaduras, e decidisse os fechamentos conforme critérios objetivos e discutidos, inclusive, com opositores do regime. Não fechou porque sabia que seu passado de ex-golpista tirava sua legitimidade (principalmente a internacional) para tanto, e porque soube fazer o que era mais razoável para evitar uma crise política ainda maior na época (e parabéns a ele por tê-lo feito).
Desde então, a oposição venezuelana continuou a se comportar de maneira epilética, inclusive boicotando uma eleição congressual, o que, na prática, aboliu o poder legislativo na Venezuela. Chávez aproveitou a deixa, e vem, aos poucos, consolidando formas de poder autoritárias e retrógradas. O fechamento da RCTV já causaria preocupação em qualquer país, em qualquer contexto; em meio a uma tendência ao autoritarismo, é crítico.
O papel da esquerda democrática latino-americana não é puxar o saco de Chávez até a insanidade, mas sim criticar os pontos em que sua política se desviam da tradição da esquerda livre. Isso encorajaria os esquerdistas, dentro e fora do regime, que se opõem à deriva para o autoritarismo, e aumentaria a convicção, à esquerda e à direita, de que o compromisso com a democracia latino-americana é verdadeiro.
Uma coisa é o Itamaraty querer botar panos quentes na história. Isso está certo. Diplomacia é assim, e, a menos que queiramos comprar uma briga de longo prazo com o Chávez ( e pra que iríamos querer fazer isso?), vale a pena tolerá-lo enquanto ele não sair de certos limites. Até porque, há alguma razão na idéia de que tornar Chávez um pária encorajaria a turma mais radical do seu regime a fechar a situação ainda mais.
Outra coisa completamente diferente é o PT dar opinião favorável sobre a política de Chávez. Depois disso, que não se reclame de quem disser que há identidade programática. O fechamento da RCTV foi feito dentro da lei, mas é indiscutivelmente um passo na direção do autoritarismo.
Se Chávez (ex-golpista) quisesse fechar quem apoiou o golpe, que organizasse algo como uma comissão de verdade e reconciliação, como ocorreu em outros países recém-saídos de ditaduras, e decidisse os fechamentos conforme critérios objetivos e discutidos, inclusive, com opositores do regime. Não fechou porque sabia que seu passado de ex-golpista tirava sua legitimidade (principalmente a internacional) para tanto, e porque soube fazer o que era mais razoável para evitar uma crise política ainda maior na época (e parabéns a ele por tê-lo feito).
Desde então, a oposição venezuelana continuou a se comportar de maneira epilética, inclusive boicotando uma eleição congressual, o que, na prática, aboliu o poder legislativo na Venezuela. Chávez aproveitou a deixa, e vem, aos poucos, consolidando formas de poder autoritárias e retrógradas. O fechamento da RCTV já causaria preocupação em qualquer país, em qualquer contexto; em meio a uma tendência ao autoritarismo, é crítico.
O papel da esquerda democrática latino-americana não é puxar o saco de Chávez até a insanidade, mas sim criticar os pontos em que sua política se desviam da tradição da esquerda livre. Isso encorajaria os esquerdistas, dentro e fora do regime, que se opõem à deriva para o autoritarismo, e aumentaria a convicção, à esquerda e à direita, de que o compromisso com a democracia latino-americana é verdadeiro.
Resposta do PT sobre Chávez
Nóis aqui mandamos um email para a secretaria de relações internacionais do PT para reclamar do apoio ao Chávez, e tentar conseguir uma cópia do documento de apoio. Ontem eles nos enviaram o manifesto que começou a circular na grande imprensa um dia antes. Segue o documento na íntegra:
"O governo venezuelano decidiu não renovar a concessão da empresa RCTV.
Esta decisão provocou intensa polêmica, dentro e fora da Venezuela.
Partidos e movimentos sociais, em vários países do mundo, inclusive no Brasil, apoiaram a medida adotada pelo governo venezuelano.
Já a oposição venezuelana, alguns governos, partidos, instituições e empresas de comunicação em vários países, se opuseram à medida.
