Nada como o singelo espetáculo de um bom perdedor. Vejam como reagiu o Mainardi à vitória de Lula:
"Thoureau disse: o eleitor é um cavalo. Ele disse também: o eleitor é um cachorro E repito, citando Thoureau: o eleitor é um cavalo, o eleitor é um cachorro, [repete essa frase mais três vezes] Insulte o eleitor. Sem perder a pompa, sem perder o brilho."
Pois bem, sem perder nem a pompa nem o brilho (da mesma forma que jamais perderei minha beleza apolínea ou minha capacidade de viver sem respirar), o Olavúnculo escreve, no texto "É Lula de novo, com a culpa do povo":
"Eu não tenho o menor interesse na opinião do povo. Quase sempre ele está errado. Aliás, a opinião de muito pouca gente me interessa. A democracia sempre foi salva pelas elites e posta em risco justamente pelo “povo”, essa entidade. Vai acontecer de novo. Lula, reeleito, tende a levar o país para o buraco. E uma elite política terá de ser convocada para impedir o desastre.
O “povo”, nos assuntos realmente importantes, não apita nada. É uma sorte! Aqui e no mundo inteiro. Não apitou quando se fez o Plano Real. Ou nas privatizações. Teria votado contra a venda da Telebrás ou da Embraer. Junto com Lula. Estaríamos sem telefones e sem produzir aviões. Os petralhas sabem: fico aqui queimando as pestanas, tentando achar um jeito de eliminar o povo da democracia. Ainda não consegui. Quando encontrar, darei sumiço no dito-cujo em silêncio. Ninguém nem vai perceber... Povo pra quê?"
Deixemos de lado o fato de que, se um esquerdista escreve isso, vira capa da Veja em uma montagem sendo enrabado pelo Stalin. Deixemos de lado tudo que esse pessoal não aprendeu no curso de Ciência Política I sobre democracia, e deixemos de lado o fato de que eles mostram o quanto falta para o Brasil ter uma direita civilizada fora dos departamentos de Economia. O que me chama atenção nisso tudo é: se eles falam tão mal das massas,
ESSES CARAS SE ACHAM ELITE???!!!
Elite de que, Meu Deus? Econômica seria pretensão, não sei quanto a Veja lhes paga para, enfim, fazer o que eles fazem, mas não deve ser tanto. CULTURAL???? INTELECTUAL???
MEU DEUS!!!!!!
Tuesday, October 31, 2006
Brasil Dividido (2)
Para quem acredita que Lula só ganhou nos grotões, vejam quem ganhou nas dez maiores cidades do Estado de São Paulo:
1) São Paulo (capital) - Alckmin
2) Guarulhos - Lula
3) Campinas - Lula
4) São Bernardo - Lula
5) Osasco - Lula
6) Santo André - Lula
7) São José dos Campos - Alckmin
8) Sorocaba - Alckmin
9) Ribeirão Preto - Alckmin
10) Santos - Alckmin
Metade pra um, metade pra outro.
1) São Paulo (capital) - Alckmin
2) Guarulhos - Lula
3) Campinas - Lula
4) São Bernardo - Lula
5) Osasco - Lula
6) Santo André - Lula
7) São José dos Campos - Alckmin
8) Sorocaba - Alckmin
9) Ribeirão Preto - Alckmin
10) Santos - Alckmin
Metade pra um, metade pra outro.
Bolsa-Família em Nova Iorque (2)
Sugestão do Fábio, tirado do site do Paulo Henrique Amorim:
NOVA YORK VAI ADOTAR O BOLSA-FAMÍLIA
Paulo Henrique Amorim
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, é um dos homens mais ricos do mundo. Ele fez a fortuna com um produto que ajuda as pessoas a ficarem ricas: é o serviço de informações econômicas que leva seu nome, “Bloomberg”. Ele se elegeu prefeito da cidade duas vezes, sem usar dinheiro público – torrou o próprio (clique aqui para ouvir).Não há nada mais capitalista que Bloomberg.Bloomberg, porém, é daqueles capitalistas espertos. Muito espertos. Que sabem que se o sistema capitalista for bom só para os ricos vai pro brejo.
