Vejamos se eu entendi: a Igreja Universal criou um partido, o PMR (que já vai mudar de nome para PR). Até aí, tudo bem. Chamou o vice-presidente para entrar, ele entrou. É meio esquisito, mas tudo bem. Aparentemente, seria uma tentativa de reconstituição da base governista que estava no PL.
Mas aí chamaram o Mangabeira Unger, que acaba de romper com o PDT por que o partido, em uma demonstração de que o oportunismo sem querer pode levar à lucidez, deve lançar um "defensor do neoliberalismo" (o Buarque) para a presidência! Bom, quem, sabe, talvez, em uma hipótese remota fruto de minhas fantasias paranóicas, o vice-presidente seja de algum modo sutil envolvido com o atual governo.
Por isso o Mangabeira acaba de lançar a tese de que se trata de uma virada de mesa, como a Aliança Liberal de 1929 (pois é). Pessoas anteriormente envolvidas com o sistema se tornam dissidentes e passam a pregar mudança. Bem observou o Merval Pereira hoje que Mangabeira pode estar meio confuso. Bom, eu estou.
Mesmo para os padrões brasileiros, esse partido promete.
Saturday, October 01, 2005
Thursday, September 29, 2005
Toco
Marilena Chaui leva um merecidíssimo toco do Demétrio Magnoli hoje na Folha. Trecho que eu gostei:
"A carta de Chaui ensina que não é possível acreditar na mídia, pois, "na sociedade capitalista, os meios de comunicação são empresas privadas e, portanto, pertencem ao espaço privado dos interesses de mercado".Mas, numa polêmica com José Arthur Giannotti, em 2001, a filósofa escreveu que, "ao desqualificar os partidos políticos e a imprensa, Giannotti desqualifica politicamente algo mais profundo: a sociedade civil e o conjunto dos cidadãos". O que mudou? O governo Lula começou em 2003."
É isso aí.
"A carta de Chaui ensina que não é possível acreditar na mídia, pois, "na sociedade capitalista, os meios de comunicação são empresas privadas e, portanto, pertencem ao espaço privado dos interesses de mercado".Mas, numa polêmica com José Arthur Giannotti, em 2001, a filósofa escreveu que, "ao desqualificar os partidos políticos e a imprensa, Giannotti desqualifica politicamente algo mais profundo: a sociedade civil e o conjunto dos cidadãos". O que mudou? O governo Lula começou em 2003."
É isso aí.
Wednesday, September 28, 2005
Aldo Rebelo
Pela primeira vez na história do mundo (que eu saiba), um stalinista ganhou uma eleição nacional. O que não tem a menor importância. Mas o que eu achei significativo foi o Lula ter escolhido o sujeito pra candidato do governo. Pra mim o recado foi para o PT: ou vocês param de brigar ou eu vou mandar vocês à merda. Antes do Rebelo ter sido escolhido, o PT tinha QUATRO candidatos diferentes à câmara. Que bonito.
Monday, September 26, 2005
Nota Pessoal
Hoje mandei encadernar a tese. Encadernar é o momento mais importante: quer dizer que não dá mais pra mudar nada. Os últimos anos foram tão longos que pra mim é como se hoje eu tivesse deixado de ter meu sobrenome. Hoje, segunda-feira acaba uma das vidas que eu tive. Espero que os afetos e as amizades a sobrevivam, como sobreviveram muitos de outras vidas. E também que o trabalho renda, mas, pra falar a verdade, e isso já sabia de outras teses, isso é o menos importante, a partir de certo ponto.
Papo de viado do cacete.
Papo de viado do cacete.
Wednesday, September 21, 2005
Bezerra da Silva
Em dia de Daniel Dantas e Severino, uma semana depois de Jefferson e Maluf, e na expectativa da cassação daquela turma toda, sigo a pista do Renato e cito Bezerra da Silva:
Para tirar,
O Brasil dessa baderna,
Só quando o morcego doar sangue,
e o Saci cruzar as pernas
Aproveito pra lançar o movimento 'Quando Morcego Doar Sangue', cujo programa será divulgado eventualmente.
Para tirar,
O Brasil dessa baderna,
Só quando o morcego doar sangue,
e o Saci cruzar as pernas
Aproveito pra lançar o movimento 'Quando Morcego Doar Sangue', cujo programa será divulgado eventualmente.
Chauí
Em carta aos alunos da USP, Marilena Chauí explica as razões de sua atual posição política. Em resumo, a mídia é feia. Que é, é. Mas como fazer política (ou, aliás, viver) sem ter contato com coisa feia? O que sustenta o Estado é um outro negócio feio, que se você aperta o gatilho, faz 'bum!'. Enfim. A carta tem uns pontos melhores (por exemplo: a mídia que criticava o PT por ter as opiniões da Heloísa Helena agora tem pena dela, tadinha, traída).
Mas o que me deixou realmente indignado foi o trecho e que ela comenta um artigo de sua autoria:
'Um artigo foi escrito antes da posse de Lula ['Desconfiança saudável', na Folha, em 8.dez.2002], alertando para o risco de uma 'transição', isto é, um acordo com o PSDB. '
PUTA QUE O PARIU! MAS ESSE FOI O PROBLEMA, PORRA! Se tivesse tido acordo com o PSDB, o PT tinha boas chances de ter maioria na câmara. Sem o acordo, façam as contas, só pagando Mensalão. Honestamente, não sei se o acordo era possível, mas sei que sem ele nada de muito bonito era possível. A direita é maioria no congresso. Se a direita ideológica (no seu indiscutível direito) fazia oposição ao Lula, e se não se fez aliança com a centro-esquerda, só sobrou a direita venal.
Ou era isso, ou Lula chegava no dia da posse e dizia, 'aí, galera, eu sei que vocês esperam uma revolução, eu sei que ao mesmo tempo eu tenho que fazer a restauração conservadora das finanças públicas, mas não deu pra conseguir maioria na câmara: os tucanos são feios e eu sou honesto. Tchau.'
Teve gente que entendeu isso: o Buarque, o Eduardo Jorge.
Agora, me digam, pra que serve intelectual que tem menos visão que político?
Mas o que me deixou realmente indignado foi o trecho e que ela comenta um artigo de sua autoria:
'Um artigo foi escrito antes da posse de Lula ['Desconfiança saudável', na Folha, em 8.dez.2002], alertando para o risco de uma 'transição', isto é, um acordo com o PSDB. '
PUTA QUE O PARIU! MAS ESSE FOI O PROBLEMA, PORRA! Se tivesse tido acordo com o PSDB, o PT tinha boas chances de ter maioria na câmara. Sem o acordo, façam as contas, só pagando Mensalão. Honestamente, não sei se o acordo era possível, mas sei que sem ele nada de muito bonito era possível. A direita é maioria no congresso. Se a direita ideológica (no seu indiscutível direito) fazia oposição ao Lula, e se não se fez aliança com a centro-esquerda, só sobrou a direita venal.
Ou era isso, ou Lula chegava no dia da posse e dizia, 'aí, galera, eu sei que vocês esperam uma revolução, eu sei que ao mesmo tempo eu tenho que fazer a restauração conservadora das finanças públicas, mas não deu pra conseguir maioria na câmara: os tucanos são feios e eu sou honesto. Tchau.'
Teve gente que entendeu isso: o Buarque, o Eduardo Jorge.
Agora, me digam, pra que serve intelectual que tem menos visão que político?
PPS
Como todos vimos na TV, o PPS rompeu com o Lula quando viu que o governo havia corrupção. Antes dele, o PDT, cujo candidato em São Paulo apoiara Delúbio Soares para ministro do trabalho, já havia feito o mesmo. Pois a crer no blog do Noblat, o governador pepsista do Amazonas acaba de aunciar a contratação de 105 políticos do interior (em geral ex-prefeitos) para agirem como supervisores administrativos. O governador nega que esteja tentando articular sua eleição. E eu aqui pensando mal do PPS, só por que eles estavam representados na mesa do Severino (como, aliás, o PDT).
O chato da crise para quem votou no Lula não é tanto que o governo seja corrupto, mas é ouvir os sujeitos que têm se levantado para chorar em nome da ética.
O chato da crise para quem votou no Lula não é tanto que o governo seja corrupto, mas é ouvir os sujeitos que têm se levantado para chorar em nome da ética.
Tuesday, September 20, 2005
Simon Wisenthal (In Memoriam)
Morreu Simon Wisenthal, um dos sujeitos mais interessantes de todos os tempos. Sobreviveu a cinco campos de concentração e depois foi atrás dos vagabundos. Deu ao Mossad a informação necessária para preder o Eichmann. É uma daquelas notícias de falecimento que devem ser celebradas, o cara viveu muito, teve a vida mais repleta de sentido possível, foi admirado por todo mundo que interessa, deve ter sido odiado por todo mundo que interessa, enfim, mostrou a que veio. Pode ostentar a raríssima epígrafe 'foi um justo e venceu'.
Monday, September 19, 2005
O olavúnculo
Por sugestão (denúncia? queixa?) do Ed, fui checar o que o olavúnculo escreveu sobre o artigo do Alencastro. Enfim, aquilo. Suspeito que tenha razão ao defender a UDN. Mas no geral é o que é sempre: ele não escreve mal, ele mal escreve.
A chave do texto do Alencastro é: pode haver uma onda conservadora em consequência da derrocada do PT. Não há no texto do Azevedo nada que desminta essa afirmação. E seu texto obviamente a confirma. E anuncia: a reação não terá estilo.
Algumas semanas atrás, estava lá ele na coluna do Olavo de Carvalho do Globo, mesmo dia, mesma página, mesmo canto. Era chocante a diferença: a mesma paranóia, as mesmas opiniões alucinadas, mas um estilo profundamente enfadonho (e quem duvida que OC escreve estupendamente bem?), e uma atitude meio blasé que OC jamais teria portado em seus artigos. OC pode estar falando qualquer bobagem, mas tenho certeza de que sinceramente acredita estar falando sério sobre assuntos difíceis. RA nunca esconde que é um militante estudantil a quem o que realmente interessa são as picuinhas entre PT e PSDB. As tiradinhas de RA vazam de sua prosa travada sem jeito, suas citações (outro ponto forte do OC) são sempre um anti-clímax profundamente artificial, e seu texto só traz mais notícias: para os adversários, informam diretamente que são simiescas bestas-feras. Para os aliados, informa indiretamente que estão do lado das bestas-feras simiescas.
Parafraseando o que diz-se que o Lacerda disse sobre o Amaral Netto, Reinaldo Azevedo é a caricatura dos defeitos do Olavo de Carvalho.
A chave do texto do Alencastro é: pode haver uma onda conservadora em consequência da derrocada do PT. Não há no texto do Azevedo nada que desminta essa afirmação. E seu texto obviamente a confirma. E anuncia: a reação não terá estilo.
Algumas semanas atrás, estava lá ele na coluna do Olavo de Carvalho do Globo, mesmo dia, mesma página, mesmo canto. Era chocante a diferença: a mesma paranóia, as mesmas opiniões alucinadas, mas um estilo profundamente enfadonho (e quem duvida que OC escreve estupendamente bem?), e uma atitude meio blasé que OC jamais teria portado em seus artigos. OC pode estar falando qualquer bobagem, mas tenho certeza de que sinceramente acredita estar falando sério sobre assuntos difíceis. RA nunca esconde que é um militante estudantil a quem o que realmente interessa são as picuinhas entre PT e PSDB. As tiradinhas de RA vazam de sua prosa travada sem jeito, suas citações (outro ponto forte do OC) são sempre um anti-clímax profundamente artificial, e seu texto só traz mais notícias: para os adversários, informam diretamente que são simiescas bestas-feras. Para os aliados, informa indiretamente que estão do lado das bestas-feras simiescas.
Parafraseando o que diz-se que o Lacerda disse sobre o Amaral Netto, Reinaldo Azevedo é a caricatura dos defeitos do Olavo de Carvalho.
Luiz Felipe de Alencastro
Muito interessante a entrevista do Alencastro na Folha de hoje. Ele tem o mesmo medo que eu: que a derrocada do Lula dê margem a uma onda conservadora.
Alemanha
Com a crise política no Brasil, muita gente anda dizendo que alguma peculiaridade do sistema político brasileiro provoca essa confusão toda. Mas não é só isso não. Mesmo sistemas que até ontem eram extraordinariamente estáveis estão em fluxo.
Na Alemanha, por exemplo, a nova eleição deixou os dois grandes partidos praticamente empatados (ou empatados, mesmo, dependendo dos resultados de Dresden). Como consequência, ou todo mundo faz uma coalizão com todo mundo ('a coalizão Jamaica'), ou, se o SDP cumprir sua palavra de não fazer a grande coalizão, sabe-se lá o que vai acontecer, mas vai ser alguma coisa estranha: ou a direita vai ter que se aliar com os verdes, ou os social-democratas com os reformadores liberais, ou alguém vai ter que pagar mensalão.
Na Alemanha, por exemplo, a nova eleição deixou os dois grandes partidos praticamente empatados (ou empatados, mesmo, dependendo dos resultados de Dresden). Como consequência, ou todo mundo faz uma coalizão com todo mundo ('a coalizão Jamaica'), ou, se o SDP cumprir sua palavra de não fazer a grande coalizão, sabe-se lá o que vai acontecer, mas vai ser alguma coisa estranha: ou a direita vai ter que se aliar com os verdes, ou os social-democratas com os reformadores liberais, ou alguém vai ter que pagar mensalão.
Sunday, September 18, 2005
Bolsa-Família
Confirmando o que temiam seus críticos, o Bolsa-Família acaba de receber o apoio destes populistas, representantes, sem dúvida, da mentalidade anti-capitalista ibérica que nos caracteriza.
Veja
A Veja perdeu a oportunidade na edição de hoje de esclarecer as razões da derrocada do PT. Para quem esperava um texto histórico, com riqueza de episódios importantes e significativos para a gestação da crise atual, temos apenas um editorial expressando a opinião da Veja sobre o PT, que, aliás, já era conhecida de todos.
Ainda falta uma boa crítica de direita do governo Lula. Não, Reinaldo, você não, você é burro. Se alguém escrever, minha aposta é o Paulo Guedes.
Para piorar, a Veja publica uma reportagem em que afirma que a política externa é a pior de todos os tempos. Não que não tenha havido fracassos e mesmo erros bisonhos (que tenhamos nos omitido diante da crise do Sudão, por exemplo), e, evidentemente, a avaliação de algumas coisas depende da posição ideológica de quem fala (por exemplo, sobre o livre-comércio). Mas há uma desonestidade factual séria: nos itens listados como característicos da política externa de Lula, falta a formação do bloco dos países em desenvolvimento para as negociações da OMC, certamente a prioridade do governo.