No caso do Brasil, uma comissão do Senado aprovou um requerimento solicitando ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a reconsideração da decisão.
Aproveitando a repercussão causada pela decisão do governo venezuelano, pelo requerimento do Senado e pela reação do presidente Hugo Chávez, setores da imprensa tentaram utilizar o episódio para questionar a posição do PT, seja em relação ao governo Chávez, seja em relação às liberdades democráticas.
Sobre o mérito desta polêmica, após ouvir a Comissão Executiva Nacional (CEN), a Secretaria de Relações Internacionais do PT explicita nossa opinião a respeito:
a) a Venezuela é um país democrático, com um Presidente escolhido pelo voto popular, em eleições livres, disputadas por uma oposição ativa, que recebe apoio de importantes meios de comunicação;
b) a não-renovação da concessão da RCTV seguiu todos os trâmites previstos pela legislação venezuelana;
c) é público e notório que a RCTV envolveu-se abertamente com o golpe fracassado contra o governo Chávez, atitude que em qualquer país do mundo justificaria o questionamento da concessão pública a uma rede de televisão.
Portanto, reiteramos a posição do PT, em defesa da liberdade de expressão em geral, particularmente da liberdade de imprensa, motivo pelo qual nos opomos ao monopólio da comunicação por grandes empresas, que se utilizam de concessões públicas para a defesa dos interesses privados de uma minoria.
Brasília, 4 de junho de 2007.
Secretaria de Relações Internacionais do PT (SRI)"
"O governo venezuelano decidiu não renovar a concessão da empresa RCTV.
Esta decisão provocou intensa polêmica, dentro e fora da Venezuela.
Partidos e movimentos sociais, em vários países do mundo, inclusive no Brasil, apoiaram a medida adotada pelo governo venezuelano.
Já a oposição venezuelana, alguns governos, partidos, instituições e empresas de comunicação em vários países, se opuseram à medida.
No caso do Brasil, uma comissão do Senado aprovou um requerimento solicitando ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a reconsideração da decisão.
Aproveitando a repercussão causada pela decisão do governo venezuelano, pelo requerimento do Senado e pela reação do presidente Hugo Chávez, setores da imprensa tentaram utilizar o episódio para questionar a posição do PT, seja em relação ao governo Chávez, seja em relação às liberdades democráticas.
Sobre o mérito desta polêmica, após ouvir a Comissão Executiva Nacional (CEN), a Secretaria de Relações Internacionais do PT explicita nossa opinião a respeito:
a) a Venezuela é um país democrático, com um Presidente escolhido pelo voto popular, em eleições livres, disputadas por uma oposição ativa, que recebe apoio de importantes meios de comunicação;
b) a não-renovação da concessão da RCTV seguiu todos os trâmites previstos pela legislação venezuelana;
c) é público e notório que a RCTV envolveu-se abertamente com o golpe fracassado contra o governo Chávez, atitude que em qualquer país do mundo justificaria o questionamento da concessão pública a uma rede de televisão.
Portanto, reiteramos a posição do PT, em defesa da liberdade de expressão em geral, particularmente da liberdade de imprensa, motivo pelo qual nos opomos ao monopólio da comunicação por grandes empresas, que se utilizam de concessões públicas para a defesa dos interesses privados de uma minoria.
Brasília, 4 de junho de 2007.
Secretaria de Relações Internacionais do PT (SRI)"
Wednesday, June 06, 2007
O Pensamento Vivo de Roberto Jefferson
Bom, certo, o cara é picareta, mas tem seus momentos. Como esse, para o qual uma colega nos chamou atenção:
"Machista alagoano, o bobo do Renan não fez vasectomia e dançou. Agora, foi se esconder debaixo da saia da mulher. Bobocas, cuidado com elas, nós somos 'gastosos' e não gostosos. Pelo menos, façam vasectomia. Eu já fiz."