Ele está preocupado com o número muito grande de pobres em Nova York. Por isso, resolveu fazer o quê?Aplicar o “bolsa-família” em Nova York.Segundo o colunista Bob Herbert, do New York Times, onde li a informação, a beleza do “bolsa-família” é que ele tem condicionalidades: a mãe só recebe o dinheiro se a criança for à escola e se submeter a tratamento médico.Fiquei abismado com a informação: mas, não tem gente no Brasil que diz que o “bolsa-família” é o atraso, que não tem “saída”: quem entra nele não sai mais; que é anti-capitalista, porque é “assistencialista”?O Michael Bloomberg, positivamente, não tem nada a aprender com os “capitalistas” brasileiros.
Ainda bem que Geraldo Alckmin disse e repetiu que não vai acabar com o “bolsa-família”, se for eleito.Não pretende fazer como um governador do Rio, Moreira Franco, que se elegeu porque disse, entre outras coisas, que ia continuar com o Brizolão. E fez tudo para acabar.Hoje, Moreira Franco é um político que tem a mesma propriedade do Jorge Bornhausen: faltam-lhe votos.E todos os candidatos a governador do Rio, em 2006, no debate promovido pela TV Record, elogiaram o Brizolão...Quem sabe o Bloomberg faz um Brizolão no Harlem?
NOVA YORK VAI ADOTAR O BOLSA-FAMÍLIA
Paulo Henrique Amorim
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, é um dos homens mais ricos do mundo. Ele fez a fortuna com um produto que ajuda as pessoas a ficarem ricas: é o serviço de informações econômicas que leva seu nome, “Bloomberg”. Ele se elegeu prefeito da cidade duas vezes, sem usar dinheiro público – torrou o próprio (clique aqui para ouvir).Não há nada mais capitalista que Bloomberg.Bloomberg, porém, é daqueles capitalistas espertos. Muito espertos. Que sabem que se o sistema capitalista for bom só para os ricos vai pro brejo.
Ele está preocupado com o número muito grande de pobres em Nova York. Por isso, resolveu fazer o quê?Aplicar o “bolsa-família” em Nova York.Segundo o colunista Bob Herbert, do New York Times, onde li a informação, a beleza do “bolsa-família” é que ele tem condicionalidades: a mãe só recebe o dinheiro se a criança for à escola e se submeter a tratamento médico.Fiquei abismado com a informação: mas, não tem gente no Brasil que diz que o “bolsa-família” é o atraso, que não tem “saída”: quem entra nele não sai mais; que é anti-capitalista, porque é “assistencialista”?O Michael Bloomberg, positivamente, não tem nada a aprender com os “capitalistas” brasileiros.
Ainda bem que Geraldo Alckmin disse e repetiu que não vai acabar com o “bolsa-família”, se for eleito.Não pretende fazer como um governador do Rio, Moreira Franco, que se elegeu porque disse, entre outras coisas, que ia continuar com o Brizolão. E fez tudo para acabar.Hoje, Moreira Franco é um político que tem a mesma propriedade do Jorge Bornhausen: faltam-lhe votos.E todos os candidatos a governador do Rio, em 2006, no debate promovido pela TV Record, elogiaram o Brizolão...Quem sabe o Bloomberg faz um Brizolão no Harlem?
Brasil Dividido
O jornalismo brasileiro podia parar de copiar a pauta do jornalismo americano. Em toda parte, estão publicadas imagens daquele mapa do Brasil, metade vermelho, metade azul, que invariavelmente se fazem acompanhar de matérias sobre como o Brasil está dividido entre o Brasil moderno, que votou em Alckmin, e o Brasil arcaico, que votou em Lula. As matérias, na verdade, copiam mapas e reportagens semelhantes que apareceram na imprensa americana depois da última eleição presidencial (aliás, as cores também eram azul e vermelho).