Enfim. O round é deles, perdemos exclusivamente por nossa incompetência, mas, se alguém aceita conselho de quem perdeu, vai esse: a direita soltou os cães de guerra descontroladamente, e nesses contextos sobressaem-se os piores quadros. Ando vendo muito o Arthur Virgílio e o Bornhausen, pouco o Alberto Goldman, e o Gustavo Fruet (PSDB-PR), de quem as investigações parecem depender exclusivamente, praticamente não recebe atenção.
Mesmo a superexposição da jovem guarda pefelista me parece um mau sinal. Não se trata de renovação, de garotos que subiram na hierarquia partidária por que trazem novas idéias. São saídos diretamente das gônadas da direita brasileira para postos de poder, onde percebem que o melhor caminho para se tornarem machos dominantes da matilha é a carnificina desenfreada da tribo alheia. Jamais teriam a projeção que têm se o PFL tivesse militantes de meia-idade com folha penal limpa. Nesse ponto, parecem com os militantes estudantis do PCdoB, que são a face fofinha da direção genocida stalinista.
Na verdade, se a mídia de direita parece tão descontrolada, é provavelmente por que não pode contar com um partido de direita limpo para representá-la nas esferas em que a ação política seria apropriada. Aparentemente, nós também não mais, mas pelo menos sabemos que isso é um problema.
PS: o Mainardi promete derrubar o Lula essa semana. Até aí, tudo bem. Mas resolveu se comparar aos grandes Nero Wolfe e Archie Goodwin. Agora, neném, é guerra.
Ainda falta uma boa crítica de direita do governo Lula. Não, Reinaldo, você não, você é burro. Se alguém escrever, minha aposta é o Paulo Guedes.
Para piorar, a Veja publica uma reportagem em que afirma que a política externa é a pior de todos os tempos. Não que não tenha havido fracassos e mesmo erros bisonhos (que tenhamos nos omitido diante da crise do Sudão, por exemplo), e, evidentemente, a avaliação de algumas coisas depende da posição ideológica de quem fala (por exemplo, sobre o livre-comércio). Mas há uma desonestidade factual séria: nos itens listados como característicos da política externa de Lula, falta a formação do bloco dos países em desenvolvimento para as negociações da OMC, certamente a prioridade do governo.
Enfim. O round é deles, perdemos exclusivamente por nossa incompetência, mas, se alguém aceita conselho de quem perdeu, vai esse: a direita soltou os cães de guerra descontroladamente, e nesses contextos sobressaem-se os piores quadros. Ando vendo muito o Arthur Virgílio e o Bornhausen, pouco o Alberto Goldman, e o Gustavo Fruet (PSDB-PR), de quem as investigações parecem depender exclusivamente, praticamente não recebe atenção.
Mesmo a superexposição da jovem guarda pefelista me parece um mau sinal. Não se trata de renovação, de garotos que subiram na hierarquia partidária por que trazem novas idéias. São saídos diretamente das gônadas da direita brasileira para postos de poder, onde percebem que o melhor caminho para se tornarem machos dominantes da matilha é a carnificina desenfreada da tribo alheia. Jamais teriam a projeção que têm se o PFL tivesse militantes de meia-idade com folha penal limpa. Nesse ponto, parecem com os militantes estudantis do PCdoB, que são a face fofinha da direção genocida stalinista.
Na verdade, se a mídia de direita parece tão descontrolada, é provavelmente por que não pode contar com um partido de direita limpo para representá-la nas esferas em que a ação política seria apropriada. Aparentemente, nós também não mais, mas pelo menos sabemos que isso é um problema.
PS: o Mainardi promete derrubar o Lula essa semana. Até aí, tudo bem. Mas resolveu se comparar aos grandes Nero Wolfe e Archie Goodwin. Agora, neném, é guerra.
Aviso e Link
Estou sendo vítima de blogspam, por isso de agora em diante para escrever comentários é preciso escrever aquelas palavrinhas meio tortas. Dos blogspams que eu recebi, o mais absurdo foi:
'Excellent blog! If you are interested in that subject, I am sure you will be interested to hear about the cheapest way to buy cat food'.
Como comentário a um post sobre o Gabeira. Que bonito.
E o link do Instituto Teotônio Vilela, pedido pelo Renato.
'Excellent blog! If you are interested in that subject, I am sure you will be interested to hear about the cheapest way to buy cat food'.
Como comentário a um post sobre o Gabeira. Que bonito.
E o link do Instituto Teotônio Vilela, pedido pelo Renato.
Saturday, September 17, 2005
Desigual e Doente
Um dos temas mais interessantes da sociologia atual é discutido no artigo novo do Dráuzio varella na Folha de São Paulo: a desigualdade faz mal pra saúde.
Tuesday, September 13, 2005
Ah, agora tá resolvido
Quando "essa raça" for embora, vem aí o PMR, partido municipalista renovador. Que tem a peculiaridade de ser fundado pela Igreja Universal do Reino de Deus. Com a sofisticação que lhe é peculiar, o PMR copiou o programa do PL. Duvida? Então veja trecho do programa do PMR, citado pelo Fernando Rodrigues:
"As bancadas do PL nas Câmaras Municipais de vereadores...".
Que maravilha. E o pior é que isso pode ser importante, mesmo. As Igrejas Evangélicas são o único movimento social de direita do Brasil.
"As bancadas do PL nas Câmaras Municipais de vereadores...".
Que maravilha. E o pior é que isso pode ser importante, mesmo. As Igrejas Evangélicas são o único movimento social de direita do Brasil.
O ilustre deputado Minha Creuza
Na sessão da CPI em que foi interrogado hoje, um sobrevivente de Auschwitz teve que passar pelo constrangimento de depor observado da platéia por Joseph Mengele, convidado por Jair Bolsonaro, que compartilha com o nazista uma hemorróida de Satanás, cujo pus os amamenta.
Troquem "sobrevivente de Auschwitz" por "José Genoíno", "Joseph Mengele" pelo militar responsável pela prisão de Genoíno durante a ditadura, deixem o resto exatamente como está, e estarão diante de algo que efetivamente aconteceu hoje.
Esta é para quem duvida que existe o mal, o absoluto, o que vive pelo outro, como o amor, mas, ao contrário do amor, contra a vida.
PS: o título se deve ao fato de que, se Bolsonaro fosse colocado em uma sala sozinho com um adversário que não estivesse amarrado de cabeça pra baixo, em quinze minutos confessava que é minha Creuza.
Troquem "sobrevivente de Auschwitz" por "José Genoíno", "Joseph Mengele" pelo militar responsável pela prisão de Genoíno durante a ditadura, deixem o resto exatamente como está, e estarão diante de algo que efetivamente aconteceu hoje.
Esta é para quem duvida que existe o mal, o absoluto, o que vive pelo outro, como o amor, mas, ao contrário do amor, contra a vida.
PS: o título se deve ao fato de que, se Bolsonaro fosse colocado em uma sala sozinho com um adversário que não estivesse amarrado de cabeça pra baixo, em quinze minutos confessava que é minha Creuza.
Cultura Visual
Enquanto isso...
Graças a uma negociação política à la Severino, o deputado americano Don Young conseguiu do governo dinheiro para construir uma ponte, com quase o dobro da altura da ponte do Brooklin, ligando ao continente a ilha de Gravina, no Alaska, onde vivem 50 pessoas, e, vejam bem, 350 veados de rabo preto Sitka (parece sacanagem, eu sei).
O custo total da ponte é 230.000.000 dólares, e o projeto está sendo criticado pela espetacularmente batizada organização "Taxpayers for Common Sense".
O que eu acho mais bonito, em tempos de objetivos do milênio, é que o valor corresponde a mais ou menos 76.666.666 redes de mosquito no Malawi. Estima-se que uma rede de mosquito reduza em 20% a probabilidade de morte por malária, que mata uma criança a cada 30 segundos na África.
O exemplo dos EUA não foi dado para incentivar o anti-americanismo, até por que, quem mais inventaria algo como "Taxpayers for Common Sense"? E os americanos, como cidadãos particulares, dão muito dinheiro para a caridade internacional.
Nenhum dos países ricos, com a eterna exceção (de quem? quem? quem?) das social-democracias escandinavas, está cumprindo suas promessas de ajuda.
O custo total da ponte é 230.000.000 dólares, e o projeto está sendo criticado pela espetacularmente batizada organização "Taxpayers for Common Sense".
O que eu acho mais bonito, em tempos de objetivos do milênio, é que o valor corresponde a mais ou menos 76.666.666 redes de mosquito no Malawi. Estima-se que uma rede de mosquito reduza em 20% a probabilidade de morte por malária, que mata uma criança a cada 30 segundos na África.
O exemplo dos EUA não foi dado para incentivar o anti-americanismo, até por que, quem mais inventaria algo como "Taxpayers for Common Sense"? E os americanos, como cidadãos particulares, dão muito dinheiro para a caridade internacional.
Nenhum dos países ricos, com a eterna exceção (de quem? quem? quem?) das social-democracias escandinavas, está cumprindo suas promessas de ajuda.
Objetivos do Milênio
Enquanto vários países ricos discutem o quanto deve ser gasto na implementação dos objetivos do milênio, é bom ter em mente o que os números querem dizer. A implementação do projeto está atrasada. Se mantido o atual ritmo,
Morrerão 4.000.000 de bebês
A mais do que se o projeto for implementado com sucesso. Em outras palavras,
Morrerá 1,5 vezes o número de bebês que nasce no Brasil por ano
A mais do que se o projeto for implementado.
Os dados são do PNUD.
Morrerão 4.000.000 de bebês
A mais do que se o projeto for implementado com sucesso. Em outras palavras,
Morrerá 1,5 vezes o número de bebês que nasce no Brasil por ano
A mais do que se o projeto for implementado.
Os dados são do PNUD.
O Ultra-Severino
Se vocês acham o Severino ruim, precisam ver o Tom DeLay, líder do Bush no Congresso. Em visita às vítimas de New Orleans, perguntou a um grupo de rapazes:
"Now tell me the truth boys, is this kind of fun?''
Que bonito.
A informação foi tirada do blog do Andrew Sullivan, e a reportagem pode ser encontrada aqui.
"Now tell me the truth boys, is this kind of fun?''
Que bonito.
A informação foi tirada do blog do Andrew Sullivan, e a reportagem pode ser encontrada aqui.
Monday, September 12, 2005
Ouço o som da burrice ao longe
Eu já disse que acho que a oposição fez, do ponto de vista do seu interesse político, uma burrada, ao investir na cassação do Severino. Agora, por exemplo, Severino negou as acusações, o que vai atrasar o processo. Um grupo de indivíduos, que provavelmente dariam lição de moralidade pública a Hanna Arendt, inteciona processar os acusadores de Severino, caso não haja provas, e, ao que parece, a situação é enrolada. Se a oposição cumprir a promessa de não participar de sessões presididas por Severino, a cassação do Jefferson, por exemplo, não sai essa semana nem tão cedo.
Significativamente, pela primeira vez em meses a capa das grandes revistas semanais não tinha ninguém do governo.
E volto a dizer: suspeito que, se Severino quiser mesmo esculachar, é só dizer 'Esse povo todo votou nimim, e aliás, prometi cargo pro doutor fulano e dinheiro pro doutor sicrano'. Se essa história de restaurante não der em nada, vai restar investigar se Severino ganhava mensalão. Aí, se quiserem investigar os recebedores de mensalão, são 50, 60 a serem cassados. Isso sim, seria uma crise política.
Suspeito que alguém fez besteira. Não do ponto de vista do Brasil, visto que Severino realmente é uma tristeza; mas do ponto de vista do movimento político que vinha ganhando impulso.
Significativamente, pela primeira vez em meses a capa das grandes revistas semanais não tinha ninguém do governo.
E volto a dizer: suspeito que, se Severino quiser mesmo esculachar, é só dizer 'Esse povo todo votou nimim, e aliás, prometi cargo pro doutor fulano e dinheiro pro doutor sicrano'. Se essa história de restaurante não der em nada, vai restar investigar se Severino ganhava mensalão. Aí, se quiserem investigar os recebedores de mensalão, são 50, 60 a serem cassados. Isso sim, seria uma crise política.
Suspeito que alguém fez besteira. Não do ponto de vista do Brasil, visto que Severino realmente é uma tristeza; mas do ponto de vista do movimento político que vinha ganhando impulso.
Sunday, September 11, 2005
Pausa para a felicidade
Saturday, September 10, 2005
Delúbio é obra do PSDB
O título desse post é falso, mas não mais falso do que o do artigo do Reinaldo Azevedo hoje no Globo.
Novo Guardian
Tradicionalmente, os jornais britânicos se dividiam em tablóides e 'Broadsheets', os primeiros mais ou menos com a metade das dimensões dos segundos. Os tablóides (o engraçadíssimo The Sun, a pústula leprosa Daily Mail), em geral eram mais sensacionalistas, os broadsheets em geral mais sérios (Times e Telegraph, pela direita, Guardian e Independent, pela esquerda).
Mas eis que se chegou à conclusão de que o formato físico do tablóide era mais legal de ler, em especial para a massa que lê jornal no trem (em pé). Os broadsheets passaram então a virar tablóides. O grande evento foi a conversão do tradicionalíssimo The Times.
Agora o The Guardian vai virar tablóide, também. O novo modelo é esse aqui. Eu achava o antigo mais bonito, mas, enfim.
Mas eis que se chegou à conclusão de que o formato físico do tablóide era mais legal de ler, em especial para a massa que lê jornal no trem (em pé). Os broadsheets passaram então a virar tablóides. O grande evento foi a conversão do tradicionalíssimo The Times.
Agora o The Guardian vai virar tablóide, também. O novo modelo é esse aqui. Eu achava o antigo mais bonito, mas, enfim.
Thursday, September 08, 2005
EXCELENTE E DE GRAÇA!!!
Rapaz! Aparentemente, o Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, está dando os livros da Coleção Pensamento Social-Democrata! Encomendei três, perguntei o preço, eles só me pediram o endereço e me mandaram os livros. Quem quiser pedir, sugiro perguntar antes se é mesmo de graça, mas acho que é sim.
Isso é uma notícia excelente!!! É uma das melhores coleções de livros políticos da história brasileira recente, e sem dúvida a mais ignorada.
Meus três livros são: os textos daquela conferência de Florença com o Blair, o Clinton, o FHC, etc.; o livro famosíssimo do Lipset sobre o fracasso do socialismo nos EUA, "Por que não vingou?"; e um que parece ser o máximo, "O Socialismo Brasileiro", do Evaristo Moraes Filho, que reúne textos sobre a tradição socialista democrática brasileira. Tem de tudo: textos do Euclides da Cunha, do Lima Barreto, do Hermes Lima, do Evaristo de Moraes, e todos os manifestos dos antepassados do sempre pequeno mas firme PSB, desde o século XIX. Senti falta de alguma coisa do Sérgio Buarque de Holanda, mas tudo bem.