"Machista alagoano, o bobo do Renan não fez vasectomia e dançou. Agora, foi se esconder debaixo da saia da mulher. Bobocas, cuidado com elas, nós somos 'gastosos' e não gostosos. Pelo menos, façam vasectomia. Eu já fiz."
Roberto Jefferson 2.0
Essa é para entrar na história. O glorioso Roberto Jefferson ("E cadê o dinheiro?", "É MEU") escreveu na Folha hoje, dois anos depois da entrevista que desencadeou a crise política, o seguinte:
"Na rua, sempre me perguntam por que protegi o Lula. Ainda nesta semana, em Brasília, fui questionado por um senhor: "Por que não acabou com tudo, de uma vez?". Respondi: ative-me ao que presenciei. O que poupei no passado, para minha tristeza, se desmancha no presente."
Você deve estar pensando: "Ah, ele acabou se desiludindo com o Lula, por causa do irmão do Lula, por causa dos aloprados do dossiê, por causa do prefeito petista de Camaçari". MAS NÃO! Veja só o que, na opinião do RJ, mostra que o grau de degeneração moral do governo aumentou:
'Se no mensalão o "líder do governo" era o "Carequinha de Belo Horizonte", que gerava os "argumentos reais" para manter a base afinada no Congresso, agora o "líder" é Paulo Lacerda, diretor-geral da Polícia Federal, que constrange aqueles que tentam criar embaraço, exigindo mais do que o governo está disposto a ceder, como vinha fazendo o PMDB. "
Ou seja: antes o Lula subornava os deputados, o que era ruim, mas o Jefferson até que aguentava (deve ter sido um sacrifício carregar aquela grana toda, mesmo). Mas agora as coisas saíram do controle: a Polícia Federal está prendendo corruptos! Meu Deus, onde é que esse país vai chegar? Isso não acaba? Onde estão os estadistas da República? E as forças da ordem? E a família? E o Papa? BASTA! Não há como duvidar: se Roberto Jefferson estivesse no comando, isso não estaria acontecendo.
"Na rua, sempre me perguntam por que protegi o Lula. Ainda nesta semana, em Brasília, fui questionado por um senhor: "Por que não acabou com tudo, de uma vez?". Respondi: ative-me ao que presenciei. O que poupei no passado, para minha tristeza, se desmancha no presente."
Você deve estar pensando: "Ah, ele acabou se desiludindo com o Lula, por causa do irmão do Lula, por causa dos aloprados do dossiê, por causa do prefeito petista de Camaçari". MAS NÃO! Veja só o que, na opinião do RJ, mostra que o grau de degeneração moral do governo aumentou:
'Se no mensalão o "líder do governo" era o "Carequinha de Belo Horizonte", que gerava os "argumentos reais" para manter a base afinada no Congresso, agora o "líder" é Paulo Lacerda, diretor-geral da Polícia Federal, que constrange aqueles que tentam criar embaraço, exigindo mais do que o governo está disposto a ceder, como vinha fazendo o PMDB. "
Ou seja: antes o Lula subornava os deputados, o que era ruim, mas o Jefferson até que aguentava (deve ter sido um sacrifício carregar aquela grana toda, mesmo). Mas agora as coisas saíram do controle: a Polícia Federal está prendendo corruptos! Meu Deus, onde é que esse país vai chegar? Isso não acaba? Onde estão os estadistas da República? E as forças da ordem? E a família? E o Papa? BASTA! Não há como duvidar: se Roberto Jefferson estivesse no comando, isso não estaria acontecendo.
100 Anos de Solidão
Já que estamos falando de blogs de alto nível, não deixem de ver o post do Dr. ABC sobre o "100 Anos de Solidão" que está fazendo 40 anos.
Crooked Timber
Um dos melhores nomes de blog do mundo é o do Crooked Timber, ou "lenha retorcida"; o nome vem da frase "Da lenha retorcida da humanidade, nada de reto jamais foi feito", que é do nosso velho chapa, o Kant. O blog é bem legal, mesmo, feito por um coletivo de filósofos, e vai entrar na lista aí do lado.