Este mapa é, na verdade, uma merda de ilustração. Se um cara tiver ganho do outro por 1 voto em um determinado estado, o estado é pintado com a cor dele. Dêem uma checada nesse site, e vejam como fica o mapa se, ao invés de pintar o Estado de uma cor só, você usar tonalidades de roxo que levem em conta as porcentagens de votos azuis e vermelhos em cada Estado. O país é mais ou menos todo roxo, mais avermelhado em alguns lugares (em geral menos populosos), mais azulados em outros.
No caso do Brasil Alckmin não ganhou folgado em lugar nenhum. O que houve foi equilíbrio nos lugares mais desenvolvidos, descontado o Rio devido ao desastre do apoio de Garotinho, e uma vitória esmagadora de Lula no Nordeste.
O Brasil não está dividido: o PSDB é que não tem proposta para o Nordeste, e o câmbio de Lula o prejudicou nas áreas de agribusiness.
Este mapa é, na verdade, uma merda de ilustração. Se um cara tiver ganho do outro por 1 voto em um determinado estado, o estado é pintado com a cor dele. Dêem uma checada nesse site, e vejam como fica o mapa se, ao invés de pintar o Estado de uma cor só, você usar tonalidades de roxo que levem em conta as porcentagens de votos azuis e vermelhos em cada Estado. O país é mais ou menos todo roxo, mais avermelhado em alguns lugares (em geral menos populosos), mais azulados em outros.
No caso do Brasil Alckmin não ganhou folgado em lugar nenhum. O que houve foi equilíbrio nos lugares mais desenvolvidos, descontado o Rio devido ao desastre do apoio de Garotinho, e uma vitória esmagadora de Lula no Nordeste.
O Brasil não está dividido: o PSDB é que não tem proposta para o Nordeste, e o câmbio de Lula o prejudicou nas áreas de agribusiness.
Gerdau
A crer na Folha, Lula pensa em convidar Jorge Gerdau (dono da, dã, Gerdau) para o ministério. Diz a reportagem:
"Em reuniões com o presidente, Gerdau apresentou idéias sobre melhoria dos gastos públicos e choque de gestão. Gerdau tem ainda idéias sobre fundos de previdência e mudanças de gestão nessa área, que agradaram Lula"
Eu vi o Gerdau em um seminário de pensamento liberal na UniverCidade ano passado, e ele era realmente muito melhor que os outros palestrantes. Lembro claramente dele dizer que o desperdício no setor público era um escândalo, e que daria para economizar uma grana, mesmo sem demitir ninguém. Na época pensei, "porque esse cara não explica isso pro governo?".
Vejam só como são as coisas. Quando eu estou indo com a farinha...
PS: se não muito me engano, a conferência sobre pensamento liberal, que foi muito boa, resultou na criação do Instituto Millenium. Chequem o site por si mesmos, mas eu achei o resultado profundamente decepcionante (uma merda, para ser preciso).
"Em reuniões com o presidente, Gerdau apresentou idéias sobre melhoria dos gastos públicos e choque de gestão. Gerdau tem ainda idéias sobre fundos de previdência e mudanças de gestão nessa área, que agradaram Lula"
Eu vi o Gerdau em um seminário de pensamento liberal na UniverCidade ano passado, e ele era realmente muito melhor que os outros palestrantes. Lembro claramente dele dizer que o desperdício no setor público era um escândalo, e que daria para economizar uma grana, mesmo sem demitir ninguém. Na época pensei, "porque esse cara não explica isso pro governo?".
Vejam só como são as coisas. Quando eu estou indo com a farinha...
PS: se não muito me engano, a conferência sobre pensamento liberal, que foi muito boa, resultou na criação do Instituto Millenium. Chequem o site por si mesmos, mas eu achei o resultado profundamente decepcionante (uma merda, para ser preciso).
Monday, October 30, 2006
Bolsa-Família em Nova Iorque
Aposto que não há um único jornal hoje que não tenha desenhado um mapa com os Estados brasileiros pintados de vermelho ou azul, segundo tenha ganho lá Lula ou Alckmin, e dizendo que nos Estados vermelhos, mais atrasados, coisas atrasadas como o Bolsa-Família ainda fazem sucesso. Pois vejam vocês que outro lugar atrasado vai adotar o Bolsa-Família (há uma tradução no Estadão hoje, mas eu não sou assinante). Start spreading the news...