E a coleção tem muito mais livros legais, o Kautsky, o Bernstein, Rossetti, o Blair, todo mundo. Encomendem!!!!
PS: se esse blog ainda fosse encontrável no Google (não sei por que não é mais), o título desse post faria dele o maior sucesso de procuras de todos os tempos.
Isso é uma notícia excelente!!! É uma das melhores coleções de livros políticos da história brasileira recente, e sem dúvida a mais ignorada.
Meus três livros são: os textos daquela conferência de Florença com o Blair, o Clinton, o FHC, etc.; o livro famosíssimo do Lipset sobre o fracasso do socialismo nos EUA, "Por que não vingou?"; e um que parece ser o máximo, "O Socialismo Brasileiro", do Evaristo Moraes Filho, que reúne textos sobre a tradição socialista democrática brasileira. Tem de tudo: textos do Euclides da Cunha, do Lima Barreto, do Hermes Lima, do Evaristo de Moraes, e todos os manifestos dos antepassados do sempre pequeno mas firme PSB, desde o século XIX. Senti falta de alguma coisa do Sérgio Buarque de Holanda, mas tudo bem.
E a coleção tem muito mais livros legais, o Kautsky, o Bernstein, Rossetti, o Blair, todo mundo. Encomendem!!!!
PS: se esse blog ainda fosse encontrável no Google (não sei por que não é mais), o título desse post faria dele o maior sucesso de procuras de todos os tempos.
Tuesday, September 06, 2005
O editor é o Ed Woods
Vi na banca e não posso deixar de comentar, por mais que reduza o nível do debate. O insuperavelmente ruim Hora do Povo acaba de publicar uma manchete chamando o Severino de "Mestre Yoda", e incluindo a manchete "Camarada Delfim reforça as hostes peemedebistas ". É incrível, é incrível, é incrível.
PDT e Delúbio
Segundo O Globo de hoje, o candidato do PDT em São Paulo, Paulinho da Força Sindical, apoiou Delúbio Soares (ele mesmo) para o Ministério do Trabalho, alegando que o elemento tinha muita afinidade com a Força Sindical.
É o partido da ética.
É o partido da ética.
E lá vai mais Severino
Caso o pessoal do Primeira Leitura esteja sem nada o que fazer, poderia consultar mais fontes sobre como eles são nada menos nada mais do que os intelectuais orgânicos do severinismo. Vejam no blog da helena Chagas:
"Filho feio não tem pai, e agora a moda no PSDB e no PFL é dizer que não tiveram nada a ver com a eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara. A culpa é do PT, que rachou e apresentou dois candidatos. Vamos fingir que acreditamos. Mas quem estava lá naquela fatídica madrugada viu as bancadas tucana e pefelista - com raras exceções, como o líder Alberto Goldman - fazendo campanha pró-Severino. "
"Filho feio não tem pai, e agora a moda no PSDB e no PFL é dizer que não tiveram nada a ver com a eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara. A culpa é do PT, que rachou e apresentou dois candidatos. Vamos fingir que acreditamos. Mas quem estava lá naquela fatídica madrugada viu as bancadas tucana e pefelista - com raras exceções, como o líder Alberto Goldman - fazendo campanha pró-Severino. "
Gabeira (II)
No episódio recente do bate-boca com Severino, Gabeira finalmente deu mostras de estar disposto a se colocar à altura dos grandes problemas nacionais.
A primeira campanha que fiz na vida foi aos treze anos, em 1986, quando Gabeira era candidato a governador do Rio.
Depois me enchi dele, quando, por puro narcisismo, se recusou a se candidatar a prefeito, dizendo que só se candidataria a presidente. Lembro-me claramente da sensação de 'se não era pra jogar sério, não devia ter me chamado'. O que teria sido da política brasileira se o PT no Rio tivesse se tornado forte? Certamente não haveria José Dirceu.
Fiquei mais de saco cheio ainda quando passou os anos 90 inteiros se concentrando na defesa da legalização da maconha (sou adepto do 'legaliza e para de me encher o saco com esse papo de maconheiro').
Esperemos que agora Gabeira se torne um interlocutor de peso na discussão das questões realmente relevantes para o país. É, provavelmente, a grande chance de sua vida.
Mas devo dizer que não estou muito animado com essa perspectiva. Vejam o que saiu no Blog do Jorge Bastos Moreno:
"Jorge Bornhausen, presidente do PFL, diz que sua agenda política agora está condicionada à do seu novo guru, o deputado Fernando Gabeira. Isso já vinha muito antes de Arraes, mas coube ao ilustre pernambucano a façanha de costurar a aliança da esquerda com a direita para poder governar. Lula quis fazer isso, mas foi atropelado pelos que queriam a aliança do PT com a direita para poder roubar. A de Bornhausen com Gabeira é pra poder derrubar.Bornhausen anuncia que estará com o seu guru numa manifestação, nesta terça-feira, em São Paulo."
Enfim, veremos.
A primeira campanha que fiz na vida foi aos treze anos, em 1986, quando Gabeira era candidato a governador do Rio.
Depois me enchi dele, quando, por puro narcisismo, se recusou a se candidatar a prefeito, dizendo que só se candidataria a presidente. Lembro-me claramente da sensação de 'se não era pra jogar sério, não devia ter me chamado'. O que teria sido da política brasileira se o PT no Rio tivesse se tornado forte? Certamente não haveria José Dirceu.
Fiquei mais de saco cheio ainda quando passou os anos 90 inteiros se concentrando na defesa da legalização da maconha (sou adepto do 'legaliza e para de me encher o saco com esse papo de maconheiro').
Esperemos que agora Gabeira se torne um interlocutor de peso na discussão das questões realmente relevantes para o país. É, provavelmente, a grande chance de sua vida.
Mas devo dizer que não estou muito animado com essa perspectiva. Vejam o que saiu no Blog do Jorge Bastos Moreno:
"Jorge Bornhausen, presidente do PFL, diz que sua agenda política agora está condicionada à do seu novo guru, o deputado Fernando Gabeira. Isso já vinha muito antes de Arraes, mas coube ao ilustre pernambucano a façanha de costurar a aliança da esquerda com a direita para poder governar. Lula quis fazer isso, mas foi atropelado pelos que queriam a aliança do PT com a direita para poder roubar. A de Bornhausen com Gabeira é pra poder derrubar.Bornhausen anuncia que estará com o seu guru numa manifestação, nesta terça-feira, em São Paulo."
Enfim, veremos.
A Ciência como Vocação
Como era de se esperar, o pessoal da Primeira Leitura foi bombardeado por e-mails chamando a atenção para o fato de que Severino, até outro dia, era objeto da indisfarçada simpatia da revista. Não deixem de checar o glorioso artigo "Por que não bato em Severino" aí embaixo.
Com toda a classe que só um legítimo intelectual brasileiro pode excretar, Reinaldo Azevedo, manda-chuva da revista desde que Mendonça de Barros percebeu a merda em que tinha se metido e saiu, escreveu um artigo com o singelo nome O PT elegeu Severino, professor Lessa!. Trata-se, como a totalidade dos brasileiros sabem, de grotesca falsificação. Me recuso a explicar por que. Todos os jornais, do Opinião Socialista ao Estado de São Paulo, sabem que Severino só se elegeu por ter recebido apoio da oposição. O sujeito que não sabe isso não é capaz de entender nada que me interesse explicar.
O triste é que a revista sempre publica coisas interessantes. No começo, os artigos não eram assinados, ficando o editor responsável pelo conteúdo inteiro, como é na The Economist. Mas sinceramente, não consigo imaginar o editor da The Economist escrevendo algo como a justificativa de Reinaldo Azevedo para ter apoiado Severino antes e agora apoiar seu afastamento:
"E eu teria votado em Severino porque, à época, era ruim para Lula e para o núcleo duro do PT. E hoje estaria empenhado em depor Severino porque 1) ele merece; 2) porque, se a sua eleição, antes, era ruim para Lula, agora é a sua deposição que não interessa ao PT. (...) É isso. Declaro meus limites: tudo o que é ruim para o PT eu acho bom para o Brasil."
Uma pena Weber ter morrido sem ter podido assinar isso.
Depois falam mal dos intelectuais de esquerda. Em geral são mesmo uma merda, mas comparado a Reinaldo Azevedo, qualquer pelo do suvaco do Emir Sader é capaz de revelar um evangelho.
E fica nosso parabéns ao Mendonça de Barros, que fundou uma boa revista e saiu quando viu o que é Reinaldo Azevedo.
Com toda a classe que só um legítimo intelectual brasileiro pode excretar, Reinaldo Azevedo, manda-chuva da revista desde que Mendonça de Barros percebeu a merda em que tinha se metido e saiu, escreveu um artigo com o singelo nome O PT elegeu Severino, professor Lessa!. Trata-se, como a totalidade dos brasileiros sabem, de grotesca falsificação. Me recuso a explicar por que. Todos os jornais, do Opinião Socialista ao Estado de São Paulo, sabem que Severino só se elegeu por ter recebido apoio da oposição. O sujeito que não sabe isso não é capaz de entender nada que me interesse explicar.
O triste é que a revista sempre publica coisas interessantes. No começo, os artigos não eram assinados, ficando o editor responsável pelo conteúdo inteiro, como é na The Economist. Mas sinceramente, não consigo imaginar o editor da The Economist escrevendo algo como a justificativa de Reinaldo Azevedo para ter apoiado Severino antes e agora apoiar seu afastamento:
"E eu teria votado em Severino porque, à época, era ruim para Lula e para o núcleo duro do PT. E hoje estaria empenhado em depor Severino porque 1) ele merece; 2) porque, se a sua eleição, antes, era ruim para Lula, agora é a sua deposição que não interessa ao PT. (...) É isso. Declaro meus limites: tudo o que é ruim para o PT eu acho bom para o Brasil."
Uma pena Weber ter morrido sem ter podido assinar isso.
Depois falam mal dos intelectuais de esquerda. Em geral são mesmo uma merda, mas comparado a Reinaldo Azevedo, qualquer pelo do suvaco do Emir Sader é capaz de revelar um evangelho.
E fica nosso parabéns ao Mendonça de Barros, que fundou uma boa revista e saiu quando viu o que é Reinaldo Azevedo.
Monday, September 05, 2005
Mais Severino
Exemplo do risco Severino, tirado do blog da Teresa Cruvinel:
"Muitos de vocês perguntaram quem colocou o Severino na presidência da Câmara? Eu lhes digo que a oposição, que agora lidera o movimento para derrubá-lo, teve uma participação decisiva nos eventos da madrugada de 14 para 15 de fevereiro que levaram à eleição de Severino. Na época a imprensa reigstrou toda a movimentação mas agora PSDB e PFL fingem que não têm nada com isso.O PFL diz que votou no seu candidato Aleluia, um bom candidato por sinal. Mas Aleluia teve apenas 52 votos no primeiro turno, basicamente os do PFL. Mas mesmo neste primeiro turno, alguns pefelistas já estavam com o Severino. Alguns tucanos é que votaram no Aleluia no primeiro turno. Mas no segundo, com Aleluia fora do páreo, na disputa final entre Severino e Greenhalg, o candidato petista, pefelistas e tucanos descarregaram votos no Severino. Dos 300 que ele teve outra boa parte veio mesmo da base governista. O petista teve cento e poucos votos, 114 se não me engano.Então, assim como o PT deve desculpas ã sociedade brasileira pelos desmandos de sua direção valeriana, a oposição também se desculpar pelo que fez. Pós o Severino lá apenas para derrotar o Governo Lula, sem medir as consequências. E elas estáo aí...."
A questão, para a oposição, é: ninguém estava falando nisso, e agora está.
"Muitos de vocês perguntaram quem colocou o Severino na presidência da Câmara? Eu lhes digo que a oposição, que agora lidera o movimento para derrubá-lo, teve uma participação decisiva nos eventos da madrugada de 14 para 15 de fevereiro que levaram à eleição de Severino. Na época a imprensa reigstrou toda a movimentação mas agora PSDB e PFL fingem que não têm nada com isso.O PFL diz que votou no seu candidato Aleluia, um bom candidato por sinal. Mas Aleluia teve apenas 52 votos no primeiro turno, basicamente os do PFL. Mas mesmo neste primeiro turno, alguns pefelistas já estavam com o Severino. Alguns tucanos é que votaram no Aleluia no primeiro turno. Mas no segundo, com Aleluia fora do páreo, na disputa final entre Severino e Greenhalg, o candidato petista, pefelistas e tucanos descarregaram votos no Severino. Dos 300 que ele teve outra boa parte veio mesmo da base governista. O petista teve cento e poucos votos, 114 se não me engano.Então, assim como o PT deve desculpas ã sociedade brasileira pelos desmandos de sua direção valeriana, a oposição também se desculpar pelo que fez. Pós o Severino lá apenas para derrotar o Governo Lula, sem medir as consequências. E elas estáo aí...."
A questão, para a oposição, é: ninguém estava falando nisso, e agora está.
O Risco Severino
Posso estar errado, mas acho que a oposição pode estar correndo riscos desnecessários pedindo o afastamento do Severino. Como todos sabem, foi a oposição que o elegeu (vejam o post do Jorge Bastos Moreno, 'Quem pariu Mateus que o embale'). É pelo menos plausível que sua eleição tenha a ver com a negociação do mensalão (segundo Jefferson, o pagamento foi interrompido, o que fez com que o governo não ganhasse mais nada - será que isso inclui o emprego de Severino? - no Congresso).
Se alguém do governo quiser se suicidar à Jefferson, é a hora de cair denunciando: a oposição sabia do mensalão, e ajudou a brigar por ele. Se fosse verdade, a oposição ficaria pior que o Lula, se fosse mentira só se provaria anos depois, e todo o episódio das denúncias ficaria meio nebuloso.
Sinceramente, não sei qual o cálculo do Bornhausen.
Se alguém do governo quiser se suicidar à Jefferson, é a hora de cair denunciando: a oposição sabia do mensalão, e ajudou a brigar por ele. Se fosse verdade, a oposição ficaria pior que o Lula, se fosse mentira só se provaria anos depois, e todo o episódio das denúncias ficaria meio nebuloso.
Sinceramente, não sei qual o cálculo do Bornhausen.
Thursday, September 01, 2005
As aspas do Valente
O editorial do Globo vem acompanhado de um 'contra-editorial' do Ivan Valente, do PT-SP. Além de demonstrar absoluto desprezo pelos resultados da política econômica (o que lhe interessa é que serviu aos interesses do capital), o sujeito escreve o seguinte:
"Em nome da 'imprescindível' maioria parlamentar prosseguiu-se na lógica de ampliar alianças que pouco ou nada tinham a ver com o PT"
O que me preocupa são as aspas. A maioria não era imprescindível? O certo teria sido fechar o Congresso? Alguém deveria informar o Valente de que ele não pode mais contar com o Pacto de Varsóvia.
Novamente: ninguém parece ter aprendido nada.