Aliás, estou fazendo uma lista de livros de blogueiros acadêmicos que comprarei na Amazon quando tiver capim para tanto. São eles:
1) All Politics is Global, do Daniel Drezner
2) The Political Philosophy of Cosmopolitanism, Gillian Brock e Harry Brighouse, do Crooked Timber.
3) Global Justice, do John Mandle, do Crooked Timber.
4) Amartya Sen's work and Ideas, da Ingrid Robeyns, também do Crooked Timber.
Falando nisso, dia desses vou escrever um post sobre o Amartya Sen, que já li bastante, pensando em escrever uma tese sobre ele. Acabou que não tive nenhuma idéia boa sobre o que li, e ficou por isso mesmo. Pois é.
Aliás, estou fazendo uma lista de livros de blogueiros acadêmicos que comprarei na Amazon quando tiver capim para tanto. São eles:
1) All Politics is Global, do Daniel Drezner
2) The Political Philosophy of Cosmopolitanism, Gillian Brock e Harry Brighouse, do Crooked Timber.
3) Global Justice, do John Mandle, do Crooked Timber.
4) Amartya Sen's work and Ideas, da Ingrid Robeyns, também do Crooked Timber.
Falando nisso, dia desses vou escrever um post sobre o Amartya Sen, que já li bastante, pensando em escrever uma tese sobre ele. Acabou que não tive nenhuma idéia boa sobre o que li, e ficou por isso mesmo. Pois é.
USP
Dois novos desenvolvimentos na USP: em primeiro lugar, a UNE, que ignorou a ocupação até outro dia, resolveu entrar na onda (que beleza) e fazer umas ocupações Brasil afora. Por outro lado, professores da USP prometem fazer uma passeata contra a greve. Vamos ver como os moleques lidam com a pressão.
Tuesday, June 05, 2007
Da série: "Eu olho pra esse troço e vejo que sou um merda, mesmo"
Mais um capítulo da série de coisas que me botam em meu devido lugar e me fazem deixar de achar que sou grande coisa (ultimamente até que está fácil). A série começou aqui. Para quem não sabe, é "A Virgem, Sant'anna e o menino" do mestre supremo Leonardo.
Monday, June 04, 2007
Alencastro de volta com a corda toda
O Sequências Parisienses, que andava meio devagar depois do fim da eleição francesa, voltou com dois belos posts: um comentário sobre a pesquisa da genética dos negros brasileiros (não me parece invalidar os resultados, eu acho, mas coloca-os em perspectiva), e um post muito bom sobre o juiz Joaquim Barbosa, do STF. De fato, se você leu a matéria do Estadão linkada abaixo no post sobre o Frei Betto, pode ter ficado com a impressão de que o sujeito era um mané que estava de bobeira no aeroporto quando Frei Betto o encontrou e pensou: rapaz, um juiz negão, vou falar pro Lula. Dêem uma sacada no currículo da criança e vejam que não foi assim. Ê, Estadão.
Rolê pela web
Nessa de falta de assunto, excluído o assunto deprimente de que o pessoal em quem eu voto apóia o Chávez, fui dar uma browseada velho estilo, procurando uma coisa no Google, seguindo um link na página encontrada, depois outro, e por aí vai.