Adeus aos Banners
A partir de hoje saem os banners do Gabeira e do Suplicy, que continuam, entretanto, a ser dois dos políticos favoritos do blog.
Corte de gastos
Do Valor Econômico:
"Para destravar o crescimento da economia, o segundo governo Lula prepara um programa fiscal para os próximos dez anos, cujo foco será conter a expansão dos gastos públicos, inclusive nas áreas sociais. Não haverá redução real das despesas correntes, mas alteração na forma de corrigir a soma de recursos destinados inclusive à saúde e educação, que passaria a ser indexada à variação do IPCA mais a taxa de crescimento populacional, com uma meta de aumento da despesa per capita no longo prazo. "
"Para destravar o crescimento da economia, o segundo governo Lula prepara um programa fiscal para os próximos dez anos, cujo foco será conter a expansão dos gastos públicos, inclusive nas áreas sociais. Não haverá redução real das despesas correntes, mas alteração na forma de corrigir a soma de recursos destinados inclusive à saúde e educação, que passaria a ser indexada à variação do IPCA mais a taxa de crescimento populacional, com uma meta de aumento da despesa per capita no longo prazo. "
Frossard
Triste campanha, a da Frossard. Quando ia engatar, foi traída na maior pelo PSDB. Quando olhou pra frente, Sérgio Cabral tinha o apoio de todo o sistema político brasileiro à exceção de César Maia. Se saiu mal nos debates, talvez por ter subestimado dramaticamente seu adversário (o que Alckmin também fez). Mas teve, pelo menos, o voto desse blog. Enfim.
Segundo Mandato
A partir dessa semana, discutiremos um problema a ser enfrentado por Lula por semana até o fim de Novembro, mais ou menos.
Alckmin
Alckmin vai ficar para a história como um candidato ruim (2.5 milhões de votos a menos no segundo turno, ninguém mais apoiando dez dias antes), mas isso não será justo: sem apoio de ninguém, chegou no segundo turno, e, se daí em diante passou vergonha, cá entre nós, ninguém apareceu para ajudar. Me parece óbvio que Serra teria perdido: quando o efeito dos escândalos passaram, Lula era fortíssimo, e Serra é pior que Alckmin em muitos aspectos (por exemplo, em debate). Talvez perdesse de menos, mas não sei bem em que isso afetaria o que quer que fosse.
Conversando com um amigo tucano ontem, chegamos à seguinte conclusão: Alckmin perdeu na primeira semana do segundo turno, quando adiou a propaganda, aceitou Garotinho, e se esqueceu de ir "pisar no barro", como dizia Covas, preferindo ir fazer conchavo com político. Quando a propaganda começou, Lula já tinha o apoio de Cabral, e quando a pesquisa dos 11 pontos saiu, os aliados começaram a debandar. Se tivesse feito tudo direito naquela semana, se segurasse a diferença ali pelos cinco pontos, a debandada não aconteceria, ou aconteceria do lado de Lula, e Alckmin teria chance. Mas seria muito difícil.
A idéia de agredir Lula no debate da Band provavelmente não teve muito efeito, mas era uma má idéia. Alckmin, no segundo turno, precisava tirar voto de Lula. Fazendo parecer que Lula era o demônio, ofendeu seus eleitores, que precisava conquistar.
Conversando com um amigo tucano ontem, chegamos à seguinte conclusão: Alckmin perdeu na primeira semana do segundo turno, quando adiou a propaganda, aceitou Garotinho, e se esqueceu de ir "pisar no barro", como dizia Covas, preferindo ir fazer conchavo com político. Quando a propaganda começou, Lula já tinha o apoio de Cabral, e quando a pesquisa dos 11 pontos saiu, os aliados começaram a debandar. Se tivesse feito tudo direito naquela semana, se segurasse a diferença ali pelos cinco pontos, a debandada não aconteceria, ou aconteceria do lado de Lula, e Alckmin teria chance. Mas seria muito difícil.