"Em nome da 'imprescindível' maioria parlamentar prosseguiu-se na lógica de ampliar alianças que pouco ou nada tinham a ver com o PT"
O que me preocupa são as aspas. A maioria não era imprescindível? O certo teria sido fechar o Congresso? Alguém deveria informar o Valente de que ele não pode mais contar com o Pacto de Varsóvia.
Novamente: ninguém parece ter aprendido nada.
Editorial do Globo
Muito bom o editorial do Globo hoje sobre as críticas da esquerda petista à política econômica, que vem produzindo resultados muito bons (vejam os dados). O PIB cresce consistentemente, a inflação permanece baixa consistentemente, e os resultados externos são excelentes, fazendo com que 'a dívida externa - que tanto atemoriza bispos da CNBB, a UNE e o MST - tem caído'. Conclui o editorial:
'E assim a imprevisível política brasileira produz uma de suas excentricidades: o PT não consegue comemorar o maior êxito do presidente que elegeu.'
E o que é pior: está com a maior cara de que vamos sair do governo Lula tendo feito imensos sacrifícios e sem ter aprendido nada.
'E assim a imprevisível política brasileira produz uma de suas excentricidades: o PT não consegue comemorar o maior êxito do presidente que elegeu.'
E o que é pior: está com a maior cara de que vamos sair do governo Lula tendo feito imensos sacrifícios e sem ter aprendido nada.
Gabeira
Todo mundo gostou da espinafrada que o Gabeira deu no glorioso Severino ontem. Agora, vai ser engraçado se a oposição (que foi quem elegeu Severino) agora se mostrar indignada, 'pois é, como é que um cara desses vira presidente da Câmara?'.
Em nome do registro histórico, cabe notar que a (muitas vezes boa) Primeira Leitura já trouxe um artigo com o espetacular título 'Por que não bato em Severino'.
Mas é assim mesmo, se os idealistas não tiverem apoio dos hipócritas, ninguém avança nada.
Em nome do registro histórico, cabe notar que a (muitas vezes boa) Primeira Leitura já trouxe um artigo com o espetacular título 'Por que não bato em Severino'.
Mas é assim mesmo, se os idealistas não tiverem apoio dos hipócritas, ninguém avança nada.
Thursday, August 25, 2005
Freakonomics
O livro Freakonomics, que o infalível Ed mencionou aqui outro dia, já é o livro de não-ficção mais vendido do Brasil. E os autores fizeram um blog, que parece ser legal.
Tarso Genro
Tarso Genro está levando a sério o esforço de limpar a direção do PT. Golaço.
Tarso Genro defende o abandono da política econômica. Gol contra.
E quem joga pelo empate é a oposição.
Tarso Genro defende o abandono da política econômica. Gol contra.
E quem joga pelo empate é a oposição.
Ultra-Mega-Liberais pra cacete
Pra quem quer ver argumentos pró-mercado, chequem o blog conjunto do Nobel de economia Gary Becker e do juiz americano Richard Posner, que me foi recomendado por um colega que adora essas coisas.
Wednesday, August 24, 2005
Chauí e Giannotti
Isso me lembrou um debate entre a Chauí e o Giannotti, na época dos escândalos do governo FHC (os últimos). O que me lembro é o seguinte:
Giannotti escreveu um artigo na Folha que começava com uma bela introdução teórica, em que argumentava que, visto que a política é regra sobre regra, haveria sempre conflitos éticos, e uma zona ética cinzenta causada pela indeterminação de alguns desses conflitos. Achei isso uma grande idéia, mas logo depois o Giannotti argumentava que o movimento pró-CPI era na verdade um movimento de patrulhamento da imprensa que procurava aumentar seu poder político, e da oposição que era apenas eleitoreira e bláblábláblábláblánhémnhémnhémnhémnhémnhém.
Chauí escreveu uma resposta que começava, na minha opinião, mal, com uma introdução teórica que falava que a democracia era na verdade uma beleza e bláblábláblábláblánhémnhémnhémnhém. Entretanto, seguia-se uma grande sacada, quando afirmava que, segundo o próprio argumento do Giannotti, os limites da zona cinzenta deveriam ser determinados pelo debate público; e que, portanto, tanto a imprensa que buscava aumentar seu poder quanto a oposição que buscava ganhar eleição eram participantes legítimos do embate para fixar os limites da zona cinzenta.
Cito de memória, de maneira que posso estar caracterizando mal os dois artigos.
Mas me lembro que na época me pareceu que se você colasse o final do artigo da Chauí depois do começo do do Giannotti viraria um puta artigo.
Giannotti escreveu um artigo na Folha que começava com uma bela introdução teórica, em que argumentava que, visto que a política é regra sobre regra, haveria sempre conflitos éticos, e uma zona ética cinzenta causada pela indeterminação de alguns desses conflitos. Achei isso uma grande idéia, mas logo depois o Giannotti argumentava que o movimento pró-CPI era na verdade um movimento de patrulhamento da imprensa que procurava aumentar seu poder político, e da oposição que era apenas eleitoreira e bláblábláblábláblánhémnhémnhémnhémnhémnhém.
Chauí escreveu uma resposta que começava, na minha opinião, mal, com uma introdução teórica que falava que a democracia era na verdade uma beleza e bláblábláblábláblánhémnhémnhémnhém. Entretanto, seguia-se uma grande sacada, quando afirmava que, segundo o próprio argumento do Giannotti, os limites da zona cinzenta deveriam ser determinados pelo debate público; e que, portanto, tanto a imprensa que buscava aumentar seu poder quanto a oposição que buscava ganhar eleição eram participantes legítimos do embate para fixar os limites da zona cinzenta.
Cito de memória, de maneira que posso estar caracterizando mal os dois artigos.
Mas me lembro que na época me pareceu que se você colasse o final do artigo da Chauí depois do começo do do Giannotti viraria um puta artigo.
Marilena Chauí
A crer nos jornais, a Marilena Chauí falou umas besteiras. Disse que o problema todo do governo Lula foi uma armadilha tucana, o que parece reeditar o argumento, que profundo desespero me causa, de que a causa da corrupção foi a política econômica. Enfim. Não tem nem o que dizer.
Tuesday, August 23, 2005
Agora tudo faz sentido!
Tem um televangelista vagabundo querendo matar o Chávez. Bom, até aí teve outro desses vagabundos aí que declarou que o 11 de Setembro foi punição a Nova York por que eles toleram gays, feministas, enfim. O mesmo vagabundo que quer matar o Chávez disse que Bush havia lhe garantido que não morreria ninguém na invasão do Iraque (Bush nega ter dito isso, e eu acredito). E tem gente que fala mal do Bispo Rodrigues.
Enquanto isso, um monte desses vagabundos acredita na teoria do arrebatamento, e apóia Israel para que o Templo de Salomão seja reconstruído (há, entretanto, propostas pacifistas), o que precipitaria o Segundo Advento (e, aliás, a condenação ao inferno de todos os judeus que não aceitassem se converter ao cristianismo).
Uma cronologia do arrebatamento pode ser encontrada aqui. A propósito, aparentemente o Bush não termina o mandato, e pode cair esse ano mesmo. Seguir-se-á então uma luta contra a besta escarlate da babilônia (a União Européia), uma guerra contra a Rússia e a China, e no final todo mundo que for gente boa voa pelado para o céu.
É bom saber que os caras têm um plano.
Enquanto isso, um monte desses vagabundos acredita na teoria do arrebatamento, e apóia Israel para que o Templo de Salomão seja reconstruído (há, entretanto, propostas pacifistas), o que precipitaria o Segundo Advento (e, aliás, a condenação ao inferno de todos os judeus que não aceitassem se converter ao cristianismo).
Uma cronologia do arrebatamento pode ser encontrada aqui. A propósito, aparentemente o Bush não termina o mandato, e pode cair esse ano mesmo. Seguir-se-á então uma luta contra a besta escarlate da babilônia (a União Européia), uma guerra contra a Rússia e a China, e no final todo mundo que for gente boa voa pelado para o céu.
É bom saber que os caras têm um plano.
Saturday, August 20, 2005
Politicamente Correto
Enquanto subia de bonde, vi uma placa, na entrada de uma casa, com os dizeres "Cuidado: cachorro anti-social".
Com a Bênção de Santa Teresa
Hoje passei a tarde em Santa Teresa, um dos lugares mais legais do mundo. Não sei por que tem me dado vontade de passear pelo Centro do Rio e adjacências, provavelmente é por que é um lugar que eu gosto muito, e preciso recarregar as baterias durante a crise política. Pois justamente enquanto fazia isso, recebi um sinal de Deus.
Perto do Largo dos Guimarães, pouco antes do Restaurante Sobrenatural, e depois da gloriosa Adega do Arnaudo (assim mesmo), achei em uma loja um imãzinho de geladeira com a seguinte inscrição:
'Deixemos o pessimismo para tempos melhores'.
Concordo plenamente, e enquanto durar a crise, esse será o lema do Blog.
Perto do Largo dos Guimarães, pouco antes do Restaurante Sobrenatural, e depois da gloriosa Adega do Arnaudo (assim mesmo), achei em uma loja um imãzinho de geladeira com a seguinte inscrição:
'Deixemos o pessimismo para tempos melhores'.
Concordo plenamente, e enquanto durar a crise, esse será o lema do Blog.
Friday, August 19, 2005
Ihhhh...
O ex-assessor do Pallocci acaba de depor dizendo que o atual ministro da Fazenda recebia mesada de empreiteiro quando era prefeito. O dólar subiu, a bolsa caiu. Dessa vez, sim, se for verdade acabou. Não no sentido de 'longo outono', acabou mesmo.
Thursday, August 18, 2005
Gamboa
Descobri um lugar maravilhoso, a livraria Folha Seca, na Rua do Ouvidor, um lugar que eu adoro, especializada em Brasil: uma estante espetacular de História do Brasil, livros sobre samba pra cacete, livros sobre futebol, sobre arte, CDs de choro.
Comprei uma história do São Cristóvão Futebol Clube, que não sei quando poderei ler, mas comprei em homenagem ao meu avô, que foi por muito tempo torcedor do São Cristóvão. O título promete: 'Chuva de Glórias'.
E comprei um livro muito bom, que li rapidinho hoje tomando café. Sempre gostei da série Cantos do Rio, que conta a história dos bairros cariocas. Saiu agora um dos bairros mais interessantes de todos, a Gamboa, escrita por um dos maiores poetas brasileiros, o Alexei Bueno (na minha opinião, o melhor tradutor para o Português d'O Corvo, do Poe). Adorei, recomendo entusiasticamente.
Os que, como eu, são fanáticos pelo centro do Rio (conscientes de que há décadas aquilo é uma merda), certamente vão gostar.
Comprei uma história do São Cristóvão Futebol Clube, que não sei quando poderei ler, mas comprei em homenagem ao meu avô, que foi por muito tempo torcedor do São Cristóvão. O título promete: 'Chuva de Glórias'.
E comprei um livro muito bom, que li rapidinho hoje tomando café. Sempre gostei da série Cantos do Rio, que conta a história dos bairros cariocas. Saiu agora um dos bairros mais interessantes de todos, a Gamboa, escrita por um dos maiores poetas brasileiros, o Alexei Bueno (na minha opinião, o melhor tradutor para o Português d'O Corvo, do Poe). Adorei, recomendo entusiasticamente.
Os que, como eu, são fanáticos pelo centro do Rio (conscientes de que há décadas aquilo é uma merda), certamente vão gostar.
Mais Renda Básica
Aliás, o artigo da Dissent, muito interessante, pode ser encontrado aqui.
Revelação estranha da semana, encontrada nesse mesmo artigo: o governo americano já estudou a possibilidade de se distribuir um imposto de renda negativo, e chegou a fazer um experimento, distribuindo-o para algumas famílias, e vendo o que acontece com seu incentivo para trabalhar. As horas trabalhadas caíram pouco entre os homens, 6%, mas muito para as mulheres, 19%. No menos machista Canadá, a diferença é mínima: 1% para os homens e 3% para as mulheres.
Mas o mais estranho é quem era responsável pelos experimentos nos EUA: Dick Cheney e Donald Rumsfeld.
Esse mundo é mesmo sortido.
Revelação estranha da semana, encontrada nesse mesmo artigo: o governo americano já estudou a possibilidade de se distribuir um imposto de renda negativo, e chegou a fazer um experimento, distribuindo-o para algumas famílias, e vendo o que acontece com seu incentivo para trabalhar. As horas trabalhadas caíram pouco entre os homens, 6%, mas muito para as mulheres, 19%. No menos machista Canadá, a diferença é mínima: 1% para os homens e 3% para as mulheres.
Mas o mais estranho é quem era responsável pelos experimentos nos EUA: Dick Cheney e Donald Rumsfeld.
Esse mundo é mesmo sortido.
Renda Básica em Israel
Idéias do tipo renda básica têm prosperado em vários lugares do mundo. Israel acaba de anunciar que planeja implementar um 'imposto de renda negativo' no futuro próximo. Que uma medida dessas seja anunciada pelo gabinete de Sharon mostra o quanto a sociedade israelense é contraditória, e interessante.
Jay Hammond, ex-governador do Alaska
Morreu , Jay Hammond, que foi governador do Alaska entre 1975 e 1982. Ouço-os todo dizendo, 'foda-se!'. Mas calma, o cara foi importante! Ele foi o criador do fundo permanente do Alaska.
Hammond foi um dos últimos americanos a se beneficiarem de uma lei da época da Guerra Civil que dava terra de graça para quem se comprometesse a construir uma casa e trabalhar a terra por pelo menos 5 anos. Enquanto fazia isso, e depois de ter sido caçador, pescador, e piloto de caça na Segunda Guerra Mundial, ficou invocado com o fato de que pescava-se muito salmão no Alaska sem que a população se beneficiasse com isso. Com idéias como essa, se elegeu governador, e, como os Alaskianos (sei lá se é isso) são sortudos pra cacete, justamente enquanto ele estava pensando em um jeito de distribuir o dinheiro da pesca para todo mundo, descobriram petróleo no Alaska. Ah, bom.
Desde então, o fundo permanente do Alaska distribui todo ano, para todos os residentes do Alaska (homens, mulheres e crianças) algo em torno de 1.000 dólares, sem mais nem menos. O dinheiro se origina nos dividendos de um fundo permanente formado com uma porcentagem dos impostos arrecadados com a produção de petróleo. Distribui-se assim o benefício do petróleo e se estimula a economia do Alaska, cujos governantes, ao contrário do Chávez, sabem que um dia o petróleo acaba.
As informações são do boletim da United States Basic Income Network (USBIG), onde achei o trecho seguinte, que tinha que traduzir. É baseado no depoimento de um jornalista da revista Dissent, Sean Butler.