Nessas, procurando posts sobre a Venezuela, descobri o tal do Hermenautas, onde achei o site sobre quanto vale cada blog (ver abaixo), e essa nova paradinha maneiríssima que vocês vão ver assim que passarem o mouse em cima de qualquer link aqui no blog. Também descobri outro coletivo de blogs (um fenômeno interessante, que, tanto quanto eu sei, começou com o Wunderblogs), meio literário-pessoais, o Breviário. Escolhi um dos sites para ler, o Sententia, onde fui remetido a outro coletivo, o Apostos (com alguns blogs que já conhecia, em geral da turma mais à direita), meio chato, por isso voltei para o Hermenautas e vi menção a dois blogs que não conhecia, mas que parecem valer um dinheirão: o Pensar Enlouquece, de um sujeito chamado Inagaki, que não consigui carregar por algum motivo, e O Biscoito Fino e a Massa, de um professor de português brasileiro nos EUA, que parece bem bacana (e, aparentemente já é famoso para todo mundo menos eu), mas me deprimiu por ter algo em torno de 100 vezes nossa audiência média diária (isso apesar de nossas atrações de grande apelo, como o Fichamento On-Line e a foto do Chávez fazendo cafuné no Mugabe). Seguindo os links desse último, achei o espetacularmente batizado Ao Mirante, Nelson! Entrando pelo link do Nelson, acabei conseguindo carregar o Pensar Enlouquece, que aliás se chama Pensar Enlouquece, Pense nisso. E eis que, seguindo um dos links, acabei encontrando um cara que conheço, o Alexandre Matias, que na minha época da UNICAMP fazia um jornalzinho bacana, O Leopoldo, e era um sujeito engraçado. No Pensar Enlouquece tem também uma lista de sites favoritos do autor, que parecem no mínimo curiosos. E o link para o blog de um cara chamado Rafael Galvão, que, penso eu, tem a melhor foto de autor que eu vi em muito tempo.
Quanto tempo levou pra fazer isso? Vinte minutos antes do almoço e vinte minutos depois.
PS: gostaria de saber se ficou difícil carregar o blog depois que eu adicionei a paradinha bacana que mostra os links. Que cês acham?
Nessas, procurando posts sobre a Venezuela, descobri o tal do Hermenautas, onde achei o site sobre quanto vale cada blog (ver abaixo), e essa nova paradinha maneiríssima que vocês vão ver assim que passarem o mouse em cima de qualquer link aqui no blog. Também descobri outro coletivo de blogs (um fenômeno interessante, que, tanto quanto eu sei, começou com o Wunderblogs), meio literário-pessoais, o Breviário. Escolhi um dos sites para ler, o Sententia, onde fui remetido a outro coletivo, o Apostos (com alguns blogs que já conhecia, em geral da turma mais à direita), meio chato, por isso voltei para o Hermenautas e vi menção a dois blogs que não conhecia, mas que parecem valer um dinheirão: o Pensar Enlouquece, de um sujeito chamado Inagaki, que não consigui carregar por algum motivo, e O Biscoito Fino e a Massa, de um professor de português brasileiro nos EUA, que parece bem bacana (e, aparentemente já é famoso para todo mundo menos eu), mas me deprimiu por ter algo em torno de 100 vezes nossa audiência média diária (isso apesar de nossas atrações de grande apelo, como o Fichamento On-Line e a foto do Chávez fazendo cafuné no Mugabe). Seguindo os links desse último, achei o espetacularmente batizado Ao Mirante, Nelson! Entrando pelo link do Nelson, acabei conseguindo carregar o Pensar Enlouquece, que aliás se chama Pensar Enlouquece, Pense nisso. E eis que, seguindo um dos links, acabei encontrando um cara que conheço, o Alexandre Matias, que na minha época da UNICAMP fazia um jornalzinho bacana, O Leopoldo, e era um sujeito engraçado. No Pensar Enlouquece tem também uma lista de sites favoritos do autor, que parecem no mínimo curiosos. E o link para o blog de um cara chamado Rafael Galvão, que, penso eu, tem a melhor foto de autor que eu vi em muito tempo.
Quanto tempo levou pra fazer isso? Vinte minutos antes do almoço e vinte minutos depois.
PS: gostaria de saber se ficou difícil carregar o blog depois que eu adicionei a paradinha bacana que mostra os links. Que cês acham?
Frei Betto
Dica do Dr. ABC: o Frei Betto vai lançar um livro de memórias sobre o governo Lula. Tem cara de ser interessante. Aguardem resenha, e aproveitem os aperitivos na matéria do Estadão (vale a pena, mesmo).
Como é pra vocês, eu arredondo pra três!