A idéia de agredir Lula no debate da Band provavelmente não teve muito efeito, mas era uma má idéia. Alckmin, no segundo turno, precisava tirar voto de Lula. Fazendo parecer que Lula era o demônio, ofendeu seus eleitores, que precisava conquistar.
Pesquisa Dataprática
O Dataprática ouviu uma amostra de quatro negos metidos a grande merda que gostam de falar besteira sobre política, selecionados pelo critério "falaram comigo ontem", e chegou ao seguinte chutograma sobre o ministério de Lula:
Fazenda: Fernando Pimentel (voto vencido: Guido Mantega)
Agricultura: Delfim Netto
Justiça: Nelson Jobim (voto vencido: Biscaia)
Cidades: Marta Suplicy (voto vencido: Jorge Bittar)
Integração Regional: Ciro Gomes (votos vencidos: Jorge Viana e Roseana Sarney)
Previdência: Nélson Machado (dois votos em branco)
Desenvolvimento: Furlan
Planejamento: Paulo Bernardo (voto vencido: Mercadante)
Saúde: Empate entre Mercadante, Jandira Fhegali, Humberto Costa e "alguém do PMDB"
Educação: Empate entre Mercadante, "alguém do PMDB", Miro teixeira e Marta Suplicy.
Casa Civil: Dilma
Coordenação Política: Jorge Viana (voto vencido: Paulo Delgado)
Banco Central: Henrique Meirelles (voto vencido: Marcos Lisboa)
Fazenda: Fernando Pimentel (voto vencido: Guido Mantega)
Agricultura: Delfim Netto
Justiça: Nelson Jobim (voto vencido: Biscaia)
Cidades: Marta Suplicy (voto vencido: Jorge Bittar)
Integração Regional: Ciro Gomes (votos vencidos: Jorge Viana e Roseana Sarney)
Previdência: Nélson Machado (dois votos em branco)
Desenvolvimento: Furlan
Planejamento: Paulo Bernardo (voto vencido: Mercadante)
Saúde: Empate entre Mercadante, Jandira Fhegali, Humberto Costa e "alguém do PMDB"
Educação: Empate entre Mercadante, "alguém do PMDB", Miro teixeira e Marta Suplicy.
Casa Civil: Dilma
Coordenação Política: Jorge Viana (voto vencido: Paulo Delgado)
Banco Central: Henrique Meirelles (voto vencido: Marcos Lisboa)
Era Palocci 2
Do blog de Josias de Souza:
"Segundo o raciocínio de Lula, não fosse pelo escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo, Palocci ainda estaria na pasta da Fazenda. E não hesitaria em avalizar o selo desenvolvimentista que deseja grudar em seu segundo mandato. Tudo será feito, segundo as palavras de Lula, “com responsabilidade”, sem pôr em risco as “conquistas” do período Palocci. Daí ter afirmado em seu primeiro pronunciamento público depois da eleição que vai manter uma "política fiscal dura".
Na visão do Planalto, compartilhada por Lula, Tarso e Dilma, há espaço para uma queda mais acentuada dos juros ainda em 2006. Espera-se que até dezembro a taxa de juros nominais, hoje em 13,75%, caia para um patamar abaixo de dois dígitos. O ministro Guido Mantega (Fazenda) fala em 9%. Baixando os juros, além de vitaminar os investimentos privados, o governo reduz a pressão que as taxas exercem sobre o crescimento da dívida pública.
Trabalha-se com a meta de reduzir a relação dívida/PIB, hoje da ordem de 50%, para patamares próximos a 40% até o fim do novo mandato de Lula. O que proporcionaria ao governo uma economia estimada em R$ 180 bilhões na rolagem de sua dívida. Dinheiro que seria usado para bancar novos investimentos"
"Segundo o raciocínio de Lula, não fosse pelo escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo, Palocci ainda estaria na pasta da Fazenda. E não hesitaria em avalizar o selo desenvolvimentista que deseja grudar em seu segundo mandato. Tudo será feito, segundo as palavras de Lula, “com responsabilidade”, sem pôr em risco as “conquistas” do período Palocci. Daí ter afirmado em seu primeiro pronunciamento público depois da eleição que vai manter uma "política fiscal dura".