" O pai da renda básica brasileira, Senador Eduardo Suplicy, também falou na conferência da USBIG no ano passado. Durante seu discurso, ele notou Jay Hammond sentado na primeira fila, e, para o aplauso geral da platéia, desceu do palco para apertar sua mão. Os dois pioneiros da renda básica haviam finalmente se encontrado.
Hammond e Suplicy fazem um par estranho. O Republicano Hammond, grandão, com sua barba branca estilo Hemingway, carrega seu ethos de autoconfiança (self-reliance) do extremo norte com orgulho. Suplicy, um membro fundador do esquerdista Partido dos Trabalhadores brasileiro, treinado como economista nos Estados Unidos, tem a aparência digna de um intelectual e político profissional.
É o encontro entre o socialismo tropical e o capitalismo ártico; ainda assim, de alguma maneira, quando se encontram pela renda básica, se dão bem".
Hammond foi um dos últimos americanos a se beneficiarem de uma lei da época da Guerra Civil que dava terra de graça para quem se comprometesse a construir uma casa e trabalhar a terra por pelo menos 5 anos. Enquanto fazia isso, e depois de ter sido caçador, pescador, e piloto de caça na Segunda Guerra Mundial, ficou invocado com o fato de que pescava-se muito salmão no Alaska sem que a população se beneficiasse com isso. Com idéias como essa, se elegeu governador, e, como os Alaskianos (sei lá se é isso) são sortudos pra cacete, justamente enquanto ele estava pensando em um jeito de distribuir o dinheiro da pesca para todo mundo, descobriram petróleo no Alaska. Ah, bom.
Desde então, o fundo permanente do Alaska distribui todo ano, para todos os residentes do Alaska (homens, mulheres e crianças) algo em torno de 1.000 dólares, sem mais nem menos. O dinheiro se origina nos dividendos de um fundo permanente formado com uma porcentagem dos impostos arrecadados com a produção de petróleo. Distribui-se assim o benefício do petróleo e se estimula a economia do Alaska, cujos governantes, ao contrário do Chávez, sabem que um dia o petróleo acaba.
As informações são do boletim da United States Basic Income Network (USBIG), onde achei o trecho seguinte, que tinha que traduzir. É baseado no depoimento de um jornalista da revista Dissent, Sean Butler.
" O pai da renda básica brasileira, Senador Eduardo Suplicy, também falou na conferência da USBIG no ano passado. Durante seu discurso, ele notou Jay Hammond sentado na primeira fila, e, para o aplauso geral da platéia, desceu do palco para apertar sua mão. Os dois pioneiros da renda básica haviam finalmente se encontrado.
Hammond e Suplicy fazem um par estranho. O Republicano Hammond, grandão, com sua barba branca estilo Hemingway, carrega seu ethos de autoconfiança (self-reliance) do extremo norte com orgulho. Suplicy, um membro fundador do esquerdista Partido dos Trabalhadores brasileiro, treinado como economista nos Estados Unidos, tem a aparência digna de um intelectual e político profissional.
É o encontro entre o socialismo tropical e o capitalismo ártico; ainda assim, de alguma maneira, quando se encontram pela renda básica, se dão bem".
Tuesday, August 16, 2005
Resultado:
Muito do que acontecerá nos EUA, e, portanto, no mundo, depende do que farão os chineses.
E os chineses recentemente abandonaram o dólar como âncora cambial, passando a utilizar uma cesta de várias moedas. Dependendo do quanto os chineses diminuam suas compras de títulos em dólar, os juros americanos podem subir muito, causando uma recessão global, ou, dependendo da velocidade da coisa, estourando a bolha imobiliária mundial.
Que bonito.
E os chineses recentemente abandonaram o dólar como âncora cambial, passando a utilizar uma cesta de várias moedas. Dependendo do quanto os chineses diminuam suas compras de títulos em dólar, os juros americanos podem subir muito, causando uma recessão global, ou, dependendo da velocidade da coisa, estourando a bolha imobiliária mundial.
Que bonito.
O que os chineses andam fazendo (II)
Essa é a parte que eu entendo menos.
Para se defender da especulação financeira que já avacalhou seus vizinhos asiáticos, os chineses vinham ancorando sua moeda no dólar. Basicamente, compravam quantidades obscenas de títulos da dívida americana (considerados o investimento mais seguro do mundo) e guardavam para um dia de chuva.
Quanto maior a probabilidade de que o governo pague suas dívidas, menos juros precisa pagar pelo seus títulos (por isso o Brasil paga juros altíssimos). Com tanto dinheiro chinês entrando, o juro dos títulos americanos de longo prazo caíram.
OU SEJA: novamente, isso contribuiu para que os juros nos EUA permaneçam bem mais baixos do que normalmente estariam, dado o nível de atividade econômica. Mais uma coisa inflando a bolha.
Para se defender da especulação financeira que já avacalhou seus vizinhos asiáticos, os chineses vinham ancorando sua moeda no dólar. Basicamente, compravam quantidades obscenas de títulos da dívida americana (considerados o investimento mais seguro do mundo) e guardavam para um dia de chuva.
Quanto maior a probabilidade de que o governo pague suas dívidas, menos juros precisa pagar pelo seus títulos (por isso o Brasil paga juros altíssimos). Com tanto dinheiro chinês entrando, o juro dos títulos americanos de longo prazo caíram.
OU SEJA: novamente, isso contribuiu para que os juros nos EUA permaneçam bem mais baixos do que normalmente estariam, dado o nível de atividade econômica. Mais uma coisa inflando a bolha.
O que os chineses andam fazendo (I)
A entrada da China, da Índia, e Rússia no mercado mundial dobrou a força de trabalho do capitalismo global (metade desse aumento foi causado pela China). Mas esses países são pobres, e portanto praticamente não aumentaram o estoque mundial de capital. Portanto, o preço do trabalho caiu pra cacete. Os salários têm aumentado muito menos do que seria de se esperar em uma recuperação econômica, como a que vem acontecendo nos EUA
Consequência n.1: a participação dos lucros nos PIBs dos países ricos tornou-se, graças aquele bando de maoístas que governa a China, a maior desde a crise de 1929.
Consequência n.2: sem muito aumento de salários, e com uma invasão de produtos chineses ridiculamente baratos, a inflação mundial subiu menos do que se esperava, e anda bem baixa para um momento de recuperação da economia.
OU SEJA: ao mesmo tempo em que as pessoas começam a ter mais dinheiro (por causa da recuperação econômica), os juros permanecem meio baixos (não precisa aumentar, os chineses seguram a inflação). Daí que muitas pessoas, especialmente nos EUA, vêm pegando dinheiro emprestado a juros baixos para, por exemplo, comprar imóveis ou re-financiar suas hipotecas (daí a bolha no setor imobiliário mundial). Isto é: o FED americano fez o que sempre fazia para evitar uma bolha, mas agora os remédios tradicionais não funcionam tão bem por causa dos chineses.
Consequência n.1: a participação dos lucros nos PIBs dos países ricos tornou-se, graças aquele bando de maoístas que governa a China, a maior desde a crise de 1929.
Consequência n.2: sem muito aumento de salários, e com uma invasão de produtos chineses ridiculamente baratos, a inflação mundial subiu menos do que se esperava, e anda bem baixa para um momento de recuperação da economia.
OU SEJA: ao mesmo tempo em que as pessoas começam a ter mais dinheiro (por causa da recuperação econômica), os juros permanecem meio baixos (não precisa aumentar, os chineses seguram a inflação). Daí que muitas pessoas, especialmente nos EUA, vêm pegando dinheiro emprestado a juros baixos para, por exemplo, comprar imóveis ou re-financiar suas hipotecas (daí a bolha no setor imobiliário mundial). Isto é: o FED americano fez o que sempre fazia para evitar uma bolha, mas agora os remédios tradicionais não funcionam tão bem por causa dos chineses.
China
Enquanto prestávamos atenção na careca do Marcos Valério, a The Economist fez a reportagem de economia mais difícil e mais importante que eu já vi na vida. Aparentemente, mudou tudo no mundo e só notamos agora. Segundo os caras, muitas das decisões econômicas mais importantes do mundo são agora tomadas na China.
Dentro da série ‘vou explicar pra ver se entendo’, segue o que eu acho que a reportagem quer dizer.
Dentro da série ‘vou explicar pra ver se entendo’, segue o que eu acho que a reportagem quer dizer.
Sunday, August 14, 2005
Links
Os links que não estavam funcionando (Prospect e Gabeira) já estão consertados. O da Polly Toynbee eu tirei, por que dava problema toda hora (mas não deixo de recomendar seus artigos).
Pós-Lula (V): o PT
Caso o PT não se desintegre após a crise iminente, não poderá mais evitar as questões que sempre o atormentaram: qual o lugar de movimentos reinvindicatórios da sociedade civil durante uma crise fiscal extremamente severa? Qual o papel dos sindicatos no novo quadro capitalista global? Em suma, diante da crise do Estado, como fazer a mediação entre sociedade civil e mercado? Se conseguir responder, torna-se novamente referência mundial. Se não conseguir, definha como os velhos PCB e PDT, e espera a decadência da próxima força de esquerda para ver se descola uma rebarba.
Essa questão está intimamente ligada a outra, mais diretamente ligada à crise atual: uma vez estabelecido que arranjo pode satisfazer as demandas sociais sem falir o Estado, restará a tarefa de saber que setores sociais podem ser aglutinados para ganhar de novo o governo, mas desta vez com maioria parlamentar.
Só não é uma certeza que o PT desapareça por que, ao contrário de todos os outros partidos, é um partido firmemente enraizado em movimentos sociais que certamente sobreviverão, em especial a CUT. Compartilha essas características com a social-democracia européia, que já se recuperou diversas vezes de escândalos de corrupção. Mas não é certo que se torne forte novamente, visto que permanece em aberto a questão da viabilidade da social-democracia brasileira.
Essa questão está intimamente ligada a outra, mais diretamente ligada à crise atual: uma vez estabelecido que arranjo pode satisfazer as demandas sociais sem falir o Estado, restará a tarefa de saber que setores sociais podem ser aglutinados para ganhar de novo o governo, mas desta vez com maioria parlamentar.
Só não é uma certeza que o PT desapareça por que, ao contrário de todos os outros partidos, é um partido firmemente enraizado em movimentos sociais que certamente sobreviverão, em especial a CUT. Compartilha essas características com a social-democracia européia, que já se recuperou diversas vezes de escândalos de corrupção. Mas não é certo que se torne forte novamente, visto que permanece em aberto a questão da viabilidade da social-democracia brasileira.
Pós-Lula (IV): Garotinho
O pior cenário para o pós-Lula é, evidentemente, a vitória da hemorróida de Satã. Garotinho tem as credenciais éticas de quem acaba de tentar fraudar, na frente de todo mundo, as eleições de Campos. Economicamente, seria o retrocesso ao populismo mais vulgar. Desmoralizaria as Igrejas Evangélicas, que, bem, ou mal, são um setor importante da sociedade civil brasileira. Foi um dos principais articuladores da campanha por Severino, que hoje se suspeita ter sido uma grande revolta pela suspensão do pagamento do Mensalão. Só existe politicamente por causa de José Dirceu, que o elegeu quando forçou Benedita a ser sua vice. Não acredita na teoria da evolução, apesar de seus próprios evidentes traços simiescos, e, se eleito, o Brasil teria o único presidente anti-Darwin do mundo ocidental.
Como não sou só eu que acho isso tudo, cedo ou tarde sua candidatura seria alvo de tantos ataques que dificilmente decolaria. Mas pode se tornar líder de um movimento minoritário populista importante, ou pode ser usado pelo PMDB como moeda de troca no segundo turno.
Como não sou só eu que acho isso tudo, cedo ou tarde sua candidatura seria alvo de tantos ataques que dificilmente decolaria. Mas pode se tornar líder de um movimento minoritário populista importante, ou pode ser usado pelo PMDB como moeda de troca no segundo turno.
Pós-Lula (III): partidos de direita
Em tese, o cenário estaria montado para uma ressurgência dos partidos de direita. Acho que, em alguma medida, isso vai acontecer, e é normal, e é bom: não é bom que as opiniões conservadoras, que são sustentadas por parte expressiva de nossa sociedade, sejam representadas apenas por marginais, como têm sido.
O grande desafio, naturalmente, é dar aos partidos de direita as credenciais éticas mínimas para se posicionarem diante de uma imprensa livre como a brasileira. O episódio Roseana Sarney foi típico: em primeiro lugar, do quanto a aliança PSDB-PFL é mais frágil do que se pensa. Em segundo lugar, de que não há nenhuma possibilidade de renovação da direita a não ser pelo critério hereditário, dada a impossibilidade de jovens direitistas honestos subirem por dentro de máquinas partidárias que fariam o Delúbio chorar de vergonha e desintegrar-se no nada. E, em terceiro, por que ficou claro que no debate ético a candidatura do PFL não sobreviveu um mês antes de aparecer dinheiro de procedência duvidosa.
É claro, também, que o PFL de Bornhausen ainda é melhor que os PPs, PTBs e PLs da vida. Esses partidos, entretanto, sobreviverão, ou pelo menos seus membros têm gande chance de sobreviver: é absolutamente notável o quanto se tem poupado os recebedores do Mensalão. Só se ataca os pagadores, em uma curiosa e significativa inversão do procedimento habitual. Um impeachment de Lula seria (será?) a vitória dos recebedores do Mensalão contra os pagadores de Mensalão. Afinal, quando o inigualável Valdemar Costa Neto renunciou, Severino, timoneiro e intelectual orgânico de PDT, PPS e companhia, ficou emocionadíssimo, e manifestou a Costa Neto que aquela casa esperava ansiosamente seu retorno triunfal.
Enfim, a questão é saber se a direita consegue se purificar a tempo. Caso consiga, pode ser a grande vitoriosa do pós-Lula. Creio que Bornhausen, político habilidosíssimo, já notou isso, e por isso apostou antes na candidatura Roseana, e agora, na de César Maia. Mas a limpeza do PFL seria um expurgo de tal dimensão que exigiria um José Dirceu possuído pelo demônio.
O grande desafio, naturalmente, é dar aos partidos de direita as credenciais éticas mínimas para se posicionarem diante de uma imprensa livre como a brasileira. O episódio Roseana Sarney foi típico: em primeiro lugar, do quanto a aliança PSDB-PFL é mais frágil do que se pensa. Em segundo lugar, de que não há nenhuma possibilidade de renovação da direita a não ser pelo critério hereditário, dada a impossibilidade de jovens direitistas honestos subirem por dentro de máquinas partidárias que fariam o Delúbio chorar de vergonha e desintegrar-se no nada. E, em terceiro, por que ficou claro que no debate ético a candidatura do PFL não sobreviveu um mês antes de aparecer dinheiro de procedência duvidosa.