Descobri um site que calcula o valor em dólares de cada blog. Não tenho a menor idéia de qual o critério utilizado, não sei como se calcula isso. Mas o fato é que o site deu para o vosso humilde servo aqui o valor de:
$4,516.32
Interessados podem pagar em dinheiro vivo ou em vale-pizza.
$4,516.32
Interessados podem pagar em dinheiro vivo ou em vale-pizza.
PT, PSOL e Chávez
A propósito, sei, pela imprensa, que PT e PSOL apoiaram a decisão de Chávez de fechar a RCTV, mas não consigo achar a tal da nota nos sites dos partidos (procure aqui ou aqui). O único lugar onde se acha isso é no site da embaixada da Venezuela, onde se descobre que uma turma do PDT (o "Círculo Bolivariano Leonel Brizola", Meu Deus!) também apoiou a putaria. Vejam a nota de apoio:
"MANIFIESTO DE APOYO AL FIN DE LA CONCESIÓN A “RADIO CARACAS TELEVISIÓN” (RCTV), DE VENEZUELA (la “TV Globo” de allá)
Dado el domingo 27 de mayo, a las 10 h, frente a la Embajada de la República Bolivariana de Venezuela en Brasilia
Convocamos aquí a todos los compañeros y compañeras que son solidarios a Venezuela y al pueblo venezolano, todos y todas que luchan por la democratización de los vehículos de comunicación de masas, para que participen de esta manifestación de apoyo a la no renovación de la concesión a Radio Caracas Televisión (RCTV), empresa de propiedad de empresarios estadounidenses. Esa empresa privada, además de vehicular todas las chocarrerías y bajezas típicas de una TV comercial, irrespetando la cultura popular y agrediendo la inteligencia del pueblo venezolano, hace propaganda abierta contra el proceso revolucionario, habiendo sido protagonista del golpe fascista de 11 de abril de 2002, prontamente derrotado por la movilización del pueblo venezolano.
La concesión de la señal televisiva a RCTV vence este domingo (27 de mayo a las 23:59 h), siendo prerrogativa del Estado venezolano renovar o no la concesión. El Gobierno encabezado por Hugo Chávez Frías, en consonancia con las aspiraciones populares, decidió NO RENOVAR La CONCESIÓN y, mejor aún, crear la red publica de TV llamada TELEVISIÓN VENEZOLANA SOCIAL (TEVES), utilizando la misma frecuencia que servía a RCTV. Ésta, por su vez, perderá solamente la señal abierta, permaneciendo con permiso para trasmitir a través de sus otros medios: radio, banda de internet, tV a cable, etc.
La minoría opositora a ese acto legítimo y legal del gobierno venezolano ha urdido innumeras patrañas acerca de la medida. Y esa misma minoría hace alarde proporcional a su poder financiero. Acciona la Sociedad Interamericana de Prensa, entidad que reúne las grandes empresas periodísticas del Continente (CNN, Globo etc.) para dar apoyo y divulgar, en los otros países, patrañas sobre la situación en Venezuela y calumniar al Gobierno venezolano
Por eso, llamamos a todos y todas a brindar nuestra solidaridad a esa medida democrática y popular del gobierno socialista y revolucionario de Venezuela.
TV PÚBLICA:
Gestión Democrática y Control Social
Información sin Manipulación
Cultura Popular y Entretenimiento Sano
Difusión del Conocimiento y de la Cultura Universal
APOYAMOS EL FIN DE LA CONCESIÓN A RCTV Y A lA CREACIÓN DE LA
RED “TELEVISIÓN VENEZOLANA SOCIAL”!!
Central de Movimientos Populares y Círculo Bolivariano de Brasilia
Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST)
Movimiento de Pastores Negros de Brasil,
Partido de los Trabajadores (PT)
Círculo Bolivariano “Leonel Brizola”
Movimiento de Mujeres Campesinas
Partido Socialismo y Libertad (PSOL)
Televisora Ciudad Libre de la Red de Televisoras Comunitarias de Brasil"
Vergonha para todos os supracitados, em especial para o movimento das televisoras comunitárias, que deveriam ser as primeiras a defender a liberdade de imprensa. Mas o que me impressionou foi os caras não divulgarem a nota para o grande público. Meu amigo, se você quiser apoiar essa merda, dê a cara a tapa. Se não quiser, peça desculpas por ter deixado botarem seu nome lá.