Na visão do Planalto, compartilhada por Lula, Tarso e Dilma, há espaço para uma queda mais acentuada dos juros ainda em 2006. Espera-se que até dezembro a taxa de juros nominais, hoje em 13,75%, caia para um patamar abaixo de dois dígitos. O ministro Guido Mantega (Fazenda) fala em 9%. Baixando os juros, além de vitaminar os investimentos privados, o governo reduz a pressão que as taxas exercem sobre o crescimento da dívida pública.
Trabalha-se com a meta de reduzir a relação dívida/PIB, hoje da ordem de 50%, para patamares próximos a 40% até o fim do novo mandato de Lula. O que proporcionaria ao governo uma economia estimada em R$ 180 bilhões na rolagem de sua dívida. Dinheiro que seria usado para bancar novos investimentos"
Fernando Pimentel
A crer na descrição da briga pela imprensa, o candidato do blog a ministro da fazenda é Fernando Pimentel, prefeito de BH, aparentemente mais paloccista. Não acho que o chamado ao desenvolvimento de Lula ontem seja o "fim da era Palocci", como acreditava tarso Genro. Lula vai continuar abaixando os juros devagar, como vinha fazendo, a não ser que consiga fazer o corte de gastos que já começou a ser discutido hoje.
Lembrem-se: o blog emplacou 4 de seus cinco candidatos (só a Frossard perdeu). Nóis é pé quente.
Lembrem-se: o blog emplacou 4 de seus cinco candidatos (só a Frossard perdeu). Nóis é pé quente.
Lula vence (2)
Além das políticas pró-pobre, outros motivos que levaram à vitória:
1) Duas alianças fundamentais, Blairo Maggi, que diminuiu a resistência do agronegócio, e Sérgio Cabral, que acabou deixando Alckmin sem palanque no Rio. Se não tivesse acontecido mais nada, Lula teria ganho os 2% que faltaram no primeiro turno só com isso.
2) Lula colou em Alckmin a imagem de direitista. Bastaria ganhar um terço dos votos de HH e CB para ganhar, ganhou todos.
3) Lula apareceu para o debate, e, em que pese o que diz parte da imprensa, se saiu muito bem, tendo ganho pelo menos metade deles e sem perder claramente nenhum. Como mostram as pesquisas, cresceu entre os mais educados, que provavelmente achavam que Lula não ia ao debate porque era uma mula. Não tinha muito o que responder nas perguntas sobre ética, mas sempre ficou claro que, quando o assunto era políticas públicas, Lula pode estar certo ou errado, mas entende do assunto e sabe se defender. Antes Lula tinha a imagem de honesto e burro, não tem mais nenhuma das duas. Se o Olavúnculo quiser continuar chamando Lula de Apedeuta, que o faça, mas todo o seu público já sabe que é mentira.
1) Duas alianças fundamentais, Blairo Maggi, que diminuiu a resistência do agronegócio, e Sérgio Cabral, que acabou deixando Alckmin sem palanque no Rio. Se não tivesse acontecido mais nada, Lula teria ganho os 2% que faltaram no primeiro turno só com isso.
2) Lula colou em Alckmin a imagem de direitista. Bastaria ganhar um terço dos votos de HH e CB para ganhar, ganhou todos.
3) Lula apareceu para o debate, e, em que pese o que diz parte da imprensa, se saiu muito bem, tendo ganho pelo menos metade deles e sem perder claramente nenhum. Como mostram as pesquisas, cresceu entre os mais educados, que provavelmente achavam que Lula não ia ao debate porque era uma mula. Não tinha muito o que responder nas perguntas sobre ética, mas sempre ficou claro que, quando o assunto era políticas públicas, Lula pode estar certo ou errado, mas entende do assunto e sabe se defender. Antes Lula tinha a imagem de honesto e burro, não tem mais nenhuma das duas. Se o Olavúnculo quiser continuar chamando Lula de Apedeuta, que o faça, mas todo o seu público já sabe que é mentira.