É claro, também, que o PFL de Bornhausen ainda é melhor que os PPs, PTBs e PLs da vida. Esses partidos, entretanto, sobreviverão, ou pelo menos seus membros têm gande chance de sobreviver: é absolutamente notável o quanto se tem poupado os recebedores do Mensalão. Só se ataca os pagadores, em uma curiosa e significativa inversão do procedimento habitual. Um impeachment de Lula seria (será?) a vitória dos recebedores do Mensalão contra os pagadores de Mensalão. Afinal, quando o inigualável Valdemar Costa Neto renunciou, Severino, timoneiro e intelectual orgânico de PDT, PPS e companhia, ficou emocionadíssimo, e manifestou a Costa Neto que aquela casa esperava ansiosamente seu retorno triunfal.
Enfim, a questão é saber se a direita consegue se purificar a tempo. Caso consiga, pode ser a grande vitoriosa do pós-Lula. Creio que Bornhausen, político habilidosíssimo, já notou isso, e por isso apostou antes na candidatura Roseana, e agora, na de César Maia. Mas a limpeza do PFL seria um expurgo de tal dimensão que exigiria um José Dirceu possuído pelo demônio.
Pós-Lula (II): outros partidos de esquerda
Uma alternativa ao PT seria, naturalmente, a esquerda não-Lulista, formada, a essa altura do campeonato, por PDT, PPS e PSOL.
PDT e PPS vêm, a algum tempo, planejando uma fusão.Não se sabe o que sairia disso. O PDT é o resumo de tudo que há de atrasado na esquerda brasileira; à maneira norte-coreana, continuam a venerar o líder morto, ignoram completamente a possibilidade de aplicação da aritmética na gestão pública, não vêem espaço para os movimentos sociais na direção da esquerda, e seu compromisso com a ética fica claro no fato de que está representado na mesa do Severino.
O PPS se alia a qualquer coisa: Severino, Amazonino Mendes, o PDT. Ninguém mais comenta, mas quem trouxe o Jefferson para a aliança do Lula foi o PPS (o PTB era aliado do PPS durante a campanha do Ciro). Até aí, em outros tempos tinha se aliado ao Stalin. Entretanto, vinha tentando se firmar como alternativa de centro-esquerda, mais moderada que o PT, e Roberto Freire já havia dado várias declarações interessantes nesse sentido. Vamos ver se a soma belo discurso de centro-esquerda + Roberto Jefferson emplaca a reeleição, em terceira reencarnação, depois de PT e PSDB.
O P-SOL é o único partido anti-Lula que também é anti-Severino, o que poderia lhe garantir certa credibilidade. Mas o programa do P-SOL é tão pateticamente deprimente, e sua ruptura com o totalitarismo bolchevique tão débil, que tratar-se-ia apenas de substituir a ganância pelo sadismo como problemas do sistema político brasileiro. Não é tão ruim quanto o PSTU, mas até aí quase nada é.
Enfim, os outros partidos de esquerda só prometem o fim da estabilidade fiscal, com altíssima probabilidade de aumento da corrupção, não apenas por que historicamente foram mais, e não menos, propensos do que o PT a se aliar com corruptos, mas por que sua insignificância numérica implica que seriam obrigados a pagar ainda mais por deputado direitista.
PDT e PPS vêm, a algum tempo, planejando uma fusão.Não se sabe o que sairia disso. O PDT é o resumo de tudo que há de atrasado na esquerda brasileira; à maneira norte-coreana, continuam a venerar o líder morto, ignoram completamente a possibilidade de aplicação da aritmética na gestão pública, não vêem espaço para os movimentos sociais na direção da esquerda, e seu compromisso com a ética fica claro no fato de que está representado na mesa do Severino.
O PPS se alia a qualquer coisa: Severino, Amazonino Mendes, o PDT. Ninguém mais comenta, mas quem trouxe o Jefferson para a aliança do Lula foi o PPS (o PTB era aliado do PPS durante a campanha do Ciro). Até aí, em outros tempos tinha se aliado ao Stalin. Entretanto, vinha tentando se firmar como alternativa de centro-esquerda, mais moderada que o PT, e Roberto Freire já havia dado várias declarações interessantes nesse sentido. Vamos ver se a soma belo discurso de centro-esquerda + Roberto Jefferson emplaca a reeleição, em terceira reencarnação, depois de PT e PSDB.
O P-SOL é o único partido anti-Lula que também é anti-Severino, o que poderia lhe garantir certa credibilidade. Mas o programa do P-SOL é tão pateticamente deprimente, e sua ruptura com o totalitarismo bolchevique tão débil, que tratar-se-ia apenas de substituir a ganância pelo sadismo como problemas do sistema político brasileiro. Não é tão ruim quanto o PSTU, mas até aí quase nada é.
Enfim, os outros partidos de esquerda só prometem o fim da estabilidade fiscal, com altíssima probabilidade de aumento da corrupção, não apenas por que historicamente foram mais, e não menos, propensos do que o PT a se aliar com corruptos, mas por que sua insignificância numérica implica que seriam obrigados a pagar ainda mais por deputado direitista.
Pós-Lula (I): PSDB
É óbvio que o fato da oposição ao Lula ser 95% corrupta (são, fundamentalmente, a frente pró-Severino) não livra a cara do governo em nada. No Impeachment do Collor, o que não faltou foi safado votando indignado, e isso foi excelente. Se os parlamentares honestos não puderem contar com a hipocrisia dos safados, ninguém limpa aquilo ali nunca. Afinal, sempre há a possibilidade de novas denúncias, que prendam amanhã o hipócrita que denuncia hoje.
Supondo, entretanto, que a crise leve seja ao impeachment, seja à total paralisia do governo, há outra questão, legítima. Finda a era Lula, o que emerge politicamente? Isso sim me parece deprimente.
O PSDB é o partido mais forte da oposição, mas acho que as comemorações tucanas têm sido prematuras, por dois motivos.
Em primeiro lugar, sem a ameaça de Lula, não sei se a direita vai continuar vendo razão para sustentar o PSDB, que, antes de FHC se lançar como anti-Lula, caminhava a passos largos para a irrelevância; é possível que haja uma crise da centro-esquerda em geral, encerrando o ciclo que começa com a redemocratização. E não devemos subestimar o quanto o eleitorado conservador esteve confortável, durante os últimos anos, na companhia dos ex-Ação Popular do PSDB. Suspeito que o referendo sobre o desarmamento pode ser o ponto de partida da rearticulação da direita tradicional no Brasil.
Em segundo lugar, o pacto de governabilidade do Lula provavelmente envolvia não meter o dedo nas feridas do FHC, nas privatizações e, em especial, na questão da dívida pública, dobrada durante a era FHC. Em troca, ninguém enchia muito o saco do PT por ter se oposto ao neoliberalismo com tanto entusiasmo. Não há por que respeitar isso agora.
Uma coisa me parece certa: se o PSDB quiser se consolidar, vai ter que ter um plano para o pós-FHC, o que, evidentemente ainda não tem.
Supondo, entretanto, que a crise leve seja ao impeachment, seja à total paralisia do governo, há outra questão, legítima. Finda a era Lula, o que emerge politicamente? Isso sim me parece deprimente.
O PSDB é o partido mais forte da oposição, mas acho que as comemorações tucanas têm sido prematuras, por dois motivos.
Em primeiro lugar, sem a ameaça de Lula, não sei se a direita vai continuar vendo razão para sustentar o PSDB, que, antes de FHC se lançar como anti-Lula, caminhava a passos largos para a irrelevância; é possível que haja uma crise da centro-esquerda em geral, encerrando o ciclo que começa com a redemocratização. E não devemos subestimar o quanto o eleitorado conservador esteve confortável, durante os últimos anos, na companhia dos ex-Ação Popular do PSDB. Suspeito que o referendo sobre o desarmamento pode ser o ponto de partida da rearticulação da direita tradicional no Brasil.
Em segundo lugar, o pacto de governabilidade do Lula provavelmente envolvia não meter o dedo nas feridas do FHC, nas privatizações e, em especial, na questão da dívida pública, dobrada durante a era FHC. Em troca, ninguém enchia muito o saco do PT por ter se oposto ao neoliberalismo com tanto entusiasmo. Não há por que respeitar isso agora.
Uma coisa me parece certa: se o PSDB quiser se consolidar, vai ter que ter um plano para o pós-FHC, o que, evidentemente ainda não tem.
Gaza
Não é preciso apoiar o governo Sharon para apoiar a retirada de Gaza. Agora, matéria publicada no Globo de hoje mostra um aspecto interessante do problema: a angústia dos palestinos que trabalham nas colônias israelenses em processo de desmonte. Além de ganharem mais que seus colegas governados pela ANP, têm a seguinte preocupação:
"Em Gaza o desemprego é muito grande e mesmo se as estufas continuarem aqui, somente aliados da Autoridade Nacional Palestina (ANP) terão o controle sobre região e sobre os empregos. Para nós não vai sobrar coisa alguma. A ANP só faz o que é bom para ela e não o que é bom para o povo" (Mahmoud, 33 anos)
O triste é o quanto isso é familiar em casos de lutas pela independência nacional. No Zimbabwe, por exemplo, o ditador Robert Mugabe está confiscando violentamente a terra dos agricultores brancos (e se negando a entregar comida aos seus opositores negros) para distribui-las a seus cúmplices. Qualquer hora escrevo de novo sobre o Zimbabwe, que está se tornando a Coréia do Norte do facismo.
A esquerda mundial, que tem ascendência sobre a ANP, deveria pressionar para que o mesmo não se repita na Palestina.
"Em Gaza o desemprego é muito grande e mesmo se as estufas continuarem aqui, somente aliados da Autoridade Nacional Palestina (ANP) terão o controle sobre região e sobre os empregos. Para nós não vai sobrar coisa alguma. A ANP só faz o que é bom para ela e não o que é bom para o povo" (Mahmoud, 33 anos)
O triste é o quanto isso é familiar em casos de lutas pela independência nacional. No Zimbabwe, por exemplo, o ditador Robert Mugabe está confiscando violentamente a terra dos agricultores brancos (e se negando a entregar comida aos seus opositores negros) para distribui-las a seus cúmplices. Qualquer hora escrevo de novo sobre o Zimbabwe, que está se tornando a Coréia do Norte do facismo.
A esquerda mundial, que tem ascendência sobre a ANP, deveria pressionar para que o mesmo não se repita na Palestina.
Friday, August 12, 2005
Crise Política IX
Agora, quem certamente nos proporcionará diversão é o filho do César Maia, que seguindo o eterno princípio genital de sucessão dos partidos de direita brasileiros, despontou como líder da oposição. Esse, eu garanto, é uma beleza.
Quando ganhou um cargo aqui na prefeitura (visto que seu curso de economia na Cândido Mendes, começado em 1989, não acabava nunca), proibiu os baleiros de porta de escola, por que eles poderiam vender cocaína para as crianças. Infelizmente, não prosseguiu no combate às lendas urbanas que tanto nos atormentam, de modo que a mulher loira do banheiro e o homem do saco continuam impunes.
Quando ganhou um cargo aqui na prefeitura (visto que seu curso de economia na Cândido Mendes, começado em 1989, não acabava nunca), proibiu os baleiros de porta de escola, por que eles poderiam vender cocaína para as crianças. Infelizmente, não prosseguiu no combate às lendas urbanas que tanto nos atormentam, de modo que a mulher loira do banheiro e o homem do saco continuam impunes.
Crise Política VIII
A maior revelação da CPI, sem sombra de dúvida, é o parlamentar tucano Gustavo Fruet, do Paraná. Altíssimo nível, excelente quadro, preciso, com a tranquilidade de quem sabe que tem argumentos. Se ele não descobrir nada, ninguém descobre: os outros membros da CPI não seriam capazes de provar que o Beira-Mar e Dona Ivone Lara não são a mesma pessoa.
Crise Política VII
Meu maior medo, portanto, não é o impeachment do Lula. É a quase certeza de que, se ele cai, sobe alguém que desfaz o legado do governo.
Certo, o mensalão vai voltar a ser substituído pela distribuição de cargos onde se pode roubar, como reinvindica a tendência Roberto Jefferson. Mas, por algum motivo, não acho que isso funcione como slogan que empolgue as massas.
Certo, o mensalão vai voltar a ser substituído pela distribuição de cargos onde se pode roubar, como reinvindica a tendência Roberto Jefferson. Mas, por algum motivo, não acho que isso funcione como slogan que empolgue as massas.
Crise Política VI
E essa é a bobagem que mais me irrita: que a corrupção foi causada pela virada para o Centro. Se a virada tivesse acontecido antes, a crise de 2002 não teria sido tão séria (e o choque de ortodoxia poderia ter sido menor), o PT poderia, talvez, ter chegado agora com alianças ao centro melhores, ao invés de ter que comprar os últimos direitistas que ninguém quis comprar.
Zé Dirceu ganhou o poder que ganhou por se opor a radicais que, em geral, não tinham a menor idéia do que estavam falando. A tragédia começou na eleição carioca de 1998, quando o Campo Majoritário deixou de lançar uma candidata fortíssima (Benedita) ou um candidato que seria um excelente prefeito (Bittar) para apoiar a hemorróida de Satã. Sobrou como alternativa o Vladimir Palmeira, em cuja cabeça ninguém sabe direito o que há a essa altura do campeonato, e a direção nacional fez a intervenção mais desastrada de todos os tempos, e agora temos que engolir esses vagabundos que governam o Rio.
Em defesa to Tarso Genro: posso estar errado, mas se bem me lembro, ele se opôs à intervenção no Rio, mas teve que mudar de opinião depois por pressão do Campo Majoritário.
E tudo isso pra quê? Pra fazer aliança com o Brizola. É fogo.
Zé Dirceu ganhou o poder que ganhou por se opor a radicais que, em geral, não tinham a menor idéia do que estavam falando. A tragédia começou na eleição carioca de 1998, quando o Campo Majoritário deixou de lançar uma candidata fortíssima (Benedita) ou um candidato que seria um excelente prefeito (Bittar) para apoiar a hemorróida de Satã. Sobrou como alternativa o Vladimir Palmeira, em cuja cabeça ninguém sabe direito o que há a essa altura do campeonato, e a direção nacional fez a intervenção mais desastrada de todos os tempos, e agora temos que engolir esses vagabundos que governam o Rio.
Em defesa to Tarso Genro: posso estar errado, mas se bem me lembro, ele se opôs à intervenção no Rio, mas teve que mudar de opinião depois por pressão do Campo Majoritário.
E tudo isso pra quê? Pra fazer aliança com o Brizola. É fogo.