PT e PSOL se comportam como covardes e traidores dos trabalhadores venezuelanos.
"MANIFIESTO DE APOYO AL FIN DE LA CONCESIÓN A “RADIO CARACAS TELEVISIÓN” (RCTV), DE VENEZUELA (la “TV Globo” de allá)
Dado el domingo 27 de mayo, a las 10 h, frente a la Embajada de la República Bolivariana de Venezuela en Brasilia
Convocamos aquí a todos los compañeros y compañeras que son solidarios a Venezuela y al pueblo venezolano, todos y todas que luchan por la democratización de los vehículos de comunicación de masas, para que participen de esta manifestación de apoyo a la no renovación de la concesión a Radio Caracas Televisión (RCTV), empresa de propiedad de empresarios estadounidenses. Esa empresa privada, además de vehicular todas las chocarrerías y bajezas típicas de una TV comercial, irrespetando la cultura popular y agrediendo la inteligencia del pueblo venezolano, hace propaganda abierta contra el proceso revolucionario, habiendo sido protagonista del golpe fascista de 11 de abril de 2002, prontamente derrotado por la movilización del pueblo venezolano.
La concesión de la señal televisiva a RCTV vence este domingo (27 de mayo a las 23:59 h), siendo prerrogativa del Estado venezolano renovar o no la concesión. El Gobierno encabezado por Hugo Chávez Frías, en consonancia con las aspiraciones populares, decidió NO RENOVAR La CONCESIÓN y, mejor aún, crear la red publica de TV llamada TELEVISIÓN VENEZOLANA SOCIAL (TEVES), utilizando la misma frecuencia que servía a RCTV. Ésta, por su vez, perderá solamente la señal abierta, permaneciendo con permiso para trasmitir a través de sus otros medios: radio, banda de internet, tV a cable, etc.
La minoría opositora a ese acto legítimo y legal del gobierno venezolano ha urdido innumeras patrañas acerca de la medida. Y esa misma minoría hace alarde proporcional a su poder financiero. Acciona la Sociedad Interamericana de Prensa, entidad que reúne las grandes empresas periodísticas del Continente (CNN, Globo etc.) para dar apoyo y divulgar, en los otros países, patrañas sobre la situación en Venezuela y calumniar al Gobierno venezolano
Por eso, llamamos a todos y todas a brindar nuestra solidaridad a esa medida democrática y popular del gobierno socialista y revolucionario de Venezuela.
TV PÚBLICA:
Gestión Democrática y Control Social
Información sin Manipulación
Cultura Popular y Entretenimiento Sano
Difusión del Conocimiento y de la Cultura Universal
APOYAMOS EL FIN DE LA CONCESIÓN A RCTV Y A lA CREACIÓN DE LA
RED “TELEVISIÓN VENEZOLANA SOCIAL”!!
Central de Movimientos Populares y Círculo Bolivariano de Brasilia
Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST)
Movimiento de Pastores Negros de Brasil,
Partido de los Trabajadores (PT)
Círculo Bolivariano “Leonel Brizola”
Movimiento de Mujeres Campesinas
Partido Socialismo y Libertad (PSOL)
Televisora Ciudad Libre de la Red de Televisoras Comunitarias de Brasil"
Vergonha para todos os supracitados, em especial para o movimento das televisoras comunitárias, que deveriam ser as primeiras a defender a liberdade de imprensa. Mas o que me impressionou foi os caras não divulgarem a nota para o grande público. Meu amigo, se você quiser apoiar essa merda, dê a cara a tapa. Se não quiser, peça desculpas por ter deixado botarem seu nome lá.
PT e PSOL se comportam como covardes e traidores dos trabalhadores venezuelanos.