Lula Vence (1)
E o cara ganhou, mesmo. Ninguém que goste de política pode deixar de se interessar pelo caso: o cara que passa metade do governo paralisado por uma crise política e vence de lavada a eleição seguinte. A explicação é complexa, mas certamente passa pelo fato de que, enquanto a crise rolava, os efeitos das medidas do começo do governo (Bolsa-Família, combate à inflação, desoneração da cesta básica, aumento do salário mínimo) davam ao consumo de classe baixa, nas palavras do presidente do Ibope, "crescimento chinês", na base do 11% ao ano.
Friday, October 27, 2006
Debate
Estou saindo para viajar, ir para o Rio votar, mas do que deu pra ver do debate posso dizer:
Alckmin se sai melhor no formato "sujeito andando de pé e falando" do que Lula. Ao final do bloco, Lula melhorou, mas no começo parecia sempre andar meio tonto.
Ambos estão ultrapassando o tempo alucinadamente, em parte porque o tempo é mesmo muito pequeno para tratar de qualquer tema que seja. Está meio bagunçado.
Lula se dá bem porque um indeciso pergunta sobre saneamento e comenta que os candidatos não devem saber o que é perder tudo em enchente. Lula morou em bairro pobre em SP e já teve enchente na casa dele.
Alckmin estaria muito melhor se conseguisse terminar no tempo, mas nunca, nunca consegue. Lula também não, mas sabe terminar melhor a frase no meio. Lula está dizendo que "Por isso hoje o investimento em saúde é...", o mediador interrompe, e ele ainda consegue dizer "alto". Quando é Alckmin, ele diz "Treze vírgula qua..."
Tô indo, bom voto pra vocês todos, só devo poder escrever na segunda, quando, ao que tudo indica, Lula terá sido reeleito, e nós vamos começar a encher o saco dele, eu, os leitores tucanos (ou seja, o Amiano), petistas (os seis ou sete) e o Ed.
BOM VOTO!
Alckmin se sai melhor no formato "sujeito andando de pé e falando" do que Lula. Ao final do bloco, Lula melhorou, mas no começo parecia sempre andar meio tonto.
Ambos estão ultrapassando o tempo alucinadamente, em parte porque o tempo é mesmo muito pequeno para tratar de qualquer tema que seja. Está meio bagunçado.
Lula se dá bem porque um indeciso pergunta sobre saneamento e comenta que os candidatos não devem saber o que é perder tudo em enchente. Lula morou em bairro pobre em SP e já teve enchente na casa dele.
Alckmin estaria muito melhor se conseguisse terminar no tempo, mas nunca, nunca consegue. Lula também não, mas sabe terminar melhor a frase no meio. Lula está dizendo que "Por isso hoje o investimento em saúde é...", o mediador interrompe, e ele ainda consegue dizer "alto". Quando é Alckmin, ele diz "Treze vírgula qua..."
Tô indo, bom voto pra vocês todos, só devo poder escrever na segunda, quando, ao que tudo indica, Lula terá sido reeleito, e nós vamos começar a encher o saco dele, eu, os leitores tucanos (ou seja, o Amiano), petistas (os seis ou sete) e o Ed.
BOM VOTO!
Monday Morning Quarterback
A expressão se refere ao cara que, na segunda de manhã, diz o que deveria ter feito o jogador de futebol americano no domingo. E é o que vamos começar a ver no campo oposicionista de agora em diante. O campeão do "eu te disse, eu te disse" é o Olavúnculo, que chega a ser enojante. Mas a tendência geral é a mesma: tinha que ter sido o Serra, tinha que ter batido mais (quando bateu caiu, porra), o Aécio tinha que ter feito campanha, a culpa é do Foro de São Paulo...
Rapaz, perdeu porque:
1) Lula fez um bom governo, em parte por competência, em parte por sorte (boa fase da economia mundial). Governante no cargo, com boa aprovação, só perde em circunstâncias completamente catastróficas, mesmo se o adversário for bom.