Crise Política V
Agora, se o governo Lula acabar, mesmo, sobrarei eu a achar que foi uma pena, achei um excelente governo. Equilibrou as finanças sem fazer sacanagem pela primeira vez em décadas (nem confisco nem populismo fiscal ou cambial), criou o bolsa-família, cuja evidente qualidade é provada irrefutavelmente pelo fato de que a ignorantsia o critica sem parar (mas na ilha de sensatez que é a FGV, o Marcelo Neri elogia), o crédito em folha, o programa de legalização de propriedade de favelado (que, entretanto, deveria ter sido dez vezes mais apoiado financeiramente), incentivou as exportações (chequem os estudos do grupo do Agenda Perdida para ver a lógica disso), realizou uma política externa boa se descontadas certas barbeiragens (em um momento diplomático dificílimo), enfim. Deveria ter dado a Saúde e a Educação para caras dez vezes mais dinâmicos e preparados, e nunca poderia ter dado a ciência e tecnologia para os amigos do Garotinho, mas no saldo eu gostei. Visto que a auto-crítica que se seguirá na esquerda provavelmente vai dizer que a culpa da corrupção foi a virada para o centro, naufragarei como o último Paloccista.
Crise Política IV
O PT deve expulsar Dirceu por rito sumário, por ter impedido que Tarso Genro retirasse a legenda dos parlamentares que renunciassem para evitar a cassação. E isso mesmo se depois se provar que ele é inocente da organização do mensalão.
Aliás, suspeito que a presidência de Genro, que poderia ser a salvação do PT em outros tempos, tenha chegado tarde demais.
Aliás, suspeito que a presidência de Genro, que poderia ser a salvação do PT em outros tempos, tenha chegado tarde demais.
Crise Política III
Agora, o que realmente me enoja é o desembaraço com que a esquerda filovarguista - PDT e PPS (mudar de nome não muda tanta coisa não, Freire) - agora se coloca como guardiã da ética.
Por exemplo, o PPS está chocadíssimo com o recebimento de dinheiro pelo exterior. Ah, sim. Como se a única fonte de renda do PCB não fosse o dinheiro da venda dos cadáveres dos bebês da Ucrânia.
E os dois partidos, que alegam ter se distanciado do governo por não suportar o cheiro da corrupção, estão representados na mesa da Câmara, escolhida por esse sumo-sacerdote da Transparência Internacional que é o Severino. Aliás, a mesa é exata aliança entre a frente Mensalão (PP, essas coisas) e a oposição.
Por exemplo, o PPS está chocadíssimo com o recebimento de dinheiro pelo exterior. Ah, sim. Como se a única fonte de renda do PCB não fosse o dinheiro da venda dos cadáveres dos bebês da Ucrânia.
E os dois partidos, que alegam ter se distanciado do governo por não suportar o cheiro da corrupção, estão representados na mesa da Câmara, escolhida por esse sumo-sacerdote da Transparência Internacional que é o Severino. Aliás, a mesa é exata aliança entre a frente Mensalão (PP, essas coisas) e a oposição.
Crise Política II
Agora, uma coisa que eu acho que está sendo mal-interpretada é a transferência de dinheiro da conta no exterior do Marcos Valério para o Duda Mendonça. O baluarte da mais cristalina ética e paladino da transparência Carlos Sampaio (quem viveu em Campinas conhece) sugeriu que o PT pode ser extinto, pois trata-se de dinheiro recebido do exterior, o que é proibido pela Constituição.
Bom, evidentemente a Constituição se refere a dinheiro vindo de estrangeiros: o que se quer impedir é que um governo estrangeiro, ou empresas estrangeiras, ou movimentos políticos estrangeiros, interfiram no processo político brasileiro. Se um brasileiro burla o sistema com uma conta no exterior, é crime, mas não o descrito na Constituição e citado pelo Sampaio.
A essa altura do campeonato, pode ser o menor dos detalhes, mas quis deixar claro que as leis da Física ainda se aplicam, o que implica que o Carlos Sampaio falou merda.
Bom, evidentemente a Constituição se refere a dinheiro vindo de estrangeiros: o que se quer impedir é que um governo estrangeiro, ou empresas estrangeiras, ou movimentos políticos estrangeiros, interfiram no processo político brasileiro. Se um brasileiro burla o sistema com uma conta no exterior, é crime, mas não o descrito na Constituição e citado pelo Sampaio.
A essa altura do campeonato, pode ser o menor dos detalhes, mas quis deixar claro que as leis da Física ainda se aplicam, o que implica que o Carlos Sampaio falou merda.
Crise Política I
Como todo mundo, estou revoltado com a crise política. Agora, eu tenho a impressão de que a oposição está comprando a teoria do governo: pelo tanto que os oposicionistas ficaram entusiasmados com o depoimento do Duda Mendonça, parecem ter aceitado a tese de que o problema foi contribuição de campanha. Se tiver sido, mesmo, pessoalmente fico muito menos chocado do que se tiver havido roubo dos cofres públicos, mas ainda permaneço cético.
Voltamos
Ficamos muito tempo sem postar, por que 1) A crise politica estava me deixando muito puto da vida, e não estava conseguindo escrever nada de mais ou menos civilizado, e 2) Estava lendo uns livros bons. Mas o homem que entende de Antiguidade Romana tardia mais do que Aristóteles jamais entendeu reclamou, então eu tive que voltar a escrever.
Tuesday, August 02, 2005
Clareza Cristalina
Posso ter ouvido errado, mas acho que um deputado da Comissão de Ética acaba de dizer que o que Dirceu declarou era 'incrível, mas não crível'. Ah, bom.
Thursday, July 28, 2005
Reação ao Terror
Artigo muito interessante na The Economist sobre as consequências do terrorismo. Pesquisa do Nobel de Economia Gary Becker analisa o impacto de atentados terroristas no comportamento cotidiano das populações afetadas. Afinal, o objetivo dos terroristas não é tanto matar 50 pessoas no metrô, mas sim espalhar um medo vago e generalizado entre toda a população. A ênfase da pesquisa é a diferença entre o risco e o medo. Objetivamente, a probabilidade de cada passageiro de ônibus individual morrer em um atentado é muito pequena, mas o medo vai além do risco objetivo.
A pesquisa mostra que a tendência é a seguinte: quem fazia algo regularmente não deixa de fazer. Quem fazia ocasionalmente deixa de fazer. Por exemplo, quem frequentava Cafés (alvo comum em Israel, por exemplo) regularmente continua frequentando mesmo com o atentado. Mas quem ia no Café só de vez em quando deixa de ir. O mesmo vale para usuários de ônibus e metrô depois de atentados nesses meios de transporte.
Os pesquisadores sugerem que as pessoas em um certo momento 'decidem' se têm medo ou não de continuar com certo comportamento, e essa decisão se baseia na preferência que têm ou não têm por tal comportamento. Uma vez tomada a decisão, ela tende a ser mantida, mesmo que o risco real varie.
A pesquisa mostra que a tendência é a seguinte: quem fazia algo regularmente não deixa de fazer. Quem fazia ocasionalmente deixa de fazer. Por exemplo, quem frequentava Cafés (alvo comum em Israel, por exemplo) regularmente continua frequentando mesmo com o atentado. Mas quem ia no Café só de vez em quando deixa de ir. O mesmo vale para usuários de ônibus e metrô depois de atentados nesses meios de transporte.
Os pesquisadores sugerem que as pessoas em um certo momento 'decidem' se têm medo ou não de continuar com certo comportamento, e essa decisão se baseia na preferência que têm ou não têm por tal comportamento. Uma vez tomada a decisão, ela tende a ser mantida, mesmo que o risco real varie.
Sunday, July 24, 2005
Tese
Para quem já fez, faz ou fará tese, ou para quem gosta de gozar da cara de quem fez, faz ou fará, esse artigo do José Murilo de Carvalho é muito engraçado.
Saturday, July 23, 2005
Gênio da Raça
Vejam como anda o sistema educacional brasileiro. Segundo O Globo, um sujeito chamado Bruno Marini Mendes vendia drogas pelo Orkut. A investigação do caso mostrou que o elemento também havia fraudado o exame da OAB de Junho último. A escuta telefônica da polícia pegou ele recebendo as respostas de um cúmplice. Suspeita-se que seu pai, que é advogado, tenha participado do esquema, visto que na mesma escuta achou-se uma ligação em que o pai pergunta se o filho foi bem na prova e ele diz que sim, pois 'conseguiu fazer o esquema via Embratel' (que bonito). Mas o realmente espetacular é que o Globo nos informa que
'mesmo com a cola eletrônica o acusado não passou na prova'
Vê-se, portanto, que o acusado é uma vítima da sociedade, que não dá apoio aos portadores de deficiência mental extremamente severa, semi-vegetativos. Desamparado pela sociedade que jamais compreenderá, pelos objetos da realidade que jamais compreenderá, pelas operações mentais mais elementares que jamais compreenderá, pelos deuses, que jamais o compreenderão, só lhe restou recorrer ao crime.
'mesmo com a cola eletrônica o acusado não passou na prova'
Vê-se, portanto, que o acusado é uma vítima da sociedade, que não dá apoio aos portadores de deficiência mental extremamente severa, semi-vegetativos. Desamparado pela sociedade que jamais compreenderá, pelos objetos da realidade que jamais compreenderá, pelas operações mentais mais elementares que jamais compreenderá, pelos deuses, que jamais o compreenderão, só lhe restou recorrer ao crime.
Wednesday, July 20, 2005
Varrer
A princípio, me parece que a entrevista do Lula foi burrice. Pelo conteúdo, talvez (ainda é cedo para medir os efeitos). Mas pela forma, sem dúvida. Dizer 'fizemos o que todos faziam' com sobriedade é expor uma falha do sistema. Mas dizer a mesma coisa com cara de quem acha que era isso que tinha que ter feito mesmo é exigir que se lhe dê uma muqueta na cara.
Agora, é realmente enojante ver os caras na CPI indignados, com as exceções de sempre: Heloísa Helena (ideologicamente obtusa, mas indiscutivelmente digna), Jefferson Peres, etc. Com relação ao resto (e a todos os partidos), é realmente uma maravilha. A indignação deve ser técnica: 'porra, não sabe nem fazer caixa 2? Nós aqui fazemos caixa 9, 10!'.
Se chega no Lula? Alguma coisa chega, mas ficaria surpreso se alguém achasse um vínculo direto; nessas coisas, todo subordinado sabe que não é para contar para o chefe, por que o chefe não quer saber (FHC certamente não sabia que compraram votos na reeleição, nenhum empresário ouve de seu contador a frase 'aí, descobri uma sacanagem pra gente sonegar', etc.). Mas, obviamente, quando você vê que o glorioso Bispo Rodrigues te apóia, você sabe que alguém do seu lado está fazendo sacanagem, e isso Lula sabia.
Por outro lado, na direção do PT vai ter que rodar muito mais gente, não resta dúvida. E, se não expulsarem o Delúbio, os militantes devem invadir a sede e pegar o dízimo de volta.
Vai ter que varrer.
Agora, é realmente enojante ver os caras na CPI indignados, com as exceções de sempre: Heloísa Helena (ideologicamente obtusa, mas indiscutivelmente digna), Jefferson Peres, etc. Com relação ao resto (e a todos os partidos), é realmente uma maravilha. A indignação deve ser técnica: 'porra, não sabe nem fazer caixa 2? Nós aqui fazemos caixa 9, 10!'.
Se chega no Lula? Alguma coisa chega, mas ficaria surpreso se alguém achasse um vínculo direto; nessas coisas, todo subordinado sabe que não é para contar para o chefe, por que o chefe não quer saber (FHC certamente não sabia que compraram votos na reeleição, nenhum empresário ouve de seu contador a frase 'aí, descobri uma sacanagem pra gente sonegar', etc.). Mas, obviamente, quando você vê que o glorioso Bispo Rodrigues te apóia, você sabe que alguém do seu lado está fazendo sacanagem, e isso Lula sabia.
Por outro lado, na direção do PT vai ter que rodar muito mais gente, não resta dúvida. E, se não expulsarem o Delúbio, os militantes devem invadir a sede e pegar o dízimo de volta.
Vai ter que varrer.
Monday, July 18, 2005
Whitehouse.org

Um dos sites de humor mais absurdos dos EUA é o whitehouse.org. Não é o site da Casa Branca, não. Mas finge ser, como caricatura do direitismo americano. Bobeira, bobeira, absoluta bobeira, e meio repetitivo. Mas engraçado. Vejam, por exemplo, os comunicados do "Departamento para a Fé", ilustrados pela foto acima.
Veríssimo
Quem sabe escrever, sabe escrever:
"Depois do delúbio (a denúncia de doações dadivosas de dinheiro disfarçado a deputados) e do dizlúbio (a denúncia de dízimos com destino duvidoso) chegou, ai de nós, o daslúbio — a denúncia de distintas dondocas distraidamente defraudadoras. É demais. "
"Depois do delúbio (a denúncia de doações dadivosas de dinheiro disfarçado a deputados) e do dizlúbio (a denúncia de dízimos com destino duvidoso) chegou, ai de nós, o daslúbio — a denúncia de distintas dondocas distraidamente defraudadoras. É demais. "
Thursday, July 14, 2005
Artigo sobre o atentado
O reformulado blog do Renato Gimenes tem um artigo interessante sobre a atitude a ser tomada diante do terrorismo.
Morta é a tua véia
A social-democracia escandinava não morreu, não, (vejam o final dessa entrevista, que vi primeiro no site do Daniel Drezner) e dá a chave para a nova esquerda: insistir em uma rede de segurança generosa, flexibilizar o mercado de trabalho. Como dizia o Marcos Bernardi, o lance dos Escandinavos é a ênfase em retreinar os desempregados para uma reinserção rápida. No Brasil, onde a informalidade é um problema seríssimo, talvez isso seja ainda mais aplicável (ou não? Será que o modelo escandinavo atual depende da força-de-trabalho extraordinariamente educada pelo modelo escandinavo anterior? Ainda estou pensando sobre isso).
Tuesday, July 12, 2005
Monday, July 11, 2005
Bin Laden e o Iraque
Achei a fatwa do Bin Laden. O trecho a que me referia era o seguinte:
"Sob tais circunstâncias, não há mal se os interesses dos muçulmanos convergir com o interesse dos socialistas na luta contra os cruzados, apesar de nossa crença na infidelidade dos socialistas.
A jurisdição dos socialistas e tais governantes caiu há muito tempo.
Socialistas são infiéis onde quer que estejam, seja em Bagdá ou em Aden."
Agora, se ele acha que o Saddam era socialista, imaginem o que acha da Suécia.
Quem se interessar sobre as opiniões de um filósofo deste quilate pode achá-las reunidas neste site.
"Sob tais circunstâncias, não há mal se os interesses dos muçulmanos convergir com o interesse dos socialistas na luta contra os cruzados, apesar de nossa crença na infidelidade dos socialistas.
A jurisdição dos socialistas e tais governantes caiu há muito tempo.
Socialistas são infiéis onde quer que estejam, seja em Bagdá ou em Aden."
Agora, se ele acha que o Saddam era socialista, imaginem o que acha da Suécia.
Quem se interessar sobre as opiniões de um filósofo deste quilate pode achá-las reunidas neste site.