Marco Aurélio Garcia
Marco Aurélio Garcia foi meu professor na UNICAMP e sempre gostei muito dele, que sempre foi uma voz sensata nas discussões da política brasileira. Mas sempre teve umas imbecilidades em termos de política externa. Houve uma semana em que não tivemos aula porque ele ia à Líbia apresentar o Lula e o Kadafi, encontro que não teve qualquer consequência política a não ser queimar o filme do Lula por expô-lo ao lado de um facista.
A idéia de aproximar os países pobres é boa, mas não há dúvida de que há um tipo de proximidade diplomática que um país democrático só pode ter com o outro. Você pode ser aliado tático de quem quiser em arenas internacionais, mas não pode elogiar a política interna do cara a não ser que ele seja um democrata (ou, em alguns casos, alguém tentando reformar um sistema autoritário).
Pois bem: ontem o MAG me fez a merda de dizer que o Chávez fechar a RCTV foi perfeitamente legítima, e legal. Legal talvez tenha sido, mas o que quer dizer "legal" quando o presidente tem controle político do judiciário? Houve um ponto, durante a falência da antiga TV Manchete, que a CUT pensou em comprá-la. Dizia-se que não havia o menor risco do Ministério aprovar. Seria prerrogativa do ministério recusar, pela lei. Mas alguém duvida de que seria um atentado à democracia?
Enfim, triste episódio na biografia de Marco Aurélio Garcia, do PT, que tem se comportado de maneira absolutamente pusilânime diante de Chávez (o que é muito, muito pior do que as acusações de corrupção até agora comprovadas), do PSOL (bom, se bem que desse era o que se esperava, mesmo), enfim.
A idéia de aproximar os países pobres é boa, mas não há dúvida de que há um tipo de proximidade diplomática que um país democrático só pode ter com o outro. Você pode ser aliado tático de quem quiser em arenas internacionais, mas não pode elogiar a política interna do cara a não ser que ele seja um democrata (ou, em alguns casos, alguém tentando reformar um sistema autoritário).
Pois bem: ontem o MAG me fez a merda de dizer que o Chávez fechar a RCTV foi perfeitamente legítima, e legal. Legal talvez tenha sido, mas o que quer dizer "legal" quando o presidente tem controle político do judiciário? Houve um ponto, durante a falência da antiga TV Manchete, que a CUT pensou em comprá-la. Dizia-se que não havia o menor risco do Ministério aprovar. Seria prerrogativa do ministério recusar, pela lei. Mas alguém duvida de que seria um atentado à democracia?
Enfim, triste episódio na biografia de Marco Aurélio Garcia, do PT, que tem se comportado de maneira absolutamente pusilânime diante de Chávez (o que é muito, muito pior do que as acusações de corrupção até agora comprovadas), do PSOL (bom, se bem que desse era o que se esperava, mesmo), enfim.
Friday, June 01, 2007
Ocupação USP
A ocupação da USP, convenhamos, foi um sucesso. O Serra fez agora o que deveria ter feito logo desde o início, mudou a redação dos decretos. Essa é a hora dos moleques saírem fazendo festa pela USP e receberem o reconhecimento da comunidade acadêmica de que mandaram bem. Certo? Veremos.
Porque ainda não acabou a ocupação? Se eles saírem agora, saem vencendo. Não é possível que as lideranças não notem isso. Ainda podem aceitar a oferta da reitora da USP e ganhar mais trezentas vagas no CRUSP.
Agora, se não saírem vão sair depois, talvez na porrada, com certeza sem proposta ou propósito, e tendo perdido a batalha pela opinião pública.
Porque ainda não acabou a ocupação? Se eles saírem agora, saem vencendo. Não é possível que as lideranças não notem isso. Ainda podem aceitar a oferta da reitora da USP e ganhar mais trezentas vagas no CRUSP.
Agora, se não saírem vão sair depois, talvez na porrada, com certeza sem proposta ou propósito, e tendo perdido a batalha pela opinião pública.
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