2) A crise ética só teria esse efeito todo se a população acreditasse que a oposição seria diferente no governo. Mas a oposição até outro dia (e, no caso do PFL, desde o descobrimento) era governo, e ninguém achava aquilo muito honesto, não. Teresa Cruvinel perguntou, no Roda Viva, se Alckmin se recusaria a fazer aliança com os partidos mensaleiros. Ele não respondeu. Alguém acha que dessa vez seria de graça?
3) A tropa oposicionista era dividida desde o primeiro dia. Os serristas nunca entraram na campanha, exceção feita ao César Maia, que foi traído vergonhosamente no segundo turno. Aécio até que fez mais do que se esperava (a diferença pró-Lula em MG acabou sendo muito menor do que se imaginava), mas não estava disposto a morrer pela causa, não. FHC lança uma carta admitindo derrota no meio da coisa toda. No segundo turno piorou, porque Alckmin, para ganhar votos de HH e CB (o que tinha que fazer), acabou condenando ao silêncio seus apoiadores mais convictos. Nesse exato momento, não há um político brasileiro apoiando Geraldo Alckmin para presidente.
4) Parte do braço de mídia errou na mão. A Veja, em especial, apostou que o dano a Lula seria fatal, e que valia partir para a tática de destruição (lembrem-se da edição "Era vidro e se quebrou"). Isso é falta de espírito democrático. Ninguém acha que o partido republicano americano vai acabar por causa de Bush, e, principalmente, ninguém na mídia democrata se atreve a defender isso.
Rapaz, perdeu porque:
1) Lula fez um bom governo, em parte por competência, em parte por sorte (boa fase da economia mundial). Governante no cargo, com boa aprovação, só perde em circunstâncias completamente catastróficas, mesmo se o adversário for bom.
2) A crise ética só teria esse efeito todo se a população acreditasse que a oposição seria diferente no governo. Mas a oposição até outro dia (e, no caso do PFL, desde o descobrimento) era governo, e ninguém achava aquilo muito honesto, não. Teresa Cruvinel perguntou, no Roda Viva, se Alckmin se recusaria a fazer aliança com os partidos mensaleiros. Ele não respondeu. Alguém acha que dessa vez seria de graça?
3) A tropa oposicionista era dividida desde o primeiro dia. Os serristas nunca entraram na campanha, exceção feita ao César Maia, que foi traído vergonhosamente no segundo turno. Aécio até que fez mais do que se esperava (a diferença pró-Lula em MG acabou sendo muito menor do que se imaginava), mas não estava disposto a morrer pela causa, não. FHC lança uma carta admitindo derrota no meio da coisa toda. No segundo turno piorou, porque Alckmin, para ganhar votos de HH e CB (o que tinha que fazer), acabou condenando ao silêncio seus apoiadores mais convictos. Nesse exato momento, não há um político brasileiro apoiando Geraldo Alckmin para presidente.
4) Parte do braço de mídia errou na mão. A Veja, em especial, apostou que o dano a Lula seria fatal, e que valia partir para a tática de destruição (lembrem-se da edição "Era vidro e se quebrou"). Isso é falta de espírito democrático. Ninguém acha que o partido republicano americano vai acabar por causa de Bush, e, principalmente, ninguém na mídia democrata se atreve a defender isso.
Fim de Festa (2)
CM jogou a toalha, definitivamente. Em seu ex-blog de hoje, aconselha Alckmin a ser educado e positivo, para deixar uma boa imagem. Ou seja, já perdeu, tenta não fazer feio.
Desde Ulysses em 89 que um candidato não era abandonado tão vergonhosamente como Alckmin.
Desde Ulysses em 89 que um candidato não era abandonado tão vergonhosamente como Alckmin.
Rio Grande do Sul
Em uma notícia espetacular para Lula, a diferença de Yeda para Olívio caiu de mais de 20 para 7%. Virar é o de menos, o importante é que corre o risco, agora, de Alckmin não ganhar em uma única região.
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