Artigo do The Guardian
Esse artigo, recomendado por um amigo, diz com clareza o que eu também acho sobre de quem é a culpa, e qual o lado progressista do conflito que culminou no 11 de Setembro, em Bali, em Madri e em Londres.
Não são os representantes imperfeitos das democracias, Blair ou Bush (esse é muito imperfeito, mesmo). São as democracias, mesmo. No artigo do Guardian, fica claro que ninguém será poupado se não se converter ao wahabismo.
Mas, então, disse Osama, por que eles não atacam a Suécia? Dêem-lhes mais tempo que eles atacam.
Não são os representantes imperfeitos das democracias, Blair ou Bush (esse é muito imperfeito, mesmo). São as democracias, mesmo. No artigo do Guardian, fica claro que ninguém será poupado se não se converter ao wahabismo.
Mas, então, disse Osama, por que eles não atacam a Suécia? Dêem-lhes mais tempo que eles atacam.
Sunday, July 10, 2005
Ali Kamel e o Atentado
Nessa coluna do Ali Kamel, ele defende o que eu também acho: a potência agressora é a Al Qaeda. Discordo da idéia de que havia uma ligação de Bin Laden com Saddam. A Fatwa que ele cita toma cuidado em defender o Iraque, e não Saddam, e em uma fatwa posterior (que estou tentando achar) o Bin Laden diz explicitamente que não apóia os socialistas do Baath. Mas com o resto da coluna eu estou de acordo. E já que as analogias (perigosíssimas) com as Segunda Guerra Mundial estão em moda, eu também faço uma: muito da crítica anti-americana que defende (ou tolera) a Al Qaeda é análoga ao disgnóstico de que a social-democracia,não o facismo, era o verdadeiro inimigo.
A analogia é perigosa, evidentemente, por que a relação de forças é completamente diferente da dos anos 30. A Alemanha tinha um potencial de agressão infinitamente maior do que a da turma do Bin Laden (ao menos enquanto nao conseguirem bomba atomica).
A analogia é perigosa, evidentemente, por que a relação de forças é completamente diferente da dos anos 30. A Alemanha tinha um potencial de agressão infinitamente maior do que a da turma do Bin Laden (ao menos enquanto nao conseguirem bomba atomica).
Saturday, July 09, 2005
O Orgulho Londrino
Vi esse poema no site do Andrew Sullivan, e achei tão bonito e apropriado para a ocasião que o traduzi. É do Noel Coward.
Orgulho Londrino
O orgulho londrino graça concedida
O orgulho londrino é livre e uma flor
O orgulho londrino cidade querida
E nosso orgulho, que seja o que for.
Cidade cinzenta
Altiva implantada
e assim preservada
por mil anos de história.
Permaneça, cidade,
Encantada em fumaça,
berço de nosso medo esperança memória.
Toda blitz
sua resistência lhe enfirme
Do Ritz
Ao Anchor and Crown.
Nada pode jamais derrotar
o orgulho de London Town.
Orgulho Londrino
O orgulho londrino graça concedida
O orgulho londrino é livre e uma flor
O orgulho londrino cidade querida
E nosso orgulho, que seja o que for.
Cidade cinzenta
Altiva implantada
e assim preservada
por mil anos de história.
Permaneça, cidade,
Encantada em fumaça,
berço de nosso medo esperança memória.
Toda blitz
sua resistência lhe enfirme
Do Ritz
Ao Anchor and Crown.
Nada pode jamais derrotar
o orgulho de London Town.
Friday, July 08, 2005
Atentado IV
Do ponto de vista ocidental, e mesmo, provavelmente, do ponto de vista do Islã, é claro que a guerra de Osama não é santa.
Mas menos certo ainda é dizer que é guerra. Há um elemento de virilidade, de coragem, no culto à guerra santa, cuja nobreza, por mais distorcida e doente que seja, não existe no vagabundo que explode sua carcaça fétida estourando criança no trem.
Osama não serve a um Deus de Paz, nem a um Deus guerreiro. Não há cultura humana que o justifique.
Mas menos certo ainda é dizer que é guerra. Há um elemento de virilidade, de coragem, no culto à guerra santa, cuja nobreza, por mais distorcida e doente que seja, não existe no vagabundo que explode sua carcaça fétida estourando criança no trem.
Osama não serve a um Deus de Paz, nem a um Deus guerreiro. Não há cultura humana que o justifique.
Atentado III
Nesse exato momento, em Londres, seres humanos normais, nem muito bons nem muito ruins, voltam às suas vidas, que procuram levar de maneira razoavelmente decente. Tenho fé que a sociedade britânica, certamente uma das mais tolerantes do mundo, não mudará seus valores como esperam os jihadistas. Nem precisam. Houve uma época, afinal, em que o esporte nacional foi caçar facista.
Enquanto isso, Osama se contorce em sua caverna, no estado que C.S. Lewis definiu como a punição de Judas: o desespero sem arrependimento.
Enquanto isso, Osama se contorce em sua caverna, no estado que C.S. Lewis definiu como a punição de Judas: o desespero sem arrependimento.
Atentado II
A Guerra do Iraque não justifica nenhuma das atrocidades na Espanha ou na Grã-Bretanha.
Em primeiro lugar, por que eticamente essa posição é simplesmente insustentável, visto que se trata de focalizar os ataques em civis.
Em segundo lugar, taticamente, do ponto de vista dos que se opõem à guerra, seria uma imbecilidade: a Espanha não se retirou por causa dos atentados. Zapatero já propunha a retirada meses antes, e foi eleito por que Aznar mentiu para a população sobre os atentados. Não estranharia se Blair não saísse disso fortalecido.
E, em terceiro lugar, Osama era inimigo jurado de Saddam; só na última hora, antes da guerra, declarou seu apoio com reservas aos 'socialistas' do Baath (maior ofensa que já se fez ao pobre Marx), que, jurou, combateria novamente na primeira oportunidade se Saddam sobrevivesse à guerra. Confessou, portanto, que só se opôs à invasão pelos EUA por que planejava uma invasão rival.
Em primeiro lugar, por que eticamente essa posição é simplesmente insustentável, visto que se trata de focalizar os ataques em civis.
Em segundo lugar, taticamente, do ponto de vista dos que se opõem à guerra, seria uma imbecilidade: a Espanha não se retirou por causa dos atentados. Zapatero já propunha a retirada meses antes, e foi eleito por que Aznar mentiu para a população sobre os atentados. Não estranharia se Blair não saísse disso fortalecido.
E, em terceiro lugar, Osama era inimigo jurado de Saddam; só na última hora, antes da guerra, declarou seu apoio com reservas aos 'socialistas' do Baath (maior ofensa que já se fez ao pobre Marx), que, jurou, combateria novamente na primeira oportunidade se Saddam sobrevivesse à guerra. Confessou, portanto, que só se opôs à invasão pelos EUA por que planejava uma invasão rival.
Atentado Terrorista em Londres
Politicamente, sem problema: todos sabemos como sempre acaba o sujeito que bombardeia Londres e/ou ataca a Rússia no inverno. O ataque foi, sem dúvida, um fracasso: a evacuação foi eficiente, o número de vítimas, dado o fluxo de pessoas no metrô naquela hora, foi pequeno.
Humanamente, a tragédia de gente que morre na mais absoluta inocência, por que tem gente que quer se fingir de soldado sem soldado do outro lado. Do lado da casa do Bin Laden há soldados americanos; se lutasse contra eles, poderia estar certo ou errado, dependendo da opinião de cada um. Mas ele prefere lutar com as velhinhas inglesas no trem para casa, e mesmo assim não vai lá pessoalmente.
O que me consola é a esperança de que haja um momento, mesmo que imesuravelmente curto, em que o terrorista suicida vê que está morrendo, se entrega para seu deus (ou sua causa, ou o que quer que seja), e descobre ou que não existe céu ou que existe inferno.
É o que garante meu sono de noite, e sopra vento sob minhas asas.
Humanamente, a tragédia de gente que morre na mais absoluta inocência, por que tem gente que quer se fingir de soldado sem soldado do outro lado. Do lado da casa do Bin Laden há soldados americanos; se lutasse contra eles, poderia estar certo ou errado, dependendo da opinião de cada um. Mas ele prefere lutar com as velhinhas inglesas no trem para casa, e mesmo assim não vai lá pessoalmente.
O que me consola é a esperança de que haja um momento, mesmo que imesuravelmente curto, em que o terrorista suicida vê que está morrendo, se entrega para seu deus (ou sua causa, ou o que quer que seja), e descobre ou que não existe céu ou que existe inferno.
É o que garante meu sono de noite, e sopra vento sob minhas asas.
Sunday, July 03, 2005
Quem não se animar com isso que vá encher o saco de outro
O troféu 'paladino do bom, do belo e do verdadeiro, capaz de fulminar o mal em qualquer de suas manifestações com um simples olhar' vai para o MIT, que desenvolveu um laptop de 100 dólares, para ser usado por estudantes pobres.
E, por incrível que pareça, parece que o Brasil vai tomar a dianteira nisso, encomendando 1 milhão dos bichinhos, com o plano de distribuir um para cada um dos estudantes de escola pública brasileira. Parece bom demais para ser verdade, mas coisas mais estranhas já aconteceram nesse país. Vejam a história hoje no Estadão.
E, por incrível que pareça, parece que o Brasil vai tomar a dianteira nisso, encomendando 1 milhão dos bichinhos, com o plano de distribuir um para cada um dos estudantes de escola pública brasileira. Parece bom demais para ser verdade, mas coisas mais estranhas já aconteceram nesse país. Vejam a história hoje no Estadão.
A Conspiração
É ridícula a tese governista de que há uma conspiração de direita em curso para derrubar Lula. Não se trata de dizer (com a habitual sacada), como Veríssimo, que no velho script da conspiração de direita para derrubar governo de esquerda, falta aqui o governo de esquerda. A verdade é que poucos na elite têm interesse em derrubar a política econômica atual, e praticamente ninguém tem interesse em instabilidade institucional.
Em sua maior parte, as atuais denúncias são apenas o velho espetáculo, que a longo prazo é bom, da oposição tentando enfraquecer o governo para a próxima eleição, utilizando crimes que parecem ter acontecido, mesmo.
Mas eu acho que há mesmo um setor que gostaria da derrubada de Lula. É a indústria do anti-Lula, que existe desde 1999 e cuja principal criação foi FHC. Apesar de FHC, os principais anti-Lula eram políticos e jornalistas de direita, mesmo, que em grande parte viviam das contribuições de campanha para derrotar o fantasma do PT. Com a Longa Marcha para o Centro, esse pessoal deve estar passando dificuldade financeira, coitados. Mas ninguém ali tem, eu acho, força para derrubar ninguém.
Em sua maior parte, as atuais denúncias são apenas o velho espetáculo, que a longo prazo é bom, da oposição tentando enfraquecer o governo para a próxima eleição, utilizando crimes que parecem ter acontecido, mesmo.
Mas eu acho que há mesmo um setor que gostaria da derrubada de Lula. É a indústria do anti-Lula, que existe desde 1999 e cuja principal criação foi FHC. Apesar de FHC, os principais anti-Lula eram políticos e jornalistas de direita, mesmo, que em grande parte viviam das contribuições de campanha para derrotar o fantasma do PT. Com a Longa Marcha para o Centro, esse pessoal deve estar passando dificuldade financeira, coitados. Mas ninguém ali tem, eu acho, força para derrubar ninguém.
Saturday, July 02, 2005
Sachs, China e Brasil
Antes de falar no Bush e no Blair, achei esse artigo de dois anos atrás do Sachs em que ele fala das lições chinesas para o Brasil. Achei interessante, e realmente parece confirmar que, ao menos no plano do diagnóstico, há muito menos polêmica do que se pensa. O plano é educação + investimento em ciência e tecnologia + exportação.
Em especial, gostei do que diz o Sachs sobre a necessidade do Brasil assumir a liderança mundial em agrociência, dado o imenso peso do país no mercado agrícola (e o fato de que já somos muito bons na área). Um velho argumento (que já foi meio correto) contra a ênfase no desenvolvimento agrícola, de que não favorecia a modernização, cai por terra em tempo de biotecnologia.
Agora, faltava alguém escrever sobre as lições brasileiras para a China. Há várias, a começar pela democracia. Como dizia o Amartya Sen, quando tudo vai bem e todo mundo prospera parece que ninguém precisa de democracia. Mas quando vem a crise e é hora de decidir quem vai apertar os cintos, é justamente para os mais pobres que faz falta a democracia.
E, vale dizer, a China tem problemas econômicos muito sérios. Voltaremos a isso no futuro.
PS: Fiquei curioso em saber quem era a 'importante figura da equipe econômica' que disse ao Sachs que o Brasil poderia se desenvolver só a partir do mercado interno; segundo o artigo, o cara perdeu o emprego na crise de 1999. Não acredito que tenha sido o Gustavo Franco.
Em especial, gostei do que diz o Sachs sobre a necessidade do Brasil assumir a liderança mundial em agrociência, dado o imenso peso do país no mercado agrícola (e o fato de que já somos muito bons na área). Um velho argumento (que já foi meio correto) contra a ênfase no desenvolvimento agrícola, de que não favorecia a modernização, cai por terra em tempo de biotecnologia.
Agora, faltava alguém escrever sobre as lições brasileiras para a China. Há várias, a começar pela democracia. Como dizia o Amartya Sen, quando tudo vai bem e todo mundo prospera parece que ninguém precisa de democracia. Mas quando vem a crise e é hora de decidir quem vai apertar os cintos, é justamente para os mais pobres que faz falta a democracia.
E, vale dizer, a China tem problemas econômicos muito sérios. Voltaremos a isso no futuro.
PS: Fiquei curioso em saber quem era a 'importante figura da equipe econômica' que disse ao Sachs que o Brasil poderia se desenvolver só a partir do mercado interno; segundo o artigo, o cara perdeu o emprego na crise de 1999. Não acredito que tenha sido o Gustavo Franco.
Blair e Brown
O Reino Unido está fazendo uma grande ofensiva de ajuda internacional: recentemente, o chanceler do tesouro Gordon Brown prometeu comprar vacina da malária (um dos problemas da malária é que os potenciais consumidores do remédio não têm dinheiro para justificar o investimento), está tentando perdoar dívidas de países pobres, e parece comprometido mesmo a fazer com que se cumpram as chamadas Metas do Milênio. Provavelmente, querem mostrar que o Trabalhismo ainda quer dizer alguma coisa. Para mim, provou.
Recentemente, o primeiro-ministro britânico Tony Blair foi aos EUA pedir um aumento da ajuda internacional para a África.Voltaremos a isso em um próximo post.
Recentemente, o primeiro-ministro britânico Tony Blair foi aos EUA pedir um aumento da ajuda internacional para a África.Voltaremos a isso em um próximo post.
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